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ATORES E ORGANIZAÇÕES: INSTITUIÇÕES PÚBLICAS RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO

CAPÍTULO III GESTÃO FLORESTAL NO BRASIL

3.3. ATORES E ORGANIZAÇÕES: INSTITUIÇÕES PÚBLICAS RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO

Ao longo da história, diversas instituições foram responsáveis pela gestão florestal em nível federal, conforme apresentado no resumo histórico. Inicialmente, essas instituições estiveram sob a responsabilidade do antigo Ministério da Agricultura (MA), do Ministério do Interior (MI) e do Ministério do Desenvolvimento Urbano (MDU) e, finalmente, passaram a compor o quadro específico de instituições ambientais do País. A Ilustração 4 apresenta linha no tempo com as principais instituições que assumiram papéis importantes na gestão florestal do Brasil (GEO BRASIL FLORESTAS, no prelo).

Além das instituições, o Código Florestal remete ao Conselho Florestal Federal (artigo 48), órgão colegiado que nunca foi implementando. O Conselho teria sede em Brasília e seria o órgão consultivo e normativo responsável pela política florestal brasileira. O artigo 41 faz menção à competência deste órgão na aprovação de planos de florestamento e reflorestamento.

Ilustração 4: Linha do tempo das principais instituições públicas federais responsáveis pela gestão florestal no país até dezembro de 2007.

Atualmente, a gestão florestal, no âmbito do governo federal, está sob a responsabilidade de quatro instituições: a Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBFL) do MMA, por intermédio da Diretoria de Florestas (DFLOR), é a responsável direta pela formulação da política florestal e a execução está sob a competência do IBAMA, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) (Ilustração 5).

Ilustração 5: Principais órgãos responsáveis pela gestão florestal em nível federal.

* Fonte: Geo Brasil Florestas (no prelo).

A atuação desse conjunto de instituições está em fase de consolidação e ajuste de competências, uma vez que a criação do Serviço Florestal Brasileiro (março de 2006) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (abril de 2007) é recente. Faz-se

importante ressaltar que tal ajuste de competências pode se tornar vetor de conflitos entre os órgãos.

A Secretaria é responsável pelas políticas e normas, estratégicas e programas e projetos nos temas relacionados com a preservação, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, da biodiversidade e do patrimônio genético. É a principal responsável pela política florestal, incluindo PNF, PRONABIO, PNAP. O IBAMA atua no licenciamento das atividades florestais, na fiscalização e no monitoramento; e o Instituto Chico Mendes, na conservação das florestas inseridas em Unidades de Conservação da Natureza e monitoramento do uso das florestas nas Unidades em que isto for permitido por Lei. A principal atribuição desse Instituto é a execução da política nacional de Unidades de Conservação.

O Serviço Florestal Brasileiro atua exclusivamente na gestão de florestas públicas e exerce competências de fomento ao uso sustentável e conservação das florestas públicas. Entre suas competências estão (artigo 55 da Lei nº. 11.284/06):

I - exercer a função de órgão gestor prevista no art. 53 desta Lei, no âmbito federal, bem como de órgão gestor do FNDF;

II - apoiar a criação e gestão de programas de treinamento, capacitação, pesquisa e assistência técnica para a implementação de atividades florestais, incluindo manejo florestal, processamento de produtos florestais e exploração de serviços florestais;

III - estimular e fomentar a prática de atividades florestais sustentáveis madeireira, não madeireira e de serviços;

IV - promover estudos de mercado para produtos e serviços gerados pelas florestas;

V - propor planos de produção florestal sustentável de forma compatível com as demandas da sociedade;

VI - criar e manter o Sistema Nacional de Informações Florestais integrado ao Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente;

VII - gerenciar o Cadastro Nacional de Florestas Públicas ... ;

VIII - apoiar e atuar em parceria com os seus congêneres estaduais e municipais.

Fazem parte ainda do arranjo institucional quatro órgãos colegiados que permitem a participação social no processo decisório da gestão florestal: o CONAMA, o CONAMAZ, a CONAFLOR e a Comissão de Gestão de Florestas Públicas – CGFLOP.

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente – Lei nº. 6.938/81) é um órgão consultivo e deliberativo que tem por finalidade assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.

O CONAMAZ (Conselho Nacional da Amazônia Legal – Lei nº. 8.746/93) é um órgão colegiado integrante da estrutura do MMA, com a função de assessorar o Presidente da

República na formulação e no acompanhamento da implantação da política nacional integrada para a Amazônia Legal, entre outras.

A CONAFLOR (Comissão Nacional de Florestas – Decreto n°. 3.42 0/00) é um órgão de natureza consultiva integrante da estrutura do MMA, com a função de fornecer diretrizes para a implementação das ações do PNF e articular a participação dos diversos grupos de interesse no desenvolvimento das políticas públicas do setor florestal brasileiro.

A CGFLOP (Comissão de gestão de Florestas Públicas – Lei n°. 11.284/06) é um órgão de natureza consultiva integrante da estrutura do SFB, com a função de assessorar, avaliar e propor diretrizes para gestão de florestas públicas brasileiras, e manifestar-se sobre o Plano Anual de Outorga Florestal (PAOF).

Além dos órgãos responsáveis pela gestão florestal em nível federal, existem os de nível estadual, distrital e municipal. Também devem ser listados alguns órgãos federais setoriais que possuem interface com a gestão florestal (Quadro 2). Portanto, há necessidade constante de integração entre as instituições públicas responsáveis diretamente pela gestão florestal e as demais instituições públicas que atuam indiretamente na gestão florestal (GEO BRASIL FLORESTAS, no prelo).

Órgão central Principais órgãos atuantes na gestão florestal

Principais temas de atuação

MAPA Secretaria de Política Agrícola, EMBRAPA, Secretaria de Defesa Agropecuária/Departamento de Sanidade Vegetal e Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo

Crédito florestal (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas – PROPFLORA), Câmara de Silvicultura, pesquisa, normalização sobre sementes e mudas, controle fitossanitário; e cooperativismo

MDA INCRA, Secretaria de Agricultura Familiar

Regularização fundiária, crédito florestal Programa de Apoio ao Desenvolvimento Rural – PRONAF

MCT INPE, INPA, MPEG, CNPq, FINEP

Pesquisa e monitoramento das florestas, financiamento para pesquisa e inovação tecnológica

MDIC Secretaria de Desenvolvimento da Produção

Fórum de competitividade – cadeia produtiva de madeira e móveis, papel e celulose, siderurgia

MEC Secretaria de Educação Superior Ensino florestal

MI CODEVASF, Agência de

Desenvolvimento da Amazônia – ADA; Agência de

Desenvolvimento do Nordeste - ADENE

Desenvolvimento florestal das bacias do São Francisco e do Parnaíba,

conservação e uso sustentável dos recursos naturais e recuperação da cobertura vegetal

Órgão central Principais órgãos atuantes na gestão florestal

Principais temas de atuação

MPOG Secretaria de Orçamento e Finanças, Secretaria de Assuntos Internacionais, Comissão de Financiamentos Externos

Orçamento, Plano Plurianual – PPA e projetos externos

MTE Secretaria Nacional de Economia Solidária

Combate ao desemprego e à pobreza

MME Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis

Energias renováveis – biomassa

MRE ABC; Departamento de Temas Especiais e Meio Ambiente

Projetos com financiamentos externos na área florestal e política florestal

internacional Secretaria

Especial de Promoção da Igualdade Social

Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais

Relações das comunidades tradicionais com as florestas para o desenvolvimento sustentável Secretaria de Assuntos Estratégicos Subsecretaria de Desenvolvimento Sustentável Projeto Amazônia

Quadro 2: Principais instituições públicas federais com interface com a gestão florestal até dezembro de 2007.

* Fonte: Adaptado de Geo Brasil Florestas (no prelo).

A participação do setor privado e da sociedade civil na gestão florestal brasileira tem sido estimulada pelo MMA. Isso ocorre por meio da interação permanente com as entidades não- governamentais empresariais e ambientalistas, a fim de garantir que a gestão seja mais transparente e possibilite incrementar a participação, dar mais voz e espaço para diálogo à sociedade nesse processo (SCARDUA & BURSZTYN, 2003). As organizações da sociedade civil, incluindo ONGs, têm tido grande contribuição na formulação e na execução das diversas políticas públicas relacionadas à questão florestal.

Vimos nesse capítulo os principais regulamentos, políticas, planos, programas, projetos e instrumentos ligados à gestão florestal, assim como os principais gestores florestais que participaram do processo histórico.

O próximo capítulo caracterizará a influência de tais atores na construção das propostas de criação do sistema de concessões florestais em cada momento histórico. Por isso, o enfoque será específico sobre os atores e organizações que participaram efetivamente deste processo. Assim, além dos atores citados neste capítulo serão analisados também aqueles que não pertencem ao grupo de executores ou beneficiários diretos da gestão florestal, mas que naquele momento participaram do debate.