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2.3 ARQUITETURA CORPORATIVA

2.3.1 Arquitetura Corporativa

Nos anos de 1980, a primeira Arquitetura Corporativa (AC), foi denominada de arquitetura de sistemas de informação, The Zachman Framework (ZACHMAN, 1996; YLIMÄKI, 2006). The Zachman Framework é uma referência estrutural para o desenvolvimento da TI em uma organização. Este framework identifica descrições distintas para modelagem de soluções de tecnologia conforme as seguintes dimensões: dados, função, rede, pessoas e tempo (LAM, 2005).

Esse framework se apresenta como uma estrutura lógica para a classificação e organização das representações descritivas de uma organização, que são significativas para a gestão da organização, bem como para o desenvolvimento de sistemas (RAMOS, 2009).

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Desde então, a AC tem sido utilizada como uma das principais ferramentas de controle para o alinhamento entre a visão de negócios, os requisitos de negócios e os sistemas de informação (YLIMÄKI, 2006). A AC permite a identificação das partes focais da organização (pessoas, processos de negócios, TI e sistemas de informação), bem como os meios que identificam como essas partes colaboraram para alcançar os objetivos de negócio (HOOGERVORST, 2004; YLIMÄKI, 2006).

O desenvolvimento de um framework de arquitetura é importante para alinhar a TI com os processos de negócio e objetivos organizacionais, permitindo a gestão e a integração entre as várias dimensões inter-relacionadas da empresa (CALDEIRA; DHILLON, 2010).

A AC é um conceito em desenvolvimento, existindo várias concepções e definições (ROSS; SUBRAMANI, 2002; SCHEKKERMAN, 2004;). Segundo Janssen et al (2011, p. 25):

[...] a AC que se refere a um modelo descrito em um determinado nível de abstração. Outra maneira de olhar para a AC é como um meio de informar, orientar, direcionar e condicionar as decisões tomadas por seres humanos dentro das organizações. A AC pode melhorar a interoperabilidade, mas também pode contribuir para outros objetivos, ao mesmo tempo. A visão subjacente à AC, é que ele dará dicas sobre as oportunidades e as limitações previstas pelas visões de TIC e podem servir como um veículo para o desenvolvimento.

Para Janssen e Hjort-Madsen (2007), a AC pode ser definida como o sistema dos sistemas, o plano mestre que detalha as políticas e os padrões para os projetos de infraestrutura, tecnologias, banco de dados e aplicações. O objetivo da palavra arquitetura é sinalizar para a criação de um conjunto coerente e estruturado em ambientes caóticos, já a palavra corporativa se refere ao escopo da arquitetura que se estende à organização como um todo.

Assim, a AC mostra como funciona a organização do ponto de vista estratégico, facilitando a troca de informações entre os gestores e técnicos de negócio e TI. Cada organização deverá ter uma arquitetura única, que será construída e atualizada ao longo do tempo.

Segundo pesquisa de Foorthuis et al. (2010), os benefícios no uso da AC são:

 gerenciamento para atingir os objetivos de negócios;

 gerenciamento da complexidade organizacional;

 facilitar a integração, normalização e deduplicação de processos e sistemas;

 permitir a empresa lidar com o seu ambiente de forma eficaz;

 permitir uma comunicação eficaz entre os membros da organização;

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 reduzir o risco e aumentar o sucesso de um projeto.

A respeito do gerenciamento para atingir os objetivos de negócios, a AC pode fornecer a visão holística da empresa para equilibrar os diferentes interesses e soluções (LANKHORST et al., 2005). Graças à visão holística e de multicamadas, tal arquitetura é um instrumento de alinhamento entre TI e os processos de negócio (LANKHORST et al., 2005, GREGOR; JONES, 2007).

O gerenciamento da complexidade organizacional pode fornecer respostas sobre problemas complexos. A visão pode ser adquirida por meio de diferentes áreas, tais como: negócios, informação, sistemas e infraestrutura de informações (VAN DER RAADT et al., 2004). Essa complexidade pode ser gerenciada por uma abordagem modular, distinguindo as partes de um sistema, seus relacionamentos e linguagens de modelagem (LANKHORST et al. 2005). Além disso, a aplicação normalizada e processos automatizados resultam em ambientes de tecnologia menos complexos (ROSS et al. 2002).

A respeito da integração, normalização e deduplicação de processos e sistemas, a AC fornece informações sobre os processos da organização e sistemas de negócios, permitindo que a empresa identifique os processos que possam ser integrados.

A AC contribui para que os processos de negócios e sistemas sejam altamente interdependentes. Logo, a agilidade de reação da empresa ao mundo exterior pode ser melhorada, por meio da automatização dos processos de negócio. Isto resulta não só em mais recursos, mas também em informações valiosas, que podem ser utilizados em atividades inovadoras (ROSS et al. 2002) .

A AC oferece uma visão consistente e coerente dos aspectos fundamentais da organização e da situação futura desejada, permitindo uma comunicação eficaz entre os membros da organização. Para isso, inclui a definição e os conceitos que inter-relacionam modelos. Portanto, fornece aos membros da organização um quadro de referência para a comunicação eficaz.

A AC possibilita o controle dos projetos para que poupem recursos e tempo, desde o negócio até a informação, as aplicações e a tecnologia. Um projeto pode se concentrar rapidamente em projetar e desenvolver os detalhes da solução, já que a AC apresenta um panorama geral da organização.

A redução do risco do projeto e sucesso do projeto aumenta. Embora as publicações tendam a discutir assuntos apenas superficialmente, a arquitetura facilita na identificação e mitigação dos riscos do projeto.

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Segundo Boh e Yellin (2007), outro fator a destacar sobre AC são seus padrões. Os padrões especificam a organização lógica de infraestrutura de TI, os dados, de informação da empresa e os aplicativos que suportam os processos de negócio. Esses fornecem princípios para orientar a tomada de decisões relacionadas à aquisição, implantação e gerenciamento de recursos de TI. Por isso, seu forte vínculo com a GTI.

Boh e Yellin (2007) dividem em quatro dimensões para categorizar os padrões: i) gestão de infraestrutura de TI, ii) gestão de infraestrutura humana de TI, iii) integração de aplicação de negócios, iv) integração de dados empresariais.

A gestão de infraestrutura de TI padroniza as tecnologias para o negócio, como computadores, redes, roteadores, servidores, periféricos, sistemas operacionais, sistemas de gerenciamento de dados, serviços de sistemas, entre outros utilizados como plataforma para a construção de sistemas aplicados à organização (DE SOUSA JR, 1995).

A gestão de infraestrutura humana de TI se refere à gestão de pessoas da TI, incluindo a gestão de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes).

A integração das aplicações de negócio define as direções estratégicas para gestão do portfólio de aplicação e de tecnologias para aplicações de integração.

A integração de dados da empresa são os elementos de dados críticos e de bancos de dados que integram a gestão e fornece a definição dos elementos de dados para cada foco.

Boh e Yellin (2007) citam que os mecanismos de AC se integram à GTI por meio de mecanismos de GTI horizontais. Os mecanismos são baseados em: definir os papéis fundamentais da arquitetura, institucionalizar mecanismos para o envolvimento das principais partes interessadas, institucionalizar o monitoramento dos processos de padrão de AC, centralização das decisões de TI (PETERSON, 2004).

2.3.1.1 Governança da Arquitetura Corporativa

Recentemente, aspectos de governança recebem cada vez mais atenção, sendo considerados como cortesias aos esforços da AC ou considerados como parte da AC (JANSSEN et al, 2011).

A Governança da Arquitetura (do inglês governance architecture) (KLISCHEWSKI, 2011) ou Governança da AC (do inglês governance enterprise architecture) (MARKUS; BUI, 2012; KLISCHEWSKI, 2011) aborda como a arquitetura é utilizada para atribuir

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responsabilidades, introduzir estruturas de tomada de decisão e garantir à organização de TI que os mecanismos de governança determinem a formalização da comunicação, das responsabilidades e das estruturas de tomada de decisão (YADAV; YADAV, 2009). Dessa forma fica claro saber quem é responsável pela manutenção da arquitetura, quais projetos precisarão dela, quais são os procedimentos de desvio da AC e assim por diante (JANSSEN et al, 2011).

Para Markus e Bui (2012), a Governança da AC inclui um conjunto de modelos de domínio que descrevem o sistema de governança global, como um framework para a arquitetura de governo eletrônico (LIM; TANG, 2008) ou como um framework que fornece uma arquitetura de referência para interoperação interorganizacional (ELMIR; BOUNABAT, 2012; KLISCHEWSKI, 2011).

Ademais, quando a governança faz parte da AC, a estratégia da organização se beneficia e é beneficiada. Haja vista, a estratégia organizacional fornece insumos para a arquitetura. Como um instrumento da governança, a AC é destinada a facilitar a transição da estratégia para as operações diárias (FOORTHUIS et al, 2012). As saídas que a governança de AC oferece são: vistas, prescrições, insights sobre contexto e o significado de um sistema, além dos componentes fundamentais de uma organização e suas relações (FOORTHUIS et al, 2012).