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Nesta pesquisa defendemos a Pedagogia enquanto área de conhecimento instaurada numa perspectiva científica, com objeto de estudo próprio. Em conjunto com outros autores, Pimenta (1996; 2004), Libâneo (2000; 2006), Franco (2003) e Saviane (2007), estabelecerei alguns pressupostos que irão trazer contribuições para melhorar a política de formação voltada aos Pedagogos. É notório, a partir dos dados apresentados pelos sujeitos da pesquisa, que vivenciamos em um contexto emblemático de imprecisão e carência de saberes disciplinares, no âmbito do da formação do Pedagogo.

Franco, Libâneo e Pimenta (2011) ressaltam que o conceito do termo Pedagogia, em âmbito internacional, ganha nomenclatura diferenciada, a exemplo dos países europeus, onde a Pedagogia é reconhecida como Ciência, e em outros países, onde é substituída por Ciências da Educação. No Brasil, as discussões têm tido bastante ressonância, mesmo com o risco de adoção precipitada de posições teóricas ou de transposição acrítica de modelos.

No cenário brasileiro, a Pedagogia identifica-se diretamente com a formação pedagógica de professores, como um curso específico de licenciatura. Segundo Libâneo (2011), padece de suporte conceitual e histórico a ideia corrente entre educadores brasileiros de denominar Pedagogia como o curso de formação de professores para a séries iniciais do ensino fundamental.

As leituras realizadas em torno do assunto demonstraram que a tradição histórica que veicula a Pedagogia, exclusivamente como curso de formação de professores, carece de um olhar mais sistemático e crítico, uma vez que na sua origem o curso de pedagogia formava professores e pesquisadores, não apenas professores para o ensino infantil e fundamental.

Propomos, com base nas ideias apresentadas por Libâneo e Pimenta (2002) e Franco (2011), que os cursos de Pedagogia se empoderem do seu objeto de estudo: a formação de profissionais interessados em estudos do campo teórico-investigativo da educação, com exercício profissional em escolas e outras instituições não escolares.

Estudos mais antigos já evidenciavam a fragilidade de um currículo que tem a intenção de formar seis habilitações em um único curso e o distanciamento dos conhecimentos profissionais que deveriam fazer parte do universo de profissionalização dos futuros Pedagogos.

É inegável que o termo “docência alargada” defendido pelas DCNP – 2006, com o intuito de justificar diferentes atribuições ao Pedagogo (que tem de maneira equivocada a identidade docente) tem em seu bojo, as recomendações de organismos internacionais por uma política de formação aligeirada e pautada na exequibilidade e avaliação.

A defesa da Pedagogia como área de conhecimento se justifica à medida que a Pedagogia é a ciência que transforma o senso comum pedagógico, o saber-fazer prático intuitivo na ação educativa científica, planejada, intencional. (FRANCO, 2008, p. 86)

A Pedagogia, nesse eixo, constitui-se como um campo científico que se debruça sobre a práxis pedagógica, onde se impõe incorporação de saberes de outras ciências, especialmente da psicologia, da sociologia, da psicanálise. Nesse ínterim, Franco (2008) afirma que a pedagogia pode agregar conhecimentos de outras áreas sem perder sua identidade ou fragmentar seu objeto, desde que mantenha o seu olhar sobre o fenômeno educativo.

De acordo com Libâneo (2011), certamente o campo da Pedagogia e do exercício pedagógico inclui o trabalho dos professores e sua formação profissional, mas não há identidade conceitual entre Pedagogia e formação de professores. (grifo da autora)

Essa proposta de formação expressa por Libâneo, Pimenta e Franco (2011) tem absoluto fundamento e encontra respaldo em instituições de caráter internacional, em formação de professores e pesquisa no âmbito da educação. Assim, no cenário internacional, a exemplo de países europeus como Portugal e Espanha, além da Universidade de Québec, no Canadá, há uma nítida clareza e distinção quanto à formação de professores para atuar na escola básica e ao profissional que investiga o fenômeno educativo.

A nomenclatura em outros países é bem difusa, o que acaba por diluir a Pedagogia em Ciência da educação ou Ciências da Educação, e de certa forma ao nosso olhar não seria ideal, pois acaba implicando numa perda de identidade conceitual da Pedagogia e corrobora com a fragilidade política e com o enfraquecimento desta área de estudo. Em apenas uma proposta curricular da Universidade Santiago de Compostela aparece o termo de Licenciatura em Pedagogia.

Entretanto, nesta caminhada e universo em busca de sustentar algumas ideias, fui buscar nos Projetos de Curso de algumas instituições internacionais, o currículo proposto pelas universidades no âmbito da formação do professor e Pedagogo. Queria compreender se em outros países existia a concepção equivocada de atrelar o curso de Pedagogia e o de formação de professores em um único currículo. Desse modo, realizei uma busca no site de algumas universidades, analisando prioritariamente o desenho curricular arquitetado para a formação de professores e Pedagogos.

A reflexão sistemática possibilitou-nos compreender que, em diferentes universidades, a formação de professores (ensino infantil e fundamental) e a do Pedagogo ou Bacharel em Ciências da Educação ocorrem independente. Importa ressaltar que, por conta da difusão conceitual em outros países, teremos nomenclaturas das mais diversas em relação aos cursos que formam profissionais para atuar no âmbito das pesquisas educacionais; aqui seria o Pedagogo, mas nos projetos de curso analisados encontramos Licenciatura em Educação, Ciências da Educação e Bacharelado em Ciências da Educação.

Não pretendo ampliar o debate em torno das diferentes nomenclaturas e a diluição da Pedagogia nesses países, o objetivo maior é apresentar a clareza quanto a distinção ao lugar que ocupa o profissional que investiga e pesquisa na área educacional e o professor das séries iniciais. Vejamos a seguir:

 Em Portugal, na Universidade de Minho, fundada no ano de 1973 e com prestígio na área de investigação de ensino, existem dois cursos distintos: Licenciatura em Educação e Licenciatura em Educação Básica. O curso de Licenciatura em Educação, com a duração de 3 anos, forma profissionais com o estatuto de técnicos superiores de Educação/Formação, capazes de intervir em diversos contextos educativos, dotando-os com saberes e competências que

lhes permitem: observar e analisar contextos socioeducativos, de organizações educativas e formativas, e de atividades onde existam dimensões de educação, de formação e de aprendizagem ao longo da vida; desempenhar funções de apoio na identificação de problemas educacionais, no desenho curricular de cursos, na planificação, organização, gestão e avaliação de programas e projetos, na formação de educadores e agentes de desenvolvimento local, na animação socioeducativa, na intervenção comunitária e na mediação. Este curso confere ao licenciado em Educação saberes e competências que o capacitam para atuar dentro e fora do sistema educativo, designadamente ao nível da educação, da formação, da gestão da formação, da intervenção sócio- comunitária e da mediação educacional; Licenciatura em Educação Básica com a duração de 3 anos, forma técnicos de educação básica capazes de intervir em diversos contextos educativos, dotando-os de saberes e competências que lhes permitem: observar e avaliar diversos contextos educativos no âmbito do território da educação infantil e básica, permite uma visão global sobre as crianças e os seus contextos de vida e aprendizagem. Este curso confere ao licenciado em Educação Básica saberes e competências que o capacitam para o exercício de várias funções profissionais, em particular as que se centram na criança e na rede de serviços que a assistem.

 A Universidade de Santiago de Compostela, situada na Espanha, uma instituição centenária que possui uma longa tradição de oferta no curso de Pedagogia e curso de formação de professores para a educação infantil e primária (equivalente ao ensino fundamental). Os cursos ofertados com a nomenclatura de Grao, equivalem à graduação aqui no Brasil. O título de Grão Mestre ou Mestra de Educacão Infantil capacita para exercer a profissão de Mestre/a de Educacão Infantil. Trata de uma profissão regulada que atende necesidades sociais na etapa de 0 a 6 anos. O título de Grão Mestre ou Mestra de Educacão Primária conduz ao exercício de uma profissão regulada, que tem por objetivo formar profissionais que conheçam as áreas curriculares à educacão primária e à relação interdisciplinar entre elas, capazes de avaliar processos de ensino e aprendizagem, tanto individualmente como em colaboração com outros docentes e profissionais, abordar com eficácia situações

de aprendizagem em contextos multiculturais. O título de Grão define ao Pedagogo/a como um/uma profissional que possui conhecimentos, habilidades e atitudes sobre políticas, sistemas, instituições, contornos, recursos e procesos educativos e formativos. Está preparado/a para analisar, colocar em funcionamento e avaliar planos, projetos, serviços educativos, formativos, laborais e de assessoramento e orientação, adaptados aos diversos contextos. Sendo profisionais da educação que desenvolven a sua função em diversos contextos educativos e sociais, com capacidade para intervir nos âmbitos da formação e orientação da aprendizagem. O Pedagogo/a está capacitado/a para intervir nos seguintes niveis: no sistema educativo em formação e assessoramento pedagógico em centros escolares ou de formação, orientação, avaliação de ensino-aprendizagem, avaliação de materiais didáticos e avaliação de planos, projetos, programas e instituições educativas.

 A Universidade de Porto, fundada em 1911, é uma instituição de ensino e investigação científica de referência em Portugal. Essa universidade possui uma Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, que ministra o curso de Licenciado/a em Ciências da Educação com duração de três anos. O curso de estudos em Ciências da Educação capacita os/as licenciados/as para serem especialistas em educação/formação, isto é, profissionais que desempenharão a sua atividade em contextos de educação e de formação diversos, inseridos no sistema educativo e fora dele. Dentre as competências para esse profissional: a) capacidade de aplicar os conhecimentos adquiridos, de forma a evidenciarem uma abordagem profissional na área vocacional da educação/formação; b) capacidade de recolher, selecionar, analisar e interpretar informação relevante no campo da educação/formação que os/as habilite a construir uma argumentação fundamentada, que considere aspetos sociais, científicos e éticos relevantes; c) capacidade de diagnosticar e de intervir na resolução de problemas na área da educação/formação, em diferentes contextos,nomeadamente como mediadores/as socioeducativos/as e da formação; d) competências que permitam comunicar informação, ideias, problemas e soluções, tanto a públicos constituídos por especialistas como por não especialistas; e) competências de aprendizagem que lhes permitam uma aprendizagem ao longo da vida com elevado grau de autonomia.

 Na universidade de Québec, em Montreal, existe o Departamento de Educação e Pedagogia, que investiga o conhecimento em relação à situação de ensino, a fundação e organização da educação, a avaliação da educação e do desenvolvimento carreira. O departamento contribui com a missão de formação e evolução da educação, também contribui para soluções inovadoras para resolver os problemas atuais. Ele agrega cursos distintos em nível de bacharel em pré-escolar e ensino Básico, além do Bacharel em Ciências da Educação. Como Bacharel em pré-escolar e Ensino Básico, os alunos trabalharão até o ensino fundamental e tem por objetivo a formação disciplinar e didática envolvendo as diferentes áreas de estudo (francês, matemática, ciências humanas, ciências naturais, educação pessoal e social, religião e moral, educação, artes de condução plásticos, expressão dramática) e formação de professores centrada na intervenção, estratégias de ensino e aprendizagem, abordagens pedagógicas, de planejamento, de observação, avaliação, prevenção e adaptação do educação. No curso de Bacharel em Ciências da Educação o objetivo é capacitar os alunos a adquirir uma formação básica em ciências da educação, tanto em seus aspectos teóricos e práticos em suas dimensões. Ele também tem o objetivo de preparar o aluno para estudos de pós-graduação em Ciências da Educação ou áreas afins, e de apresentá-lo à pesquisa educacional.

É fato que, no cenário internacional, a Pedagogia não se constitui como uma área de estudo que contribui, investiga e propõe alternativas para a melhoria da educação, uma vez que é identificada como Ciências da Educação, Ciência da Educação ou sinônima da Didática. Esta confusão conceitual acaba se reverberando de maneira negativa em termos político e conceitual dessa área de conhecimento. Dos exemplos que trouxemos, consideramos a experiência da Universidade de Compostela como a que mais se aproxima do nosso ideal de curso de Bacharelado em Pedagogia e curso de licenciatura para atuação na educação básica, como dois cursos distintos.

Franco, Libâneo e Pimenta (2011) afirmam que a Pedagogia trata-se, pois, da ciência da educação que investiga a natureza do fenômeno educativo, os conteúdos e os métodos da educação, os procedimentos investigativos. Em síntese, o termo Pedagogia designa um determinado campo de conhecimentos com especificidade

epistemológica, cuja natureza constitutiva é a teoria e a prática da Educação ou a teoria e a prática da formação humana, e a Didática, o ramo da Pedagogia que trata do processo de ensino e aprendizagem.

Diante dessa humilde análise, urge a necessidade de rever esse equívoco conceitual e projeto de formação que toma a docência como identidade do Pedagogo, articulando duas formações em um único currículo. Ademais, fica evidente que tratar um currículo de formação de professores de educação infantil e fundamental em conjunto com outras habilitações em uma carga horária de 3.200 horas incorre no atual contexto de marginalização dos conteúdos específicos e no comprometimento de uma boa formação de professores para os anos iniciais.

No interregno dessa análise, percebemos que a maioria dos currículos das universidades (apresentados anteriormente) em torno da formação de professores para os anos iniciais, demonstram o cuidado em garantir uma formação vinculada aos conteúdos específicos em conjunto com a Didática, além de trazer em seu bojo discussões pertinentes em torno de uma educação multicultural, com questões de gênero, sexualidade, religião, família e educação ambiental.

Verificamos uma situação bastante inovadora em relação à aprendizagem à docência, nesses Projetos de curso, pois as práticas de ensino, conforme o currículo prescrito, ocorrem no cotidiano da interação com os problemas escolares, onde os alunos pensam através da contribuição das outras áreas na resolução do conflito, mais uma vez cabe pensar na metodologia de problematização. É claro que falo de um currículo prescrito e não pude analisar o currículo real, mas o cenário e a crise que vivemos no âmbito da formação de professores carece de analisar outras propostas de formação.

Desse modo, não podemos cair no erro de identificar o trabalho pedagógico como sinônimo de trabalho docente, pois como afirma Libâneo (2001)

A caracterização de Pedagogo-especialista é necessária para distingui-lo do profissional docente. Importa formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico (atuação profissional em um amplo leque de práticas educativas) e trabalho docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na escola). Caberia, também, entender que todo trabalho docente é trabalho pedagógico, mas que nem todo trabalho pedagógico é trabalho docente. (p.123)

Defender esse posicionamento acima requer entender que o trabalho docente está dentro da esfera do trabalho pedagógico e o fazer pedagógico não tem a docência como única atividade, incluindo no rol dessas outras atividades tais como: a orientação escolar, a gestão e coordenação de ensino, planejamento, o acompanhamento de projetos e atividades escolares e o trabalho de pesquisa.

A partir desse entendimento cabe ressaltar que, no campo da ação pedagógica escolar, há três tipos de atividades que se distinguem, conforme explicita Libâneo (2001):

a) a de professores do ensino público e privado, de todos os níveis de ensino e dos que exercem atividades correlatas fora da escola convencional;

b) a de especialistas da ação educativa escolar, operando nos níveis centrais, intermediários e locais dos sistemas de ensino (supervisores pedagógicos, gestores, administradores escolares, planejadores, coordenadores, orientadores educacionais etc.);

c) especialistas em atividades pedagógicas para escolares atuando em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, envolvendo associações populares, educação de adultos, clínicas de orientação pedagógica/psicológica, entidades que trabalham com alunos deficientes.

Essas atividades que envolvem a ação escolar têm natureza distintas e uma natureza de conhecimentos próprios, que antes eram assumidas pelo professor e pelo Pedagogo como atribuições profissionais, contudo a partir da DCNP (2006) acabaram sendo englobadas dentro de um único curso de formação denominado Licenciatura em Pedagogia.

Esse mal-estar entre o Pedagogo como especialista/técnico da educação foi pontuado por Carvalho (1996, p. 83), que enfatiza o ensino e a pesquisa como características fundamentais na identidade do Pedagogo: “Nós temos que ser realmente técnicos em Educação e técnicos na pesquisa em Educação. Técnico em um sentido amplo, sem a conotação pejorativa que este termo adquiriu nos anos 80. Técnico (...) no sentido de conhecimento específico de ponta. (...)”.

Não tenho a intenção de pormenorizar os sentidos ou significações das palavras e os lugares que elas ocupam, pois seria descartar as redes de tessituras elaboradas pelos sujeitos, em conjunto com sua cultura e processo histórico, mas analiso que em decorrência de um regime militar no Brasil, as palavras técnico e especialista foram colocadas como “demoníacas” no contexto de profissionalização do Pedagogo.

Aliás, já refleti em outro momento que a perspectiva também de não tratar a identidade do Pedagogo como docente, causa espanto e não é bem vista no meio dos professores do ensino superior em Pedagogia. Embora que em outros países, conforme quadro apresentado anteriormente em relação aos cursos que formam o investigador em assuntos educacionais, essas terminologias (especialista e técnico) aparecem nos projetos de cursos e não possuem tanto impacto e caráter negativo no contexto de profissionalização do profissional que investiga a educação.

Para Bakhtin (1986, p. 135), “a mudança de significação é sempre, no final das contas, uma reavaliação: o deslocamento de uma palavra determinada de um contexto apreciativo para outro”. Sendo a língua dinâmica, os sujeitos podem mudar sua visão valorativa de atribuição de sentidos das coisas, a partir do que Bakhtin denomina de reavaliação, onde as posições de valores podem deslocar-se para uma posição de superioridade ou inferioridade.

O termo especialista/técnico incomoda algumas pessoas por verem nele uma expressão de divisão de trabalho, que seria típico de uma visão tecnicista. Todavia as organizações precisam de especialistas, técnicos, seja lá o nome que possamos dar a alguém que exerça funções diferenciadas da docência. Observemos a fala da graduanda:

Porque nem todo Pedagogo se identifica com a área de ser professor. Tem os técnicos Pedagogos que fazem e com muita responsabilidade aquilo, mas, está totalmente desvinculado da...do Pedagogo. É ser professor...da sala de aula, entendeu? (Graduando 3.1)

Na mesma linha de raciocínio, Libâneo e Pimenta (1999) explicitam que há quem argumente que o curso de Pedagogia para formar especialistas e cientistas da

educação, separa a teoria da prática, a teoria educacional da docência e o trabalho pedagógico do conteúdo.

Do nosso lado, argumentamos que a Pedagogia, como área específica de conhecimento, tem seus próprios conteúdos, formas e métodos. Os conteúdos da Pedagogia (ou do trabalho pedagógico) não são os conteúdos das matérias do ensino fundamental. Quem entende assim está fazendo uma identificação descabida entre pedagogia e metodologia, trabalho pedagógico e trabalho metodológico, como se fossem sinônimos

Esta formação dos profissionais de educação, assim como esboçam Libâneo e Pimenta (1999; 2002) e Libâneo (2001), deve ocorrer nas atuais Faculdades de Educação, que ofertarão o curso de Pedagogia para atividades escolares e extraescolares, cursos de formação de professores para toda a Educação Básica, programas de formação continuada.

De acordo com Gatti (2014), não há no Brasil, instituições de ensino superior, com uma faculdade, centro ou instituto que centralize a formação desses profissionais, de modo integrado, com perfil próprio, como observado em outras profissões (engenharia, medicina, direito, etc.) e, também, como ocorre em outros países, onde há unidades ou centros de formação de professores englobando todas as especialidades, com estudos, pesquisas e extensão relativos à educação,

Assim, engajamo-nos na defesa de um Departamento de Educação e Pedagogia com cursos distintos, mas articulados, que possam se constituir a partir de uma concepção convergente de formação: o curso de Pedagogia, o curso de licenciatura em educação nos anos iniciais e educação infantil e os cursos de formação continuada. Esses departamentos agregariam a formação do especialista em educação e professores dos anos iniciais, tendo como base muitas vezes uma formação comum e resguardando a gama de conhecimentos pedagógicos próprio a cada profissão.

Dada a complexidade do que seja o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil e ensino fundamental, conforme verificamos em algumas Universidades de caráter internacional, existem experiências de formação de professores que separam a formação inicial de ambos, com o intuito de garantir os