• Nenhum resultado encontrado

Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade no desempenho entre diferentes níveis de condicionamento

Abstract

O objetivo do presente estudo foi monitorar e analisar a disposição da carga interna de

treinamento (CIT) e verificar o efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade

(TFAI) no desempenho entre os diferentes níveis de condicionamento. A amostra foi composta

por 31 praticantes de TFAI (14 homens e 17 mulheres; idade: 29,0 ± 6,0 anos; estatura: 168,1

± 8,2 cm) com diferentes níveis de condicionamento. A soma e média das cargas semanais

foram registradas para o cálculo da monotonia, estresse e carga de trabalho aguda: crônica

(CTAC). Adicionalmente, os praticantes realizaram testes de salto vertical contra movimento

(SVCM), potência muscular de membros inferiores (PMMI), sprint e força de preensão manual.

Não houve diferença na CIT semanal e média ao longo das 6 semanas. A monotonia de

treinamento reduziu apenas no grupo iniciante somente na semana 4 (IC95% = 0.006 a 0.292;

p = 0.03) e 5 (IC95% = 0.038 a 0.396; p = 0.01) quando comparadas com a semana 1, e houve

um aumento na semana 6 (IC95% = 0.002 a 0.243; p = 0.04) em comparação a semana 5. Para

o estresse houve redução apenas da semana 1 para a semana 5 (IC95% = 0.053 a 0.697; p =

0.01) nos iniciantes. Em adição, apenas o grupo iniciante apresentou aumento no desempenho

somente no SVCM (IC95% = 0.005 a 0.047; p = 0.016) e potência relativa (IC95% = 0.181 a

2.607; p = 0.026) quando comparados com os demais níveis de condicionamento. A CIT

apresentou variações de maior e menor magnitude entre as semanas com diferenças na

monotonia e estresse apenas para iniciantes. Adicionalmente, somente o grupo iniciante

apresentou aumento no desempenho. Portanto, o monitoramento da carga interna deve ser

individualizada e os treinadores devem se empenhar no aperfeiçamento das capacidades físicas

Introdução

O treinamento funcional de alta intensidade (TFAI) é caracterizado por apresentar altos

volumes e intensidades de treinamento [1] com exercícios constantemente variados [2] com ou

sem nenhum intervalo recuperativo entre as séries [3]. As sessões de TFAI são constituídas por

exercícios de levantamento de peso olímpico (LPO) (e.g. Clean e Jerk, Snatch), ginásticos (e.g.

Lunges e Pull-ups) e de condicionamento metabólico (e.g. corrida e remo) [2]. Além da

diversidade de movimentos funcionais realizados em alta intensidade, o TFAI apresenta como

objetivo melhorar variáveis de condicionamento físico (i.e., força, composição corporal, dentre

outros) e de desempenho (i.e., velocidade, potência, dentre outros) [4]. Dessa forma, nos

últimos anos o TFAI ganhou status de modalidade esportiva e consequentemente surgiram

investigações em torno das capacidades físicas para o sucesso no esporte [5, 6].

Diversas são as determinantes para o sucesso nos esportes, como por exemplo, o salto

vertical [7], sprint [8] and força de preensão manual [9]. No entanto, o gerenciamento das cargas

de treinamento apresentam fundamental importância para potencialização do desempenho [10],

uma vez que cargas de treinamento acumuladas a longo prazo, períodos de intensificação e

alterações agudas na carga de treinamento foram identificadas como potenciais causadoras de

lesões [11]. Por exemplo, foi observado que dois dias consecutivos de TFAI em alta intensidade

podem promover uma possível imunossupressão [12] e que protocolos de treinamento com altos

volumes e ausência de intervalos recuperativos promovem aumento de marcadores de dano

muscular (i.e., creatinoquinase e interleucina-6) [13]. Portanto, o monitoramento das cargas de

treinamento (i.e., cargas internas) torna-se necessário para uma melhor adaptação ao

treinamento com uma minimização dos riscos de lesões [10].

A carga interna de treinamento (CIT) reporta os efeitos das cargas no organismo

experimentada por um atleta após o treinamento [14]. Devido a diversidade de exercícios

cargas de treinamento é um desafio para os treinadores [10], que necessitam de ferramentas

eficientes e com aplicabilidade prática. Inúmeras são as ferramentas para o controle do

estresse/recuperação do treinamento, como por exemplo a creatina quinase, relação

testosterona/cortisol e marcadores imunológicos [15]. No entanto, essas ferramentas

apresentam custo elevado, são invasivas e não são habitualmente utilizadas na prática diária do

treinamento [10]. Dessa forma, treinadores necessitam de ferramentas que reproduzam o “real world” [10] e que sejam eficazes e sensíveis as variações das cargas de trabaho como a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) [16].

A PSE-sessão é uma das ferramentas mais utilizadas nos esportes para o monitoramento

da CIT [17, 18] por ser uma ferramenta simples, eficiente e de baixo custo [10, 19] O método

de controle da carga de treinamento baseado na PSE-sessão foi proposta previamente a partir

dos dados de média semanal, monotonia e estresse [20] e recentemente o método foi validado

para o TFAI [21, 22] apresentando ser eficiente no que diz respeito a diferenciação da CIT em

distintas fases do treinamento [23]. Portanto, a PSE-sessão fornece dados relevantes para os

ajustes das cargas de treinamento de maneira individualizada e na prevenção de lesões [24].

Apesar do crescimento exponencial da modalidade bem como do número de praticantes,

existe um número limitado de estudos referentes a segurança em praticantes de TFAI, que

tenham realizado a quantificação e monitoramento da CIT com o objetivo de analizar a razão

estresse/recuperação e sobre determinantes de desempenho para o esporte [3] mensuradas

através da PSE-sessão, carga de trabalho aguda: crônica (CTAC), monotonia, estresse e

verificação do desempenho físico entre os diferentes níveis de condicionamento dos praticantes

através de testes de desempenho após um período de 6 semanas de treinamento.

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi monitorar e analisar a disposição da CIT

e verificar o efeito da prática de 6 semanas de TFAI no desempenho entre os diferentes níveis

Material e Métodos Participantes

A amostra foi recrutada de forma intencional e não probabilística. Um total de 31

praticantes (14 homens e 17 mulheres; idade: 29,0 ± 6,0 anos; estatura: 168,1 ± 8,2 cm) de

diferentes níveis de condicionamento (iniciantes, n = 17; intermediários, n = 7; avançados, n =

7) foram acompanhados durante 6 semanas. Os praticantes foram categorizados pelo tempo de

prática em iniciantes, intermediários e avançados de acordo com os critérios estabelecidos pelo

American College of Sports Medicine [25]. O projeto foi explicado para todos os praticantes

do centro de treinamento e aqueles que se voluntariaram em participar assinaram o termo de

consentimento livre e esclarecido. Os pesquisadores passaram uma semana nas instalações do

centro de treinamento conduzindo a explicação da pesquisa e com objetivo de recrutar o

máximo de praticantes. Como critério de inclusão foi adotado: (i) não utilizar recursos

ergogênicos (i.e., todo e qualquer recurso que promova melhora no desempenho) que pudessem

repercutir no desempenho durante o protocolo; (ii) apresentar uma frequência semanal de treino

mínima de 3 vezes. Foram excluídos da amostra todos aqueles apresentaram lesões

osteomioarticulares e que não cumpriram pelo menos 75% das sessões de treinamento.

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa local (N° 3.082.357) e seguiu

todos os padrões éticos da declaração de Helsinki e dos padrões éticos do International Journal

of Sports Medicine [26].

Procedimentos

O presente estudo apresenta um caráter longitudinal com uma abordagem quantitativa.

Os praticantes foram familiarizados com todos os procedimentos adotados e testes, que eram

habitualmente utilizados durante o seu programa de treinamento. Durante o período de coleta,

treinadores responsáveis pelo centro de treinamento no intuito de proporcionar um controle

entre estresse e recuperação, possibilitando aos praticantes, lidar bem com as demandas físicas

e fisiológicas durante todo o período de coleta.

Habitualmente, as sessões de treinamento iniciavam com um aquecimento geral (i.e.,

agachamentos, exercícios multiarticulares, dentre outros) (~15 minutos), posteriormente,

ensino da técnica de movimento (i.e., levantamento de peso olímpico, squat, press, deadlift e

suas variações) (~25 minutos) e por fim, exercícios ginásticos (hand stands, bar exercises, ring,

dentre outros) e de condicionamento metabólico (remos, corridas, dentre outros) (~40 minutos)

com o tempo da sessão variando entre os praticantes para mais ou para menos. O objetivo das

sessões de condicionamento era concluir no menor tempo possível enquanto outras sessões de

condicionamento em dias posteriores (a depender da fase da periodização) tinham como

objetivo realizar o maior número de repetições dentro do limite do praticante num período de

tempo fixo.

O monitoramento teve duração de 6 semanas, com realização de testes físicos (i.e.,

sprints, potência muscular de membros inferiores e força de preensão manual) antes e após o

período de acompanhamento. Em adição, ao longo das 6 semanas a PSE-sessão foi calculada

(i.e., pse x tempo da sessão) após cada sessão de treino [20].

Instrumentos

Carga interna de treinamento (CIT) – percepção subjetiva de esforço (PSE-sessão)

A carga interna de treinamento (CIT) foi registrada usando a escala de percepção

subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) [20]. Em torno de ~ 30 minutos após o término de

cada sessão de treinamento, os praticantes eram questionados sobre quão intenso foi sua sessão

de treinamento e respondiam baseados em uma escala de 10 pontos (CR-10) [20]. Os praticantes

pela duração total de cada sessão de treinamento em minutos, resultando em um valor de

unidades arbitrárias (UA) (carga interna percebida do treinamento) [20]. Adicionalmente, a

média semanal da CIT foi realizada pela soma das UA semanais dividido por 7 (número de dias

da semana). Por fim, os valores da PSE-sessão (diárias e semanais) foram utilizadas para as

análises.

Monotonia do treinamento

A monotonia de treinamento é caracterizada pela ausência ou por mudanças mínimas

nas cargas de treinamento ao longo de um período. Portanto, a variabilidade das cargas de

treinamento e valores menores que 2.0 tornam-se necessários com o objetivo de atenuar os

riscos de lesões [20]. A monotonia foi verificada pela divisão da média da PSE-sessão

pertencente a cada semana pelo seu respectivo desvio padrão.

Estresse

O objetivo do estresse é apresentar o estresse global imposto ao atleta no decorrer de

uma determinada fase do treinamento [20], fornecendo informações sobre o efeito da magnitude

e da distribuição das cargas de treinamento. Valores intensificados de estresse podem

proporcionar adaptações negativas como doenças e lesões, por exemplo. O estresse foi

calculado pela multiplicação da soma das CIT de cada semana pela monotonia do mesmo

intervalo de tempo [20].

Carga de trabalho aguda: crônica (CTAC)

Proposto previamente por Gabbett [27] o CTAC foi calculado a partir da divisão da

carga de trabalho aguda pela carga de trabalho crônica, devendo apresentar valores entre 0.8 e

1.3 considerados dentro da "safe zone". Uma semana de CIT retratou uma carga de trabalho

de três semanas de CIT aguda retratou uma carga crônica, que está associada ao

condicionamento adquirido. Portanto, quando a CIT aguda for superior a carga crônica retrata

um CTAC alto, em contrapartida, quando a carga de trabalho crônica for maior que a carga

aguda retrata um CTAC baixo.

Desempenho físico

Teste de velocidade (Sprint de 20 metros)

Previamente a execução dos testes de velocidade e após aquecimento proposto pelo

treinador responsável pelo centro de treinamento, 1 fotocélula (Cefise®, São Paulo, Brasil), foi

alocada a 20 metros do ponto de partida. Os praticantes executaram o teste em duplicata, a partir

da posição de pé. Com objetivo de atenuar efeitos climáticos, todos os testes de velocidade

foram executados em um centro de treinamento coberto. Um intervalo entre as séries de 5

minutos foi ofertado e o melhor tempo foi utilizado para análise dos dados [28].

Potência muscular de membros inferiores (PMMI) e altura do salto (SVCM – salto vertical contra movimento)

A potência muscular de membros inferiores (PMMI) e altura do salto vertical foi

verificada a partir da utilização do SVCM. Para realização do teste de salto, os atletas foram

familiarizados e capacitados para exercer um movimento descendente seguido de uma extensão

completa das pernas e estavam livres para estabelecer a amplitude do contra movimento para

evitar modificações na coordenação dos saltos [24]. Todas as tentativas foram executadas com

as mãos fixas nos quadris e os praticantes foram estimulados a saltar o mais alto e rápido

possível [24]. Para mensuração da potência muscular de membros inferiores e altura do SVCM

foi utilizado uma plataforma de contato (Cefise®, São Paulo, Brasil) conectada ao software

concedidas [28]. Por fim, o salto foi considerado válido para análise se as posições de

decolagem e pouso permanecessem visualmente análogos. Posteriormente, foi utilizado o

melhor resultado para análise dos dados.

Força de preensão manual

O praticante ficou confortavelmente sentado, posicionado com o ombro levemente

aduzido, cotovelo fletido a 90°, antebraço em posição neutra e, por fim, o posicionamento do

punho poderia oscilar de 0° a 30° de extensão. Esses procedimentos estão de acordo com as

especificações da American Society of Hand Therapists [29]. A medida do dinamômetro

(Jamar®l) foi regulada de acordo com às características de cada praticante e foi utilizado o

melhor resultado de três tentativas para análise dos dados.

Análise estatística

A normalidade foi testada por meio do teste de Shapiro-wilk e análise de Z-score da

assimetria e curtose (-1.96 a 1.96). Os dados que não tiveram seu pressuposto de normalidade

aceito, foram submetidos a transformação logarítmica. Os dados contínuos são reportados em

média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil. Foi utilizada uma ANOVA de

medidas repetidas para verificar o comportamento da monotonia do treinamento e estresse entre

os níveis de condicionamento físico (iniciante, intermediário e avançado) ao longo de 6 semanas

de TFAI. O teste de Mauchly’s foi adotado para verificar a esfericidade dos dados e em caso de

violação foi utilizado a correção de Greenhouse-Geisser. O teste de Friedman foi utilizado para

verificar a magnitude da carga interna de treinamento (semanal e média) no decorrer das 6

semanas. Foi adotada uma ANOVA Mista de medidas repetidas ([3] condições x [2] tempo)

para verificar diferenças no desempenho entre os níveis de condicionamento físico (iniciante,

intermediário e avançado). O post-hoc de Bonferroni foi utilizado para identificar diferenças

Resultados

Houve efeito de tempo para os iniciantes na monotonia de treinamento [(F(3.048;48.773) =

7.294; p = 0.0001; Ɛ = 0.610; ƞ2 = 0.313; power = 0.977)], com diferença estatística da semana 1 para a semana 4 (∆% = 0.149; IC95% = 0.006 a 0.292; p = 0.03) da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0.217; IC95% = 0.038 a 0.396; p = 0.01) e entre as semanas 5 e 6 (∆% = 0.122; IC95% = 0.002 a 0.243; p = 0.04). Para o estresse houve diferença estatística da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0.375; IC95% = 0.053 a 0.697; p = 0.01). Por outro lado, não houve diferença na CIT semanal [(X2(5) = 14.375; p > 0.05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 14.375; p > 0.05)]. Não

houve efeito de tempo para os intermediários na monotonia de treinamento [(F(5,30) = 0.992; p > 0.05; Ɛ = 0.826; ƞ2 = 0.142; power = 0.303)], estresse [(F(5,30) = 0.735; p > 0.05; Ɛ = 0.928; ƞ2 = 0.109; power = 0.228)], CIT semanal [(X2(5) = 5.165; P > 0.05)] e CIT média semanal [(X2(5)

= 5.165; p > 0.05)]. Em relação aos avançados não houve efeito de tempo na monotonia de

treinamento [(F(5,30) = 0.350; p > 0.05; Ɛ = 0.138; ƞ2 = 0.055; power = 0.125)], estresse [(F(5,30)

= 0.545; p > 0.05; Ɛ = 0.260; ƞ2 = 0.083; power = 0.175)], CIT semanal [(X2(5) = 3.161; p >

0.05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 3.161; p > 0.05)] (ver tabela 1).

Categoria Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 P valor Monotonia* Iniciante 0.09±0.13†$ -0.08±0.19 -0.003±0.13 -0.05±0.12 -0.12±0.13& -0.004±0.09 0.0001 Intermediário 0.07±0.09 0.07±0.16 0.08±0.14 0.11±0.08 -0.008±0.07 0.04±0.17 0.439 Avançado 0.009±0.09 0.009±0.12 -0.01±0.12 -0.03±0.07 -0.03±0.12 0.02±0.19 0.878 Estresse* Iniciante 3.40±0.23$ 3.03±0.46 3.25±0.33 3.12±0.31 3.02±0.28 3.26±0.18 0.001 Intermediário 3.42±0.21 3.37±0.28 3.41±0.21 3.47±0.14 3.26±0.13 3.31±0.38 0.603 Avançado 3.31±0.24 3.29±0.31 3.25±0.30 3.19±0.24 3.19±0.29 3.28±0.40 0.741 Monotonia Iniciante 1.29±0.41 0.89±0.36 1.03±0.33 0.90±0.23 0.78±0.27 1.01±0.21 - Intermediário 1.21±0.23 1.25±0.48 1.27±0.43 1.32±0.23 0.99±0.16 1.18±0.47 - Avançado 1.04±0.23 1.05±0.26 1.00±0.26 0.94±0.16 0.96±0.27 1.15±0.54 - Estresse Iniciante 2880.8±1439.4 1692.9±1477.1 2246.7±1336.1 1630.2±902.8 1297.2±845.6 1994.8±744.9 - Intermediário 2933.1±1202.0 2785.6±1589.0 2847.6±1401.1 3158.9±1037.9 1935.8±617.2 2638.3±1620.5 - Avançado 2373.5±1219.1 2382.8±1372.8 2140.8±1275.9 1827.3±1255.6 1841.7±1018.7 2772.2±2388.6 - CIT semanal# Iniciante 2100.0 (847.5) 1380.0 (1170.0) 1920.0 (1410.0) 1740.0 (1170.0) 1500.0 (1060.0) 1860.0 (665.0) 0.675 Intermediário 2320.0 (960.0) 2220.0 (1200.0) 2160.0 (450.0) 2340.0 (650.0) 1800.0 (960.0) 2280.0 (1140.0) 0.396 Avançado 2440.0 (1670.0) 1680.0 (1600.0) 1860.0 (1510.0) 1380.0 (1357.0) 1620.0 (1225.0) 2040.0 (1810.0) 0.675 CIT média# Iniciante 300.0 (121.0) 197.1 (167.1) 274.3 (201.4) 248.6 (167.1) 214.3 (151.4) 265.7 (95.0) 0.675 Intermediário 331.4 (137.1) 317.1 (171.4) 308.6 (64.3) 334.3 (92.9) 257.1 (137.1) 325.7 (162.8) 0.396 Avançado 348.6 (238.5) 240.0 (228.6) 265.7 (215.7) 197.1 (193.9) 231.4 (175.0) 291.4 (258.6) 0.675

* = Dados transformados por log na base 10. † = Diferença para semana 4 (p<0.05). $ = Diferença para semana 5 (p<0.05). & = Diferença para semana 6 (p<0.05). CIT = Carga interna de treinamento. # = Mediana e intervalo interquartil.

A figura 1 reporta a CTAC por 6 semanas de treinamento. A CTAC esteve dentro da

"safe zone" (valores entre 0,8 e 1,3) de maneira geral, no entanto, foram observados

individualmente na semana 4 (6 iniciantes, 1 intermediário e 3 avançados), na semana 5 (11

iniciantes, 2 intermediários e 3 avançados) e na semana 6 (4 iniciantes, 1 intermediário e 2 avançados) valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão.

Figura 1. Carga de trabalho aguda: crônica (CTAC) entre as categorias no TFAI.

Não foi verificado efeito de interação para SVCM [(F(2,28) = 0.759; p = 0.478; η2 = 0.051;

power = 0.166)], potência relativa [(F(2,28) = 0.325; p = 0.725; η2 = 0.023; power = 0.097)], sprint

[(F(2,28) = 0.007; p = 0.993; η2 = 0.000; power = 0.051)], força de preensão manual da mão direita

[(F(2,28) = 0.190; p = 0.828; η2 = 0.013; power = 0.077)] e força de preensão manual da mão

esquerda [(F(2,28) = 0.218; p = 0.805; η2 = 0.015; power = 0.081)]. Entretanto, foi verificado efeito

de tempo para SVCM [(F(1,28) = 4.869; p = 0.036; η2 = 0.148; power = 0.568)] e potência relativa

[(F(1,28) = 5.102; p = 0.032; η2 = 0.154; power = 0.587)], mas não para sprint [(F(1,28) = 0.669; p = 0.420; η2 = 0.023; power = 0.124)], força de preensão manual da mão direita [(F(1,28) = 3.429; p = 0.075; η2 = 0.109; power = 0.432)] e força de preensão manual da mão esquerda [(F(1,28) =

1.567; p = 0.221; η2 = 0.053; power = 0.227)]. De forma pontual, houve diferença apenas no

grupo iniciante para o SVCM (∆% = 0.026; p = 0.016; IC95% = 0.005 a 0.047) e potência relativa (∆% = 1.394; p = 0.026; IC95% = 0.181 a 2.607). Foi verificado efeito de grupo para SVCM [(F(2,28) = 7.943; p = 0.002; η2 = 0.362; power = 0.932)], potência relativa [(F(2,28) = 8.263; p = 0.002; η2 = 0.371; power = 0.941)], sprint [(F(2,28) = 12.073; p = 0.0001; η2 = 0.463; power = 0.991)], força de preensão manual da mão direita [(F(2,28) = 7.019; p = 0.003; η2 = 0.334; power

= 0.898)] e força de preensão manual da mão esquerda [(F(2,28) = 6.768; p = 0.004; η2 = 0.326;

Figura 2. Salto vertical contra movimento (SVCM), potência relativa, sprint, força de preensão manual direita e esquerda entre as categorias no TFAI.

* = Diferença entre iniciante e avançado (p<0.05). $ = Diferença entre intermediário e avançado (p<0.05). @ = Diferença entre pré e pós (p<0.05). # = Dados transformados por log na base 10.

Discussão

O objetivo do presente estudo foi monitorar e analisar a disposição da CIT e verificar o

efeito da prática de 6 semanas de TFAI no desempenho entre os diferentes níveis de

semanas. Os valores de monotonia do treinamento dos iniciantes diferiram ao longo das 6

semanas de treinamento, com uma redução na semana 4 e 5 em comparação a semana 1 e com

um aumento na semana 6 em comparação a semana 5. Os valores de estresse não diferiram ao

longo das 6 semanas de treinamento, com exceção da redução da carga na semana 5 em

comparação a semana 1. A CIT semanal e média não apresentou diferenças nas semanas

investigadas. Em relação as categorias intermediárias e avançadas os valores de monotonia do

treinamento, estresse, CIT semanal e média não diferiram ao longo das 6 semanas de

treinamento (ver tabela 1). Adicionalmente, foram observados individualmente através da

CTAC valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão (ver figura 1).

Com relação aos testes físicos, todas as categorias apresentaram o mesmo comportamento (pré

vs pós), com exceção da categoria iniciante onde foram observados aumentos no SVCM e

potência relativa após 6 semanas de treinamento.

A disposição das CIT semanais e médias do presente estudo não diferiu ao longo das 6

semanas de treinamento. O American College of Sports Medicine publicou recentemente um

consenso sobre do TFAI e sugeriu o monitoramento da carga de treinamento para atenuar

adaptações negativas [30], uma vez que altas cargas de treinamento associadas com uma baixa

recuperação é uma das principais causas de overtraining [31]. Esses estudos evidenciam a

relevância da aplicação de uma abordagem flutuante e um controle periódico das cargas de

trabalho para um desenvolvimento positivo do desempenho [32]. Dessa forma, a disposição e

ajustes das cargas de trabalho em conformidade com o estado de prontidão dos atletas

apresentam ser uma estratégia valiosa para uma prescrição eficiente e segura [33, 34] com

objetivo de prevenir destreinamento e promover aumento do desempenho [35]. Portanto,

treinadores necessitam de ferramentas sensíveis as flutuações das cargas de treinamento e que reproduzam o “real world” como a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) para o monitoramento preciso das cargas de trabalho [10, 16].

Recentemente, alguns estudos utilizaram a PSE-sessão para quantificar as cargas de

treinamento em atletas de TFAI [10, 23]. No estudo de Williams et al., [23] foram observadas

cargas de treinamento semanais médias de 2591 ± 890 UA, similar ao estudo de Tibana et al.,

[10] (2092 UA), no entanto, nossos dados mostram uma média semanal de 1812 UA para

iniciantes, 2157 UA para intermediários e 1995 UA para avançados o que parece confirmar que

atletas de alto rendimento possuem uma CIT superior, como previsto. Vale ressaltar que

períodos de intensificação de cargas, cargas acumuladas a longo prazo, bem como competições

extenuantes são possíveis preditores de lesões [11]. Por exemplo, cargas de trabalho semanais

entre 3000 e 5000 UA revelaram 50% a 80% maiores chances de lesões [36], assim como duas

semanas subsequentes com cargas de trabalho semanais superiores a 2000 UA [37]. Por outro

lado, cargas de trabalho semanais inferiores a 1250 UA também revelaram uma potencialização

do risco de lesão, além de não promoverem aumento da aptidão [37]. Portanto, a PSE-sessão pode auxiliar os treinadores na realização de “ajustes” das cargas de treinamento quando necessário, respeitando a individualidade dos praticantes e com objetivo de evitar elevados

índices de monotonia de treinamento, estresse [20] e CTAC [27], fatores esses associados com

maiores chances de lesões.

No presente estudo foi observado valores de monotonia abaixo de 2.0 e uma redução do

estresse na semana 5 quando comparada com a semana 1 para o grupo iniciante ao longo das semanas investigadas, além disso foram observados alguns praticantes fora da “safe zone”. Crescimentos abruptos da monotonia de treinamento (i.e., maiores que 2.0) bem como um

estresse elevado foram correlacionados com 77% e 89% na ocorrência de doenças,

respectivamente [20]. Além disso, elevados volumes e intensidades de treinamento podem

repercutir no declínio do sistema imune e consequentemente aumentos dos sinais e sintomas de

infecção do trato respiratório superior [38]. Por exemplo, Ferrari et al., [39] observaram

preparatória (r = 0.72; p = 0.03) e competitiva (r = 0.73; p = 0.03) em ciclistas treinados.

Recentemente, foi demonstrado que a CTAC foi um dos fatores que diferenciaram atletas

lesionados de atletas não lesionados em uma fase prévia de competição [ES = 0.45; IC90% =

0.31 – 0.87] [40]. Nessa perspectiva, possibilitar robustas cargas crônicas sem “spikes” nas

cargas de treinamento (i.e., CTAC maior que ~1.3) apresenta ser atualmente uma melhor

abordagem para o aumento do desempenho e atenuação de adaptações negativas no treinamento

[16, 27], uma vez que a CTAC considera a carga atual que o atleta está executando em relação

ao que ele está preparado para executar [41]. Além disso, testes de desempenho se faz

necessário para um correto gerenciamento das cargas de treinamento e com objetivo de evitar

o overreaching non-functional e consequentemente overtraining [31].

Em nosso estudo foi observado que apenas os praticantes iniciantes obtiveram aumentos

no desempenho quando comparados a intermediários e avançados. O American College of

Sports Medicine reporta que os ganhos de desempenho são mais acentuados nas fases iniciais

do treinamento (40%) quando comparadas as fases intermediárias (20%) e avançados (10%)

em decorrência das adaptações neurais [25]. Essas adaptações parecem estar conectadas ao