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Carga interna de treinamento, desempenho e assimetria entre membros inferiores em praticantes de treinamento funcional de alta intensidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CARGA INTERNA DE TREINAMENTO, DESEMPENHO E

ASSIMETRIA ENTRE MEMBROS INFERIORES EM

PRATICANTES DE TREINAMENTO FUNCIONAL DE ALTA

INTENSIDADE

Rômulo Vasconcelos Teixeira

NATAL- RN 2020

(2)

CARGA INTERNA DE TREINAMENTO, DESEMPENHO E

ASSIMETRIA ENTRE MEMBROS INFERIORES EM

PRATICANTES DE TREINAMENTO FUNCIONAL DE ALTA

INTENSIDADE

RÔMULO VASCONCELOS TEIXEIRA

ORIENTADOR: PROFº Dr. BRENO GUILHERME DE ARAÚJO TINÔCO CABRAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Teixeira, Rômulo Vasconcelos.

Carga interna de treinamento, desempenho e assimetria entre membros inferiores em praticantes de treinamento funcional de alta intensidade / Rômulo Vasconcelos Teixeira. - 2020. 98f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2020.

Orientador: Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral.

1. Treinamento funcional de alta intensidade - Dissertação. 2. Esforço percebido - Dissertação. 3. Lesão - Dissertação. 4.

Desempenho - Dissertação. 5. Carga de trabalho Dissertação. I. Cabral, Breno Guilherme de Araújo Tinôco. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796.015.367

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física:

(5)

RÔMULO VASCONCELOS TEIXEIRA

CARGA INTERNA DE TREINAMENTO, DESEMPENHO E

ASSIMETRIA ENTRE MEMBROS INFERIORES EM

PRATICANTES DE TREINAMENTO FUNCIONAL DE ALTA

INTENSIDADE

Presidente da Banca: Prof Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral (UFRN)

BANCA EXAMINADORA:

Prof Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral (UFRN) Prof Dr. Paulo Moreira Silva Dantas (UFRN)

Prof Dr. Arnaldo Luis Mortatti (UFRN) Prof Dr. Gilmário Ricarte Batista (UFPB) Prof Dr. Felipe José Aidar Martins (UFS)

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus e aos meus pais, Alzira Maria de Vasconcelos e Raimundo Divaldo Teixeira - tudo o que faço é por eles e para eles, sem eles nada seria possível, agradeço de coração por todo apoio e amor incondicional ao longo da minha ainda pequena trajetória pessoal e profissional e por todos os anos que ainda virão. Obrigado por serem meus primeiros professores e por sempre me ensinarem a ser uma pessoa melhor, por ter respeito para com o próximo, por fazer o meu trabalho sem querer passar por cima de ninguém e por todos os princípios éticos e morais. Obrigado por tudo, amo vocês! A minha irmã Ronyelle Vasconcelos Teixeira por todo amor, por direta ou indiretamente ter me ensinado a ser uma pessoa melhor e por me incentivar a seguir a “vida acadêmica” para me tornar um profissional cada vez mais qualificado e capacitado. A minha namorada e futura esposa Samara Pinheiro Arruda por todo amor, apoio, companheirismo e por ser minha confidente ao longo dos anos que estamos juntos e por muitos que ainda virão. Obrigado por ser minha primeira aluna ou “banca” antes de uma aula ou apresentação, respectivamente. Obrigado por estar em todos os momentos marcantes da minha ainda pequena “vida acadêmica”. Obrigado por tudo, amo você! Ao meu professor e orientador Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral pela orientação ao longo desses anos e por todos os conselhos diretos e indiretos para que eu me torne um profissional cada vez mais qualificado. A coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES) por ter me concedido uma bolsa de pós-graduação para que eu pudesse desempenhar meu trabalho com excelência. A Universidade Federal do Rio Grande do Norte por meio do programa de pós-graduação em educação física (PPGEF), aos grupos de estudo e pesquisa em maturação da criança e adolescente (GEPMAC) e atividade física e saúde (AFISA) por ter me acolhido ao longo desses anos e por ter me concedido toda a estrutura e companheirismo para que eu pudesse executar meu trabalho. Aos meus colegas de mestrado por todas as conversas, conselhos e risadas ao longo desse período. O mestrado se tornou mais leve com a presença de vocês. Sou grato por tudo e por todos os citados nos agradecimentos, essa conquista mostra que com paciência, disponibilidade e amor, obstáculos são superados e objetivos alcançados. Encerra-se um ciclo para dar início a outro. Obrigado!

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TFAI – Treinamento Funcional de Alta Intensidade.

CIT – Carga Interna de Treinamento.

SVCMU – Salto Vertical Contra Movimento Unilateral. CTAC – Carga de Trabalho Aguda: Crônica.

SVCM – Salto Vertical Contra Movimento.

PMMI – Potência Muscular de Membros Inferiores. FPM – Força de Preensão Manual.

IC – Intervalo de Confiança.

LPO – Levantamento de Peso Olímpico.

PSE-sessão – Percepção Subjetiva de Esforço da Sessão. VFC - Variabilidade da Frequência Cardíaca.

TRIMP – Impulso de Treinamento.

RMSSD - Raiz Quadrada da Média das Diferenças entre os Intervalos RR ao Quadrado. SV – Salto Vertical.

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. UA – Unidades Arbitrárias.

ES – Effect Size ou Tamanho do Efeito.

SVCMPF – Salto Vertical Contra Movimento Perna Forte. SVCMPFR – Salto Vertical Contra Movimento Perna Fraca. DFU – Diferença de Força Unilateral.

TUE –Taxa de Utilização da Excêntrica. CAE – Ciclo Alongamento-Encurtamento. R – Correlação de Pearson.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Monotonia, estresse do treinamento, CIT semanal e CIT média……… 20 Tabela 2 - Análise descritiva das variáveis de desempenho de mulheres e homens……. 27 Tabela 3 - Correlação linear de Pearson entre assimetria e variáveis de desempenho em mulheres e homens……….. 28 Tabela 4 - Correlação linear de Pearson entre SV, sprint, PMMI, TUE, CAE e SVCM em mulheres e homens……… 28

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desenho do estudo 1……….………. 13 Figura 2 – Desenho do estudo 2……….………. 13 Figura 3 - Carga de trabalho aguda: crônica (CTAC) entre os grupos no TFAI………. 21

Figura 4 - Salto vertical contra movimento (SVCM), potência relativa, sprint, força de preensão manual direita e esquerda entre os grupos no TFAI……….. 22 Figura 5 - Descrição da assimetria do salto vertical unilateral das atletas femininas

de TFAI………. 29 Figura 6 - Descrição da assimetria do salto vertical unilateral das atletas masculinos de TFAI……….. 29

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RESUMO

CARGA INTERNA DE TREINAMENTO, DESEMPENHO E ASSIMETRIA ENTRE MEMBROS INFERIORES EM PRATICANTES DE TREINAMENTO FUNCIONAL

DE ALTA INTENSIDADE

Autor: Rômulo Vasconcelos Teixeira

Orientador: Profº Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral

O treinamento funcional de alta intensidade (TFAI) é caracterizado por apresentar altos volumes e altas intensidades de treinamento. O TFAI tem como objetivo aumentar as capacidades físicas dos praticantes, no entanto é necessário estratégias para minimizar os índices de lesões e potencializar o desempenho. Portanto, o objetivo do presente estudo foi analisar a carga interna de treinamento, desempenho e assimetria entre membros em praticantes de treinamento funcional de alta intensidade. No primeiro estudo a amostra foi composta por 31 praticantes de TFAI (14 homens e 17 mulheres) com diferentes níveis de condicionamento. No segundo estudo, a amostra foi composta por 24 atletas amadores (13 homens e 11 mulheres). Para o primeiro estudo a soma e média das cargas semanais foram registradas para o cálculo da monotonia, estresse do treinamento e carga de trabalho aguda: crônica (CTAC). Adicionalmente, os praticantes realizaram testes de salto, sprint e força de preensão manual (FPM). Para o segundo estudo testes de saltos e sprint foram realizados. No primeiro estudo a monotonia de treinamento reduziu apenas no grupo iniciante somente na semana 4 (IC95% = 0.006 a 0.292; p = 0.03) e 5 (IC95% = 0.038 a 0.396; p = 0.01) quando comparadas com a semana 1. Em adição, apenas o grupo iniciante apresentou aumento no desempenho somente no salto vertical contra movimento (IC95% = 0.005 a 0.047; p = 0.016) e potência relativa (IC95% = 0.181 a 2.607; p = 0.026). No segundo estudo foi observado que as assimetrias parecem não repercutir na atenuação do desempenho. Por outro lado, foi observado assimetria gerais de 9,5% em mulheres e 9,3% em homens. Concluímos que, a CIT apresentou variações de maior e menor magnitude entre as semanas com diferenças na monotonia apenas para iniciantes. Adicionalmente, somente o grupo iniciante apresentou aumento no desempenho. Foi observado que assimetrias entre membros parecem não estar relacionados a menor desempenho nos testes de desempenho. No entanto, assimetrias acima de 15% podem aumentar a chance de lesão.

(11)

ABSTRACT

INTERNAL TRAINING LOAD, PERFORMANCE AND ASYMMETRY BETWEEN LOWER LIMBS IN HIGH INTENSITY FUNCTIONAL TRAINING

PRACTITIONERS

Autor: Rômulo Vasconcelos Teixeira

Orientador: Profº Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral

High intensity functional training (HIFT) is characterized by high volumes and high training intensities. HIFT aims to increase the physical capabilities of practitioners, however strategies are needed to minimize injury rates and enhance performance. Therefore, the aim of the present study was to analyze the internal training load, performance and asymmetry between members in high intensity functional training practitioners. In the first study the the sample consisted of 31 HIFT practitioners (14 men and 17 women) with different fitness levels. In the second study, the sample consisted of 24 amateur athletes (13 men and 11 women). For the first study the sum and average weekly loads were recorded for the calculation of monotony, strain and acute: chronic workload ratio (ACWR). In addition, practitioners performed jump, sprint, and handgrip strength tests. For the second study jumping tests and sprint were performed. In the first study, training monotony decreased only in the beginner group only at week 4 (CI95% = 0.006 to 0.292; p = 0.03) and 5 (CI95% = 0.038 to 0.396; p = 0.01) compared to week 1. In addition, only the beginner group showed increased performance only in vertical jump against movement (CI95% = 0.005 to 0.047; p = 0.016) and relative power (CI95% = 0.181 to 2.607; p = 0.026). In the second study, it was observed that asymmetries do not seem to affect performance attenuation. On the other hand, overall asymmetry of 9.5% in women and 9.3% in men was observed. We concluded that the ITL presented variations of greater and smaller magnitude between weeks with differences in monotony only for beginners. Additionally, only the beginner group showed an increase in performance. It was observed that asymmetries between limbs do not seem to be related to lower performance in the tests of performance. However, asymmetries above 15% may increase the chance of injury.

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SUMÁRIO Agradecimentos

Lista de Abreviaturas e Siglas Lista de Tabelas Lista de Figuras Resumo Abstract 1. INTRODUÇÃO 01 2. OBJETIVOS 04 3. REVISÃO DA LITERATURA 05

3.1 Treinamento funcional de alta intensidade (TFAI) 05

3.2 Lesões e treinamento funcional de alta intensidade 06

3.3 Monitoramento da carga de treinamento

3.4 Carga interna de treinamento e ferramentas de avaliação

07 08

3.5 Assimetrias entre membros 09

4. MATERIAIS E MÉTODOS 11

4.1 População e amostra 11

4.2 Desenho do estudo 11

4.3 Critérios de inclusão e exclusão 14

4.4 Comitê de Ética 14

4.5 Variáveis analisadas 14

4.5.1 Carga Interna de Treinamento – Percepção Subjetiva de Esforço da Sessão 14

4.5.2 Monotonia do Treinamento 15

4.5.3 Estresse do Treinamento 15

4.5.4 Carga de Trabalho Aguda: Crônica 15

4.5.5 Teste de Velocidade (Sprint de 20 metros) 15

4.5.6 Potência Muscular de Membros Inferiores e Altura do Salto Vertical 4.5.7 Força de Preensão Manual

16 16

4.6 Análise estatística 17

5. ARTIGOS PRODUZIDOS 18

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 19

6.1 Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade na performance entre diferentes níveis de condicionamento

6.1.1 Resultados 6.1.2 Discussão

19 19 23 6.2 Assimetria entre membros e desempenho em atletas amadores envolvidos no

treinamento funcional de alta intensidade

6.2.1 Resultados 6.2.2 Discussão 27 27 30 7. CONCLUSÃO 33 8. REFERÊNCIAS 34 9. APÊNDICES 44

(13)

1 INTRODUÇÃO

O Treinamento Funcional de Alta Intensidade (TFAI) é caracterizado por apresentar altos volumes e intensidades de treinamento (1) com exercícios constantemente variados (2) com ou sem nenhum intervalo recuperativo entre as séries (3). As sessões de TFAI são constituídas por exercícios de levantamento de peso olímpico (LPO) (e.g. Clean e Jerk, Snatch), ginásticos (e.g. Lunges e Pull-ups) e de condicionamento metabólico (e.g. corrida e remo) (2). Além da diversidade de movimentos funcionais realizados em alta intensidade, o TFAI apresenta como objetivo melhorar variáveis de condicionamento físico (i.e., força, composição corporal, dentre outros) e de desempenho (i.e., velocidade, potência, dentre outros) (4). Dessa forma, nos últimos anos o TFAI ganhou status de modalidade esportiva e consequentemente surgiram investigações em torno das capacidades físicas para o sucesso no esporte (5,6).

Diversas são as determinantes para o sucesso nos esportes, como por exemplo, o salto vertical (7), sprint (8) e força de preensão manual (FPM) (9). No entanto, o gerenciamento das cargas de treinamento apresentam fundamental importância para potencialização da performance (10), uma vez que cargas de treinamento acumuladas a longo prazo, períodos de intensificação e alterações agudas na carga de treinamento foram identificadas como potenciais causadoras de lesões (11). Por exemplo, foi observado que dois dias consecutivos de TFAI em alta intensidade podem promover uma possível imunossupressão (12) e que protocolos de treinamento com altos volumes e ausência de intervalos recuperativos promovem aumento de marcadores de dano muscular (i.e., creatina quinase e interleucina-6) (13). Portanto, o monitoramento das cargas de treinamento (i.e., cargas internas) torna-se necessário para uma melhor adaptação ao treinamento com uma minimização dos riscos de lesões (10).

A carga interna de treinamento (CIT) reporta os efeitos das cargas no organismo experimentada por um atleta após o treinamento (14). Devido a diversidade de exercícios aplicados no TFAI (i.e., ginástica, força e condicionamento metabólico) o gerenciamento das cargas de treinamento é um desafio para os treinadores (10), que necessitam de ferramentas eficientes e com aplicabilidade prática. Inúmeras são as ferramentas para o controle do estresse/recuperação do treinamento, como por exemplo a creatina quinase, relação testosterona/cortisol e marcadores imunológicos (15). No entanto, essas ferramentas apresentam custo elevado, são invasivas e não são habitualmente utilizadas na prática diária do treinamento (10). Dessa forma, treinadores necessitam de ferramentas que reproduzam o “real

world” (10) e que sejam eficazes e sensíveis as variações das cargas de trabaho como a

(14)

A PSE-sessão é uma das ferramentas mais utilizadas nos esportes para o monitoramento da CIT (17,18) por ser uma ferramenta simples, eficiente e de baixo custo (10,19) O método de controle da carga de treinamento baseado na PSE-sessão foi proposta previamente a partir dos dados de média semanal, monotonia e estresse do treinamento (20) e recentemente o método foi validado para o TFAI (21,22) apresentando ser eficiente no que diz respeito a diferenciação da CIT em distintas fases do treinamento (23). Portanto, a PSE-sessão fornece dados relevantes para os ajustes das cargas de treinamento de maneira individualizada e na prevenção de lesões (24).

Em adição, com o objetivo de minimizar os índices de lesões na modalidade avaliações de assimetrias entre membros torna-se de fundamental importância, uma vez que altos índices de assimetrias podem exercer efeitos negativos no desempenho (25) e podem aumentar a probabilidade de lesão no ligamento cruzado anterior (26). Recentemente foi observado que índices de assimetrias de 12,5% no salto vertical contra-movimento unilateral (SVCMU) estavam relacionados a piores desempenhos de velocidade em jogadoras profissionais de futebol (27). Por outro lado, também foi observado que assimetrias de 10,4% no SVCMU não apresentaram impacto no desempenho da velocidade em atletas de modalidades coletivas (28). As assimetrias entre membros são frequentemente analisadas usando dinamômetros isocinéticos (29). No entanto, esses instrumentos possuem custos elevados, requerem profissionais treinados para realização da avaliação e não replicam os gestos esportivos utilizados no esporte (30). Portanto, surge a necessidade de testes mais acessíveis e mais “funcionais” que possam usar padrões de movimento semelhantes ao esporte, como o salto vertical.

Apesar do crescimento exponencial da modalidade bem como do número de praticantes, para o nosso conhecimento, nenhum estudo verificou se a assimetria entre membros inferiores afeta negativamente o desempenho e apenas cinco estudos analisaram a CIT em praticantes/atletas de TFAI (10,21–23,31). Em relação a CIT distintas variáveis, populações e períodos de monitoramento foram analisadas. Por exemplo, o objetivo do estudo de Tibana et al., (10) foi quantificar a magnitude da carga interna, carga de trabalho aguda: crônica (CTAC), a percepção do bem-estar e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) após 38 semanas de treinamento em uma atleta feminina. Foi observado uma carga interna média nas 38 semanas de 2092 ± 861 unidades arbitrárias (UA). A PSE-sessão e a CTAC evidenciaram que 50% das semanas de treinamento estavam fora da “safe zone”, no entanto, nenhuma lesão foi reportada pela atleta. No estudo de Crawford et al., (22) o objetivo foi determinar a validade e a

(15)

confiabilidade da PSE-sessão para quantificar carga de treinamento no TFAI. Vinte e cinco participantes saudáveis (13 homens e 12 mulheres) participaram de seis semanas de TFAI. Foi observado que as medidas PSE-sessão quando comparada com as medidas baseadas na frequência cardíaca se mostrou válida entre os níveis individual, de grupo e de sexo. No estudo de Willians et al., (23) o objetivo foi investigar a interação entre a VFC, a carga de trabalho e o risco de problemas de uso excessivo em atletas competitivos de TFAI. A VFC e as cargas de treinamento foram registradas em seis atletas competitivos de TFAI durante 16 semanas. Foi observado que quando os atletas apresentaram menor VFC associado com altas CTAC o risco de lesão foi aumentado. No estudo de Tibana et al., (31) o objetivo foi quantificar a magnitude da carga de treinamento através da PSE-sessão em dois atletas amadores de TFAI. Foi observado uma carga de treinamento média durante 11 semanas de 173,5 UA para o atleta A e 190,6 UA para o atleta B. Portanto, a PSE-sessão, apresenta ser uma ferramenta válida com objetivo de disferenciar distintas fases de treinamento. Por fim, no estudo de Tibana et al., (21) o objetivo foi validar a PSE-sessão para quantificação da CIT. Foram recrutados treze sujeitos para participação em dois protocolos de treinamento distintos. Foi observado que a PSE-sessão é uma ferramenta eficiente para determinar a CIT em praticantes de TFAI.

Portanto, existe um número limitado de estudos referentes a segurança em praticantes de TFAI, que tenham realizado a quantificação e monitoramento da CIT com o objetivo de analizar a razão estresse/recuperação e sobre determinantes de desempenho para o esporte (3) mensuradas através da PSE-sessão, carga de trabalho aguda: crônica (CTAC), monotonia, estresse do treinamento e verificação do desempenho físico entre os diferentes níveis de condicionamento dos praticantes através de testes de desempenho após um período de 6 semanas de treinamento. Além disso, levando em consideração os resultados inconclusivos sobre a relação entre a assimetria entre membros encontrada no salto vertical contra movimento unilateral com parâmetros de desempenho físico e a busca de métodos de teste com maior aplicabilidade prática o presente estudo esteve centrado em analisar a carga interna de treinamento, desempenho e assimetrias entre membros de praticantes de treinamento funcional de alta intensidade.

(16)

2. OBJETIVOS 2.1 Geral

▪ Analisar a carga interna de treinamento, desempenho e assimetria de membros inferiores em praticantes de treinamento funcional de alta intensidade;

2.2 Específicos

▪ Analisar e monitorar a disposição da carga interna de treinamento;

▪ Avaliar o desempenho de praticantes de treinamento funcional de alta intensidade após 6 semanas;

▪ Avaliar os índices de assimetrias entre membros em praticantes de treinamento funcional de alta intensidade;

(17)

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Treinamento funcional de alta intensidade (TFAI)

O treinamento funcional de alta intensidade (TFAI) foi criado em 1995 e precisamente estabelecido no ano 2000 pelo seu idealizador Greg Glassman, um treinador e ex-ginasta da região de Santa Cruz, Califórnia – Estados Unidos (32). Segundo Meyer, Morrison e Zuniga (33), o TFAI foi originalmente proposto para treinar indivíduos (por exemplo, guardas do exército) cujo trabalho necessita de aptidão física considerável, e que através desse meio de treinamento esses individuos pudessem variar menores a elevadas intensidades de esforço em segundos. As sessões de TFAI são constituídas por exercícios de levantamento de peso olímpico (LPO), ginásticos e de condicionamento metabólico (2).

O TFAI é um programa de condicionamento extremo que se obtém atenção e crescimento pelo foco em métodos consecutivos balísticos, tendo como proposta o desenvolvimento da força e resistência (2). Uma particularidade do TFAI é a escalabilidade. A escalabilidade não é exclusivamente destinada as progressões de carga, mas também as alterações dos movimentos que envolvem maior flexibilidade e/ou habilidade (34). O mesmos autores acrescentam ainda que,mediante a tais modificações, sujeitos com distintos níveis de aptidão podem participar de um treinamento semelhante ou do "treino do dia" (WOD). Tal programa de treinamento, por seu caráter desafiador e motivacional, vem conseguindo milhões de praticantes (32). A aprovação do TFAI é muito alta, passando por indivíduos supostamente saudáveis até indivíduos obesos (35).

Estudos anteriores demonstraram que a participação no TFAI melhorou a força e resistência muscular, condicionamento aeróbio e composição corporal (36–38). Por exemplo, foi observado que 10 semanas de TFAI com exercícios de agachamento, levantamento terra, arremesso e arranco com a maior velocidade possível, melhorou o condicionamento aeróbio e composição corporal de indivíduos saudáveis (38). Embora algumas evidências destaquem os benefícios do TFAI, existe também preocupações quanto à probabilidade de um risco de lesão devido à sua prática (39). Por exemplo, em um consenso publicado sobre programas de condicionamento extremo (e.g., TFAI), a estrutura de treinamento foi listada como uma característica negativa por proporcionar altos níveis de fadiga e aumento do risco de execução inadequada dos exercícios e, consequentemente, aumento do risco de lesões (40).

(18)

3.2 Lesões e treinamento funcional de alta intensidade

Lesão é todo dano físico, que pode converter-se em alteração ou ausência do programa de treinamento ou das atividades do cotidiano de um praticante (34). Lesão pode ser tudo aquilo que impossibilite o indivíduo de trabalhar, competir ou treinar por qualquer que seja o tempo (41). Por fim, lesão é qualquer expressão de dor física suportada no decorrer do TFAI e que converteu em um praticante impossibilitado de concluir suas atividades (42).

Recentemente em um estudo retrospectivo foi observado a incidência e prevalência de lesões musculoesqueléticas atribuídas à participação em um programa de condicionamento extremo (i.e., Iron Tribe Fitness) (43). Interessantemente, de 247 atletas, 85 (34%) relataram que sofreram uma lesão enquanto participavam de um programa de condicionamento extremo. A área mais comumente lesada foi o ombro, e quem já possuía alguma lesão anterior no ombro apresentava maior vulnerabilidade de novas lesões no mesmo segmento. Corroborando com esse achado (44), verificaram a incidência de lesões somente na região do ombro. Quarenta e quatro (23,5%) dos 187 indivíduos que completaram a pesquisa relataram alguma lesão no ombro. Onde aqueles que relataram lesões 17 (38,6%), declararam que a lesão ocorreu devido a uma exacerbação de uma lesão anterior sofrida antes do programa de treinamento (i.e., TFAI) e 27 (14,4%) sofreram uma nova lesão no ombro. Sendo os exercícios ginásticos e do levantamento de peso olímpico, na maioria das vezes, a principal causa de lesões no ombro na modalidade.

Por fim, em uma revisão de literatura buscou-se avaliar os benefícios e os riscos associados à participação no TFAI (33). Em um total de 251 artigos, foram incluídos apenas 13 artigos, onde os quais falavam dos riscos e benefícios da prática do TFAI. Os autores concluem que, o TFAI é comparável a outras modalidades de alta intensidade em termos de taxas de lesões, resultados e saúde. O TFAI, assim como qualquer outro programa de alta intensidade, aumenta o VO2 máx, força muscular e diminui a massa gorda. Os mesmos autores complementam ainda que, com treinamento adequado e aumentos incrementais de intensidade, o TFAI poderá ser uma efetiva forma de exercício para adultos saudáveis que procuram uma rotina diversificada de exercícios. Entretanto, em um consenso publicado pelo American College of Sports Medicine sobre os programas de condicionamento extremo (e.g., TFAI), a estruturação do treinamento foi listada como característica negativa por ocasionar extrema fadiga e grande percepção de esforço, podendo ocasionar técnicas de execução incorreta e,

(19)

eventualmente, lesões (40). Portanto, o monitoramento da carga de treinamento é de fundamental importância para atenuar adaptações negativas (40).

3.3 Monitoramento da carga de treinamento

O monitoramento das cargas de treinamento (i.e., cargas internas) é de fundamental importância para que exista uma potencialização do desempenho concomitantemente a um risco minimizado de lesões (10). A carga interna de treinamento (CIT) reporta os efeitos das cargas no organismo experimentada por um atleta após uma sessão de treino (14). O TFAI apresenta uma diversidade ampla de exercícios que são aplicados em uma sessão de treinamento (i.e., ginástica, força e condicionamento metabólico) e, portanto, o gerenciamento das cargas de treinamento é um desafio para os treinadores (10), que necessitam de ferramentas eficientes, com aplicabilidade prática e que sejam sensíveis as variações das cargas de trabaho (16).

Recentemente o American College of Sports Medicine publicou um consenso sobre o TFAI e sugeriu o monitoramento da carga de treinamento para atenuar adaptações negativas (40), uma vez que altas cargas de treinamento associadas com uma baixa recuperação é uma das principais causas de overtraining (45). Vale ressaltar que períodos de intensificação de cargas, cargas acumuladas a longo prazo, bem como competições extenuantes também são possíveis preditores de lesões (11). Por exemplo, cargas de trabalho semanais entre 3000 e 5000 UA revelaram 50% a 80% maiores chances de lesões (46), assim como duas semanas subsequentes com cargas de trabalho semanais superiores a 2000 UA (47). Por outro lado, cargas de trabalho semanais inferiores a 1250 UA também revelaram uma potencialização do risco de lesão, além de não promoverem aumento da aptidão (47). Esses estudos evidenciam a relevância da aplicação de uma abordagem flutuante e um controle periódico das cargas de trabalho para um desenvolvimento positivo do desempenho (48). Dessa forma, a disposição e ajustes das cargas de trabalho em conformidade com o estado de prontidão dos atletas apresentam ser uma estratégia valiosa para uma prescrição eficiente e segura (49,50) com objetivo de prevenir destreinamento e promover aumento do desempenho (51).

O sucesso do treinamento, por sua vez, depende do equilíbrio entre a magnitude e a distribuição dos carga de treinamento e recuperação aplicada durante a temporada (52–54). Para evitar adaptações negativas ao treinamento, é necessário que essas variáveis sejam monitoradas com precisão durante toda a temporada, juntamente com o monitoramento dos níveis de desempenho dos atletas (45,51,55).

(20)

3.4 Carga interna de treinamento e ferramentas de avaliação

No processo de treinamento é necessário a utilização organizada e sistemática de varíáveis (e.g., fisiológicas e biomecânicas) com objetivo de alcançar o ápice da forma física (56). Portanto, o equilíbrio entre estímulo e recuperação torna-se necessário para que exista adaptações positivas ao treinamento (57). As adaptações são definidas pela utilização e ajustes na frequência, intensidade e volume de treinamento (58). De fato, para que se alcance adaptações positivas proporcionadas pelo treinamento cargas de treinamento moderadas a altas são necessárias, no entanto, vale ressaltar que o monitoramento, a quantificação e regulação das cargas de treinamento (i.e., internas e externas) é de fundamental importância, uma vez que cargas de treinamento acumuladas a longo prazo, modificações agudas e fases de intensificação nas cargas de treinamento foram identificadas como variáves que podem proporcionar chance de lesão potencializada (11).

A carga de treinamento pode ser classificada em carga interna e externa de treinamento. A carga interna representa o estresse mecânico, fisiológico e metabólico proporcionado pela carga externa (14). Modificações agudas e crônicas como consequência do treinamento é o produto da carga interna acumulada experimentada por um atleta em um determinado período de tempo (56,58) Portanto, é de grande relevância a mensuração da carga interna com objetivo de atenuar as adaptações negativas do treinamento (40). Atualmente existe uma variedade ampla de ferramentas para mensuração da carga interna, destacando-se a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) e variabilidade da frequência cardíaca (VFC).

A percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) é uma ferramenta simples, aplicável no dia a dia do treinador, apresenta um baixo custo para quantificar a intensidade do treinamento (10,19) e é amplamente utilizada e aceita nos esportes (17,18). Para mensuração da carga interna de treinamento baseada na PSE-sessão é multiplicado o valor reportado pelo atleta na escala vezes a duração da sessão (em minutos) de treinamento (20). Vale destacar que essa medida deve ser realizada a ~30 minutos após a conclusão do treinamento (20). A PSE-sessão além de validada (21,22) é largamente relacionada com o impulso de treinamento (TRIMP) - um método proveniente da frequência cardíaca para quantificar o carga interna de treinamento (59). Por exemplo, foi observado relações entre PSE-sessão e TRIMP alternando em homens (r = 0,50 e 0,77) e mulheres (r = 0,67 e 0,95) atletas de futebol (60). Além disso, outra ferramenta muito utilizada nos esportes é a variabilidade da frequência cardíaca.

A VFC é uma ferramenta sensível as cargas de treinamento e a outros fatores estressores por exemplo, trabalho, convívio social, dentre outros (61). A VFC é analisada através dos

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batimentos cardíacos (i.e., intervalos RR) por meio de cálculos matemáticos (61) na qual verifica-se a atividade do sistema nervoso autônomo a partir do coração (62). Diversas são as variáveis que podem ser analisadas a partir dessa “simples” medida por exemplo, domínio de tempo e frequência (61). No entanto, com base no contexto prático e confiabilidade a raiz quadrada da média das diferenças entre os intervalos RR ao quadrado (RMSSD) é a medida mais utilizada nos esportes (63). A medida da VFC normalmente é verificada a partir de intervalos mais longos (i.e., 10 minutos), no entanto, recentemente foi evidenciado que essa medida pode ser obtida em intervalos mais curtos (i.e., 2 minutos) em jogadores de futsal (64) o que se mostra interessante no contexto prático de forma a obter essa medida diariamente. Com base nessa medida diária é possível realizar o cálculo do coeficiente de variação, onde valores próximos ou superiores a 10% estão associados a fadiga excessiva (65) e consequentemente a risco aumentado de lesão.

Portanto, ferramentas como a percepção subjetiva de esforço da sessão e a variabilidade da frequência cardíaca fornece dados relevantes para a regulação das cargas de treinamento de acordo com o estado de prontidão dos atletas/praticantes e de maneira individualizada, com objetivo de prevenir de lesões e potencializar o desempenho (24,61).

3.5 Assimetrias entre membros

As assimetrias entre membros possuem com finalidade comparar o desempenho de um membro em relação ao outro e tem sido largamente investigado nos últimos anos (66). Uma ampla diversidade de classificações de mensuração dessas assimetrias são utilizadas na literatura, como por exemplo, membro dominante vs. não dominante (67) mais forte vs. mais fraco (68), direita vs. esquerda (69) e lesionados vs. não lesionados (70). Portanto, com o objetivo de minimizar os índices de lesões, avaliações de assimetrias entre membros torna-se de fundamental importância, uma vez que altos índices de assimetrias podem exercer efeitos negativos no desempenho (25) e podem aumentar a probabilidade de lesão no ligamento cruzado anterior (26).

As assimetrias entre membros são frequentemente analisadas usando dinamômetros isocinéticos (29). No entanto, esses instrumentos possuem custos elevados, requerem profissionais treinados para realização da avaliação e não replicam os gestos esportivos utilizados no esporte (30). Portanto, surge a necessidade de testes mais acessíveis e mais “funcionais” que possam usar padrões de movimento semelhantes ao esporte, como o salto vertical. Os testes de salto apresentam medidas válidas e seguras para mensuração das

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assimetrias entre membro lesionado e o não lesionado (70). Portanto, assimetrias menores que 10% têm sido empregado na liberação de atletas para retorno ao esporte (26,70). Por outro lado, assimetrias entre membros maiores que 15% têm sido associadas com a maximização do risco de lesão quando comparadas aos seus pares que apresentam assimetrias abaixo desse limiar (68).

Distintos resultados são reportados na literatura quando utilizado o teste de salto para mensuração das implicações das diferenças entre membros no desempenho (71). Recentemente foi observado que índices de assimetrias de 12,5% no salto vertical contra-movimento unilateral (SVCMU) estavam relacionados a piores desempenhos de velocidade em jogadoras profissionais de futebol (27). Por outro lado, também foi observado que assimetrias de 10,4% no SVCMU não apresentaram impacto no desempenho da velocidade em atletas de modalidades coletivas (28). Maloney et al., (72), verificaram a relação entre assimetrias mensuradas em saltos unilaterais e uma tarefa de corte de 90°. A amostra foi dividida em dois grupos (rápidos e lentos). Foi observado que o grupo “rápido” apresentou menor assimetria para a altura do salto (p = 0,026). Portanto, as assimetrias podem ser um produto da prática de esportes ao longo do tempo (73). Dessa forma, atenuar as diferenças entre os membros no teste de salto unilateral pode ser vantajoso para melhorar o desempenho de corte (71) e atenuação do risco de lesão.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 População e amostra

A amostra foi recrutada de forma intencional e não probabilística. No primeiro estudo, um total de 31 praticantes (14 homens e 17 mulheres; idade: 29,0 ± 6,0 anos; estatura: 168,1 ± 8,2 cm) de diferentes níveis de condicionamento (iniciantes, n = 17; intermediários, n = 7; avançados, n = 7) foram acompanhados durante 6 semanas. Os praticantes foram categorizados pelo tempo de prática em iniciantes, intermediários e avançados de acordo com os critérios estabelecidos pelo American College of Sports Medicine (74). No segundo estudo, 24 atletas amadores (13 homens e 11 mulheres; idade: 27,9 ± 5,4 anos; peso corporal: 78,1 ± 15,2 kg; e estatura: 170,1 ± 7,3 cm) concordaram em participar da pesquisa. O projeto foi explicado para todos os praticantes do centro de treinamento e aqueles que se voluntariaram em participar assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os pesquisadores passaram uma semana nas instalações do centro de treinamento conduzindo a explicação da pesquisa e com objetivo de recrutar o máximo de praticantes.

4.2 Desenho do estudo

O primeiro estudo apresenta um caráter longitudinal com uma abordagem quantitativa. O segundo estudo apresenta um caráter transversal com uma abordagem quantitativa. Os praticantes foram familiarizados com todos os procedimentos adotados e testes, que eram habitualmente utilizados durante o seu programa de treinamento. Durante o período de coleta, o cronograma e a periodização do treinamento foram estruturados e programados pelos treinadores responsáveis pelo centro de treinamento no intuito de proporcionar um controle entre estresse e recuperação, possibilitando aos praticantes, lidar bem com as demandas físicas e fisiológicas durante todo o período de coleta.

Habitualmente, as sessões de treinamento iniciavam com um aquecimento geral (i.e., agachamentos, exercícios multiarticulares, dentre outros) (~20 minutos), posteriormente, ensino da técnica de movimento (i.e., LPO, squat, press, deadlift e suas variações) (~30 minutos) e por fim, exercícios ginásticos (hand stands, bar exercises, ring, dentre outros) e de condicionamento metabólico (remos, corridas, dentre outros) (~70 minutos) com o tempo da sessão variando entre os praticantes para mais ou para menos. Vale ressaltar que tanto a frequência semanal de treinamento quanto o tempo da sessão eram distintas entre o grupo iniciante (~3 vezes; ~40 a 60 min), intermediário (~4 a 5 vezes; 60 min a 90 min) e avançado (~5 a 7 vezes; ~60 min a 120 min). É fundamental também destacar que o volume de treino se

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tornou inviável de controlar devido a característica da modalidade constantemente variada. O objetivo das sessões de condicionamento era concluir no menor tempo possível enquanto outras sessões de condicionamento em dias posteriores (a depender da fase da periodização) tinham como objetivo realizar o maior número de repetições dentro do limite do praticante num período de tempo fixo.

O monitoramento teve duração de 6 semanas, com realização de testes físicos (i.e., sprints, PMMI e FPM) antes e após o período de acompanhamento. Em adição, ao longo das 6 semanas a PSE-sessão foi calculada (i.e., pse x tempo da sessão) após cada sessão de treino (20).

Todos os procedimentos experimentais foram realizados no início da semana e os atletas foram solicitados a não realizar atividades vigorosas 48 horas antes da avaliação. Além disso, para mitigar os efeitos climáticos, todos os testes (i.e., saltos e corridas) foram realizados em ambientes fechados e na mesma hora do dia para minimizar o impacto do ritmo circadiano. Os atletas estavam familiarizados com todos os procedimentos e testes que eram realizados rotineiramente durante seus programas de treinamento. Antes de iniciar os testes, os atletas foram submetidos a um protocolo de aquecimento proposto pelo treinador do centro de treinamento. No primeiro estudo os praticantes realizaram inicialmente o teste de força de preensão manual, seguido de teste de salto e sprint. No segundo estudo foram realizados três testes de saltos (i.e., salto vertical (SV), SVCM e SVCMU), seguido pelo teste de velocidade. Esse arranjo de testes foi definido pelos treinadores para atenuar o acúmulo de fadiga e, possivelmente, potencializar o desempenho nos testes.

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Figura 1. Desenho do estudo 1.

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4.3 Critérios de inclusão e exclusão

Como critério de inclusão foi adotado: (i) não utilizar recursos ergogênicos (i.e., todo recurso que possa interferir no desempenho) que pudessem repercutir no desempenho durante o protocolo; (ii) apresentar uma frequência semanal de treino mínima de 3 vezes; (iii) possuir idade superior a 18 anos. Como critério de exclusão foi adotado: não cumprir pelo menos 75% das sessões de treinamento e todos aqueles que apresentaram lesões osteomioarticulares.

4.4 Comitê de ética

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Parecer: n° 3.082.357) e seguiu todos os padrões éticos previsto na resolução nº 466/12, de 12/12/12, do Conselho Nacional de Saúde, assim como, os princípios éticos da declaração de Helsinque. Para atender a aprovação, todos os praticantes tinham a opção de participar ou não dos testes físicos e monitoramento das cargas de treinamento. Todos os sujeitos que participaram voluntariamente da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice I).

4.5 Variáveis analisadas

4.5.1 Carga Interna de Treinamento (CIT) – Percepção Subjetiva de Esforço da Sessão (PSE-sessão)

A carga interna de treinamento (CIT) foi registrada usando a escala de percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) (20). Em torno de ~ 30 minutos após o término de cada sessão de treinamento, os praticantes eram questionados sobre quão intenso foi sua sessão de treinamento e respondiam baseados em uma escala de 10 pontos (CR-10) (20). Os praticantes já eram previamente familiarizados com a escala CR-10. O valor reportado foi multiplicado pela duração total de cada sessão de treinamento em minutos, resultando em um valor de unidades arbitrárias (UA) (carga interna percebida do treinamento) (20). Adicionalmente, a média semanal da CIT foi realizada pela soma das UA semanais dividido por 7 (número de dias da semana). Por fim, os valores da PSE-sessão (diárias e semanais) foram utilizadas para as análises.

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4.5.2 Monotonia do Treinamento

A monotonia de treinamento é caracterizada pela ausência ou por mudanças mínimas nas cargas de treinamento ao longo de um período. Portanto, a variabilidade das cargas de treinamento e valores menores que 2,0 tornam-se necessários com o objetivo de atenuar os riscos de lesões (20). A monotonia foi verificada pela divisão da média da PSE-sessão pertencente a cada semana pelo seu respectivo desvio padrão.

4.5.3 Estresse do Treinamento

O objetivo do estresse do treinamento é apresentar o estresse global imposto ao atleta no decorrer de uma determinada fase do treinamento (20), fornecendo informações sobre o efeito da magnitude e da distribuição das cargas de treinamento. Valores intensificados de estresse do treinamento podem proporcionar adaptações negativas como doenças e lesões, por exemplo. O estresse do treinamento foi calculado pela multiplicação da soma das CIT de cada semana pela monotonia do mesmo intervalo de tempo (20).

4.5.4 Carga de Trabalho Aguda: Crônica (CTAC)

Proposto previamente por Gabbett (75) o CTAC foi calculado a partir da divisão da carga de trabalho aguda pela carga de trabalho crônica, devendo apresentar valores entre 0.8 e 1.3 considerados dentro da "safe zone". Uma semana de CIT retratou uma carga de trabalho aguda, que está diretamente associada a fadiga apresentada pelos atletas. Por outro lado, a média de três semanas de CIT aguda retratou uma carga crônica, que está associada ao condicionamento adquirido. Portanto, quando a CIT aguda for superior a carga crônica retrata um CTAC alto, em contrapartida, quando a carga de trabalho crônica for maior que a carga aguda retrata um CTAC baixo.

4.5.5 Teste de Velocidade (Sprint de 20 metros)

Previamente a execução dos testes de velocidade e após aquecimento proposto pelo treinador responsável pelo centro de treinamento, 1 fotocélula (Cefise®, São Paulo, Brasil), foi alocada a 20 metros do ponto de partida. Os praticantes executaram o teste em duplicata, a partir da posição de pé. Com objetivo de atenuar efeitos climáticos, todos os testes de velocidade foram executados em um centro de treinamento coberto. Um intervalo entre as séries de 5 minutos foi ofertado e o melhor tempo foi utilizado para análise dos dados (76).

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4.5.6 Potência Muscular de Membros Inferiores (PMMI) e Altura do Salto Vertical

No primeiro e segundo estudo, a potência muscular de membros inferiores (PMMI) e altura do salto vertical foi verificada a partir da utilização do SVCM. Para realização do teste de salto, os atletas foram familiarizados e capacitados para exercer um movimento descendente seguido de uma extensão completa das pernas e estavam livres para estabelecer a amplitude do contra movimento para evitar modificações na coordenação dos saltos (24). Todas as tentativas foram executadas com as mãos fixas nos quadris e os praticantes foram estimulados a saltar o mais alto e rápido possível (24). Para mensuração da PMMI e altura do SVCM foi utilizado uma plataforma de contato (Cefise®, São Paulo, Brasil) conectada ao software Jump Test Pro 2.10. No primeiro estudo, cinco tentativas com intervalos de 15 segundos entre as mesmas foram concedidas (76). O salto foi considerado válido para análise se as posições de decolagem e pouso permanecessem visualmente análogos. Posteriormente, foi utilizado o melhor resultado para análise dos dados.

No segundo estudo, foi verificado o SVCM (seguindo o protocolo mencionado anteriormente), SV e SVCMU. No SVCMU, o joelho da perna contralateral avaliado foi mantido flexionado a aproximadamente 90° do início ao final do movimento. O SV foi realizado de acordo com o protocolo de Meylan et al. (77). Foram realizadas três tentativas para cada tipo de salto, com intervalos de 15 segundos entre cada tentativa e 2 minutos entre os diferentes saltos. Para verificar a relação entre SVCM e SV, a taxa de utilização da excêntrica (TUE) foi calculada usando a seguinte fórmula: TUE = SVCM (cm) / SV (cm) (78). Além disso, para verificar a assimetria entre os membros inferiores, a abordagem perna forte versus perna fraca foi definida em oposição à abordagem perna dominante e não dominante, porque foi considerada como um critério melhor na verificação de assimetria (79). Para isso, a seguinte fórmula, proposta por Impelizzeri et al. (68), foi utilizado: [(perna forte - perna fraca) / (perna forte)] x 100.

4.5.7 Força de Preensão Manual

O praticante ficou confortavelmente sentado, posicionado com o ombro levemente aduzido, cotovelo fletido a 90°, antebraço em posição neutra e, por fim, o posicionamento do punho poderia oscilar de 0° a 30° de extensão. Esses procedimentos estão de acordo com as especificações da American Society of Hand Therapists (80). A medida do dinamômetro (Jamar®) foi regulada de acordo com às características de cada praticante e foi realizada de

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forma alternada (i.e., mão direita seguida da mão esquerda, sem intervalo entre as tentativas). Posteriormente, foi utilizado os melhores resultados de três tentativas para análise dos dados.

4.6 Análise estatística

A normalidade foi testada por meio do teste de Shapiro-wilk e análise de Z-score da assimetria e curtose (-1,96 a 1,96). Os dados que não tiveram seu pressuposto de normalidade aceito, foram submetidos a transformação logarítmica. Os dados contínuos são reportados em média e desvio padrão ou mediana e intervalo interquartil. Foi utilizada uma ANOVA de medidas repetidas para verificar o comportamento da monotonia e estresse do treinamento entre os níveis de condicionamento físico (iniciante, intermediário e avançado) ao longo de 6 semanas de TFAI. O teste de Mauchly’s foi adotado para verificar a esfericidade dos dados e em caso de violação foi utilizado a correção de Greenhouse-Geisser. O teste de Friedman foi utilizado para verificar a magnitude da CIT (semanal e média) no decorrer das 6 semanas. Foi adotada uma ANOVA Mista de medidas repetidas ([3] condições x [2] tempo) para verificar diferenças no desempenho entre os níveis de condicionamento físico (iniciante, intermediário e avançado). O post-hoc de Bonferroni foi utilizado para identificar diferenças pontuais. A correlação de Pearson foi usada para analisar as correlações de mulheres e homens entre variáveis de salto vertical bilateral e unilateral e testes de desempenho. Para todas as análises foi adotado P < 0,05.

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5. ARTIGOS PRODUZIDOS

O presente projeto de pesquisa permitiu a elaboração de dois manuscritos científicos. O primeiro, intitulado “Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade na carga

interna de treinamento e desempenho entre diferentes níveis de condicionamento” está em

processo de finalização para submissão no periódico International Journal of Sports Medicine (Qualis: A2). O segundo, intitulado “Inter-limb performance asymmetry in amateur athletes

involved in high intensity functional training” foi aceito no periódico Isokinetics and Exercise Science (Qualis: B2) (Apêndice II).

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6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Estudo 1 - Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade no desempenho entre diferentes níveis de condicionamento

6.1.1 Resultados

Houve efeito de tempo para os iniciantes na monotonia de treinamento [(F(3,048;48,773) = 7,294; p = 0,0001; Ɛ = 0,610; ƞ2 = 0,313; power = 0,977)], com diferença estatística da semana 1 para a semana 4 (∆% = 0,149; IC95% = 0,006 a 0,292; p = 0,03) da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0,217; IC95% = 0,038 a 0,396; p = 0,01) e entre as semanas 5 e 6 (∆% = 0,122; IC95% = 0,002 a 0,243; p = 0,04). Para o estresse do treinamento houve diferença estatística da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0,375; IC95% = 0,053 a 0,697; p = 0,01). Por outro lado, não houve diferença na CIT semanal [(X2(5) = 14,375; p > 0,05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 14,375; p > 0,05)]. Não houve efeito de tempo para os intermediários na monotonia de treinamento [(F(5,30) = 0,992; p > 0,05; Ɛ = 0,826; ƞ2 = 0,142; power = 0,303)], estresse do treinamento [(F(5,30) = 0,735; p > 0,05; Ɛ = 0,928; ƞ2 = 0,109; power = 0,228)], CIT semanal [(X2(5) = 5,165; p > 0.05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 5,165; p > 0,05)]. Em relação aos avançados não houve efeito de tempo na monotonia de treinamento [(F(5,30) = 0,350; p > 0,05; Ɛ = 0,138; ƞ2 = 0,055; power = 0,125)], estresse do treinamento [(F(5,30) = 0,545; p > 0,05; Ɛ = 0,260; ƞ2 = 0,083; power = 0,175)], CIT semanal [(X2(5) = 3,161; p > 0,05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 3,161; p > 0,05)] (ver tabela 1).

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Tabela 1. Monotonia, estresse do treinamento, CIT semanal e CIT média.

Categoria Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 P-valor

Monotonia* Iniciante 0.09±0.13†$ -0.08±0.19 -0.003±0.13 -0.05±0.12 -0.12±0.13& -0.004±0.09 0.0001 Intermediário 0.07±0.09 0.07±0.16 0.08±0.14 0.11±0.08 -0.008±0.07 0.04±0.17 0.439 Avançado 0.009±0.09 0.009±0.12 -0.01±0.12 -0.03±0.07 -0.03±0.12 0.02±0.19 0.878 Estresse* Iniciante 3.40±0.23$ 3.03±0.46 3.25±0.33 3.12±0.31 3.02±0.28 3.26±0.18 0.001 Intermediário 3.42±0.21 3.37±0.28 3.41±0.21 3.47±0.14 3.26±0.13 3.31±0.38 0.603 Avançado 3.31±0.24 3.29±0.31 3.25±0.30 3.19±0.24 3.19±0.29 3.28±0.40 0.741 Monotonia Iniciante 1.29±0.41 0.89±0.36 1.03±0.33 0.90±0.23 0.78±0.27 1.01±0.21 - Intermediário 1.21±0.23 1.25±0.48 1.27±0.43 1.32±0.23 0.99±0.16 1.18±0.47 - Avançado 1.04±0.23 1.05±0.26 1.00±0.26 0.94±0.16 0.96±0.27 1.15±0.54 - Estresse Iniciante 2880.8±1439.4 1692.9±1477.1 2246.7±1336.1 1630.2±902.8 1297.2±845.6 1994.8±744.9 - Intermediário 2933.1±1202.0 2785.6±1589.0 2847.6±1401.1 3158.9±1037.9 1935.8±617.2 2638.3±1620.5 - Avançado 2373.5±1219.1 2382.8±1372.8 2140.8±1275.9 1827.3±1255.6 1841.7±1018.7 2772.2±2388.6 - CIT semanal# Iniciante 2100.0 (847.5) 1380.0 (1170.0) 1920.0 (1410.0) 1740.0 (1170.0) 1500.0 (1060.0) 1860.0 (665.0) 0.675 Intermediário 2320.0 (960.0) 2220.0 (1200.0) 2160.0 (450.0) 2340.0 (650.0) 1800.0 (960.0) 2280.0 (1140.0) 0.396 Avançado 2440.0 (1670.0) 1680.0 (1600.0) 1860.0 (1510.0) 1380.0 (1357.0) 1620.0 (1225.0) 2040.0 (1810.0) 0.675 CIT média# Iniciante 300.0 (121.0) 197.1 (167.1) 274.3 (201.4) 248.6 (167.1) 214.3 (151.4) 265.7 (95.0) 0.675 Intermediário 331.4 (137.1) 317.1 (171.4) 308.6 (64.3) 334.3 (92.9) 257.1 (137.1) 325.7 (162.8) 0.396 Avançado 348.6 (238.5) 240.0 (228.6) 265.7 (215.7) 197.1 (193.9) 231.4 (175.0) 291.4 (258.6) 0.675

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* = Dados transformados por log na base 10. † = Diferença para semana 4 (p < 0,05). $ = Diferença para semana 5 (p < 0,05). & = Diferença para semana 6 (P < 0,05). CIT = Carga interna de treinamento. # = Mediana e Intervalo Interquartil.

A figura 1 reporta o CTAC por 6 semanas de treinamento. O CTAC esteve dentro da

"safe zone" (valores entre 0,8 e 1,3) de maneira geral, no entanto, foram observados

individualmente na semana 4 (6 iniciantes, 1 intermediário e 3 avançados), na semana 5 (11 iniciantes, 2 intermediários e 3 avançados) e na semana 6 (4 iniciantes, 1 intermediário e 2 avançados) valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão.

Figura 3. Carga de trabalho aguda: crônica (CTAC) entre os grupos no TFAI.

Não foi verificado efeito de interação para SVCM [(F(2,28) = 0,759; p = 0,478; η2 = 0,051; power = 0,166)], potência relativa [(F(2,28) = 0,325; p = 0,725; η2 = 0,023; power = 0,097)], sprint [(F(2,28) = 0,007; p = 0,993; η2 = 0,000; power = 0,051)], FPM da mão direita [(F(2,28) = 0,190; p = 0,828; η2 = 0,013; power = 0,077)] e FPM da mão esquerda [(F(2,28) = 0,218; p = 0,805; η2 = 0,015; power = 0,081)]. Entretanto, foi verificado efeito de tempo para SVCM [(F(1,28) = 4,869; p = 0,036; η2 = 0,148; power = 0,568)] e potência relativa [(F(1,28) = 5,102; p = 0,032; η2 = 0,154; power = 0,587)], mas não para sprint [(F(1,28) = 0,669; p = 0,420; η2 = 0,023; power = 0,124)], FPM da mão direita [(F(1,28) = 3,429; p = 0,075; η2 = 0,109; power = 0,432)] e FPM da mão esquerda [(F(1,28) = 1,567; p = 0,221; η2 = 0,053; power = 0,227)]. De forma pontual, houve diferença apenas no grupo iniciante para o SVCM (∆% = 0,026; p = 0,016; IC95% = 0,005 a 0,047) e potência relativa (∆% = 1,394; p = 0,026; IC95% = 0,181 a 2,607). Foi verificado efeito de grupo para SVCM [(F(2,28) = 7,943; p = 0,002; η2 = 0,362; power = 0,932)], potência relativa [(F(2,28) = 8,263; p = 0,002; η2 = 0,371; power = 0,941)], sprint [(F(2,28) = 12,073; p = 0,0001; η2 = 0,463; power = 0,991)], FPM da mão direita [(F(2,28) = 7,019; p = 0,003; η2 = 0,334; power =

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0,898)] e FPM da mão esquerda [(F(2,28) = 6,768; p = 0,004; η2 = 0,326; power = 0,887)] (ver figura 2).

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Figura 4. Salto vertical contra movimento (SVCM), potência relativa, sprint, força de preensão manual (FPM) direita e esquerda entre os grupos no TFAI.

* = Diferença entre iniciantes e avançados (p < 0,05). $ = Diferença entre intermediários e avançados (p < 0,05). @ = Diferença entre pré e pós (p < 0,05). # = Dados transformados por log na base 10.

6.1.2 Discussão

O objetivo do presente estudo foi monitorar e analisar a disposição da CIT e verificar o efeito da prática de 6 semanas de TFAI no desempenho entre os diferentes níveis de condicionamento. Não foi observado diferenças na CIT (semanal e média) ao longo das 6 semanas. Os valores de monotonia do treinamento dos iniciantes diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento, com uma redução na semana 4 e 5 em comparação a semana 1 e com um aumento na semana 6 em comparação a semana 5. Os valores de estresse do treinamento não diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento, com exceção da redução da carga na semana 5 em comparação a semana 1. A CIT semanal e média não apresentou diferenças nas semanas investigadas. Em relação os grupos intermediários e avançados os valores de monotonia do treinamento, estresse do treinamento, CIT semanal e média não diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento (ver tabela 1). Adicionalmente, foram observados individualmente através da CTAC valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão (ver figura 1). Com relação aos testes físicos, todas os grupos apresentaram o mesmo comportamento (pré vs pós), com exceção do grupo iniciante onde foram observados aumentos no SVCM e potência relativa após 6 semanas de treinamento.

A disposição das CIT semanais e médias do presente estudo não diferiu ao longo das 6 semanas de treinamento. O American College of Sports Medicine publicou recentemente um consenso sobre o TFAI e sugeriu o monitoramento da carga de treinamento para atenuar adaptações negativas (40), uma vez que altas cargas de treinamento associadas com uma baixa recuperação é uma das principais causas de overtraining (45). Esses estudos evidenciam a relevância da aplicação de uma abordagem ondulatória e um controle periódico das cargas de trabalho para um desenvolvimento positivo do desempenho (48). Dessa forma, a disposição e ajustes das cargas de trabalho em conformidade com o estado de prontidão dos atletas apresentam ser uma estratégia valiosa para uma prescrição eficiente e segura (49,50) com objetivo de prevenir destreinamento e promover aumento do desempenho (51). Portanto, treinadores necessitam de ferramentas sensíveis as flutuações das cargas de treinamento e que reproduzam o “real world” como a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) para o monitoramento preciso das cargas de trabalho (10,16).

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Recentemente, alguns estudos utilizaram a PSE-sessão para quantificar as cargas de treinamento em atletas de TFAI (10,23). No estudo de Williams et al., (23) foram observadas cargas de treinamento semanais médias de 2591 ± 890 UA, similar ao estudo de Tibana et al., (10) (2092 UA), no entanto, nossos dados mostram uma média semanal de 1812 UA para iniciantes, 2157 UA para intermediários e 1995 UA para avançados o que parece confirmar que atletas de alto rendimento possuem uma CIT superior, como previsto. Vale ressaltar que períodos de intensificação de cargas, cargas acumuladas a longo prazo, bem como competições extenuantes são possíveis preditores de lesões (11). Por exemplo, cargas de trabalho semanais entre 3000 e 5000 UA revelaram 50% a 80% maiores chances de lesões (46), assim como duas semanas subsequentes com cargas de trabalho semanais superiores a 2000 UA (47). Por outro lado, cargas de trabalho semanais inferiores a 1250 UA também revelaram uma potencialização do risco de lesão, além de não promoverem aumento da aptidão (47). Portanto, a PSE-sessão pode auxiliar os treinadores na realização de “ajustes” das cargas de treinamento quando necessário, respeitando a individualidade dos praticantes e com objetivo de evitar elevados índices de monotonia de treinamento, estresse do treinamento (20) e CTAC (75), fatores esses associados com maiores chances de lesões.

No presente estudo foi observado valores de monotonia abaixo de 2,0 e uma redução do estresse do treinamento na semana 5 quando comparada com a semana 1 para o grupo iniciante ao longo das semanas investigadas, além disso foram observados alguns praticantes fora da

“safe zone”. Crescimentos abruptos da monotonia de treinamento (i.e., maiores que 2,0) bem

como um estresse do treinamento elevado foram correlacionados com 77% e 89% na ocorrência de doenças, respectivamente (20). Além disso, elevados volumes e intensidades de treinamento podem repercutir no declínio do sistema imune e consequentemente aumentos dos sinais e sintomas de infecção do trato respiratório superior (81). Por exemplo, Ferrari et al., (82) observaram associações significativas entre infecção do trato respiratório superior e estresse do treinamento na fase preparatória (r = 0,72; p = 0,03) e competitiva (r = 0,73; p = 0,03) em ciclistas treinados. Recentemente, foi demonstrado que a CTAC foi um dos fatores que diferenciaram atletas lesionados de atletas não lesionados em uma fase prévia de competição [ES = 0,45; IC90% = 0,31 – 0,87] (83). Nessa perspectiva, possibilitar robustas cargas crônicas sem “spikes” nas cargas de treinamento (i.e., CTAC maior que ~1.3) apresenta ser atualmente uma melhor abordagem para o aumento do desempenho e atenuação de adaptações negativas no treinamento (16,75), uma vez que a CTAC considera a carga atual que o atleta está executando em relação ao que ele está preparado para executar (84). Além disso, testes de

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desempenho se faz necessário para um correto gerenciamento das cargas de treinamento e com objetivo de evitar o overreaching não-funcional e consequentemente overtraining (45).

Em nosso estudo foi observado que apenas o grupo iniciante obteve aumento no desempenho quando comparados aos grupos intermediários e avançados. O American College of Sports Medicine reporta que os ganhos de desempenho são mais acentuados nas fases iniciais do treinamento (40%) quando comparadas as fases intermediárias (20%) e avançadas (10%) em decorrência das adaptações neurais (74). Essas adaptações parecem estar conectadas ao aumento do recrutamento das unidades motoras de alto limiar, o desenvolvimento das coordenações inter e intramuscular e a ampliação da frequência de estimulação (85,86). Por exemplo, em oito semanas de treinamento de força foi verificado uma ampliação da força muscular nas semanas iniciais (adaptações neurais), entretanto, a partir da terceira semana foi observado uma maior contribuição da hipertrofia muscular (87). O princípio da sobrecarga progressiva reporta a necessidade do constante aumento de séries na medida que o praticante evolui (88,89). Dessa forma, as maiores proporções de força muscular são notadas em praticantes iniciantes mesmo com protocolos de baixo volume (90). Portanto, com objetivo de aumentar continuamente os níveis de força muscular em praticantes avançados (mesmo que de forma mínima) o treinamento deve ser voltado frequentemente para a potencialização da hipertrofia muscular (91).

Foi observado no presente estudo que houve aumento somente no SVCM e potência relativa apenas no grupo iniciante após 6 semanas de treinamento. A altura do SVCM têm sido largamente adotado com objetivo de verificar adaptações e fadiga neuromuscular frente ao treinamento (92). Dessa forma, as cargas de treinamento podem ser definidas conforme as oscilações da altura do salto vertical, podendo ser aplicado nas sessões de treinamento (i.e., diariamente) com o objetivo de avaliar e controlar de maneira eficaz as respostas e o estado de prontidão dos praticantes (24). Recentemente estudos apontaram associações entre movimentos de LPO que é comumente utilizado no TFAI (2) e aumentos na altura do salto vertical (93) e na potência muscular (94). O aumento da potência muscular proporciona evoluções valiosas no desempenho nos esportes (76). Estudos prévios evidenciaram que a prática de TFAI apresenta um potencial para a maximização da potência muscular (95,96), possivelmente pela utilização do “complex training” (i.e., treinamento de força emparelhado com exercícios de potência) (97). Em adição, foi evidenciado que o “complex training” proporcionou aumentos no desempenho do salto vertical e sprint, no entanto, deve se levar em consideração a duração do programa de treinamento e perfil dos atletas (98). Portanto, o treinamento dessa capacidade

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(i.e., potência muscular) e o monitoramento do SVMC é de fundamental relevância para potencialização do desempenho e minimização do risco de lesão.

Em relação ao sprint não houve diminuição no tempo entre os diferentes níveis de condicionamento. O sprint é de larga importância para obtenção de sucesso nos esportes (99). Por exemplo, a presença de corridas de curta extensão (i.e., até 800 metros) que são constantemente realizadas em competições de TFAI, foram associadas com o sucesso na modalidade (5). Adicionalmente, foi observado fortes correlações entre melhores classificações de atletas do sexo feminino e desempenho de sprints de 50 e 400 metros (r = 0,77 e 0,69, respectivamente), apresentados em uma competição oficial de TFAI (8). Portanto, o sprint não deve ser negligenciado no programa de treinamento dos atletas em conjunto com a força máxima, especialmente quando o esporte exige essas habilidades nas sessões de treinamento e competições (93). O sprint mensurado no presente estudo foi de curta distância (i.e., 20 metros), que é considerada a fase inicial da aceleração (100). Dessa forma, é possível que em maiores distâncias distintos resultados poderiam ter sido encontrados.

A FPM não apresentou evolução após as 6 semanas de TFAI. A FPM é de grande importância nos esportes que necessitam de maiores níveis de força das mãos para maximização do desempenho e prevenção de lesões (101). Entre os esportes destaca-se o LPO e modalidades ginásticas (101), que são frequentemente empregados no TFAI (2). Por exemplo, foi observado uma larga relação (r = 0,81; p < 0,05) entre FPM e FPM de endurance em atletas de argolas (102). Dessa forma, grandes níveis de FPM apresenta ser valiosa para obtenção de sucesso em esportes que apresentam exercícios em argolas e barras (101). Além disso, treinadores necessitam de ferramentas de avaliação que sejam sensíveis, de fácil manuseio e que repliquem o gesto desportivo como a FPM (101). Portanto, a FPM pode fornecer informações relevantes a fim de identificar possíveis alterações no desempenho ou no decorrer de distintos períodos do processo de reabilitação (9).

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6.2 Estudo 2 – Assimetria entre membros e desempenho em atletas amadores envolvidos no treinamento funcional de alta intensidade

6.2.1 Resultados

Os dados sobre as características de desempenho do salto vertical de atletas amadores de TFAI femininos e masculinos são fornecidos na tabela 2. Os dados são relatados como médias e desvio-padrão.

Tabela 2. Análise descritiva das variáveis de desempenho de mulheres e homens.

Variáveis Mulheres Homens

SPRINT (s) Média ± DP Média ± DP 4,2 ± 0,51 4,2 ± 0,53 PMMI (w) 3,271 ± 990 3,287 ± 984,9 PMMI (w/kg) 40,96 ± 7,37 41,23 ± 7,39 SV (cm) 27,28 ± 7,21 27,54 ± 7,99 SVCM (cm) 29,18 ± 8,30 29,50 ± 8,30 SVCMPF (cm) 13,12 ± 3,81 13,42 ± 4,30 SVCMPFR (cm) 11,85 ± 3,48 12,12 ± 3,81 DFU 1,27 ± 0,90 1,29 ± 0,96 Assimetria (%) 9,51 ± 5,86 9,37 ± 5,66 TUE 1,08 ± 0,09 1,08 ± 0,09 CAE 1,90 ± 267 1,96 ± 2,62

DP = Desvio-padrão; (s) = Segundos; PMMI = Potência muscular de membros inferiores; (w) = watts; PMMI = Potência muscular de membros inferiores; (w/kg) = Watts/kilograma; SV = Salto vertical; (cm) = Centímetros; SVCM = Salto vertical contra movimento; SVCMPF = Salto vertical contra movimento perna forte; SVCMPFR = Salto vertical contra movimento perna fraca; DFU = Diferença de força unilateral; TUE = Taxa de utilização da excêntrica; CAE = Ciclo alongamento-encurtamento.

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