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Estudo 1 Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade no desempenho entre diferentes níveis de condicionamento

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Estudo 1 Efeito crônico do treinamento funcional de alta intensidade no desempenho entre diferentes níveis de condicionamento

6.1.1 Resultados

Houve efeito de tempo para os iniciantes na monotonia de treinamento [(F(3,048;48,773) = 7,294; p = 0,0001; Ɛ = 0,610; ƞ2 = 0,313; power = 0,977)], com diferença estatística da semana 1 para a semana 4 (∆% = 0,149; IC95% = 0,006 a 0,292; p = 0,03) da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0,217; IC95% = 0,038 a 0,396; p = 0,01) e entre as semanas 5 e 6 (∆% = 0,122; IC95% = 0,002 a 0,243; p = 0,04). Para o estresse do treinamento houve diferença estatística da semana 1 para a semana 5 (∆% = 0,375; IC95% = 0,053 a 0,697; p = 0,01). Por outro lado, não houve diferença na CIT semanal [(X2(5) = 14,375; p > 0,05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 14,375; p > 0,05)]. Não houve efeito de tempo para os intermediários na monotonia de treinamento [(F(5,30) = 0,992; p > 0,05; Ɛ = 0,826; ƞ2 = 0,142; power = 0,303)], estresse do treinamento [(F(5,30) = 0,735; p > 0,05; Ɛ = 0,928; ƞ2 = 0,109; power = 0,228)], CIT semanal [(X2(5) = 5,165; p > 0.05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 5,165; p > 0,05)]. Em relação aos avançados não houve efeito de tempo na monotonia de treinamento [(F(5,30) = 0,350; p > 0,05; Ɛ = 0,138; ƞ2 = 0,055; power = 0,125)], estresse do treinamento [(F(5,30) = 0,545; p > 0,05; Ɛ = 0,260; ƞ2 = 0,083; power = 0,175)], CIT semanal [(X2(5) = 3,161; p > 0,05)] e CIT média semanal [(X2(5) = 3,161; p > 0,05)] (ver tabela 1).

Tabela 1. Monotonia, estresse do treinamento, CIT semanal e CIT média.

Categoria Semana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Semana 5 Semana 6 P-valor

Monotonia* Iniciante 0.09±0.13†$ -0.08±0.19 -0.003±0.13 -0.05±0.12 -0.12±0.13& -0.004±0.09 0.0001 Intermediário 0.07±0.09 0.07±0.16 0.08±0.14 0.11±0.08 -0.008±0.07 0.04±0.17 0.439 Avançado 0.009±0.09 0.009±0.12 -0.01±0.12 -0.03±0.07 -0.03±0.12 0.02±0.19 0.878 Estresse* Iniciante 3.40±0.23$ 3.03±0.46 3.25±0.33 3.12±0.31 3.02±0.28 3.26±0.18 0.001 Intermediário 3.42±0.21 3.37±0.28 3.41±0.21 3.47±0.14 3.26±0.13 3.31±0.38 0.603 Avançado 3.31±0.24 3.29±0.31 3.25±0.30 3.19±0.24 3.19±0.29 3.28±0.40 0.741 Monotonia Iniciante 1.29±0.41 0.89±0.36 1.03±0.33 0.90±0.23 0.78±0.27 1.01±0.21 - Intermediário 1.21±0.23 1.25±0.48 1.27±0.43 1.32±0.23 0.99±0.16 1.18±0.47 - Avançado 1.04±0.23 1.05±0.26 1.00±0.26 0.94±0.16 0.96±0.27 1.15±0.54 - Estresse Iniciante 2880.8±1439.4 1692.9±1477.1 2246.7±1336.1 1630.2±902.8 1297.2±845.6 1994.8±744.9 - Intermediário 2933.1±1202.0 2785.6±1589.0 2847.6±1401.1 3158.9±1037.9 1935.8±617.2 2638.3±1620.5 - Avançado 2373.5±1219.1 2382.8±1372.8 2140.8±1275.9 1827.3±1255.6 1841.7±1018.7 2772.2±2388.6 - CIT semanal# Iniciante 2100.0 (847.5) 1380.0 (1170.0) 1920.0 (1410.0) 1740.0 (1170.0) 1500.0 (1060.0) 1860.0 (665.0) 0.675 Intermediário 2320.0 (960.0) 2220.0 (1200.0) 2160.0 (450.0) 2340.0 (650.0) 1800.0 (960.0) 2280.0 (1140.0) 0.396 Avançado 2440.0 (1670.0) 1680.0 (1600.0) 1860.0 (1510.0) 1380.0 (1357.0) 1620.0 (1225.0) 2040.0 (1810.0) 0.675 CIT média# Iniciante 300.0 (121.0) 197.1 (167.1) 274.3 (201.4) 248.6 (167.1) 214.3 (151.4) 265.7 (95.0) 0.675 Intermediário 331.4 (137.1) 317.1 (171.4) 308.6 (64.3) 334.3 (92.9) 257.1 (137.1) 325.7 (162.8) 0.396 Avançado 348.6 (238.5) 240.0 (228.6) 265.7 (215.7) 197.1 (193.9) 231.4 (175.0) 291.4 (258.6) 0.675

* = Dados transformados por log na base 10. † = Diferença para semana 4 (p < 0,05). $ = Diferença para semana 5 (p < 0,05). & = Diferença para semana 6 (P < 0,05). CIT = Carga interna de treinamento. # = Mediana e Intervalo Interquartil.

A figura 1 reporta o CTAC por 6 semanas de treinamento. O CTAC esteve dentro da

"safe zone" (valores entre 0,8 e 1,3) de maneira geral, no entanto, foram observados

individualmente na semana 4 (6 iniciantes, 1 intermediário e 3 avançados), na semana 5 (11 iniciantes, 2 intermediários e 3 avançados) e na semana 6 (4 iniciantes, 1 intermediário e 2 avançados) valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão.

Figura 3. Carga de trabalho aguda: crônica (CTAC) entre os grupos no TFAI.

Não foi verificado efeito de interação para SVCM [(F(2,28) = 0,759; p = 0,478; η2 = 0,051; power = 0,166)], potência relativa [(F(2,28) = 0,325; p = 0,725; η2 = 0,023; power = 0,097)], sprint [(F(2,28) = 0,007; p = 0,993; η2 = 0,000; power = 0,051)], FPM da mão direita [(F(2,28) = 0,190; p = 0,828; η2 = 0,013; power = 0,077)] e FPM da mão esquerda [(F(2,28) = 0,218; p = 0,805; η2 = 0,015; power = 0,081)]. Entretanto, foi verificado efeito de tempo para SVCM [(F(1,28) = 4,869; p = 0,036; η2 = 0,148; power = 0,568)] e potência relativa [(F(1,28) = 5,102; p = 0,032; η2 = 0,154; power = 0,587)], mas não para sprint [(F(1,28) = 0,669; p = 0,420; η2 = 0,023; power = 0,124)], FPM da mão direita [(F(1,28) = 3,429; p = 0,075; η2 = 0,109; power = 0,432)] e FPM da mão esquerda [(F(1,28) = 1,567; p = 0,221; η2 = 0,053; power = 0,227)]. De forma pontual, houve diferença apenas no grupo iniciante para o SVCM (∆% = 0,026; p = 0,016; IC95% = 0,005 a 0,047) e potência relativa (∆% = 1,394; p = 0,026; IC95% = 0,181 a 2,607). Foi verificado efeito de grupo para SVCM [(F(2,28) = 7,943; p = 0,002; η2 = 0,362; power = 0,932)], potência relativa [(F(2,28) = 8,263; p = 0,002; η2 = 0,371; power = 0,941)], sprint [(F(2,28) = 12,073; p = 0,0001; η2 = 0,463; power = 0,991)], FPM da mão direita [(F(2,28) = 7,019; p = 0,003; η2 = 0,334; power =

0,898)] e FPM da mão esquerda [(F(2,28) = 6,768; p = 0,004; η2 = 0,326; power = 0,887)] (ver figura 2).

Figura 4. Salto vertical contra movimento (SVCM), potência relativa, sprint, força de preensão manual (FPM) direita e esquerda entre os grupos no TFAI.

* = Diferença entre iniciantes e avançados (p < 0,05). $ = Diferença entre intermediários e avançados (p < 0,05). @ = Diferença entre pré e pós (p < 0,05). # = Dados transformados por log na base 10.

6.1.2 Discussão

O objetivo do presente estudo foi monitorar e analisar a disposição da CIT e verificar o efeito da prática de 6 semanas de TFAI no desempenho entre os diferentes níveis de condicionamento. Não foi observado diferenças na CIT (semanal e média) ao longo das 6 semanas. Os valores de monotonia do treinamento dos iniciantes diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento, com uma redução na semana 4 e 5 em comparação a semana 1 e com um aumento na semana 6 em comparação a semana 5. Os valores de estresse do treinamento não diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento, com exceção da redução da carga na semana 5 em comparação a semana 1. A CIT semanal e média não apresentou diferenças nas semanas investigadas. Em relação os grupos intermediários e avançados os valores de monotonia do treinamento, estresse do treinamento, CIT semanal e média não diferiram ao longo das 6 semanas de treinamento (ver tabela 1). Adicionalmente, foram observados individualmente através da CTAC valores fora da “safe zone”, caracterizando assim maior risco de lesão (ver figura 1). Com relação aos testes físicos, todas os grupos apresentaram o mesmo comportamento (pré vs pós), com exceção do grupo iniciante onde foram observados aumentos no SVCM e potência relativa após 6 semanas de treinamento.

A disposição das CIT semanais e médias do presente estudo não diferiu ao longo das 6 semanas de treinamento. O American College of Sports Medicine publicou recentemente um consenso sobre o TFAI e sugeriu o monitoramento da carga de treinamento para atenuar adaptações negativas (40), uma vez que altas cargas de treinamento associadas com uma baixa recuperação é uma das principais causas de overtraining (45). Esses estudos evidenciam a relevância da aplicação de uma abordagem ondulatória e um controle periódico das cargas de trabalho para um desenvolvimento positivo do desempenho (48). Dessa forma, a disposição e ajustes das cargas de trabalho em conformidade com o estado de prontidão dos atletas apresentam ser uma estratégia valiosa para uma prescrição eficiente e segura (49,50) com objetivo de prevenir destreinamento e promover aumento do desempenho (51). Portanto, treinadores necessitam de ferramentas sensíveis as flutuações das cargas de treinamento e que reproduzam o “real world” como a percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE-sessão) para o monitoramento preciso das cargas de trabalho (10,16).

Recentemente, alguns estudos utilizaram a PSE-sessão para quantificar as cargas de treinamento em atletas de TFAI (10,23). No estudo de Williams et al., (23) foram observadas cargas de treinamento semanais médias de 2591 ± 890 UA, similar ao estudo de Tibana et al., (10) (2092 UA), no entanto, nossos dados mostram uma média semanal de 1812 UA para iniciantes, 2157 UA para intermediários e 1995 UA para avançados o que parece confirmar que atletas de alto rendimento possuem uma CIT superior, como previsto. Vale ressaltar que períodos de intensificação de cargas, cargas acumuladas a longo prazo, bem como competições extenuantes são possíveis preditores de lesões (11). Por exemplo, cargas de trabalho semanais entre 3000 e 5000 UA revelaram 50% a 80% maiores chances de lesões (46), assim como duas semanas subsequentes com cargas de trabalho semanais superiores a 2000 UA (47). Por outro lado, cargas de trabalho semanais inferiores a 1250 UA também revelaram uma potencialização do risco de lesão, além de não promoverem aumento da aptidão (47). Portanto, a PSE-sessão pode auxiliar os treinadores na realização de “ajustes” das cargas de treinamento quando necessário, respeitando a individualidade dos praticantes e com objetivo de evitar elevados índices de monotonia de treinamento, estresse do treinamento (20) e CTAC (75), fatores esses associados com maiores chances de lesões.

No presente estudo foi observado valores de monotonia abaixo de 2,0 e uma redução do estresse do treinamento na semana 5 quando comparada com a semana 1 para o grupo iniciante ao longo das semanas investigadas, além disso foram observados alguns praticantes fora da

“safe zone”. Crescimentos abruptos da monotonia de treinamento (i.e., maiores que 2,0) bem

como um estresse do treinamento elevado foram correlacionados com 77% e 89% na ocorrência de doenças, respectivamente (20). Além disso, elevados volumes e intensidades de treinamento podem repercutir no declínio do sistema imune e consequentemente aumentos dos sinais e sintomas de infecção do trato respiratório superior (81). Por exemplo, Ferrari et al., (82) observaram associações significativas entre infecção do trato respiratório superior e estresse do treinamento na fase preparatória (r = 0,72; p = 0,03) e competitiva (r = 0,73; p = 0,03) em ciclistas treinados. Recentemente, foi demonstrado que a CTAC foi um dos fatores que diferenciaram atletas lesionados de atletas não lesionados em uma fase prévia de competição [ES = 0,45; IC90% = 0,31 – 0,87] (83). Nessa perspectiva, possibilitar robustas cargas crônicas sem “spikes” nas cargas de treinamento (i.e., CTAC maior que ~1.3) apresenta ser atualmente uma melhor abordagem para o aumento do desempenho e atenuação de adaptações negativas no treinamento (16,75), uma vez que a CTAC considera a carga atual que o atleta está executando em relação ao que ele está preparado para executar (84). Além disso, testes de

desempenho se faz necessário para um correto gerenciamento das cargas de treinamento e com objetivo de evitar o overreaching não-funcional e consequentemente overtraining (45).

Em nosso estudo foi observado que apenas o grupo iniciante obteve aumento no desempenho quando comparados aos grupos intermediários e avançados. O American College of Sports Medicine reporta que os ganhos de desempenho são mais acentuados nas fases iniciais do treinamento (40%) quando comparadas as fases intermediárias (20%) e avançadas (10%) em decorrência das adaptações neurais (74). Essas adaptações parecem estar conectadas ao aumento do recrutamento das unidades motoras de alto limiar, o desenvolvimento das coordenações inter e intramuscular e a ampliação da frequência de estimulação (85,86). Por exemplo, em oito semanas de treinamento de força foi verificado uma ampliação da força muscular nas semanas iniciais (adaptações neurais), entretanto, a partir da terceira semana foi observado uma maior contribuição da hipertrofia muscular (87). O princípio da sobrecarga progressiva reporta a necessidade do constante aumento de séries na medida que o praticante evolui (88,89). Dessa forma, as maiores proporções de força muscular são notadas em praticantes iniciantes mesmo com protocolos de baixo volume (90). Portanto, com objetivo de aumentar continuamente os níveis de força muscular em praticantes avançados (mesmo que de forma mínima) o treinamento deve ser voltado frequentemente para a potencialização da hipertrofia muscular (91).

Foi observado no presente estudo que houve aumento somente no SVCM e potência relativa apenas no grupo iniciante após 6 semanas de treinamento. A altura do SVCM têm sido largamente adotado com objetivo de verificar adaptações e fadiga neuromuscular frente ao treinamento (92). Dessa forma, as cargas de treinamento podem ser definidas conforme as oscilações da altura do salto vertical, podendo ser aplicado nas sessões de treinamento (i.e., diariamente) com o objetivo de avaliar e controlar de maneira eficaz as respostas e o estado de prontidão dos praticantes (24). Recentemente estudos apontaram associações entre movimentos de LPO que é comumente utilizado no TFAI (2) e aumentos na altura do salto vertical (93) e na potência muscular (94). O aumento da potência muscular proporciona evoluções valiosas no desempenho nos esportes (76). Estudos prévios evidenciaram que a prática de TFAI apresenta um potencial para a maximização da potência muscular (95,96), possivelmente pela utilização do “complex training” (i.e., treinamento de força emparelhado com exercícios de potência) (97). Em adição, foi evidenciado que o “complex training” proporcionou aumentos no desempenho do salto vertical e sprint, no entanto, deve se levar em consideração a duração do programa de treinamento e perfil dos atletas (98). Portanto, o treinamento dessa capacidade

(i.e., potência muscular) e o monitoramento do SVMC é de fundamental relevância para potencialização do desempenho e minimização do risco de lesão.

Em relação ao sprint não houve diminuição no tempo entre os diferentes níveis de condicionamento. O sprint é de larga importância para obtenção de sucesso nos esportes (99). Por exemplo, a presença de corridas de curta extensão (i.e., até 800 metros) que são constantemente realizadas em competições de TFAI, foram associadas com o sucesso na modalidade (5). Adicionalmente, foi observado fortes correlações entre melhores classificações de atletas do sexo feminino e desempenho de sprints de 50 e 400 metros (r = 0,77 e 0,69, respectivamente), apresentados em uma competição oficial de TFAI (8). Portanto, o sprint não deve ser negligenciado no programa de treinamento dos atletas em conjunto com a força máxima, especialmente quando o esporte exige essas habilidades nas sessões de treinamento e competições (93). O sprint mensurado no presente estudo foi de curta distância (i.e., 20 metros), que é considerada a fase inicial da aceleração (100). Dessa forma, é possível que em maiores distâncias distintos resultados poderiam ter sido encontrados.

A FPM não apresentou evolução após as 6 semanas de TFAI. A FPM é de grande importância nos esportes que necessitam de maiores níveis de força das mãos para maximização do desempenho e prevenção de lesões (101). Entre os esportes destaca-se o LPO e modalidades ginásticas (101), que são frequentemente empregados no TFAI (2). Por exemplo, foi observado uma larga relação (r = 0,81; p < 0,05) entre FPM e FPM de endurance em atletas de argolas (102). Dessa forma, grandes níveis de FPM apresenta ser valiosa para obtenção de sucesso em esportes que apresentam exercícios em argolas e barras (101). Além disso, treinadores necessitam de ferramentas de avaliação que sejam sensíveis, de fácil manuseio e que repliquem o gesto desportivo como a FPM (101). Portanto, a FPM pode fornecer informações relevantes a fim de identificar possíveis alterações no desempenho ou no decorrer de distintos períodos do processo de reabilitação (9).

6.2 Estudo 2 – Assimetria entre membros e desempenho em atletas amadores envolvidos