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As atribuições da gestão escolar na apropriação dos resultados do SADEAM

1 A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA E SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO

1.1 A CRIAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO SADEAM

1.1.5 As atribuições da gestão escolar na apropriação dos resultados do SADEAM

a formação do aluno para o exercício da cidadania. E para o alcance deste objetivo, deve ser provida uma educação com qualidade. E neste processo, o gestor tem um papel essencial de coordenar o trabalho na escola, de forma que esta consiga ofertar ao aluno uma educação cidadã (AMAZONAS, 2013b).

A responsabilidade atribuída ao gestor da escola encontra respaldo na LDB nº 9394 (BRASIL,1996), que elenca em seu Artigo 12º sete Incisos que tratam da responsabilidade administrativa, pedagógica e social da escola com o ensino e com a sociedade na busca da qualidade.

I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;

II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;

VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;

VIII – notificar ao conselho tutelar do município, ao juiz competente da comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 50% (cinquenta por cento) do percentual permitido em lei (BRASIL, 1996, s.p.).

Em meio a esse contexto, surge a necessidade de uma nova forma de gestão escolar, pautada no princípio da gestão democrática, como preconiza o artigo 206 da Constituição Federal de 1988 e a LDB 9394/96 em seu artigo 3º, VIII. Esse cenário constitui-se em um desafio de transformar a escola em um lugar onde as decisões sejam efetivamente tomadas na coletividade, com a participação de todos os agentes internos e externos à escola, no planejamento de ações e documentos norteadores da educação na instituição, definindo prioridades a serem focadas.

Sobre o exercício da gestão democrática e seus efeitos, Lück (2009), destaca:

[...] Nesse sentido, a gestão democrática escolar é exercida tanto como condição criadora das qualificações necessárias para o desenvolvimento de competências e habilidades específicas do aluno, como também para a criação de um ambiente participativo de vivência democrática, pela qual os alunos desenvolvem o espírito e experiência de cidadania, caracterizada pela consciência de direitos em associação a deveres (LÜCK, 2009, p. 71). Paro (2010), entende que o trabalho da escola, não deve estar centralizado na figura do gestor como um indivíduo que detém o poder de decisão sobre todos, antes este deve ser um coordenador que possa exercer uma autoridade democrática, conferida a este de forma livre e consciente por parte dos demais partícipes do processo educativo. Para o autor, “o processo de trabalho pedagógico, por ser uma relação entre sujeitos que se afirmam como tais é uma relação necessariamente democrática e assim deve ser tratada em sua concepção e execução” (PARO, 2010, p.776).

Frente a essa demanda, é necessário um novo perfil de gestor, que exerça na prática diária a gestão democrática e participativa, convocando a escola e seus diversos agentes a participarem de forma direta das questões inerentes à instituição, analisar sua realidade, para decidir e planejar na coletividade os rumos que a escola deve seguir. Para que isso aconteça na prática, a gestão da escola precisa envolver e motivar a equipe escolar a adotar uma nova

postura frente à responsabilidade com a educação, para que estes se percebam como coautores do processo de ensino (AMAZONAS, 2012).

A Revista da Gestão Escolar (AMAZONAS, 2014b) atribui ao gestor da escola a função precípua de vincular os resultados do SADEAM junto à escola:

Cabe aos gestores, no espaço escolar, discutir os dados recebidos, considerando continuamente os resultados das avaliações externas e internas, o que possibilita realizar interferências e propor ações que diminuam as dificuldades apresentadas e aumentem o desempenho escolar dos alunos (AMAZONAS, 2014b, p. 11).

No sentido de contribuir para que a escola cumpra seu papel principal que é de oferecer educação com qualidade, melhorando cada vez mais seu desempenho, é imprescindível que as atividades sejam mediadas de forma democrática. Ao que Paro (1998), argumenta:

Para responder às exigências de qualidade e produtividade da escola pública, a gestão da educação deverá realizar-se plenamente em seu caráter mediador. Ao mesmo tempo, consentânea com as características dialógicas da relação pedagógica, deverá assumir a forma democrática para atender tanto ao direito da população ao controle democrático do estado quanto à necessidade que a própria escola tem da participação dos usuários para bem desempenhar suas funções (PARO, 1998, p.7).

De posse dos resultados do SADEAM, o gestor precisa viabilizar junto aos atores da escola momentos para análise e discussão dos resultados das avaliações do SADEAM para que toda comunidade escolar possa se apropriar inicialmente da nomenclatura que envolve essas avaliações e saber como interpretar seus dados, além de entender o contexto das avaliações em larga escala, sua importância para a produção de políticas educacionais de intervenção para o desenvolvimento da educação do Amazonas e do país.

Os resultados das avaliações externas possibilitam ao gestor escolar discutir junto à escola qual etapa de ensino, qual série, turma e disciplina apresentam o menor e maior rendimento. Cabe ao gestor incentivar os professores a analisar os resultados dos alunos por disciplina e individualmente, acompanhar e avaliar a análise realizada pelos professores, fomentar a divulgação dos resultados obtidos pela escola de forma acessível à compreensão dos alunos, de seus pais e ou responsáveis, e para toda sociedade.

Logo, é importante que o gestor escolar repasse para os demais membros da equipe gestora da escola, seus professores, alunos e comunidade os resultados obtidos nas avaliações em larga escala. Isso porque servirão como ponto de partida para um debate entre professores e especialistas (pedagogos), no sentido de criações de estratégias e planos de ações, de acordo com as reais necessidades dos alunos da escola (CHAGAS, 2014, p.28-29).

Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de forma produtiva e com qualidade, é imprescindível a participação do gestor da escola na mobilização de esforços para que haja boas condições de trabalho para os profissionais da escola e estes possam sentir- se dignos e felizes por fazerem parte dela. Precisa também assegurar que os alunos se sintam acolhidos e respeitados, percebendo na escola um ambiente que favoreça seu sucesso. Enfim, é necessário zelar por melhores condições pedagógicas e administrativas da escola, favorecendo o clima escolar (AMAZONAS, 2012).

O modo como a gestão da escola se constrói é determinante para a criação de um ambiente propício para o estabelecimento de um bom clima escolar, e este é um dos fatores que implicam no desempenho dos alunos. Nesse sentido, o gestor da escola deve praticar de forma competente, além da liderança administrativa, a liderança pedagógica, articulando junto aos atores escolares, sobretudo com os professores, o planejamento das disciplinas, a discussão dos resultados das avaliações internas e a apropriação de forma eficaz das avaliações externas.

O gestor precisa assumir o papel de colaborador no monitoramento da política educacional do estado, e principalmente, como articulador para a promoção de um espaço de construção de conhecimento, partir da análise dos resultados do SADEAM. Conforme a Revista do Sistema (AMAZONAS, 2011b), estes resultados possibilitam a identificação e a análise das competências desenvolvidas pelos alunos nas diferentes áreas de ensino bem como as habilidades que estes alcançaram, o que oferece subsídios para o estabelecimento de metas para a elaboração de ações que podem contribuir para a tão almejada melhoria do processo de ensino.

Foi discutido nesta subseção, o destaque atribuído ao papel do gestor na apropriação dos resultados do SADEAM. A próxima tratará da abrangência dos resultados do SADEAM nas diversas instâncias educacionais, as possibilidades de ações de intervenção, que esses resultados oferecem, a relação entre a apropriação dos resultados do SADEAM e a qualidade do ensino no Amazonas.