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A escola é mantida pelo órgão municipal e oferece ensino para os níveis de Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Está localizada numa região periférica da cidade e desde a sua municipalização, está em funcionamento há 15 anos. No ano da pesquisa (2014), a escola possuía sete salas de aula do ensino fundamental e uma de informática. Em média, mantém cento e dez alunas/os matriculados nos dois períodos (manhã e tarde).

Conta com um quadro de dezesseis professora/es e quatro auxiliares/berçaristas. Dentre as/os docentes, seis são de Educação Infantil, sete de Fundamental I, uma professora e um professor de Educação Física e uma de informática.

5.3 As eleitas para o baile: o contato com as participantes

Estabelecer o primeiro contato requer um nível de sobriedade fundamental para as próximas etapas. Quando há possibilidade, é interessante contar com a presença de um mediador que facilite a interação entre pesquisador e pesquisado. Neste caso específico, a relação com a gestora já existia, o que subsidiou o encaminhamento da minha apresentação e do interesse da pesquisa. Quanto a este último

... O investigador deve discorrer resumidamente sobre o trabalho para seu entrevistado e, também, dizer-lhe em que seu depoimento pode contribuir direta ou indiretamente para a pesquisa como um todo, para a comunidade e para o próprio entrevistado. Ainda é importante mencionar e explicar a importância e a finalidade da instituição à qual o pesquisador está vinculado, para dar segurança a seu interlocutor. (Minayo, 2012, p. 66).

De acordo com o respaldo teórico acima, este e os demais procedimentos foram cumpridos.

Por se tratar de uma cidade pequena, é comum esbarrarmos com pessoas conhecidas a todo o momento. Assim sendo, as professoras também se incluem nesta parcela, porém, o contato costuma ser muito esporádico, em encontros casuais.

Preliminarmente estabeleci contato com a gestora da unidade de ensino por meio de uma ligação telefônica. Ao apresentar e justificar as intenções da pesquisa, a mesma autorizou imediatamente a realização das entrevistas. Marcamos o dia e a hora – em ATPC22 - para que

eu pudesse expor às docentes os objetivos centrais da pesquisa e para definirmos outra data referente à entrevista – provavelmente no dia seguinte. Próximo à data estipulada, liguei novamente para confirmar o compromisso quando a gestora me comunicou sobre o indeferimento da Coordenadora de Educação Municipal. Vale esclarecer que a rede municipal conta com uma funcionária que cumpre a função de Coordenadora de toda a rede de ensino.

Diante da recusa, decidi solicitar a autorização da Secretária da Educação Municipal. No dia agendado, compartilhei os objetivos da pesquisa e a necessidade de realizar as entrevistas, argumentando sobre a importância do tema sexualidade para a educação.

Frente ao exposto, a Secretária esclareceu-me sobre os motivos expressos pela Coordenadora alegando que, de acordo com a programação dos horários de formação (ATPC), não haveria como conceder um espaço para as entrevistas, pois comprometeria a sequência dos conteúdos a serem estudados.

Como alternativa a própria Secretária da Educação propôs que as entrevistas fossem realizadas num dia letivo, com cada professora em seu próprio turno de trabalho, uma vez que faltava menos de uma semana para as férias de julho e a frequência das/os alunas/os havia reduzida/o. Apesar de interferir em parte da proposta de entrevista, visto que ela seria composta por duas fases – uma individual e outra coletiva -, acatamos a sugestão dada pela Secretária que, no mesmo instante, comunicou a gestora de sua concessão.

Em nova data acordada com a mesma – segunda semana de julho -, havia chegado o momento de explicitar às docentes o motivo da pesquisa e, consequentemente, o meu interesse em entrevistá-las, convidando-as a participarem voluntariamente.

Estavam presentes todas as professoras do 1º ano 5º ano, das quais, não havendo objeção, realizariam a entrevista sem exceção. Precisamente a escola mantém em seu quadro de professores/as: uma do 1º ano, duas do 2º ano, uma do 3º ano, uma do 4º ano e duas do 5º ano – contando apenas as professoras do ensino fundamental I.

A gestora acompanhou-me à sala das/os professoras/es, onde as docentes já aguardavam a minha visita. Após me apresentar, retirou-se da sala e só então iniciei expondo minhas intenções de pesquisa e os motivos para a realização das entrevistas. Antes de começar, fui logo explicando sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que assinariam ao final, a título de documentar por expresso a concordância em participar, caso aceitassem.

Ao expor todas as justificativas e explicar como faríamos, percebi que as docentes ouviam atentamente. Somente após minha fala, algumas fizeram questionamentos quanto aos procedimentos e, em seguida, concordaram em participar na condição de voluntárias, sob a

hipótese de retirar-se a qualquer momento, sem prejuízo moral ou financeiro. É importante frisar que as entrevistas foram gravadas com o propósito de apurar fielmente o conteúdo das falas. Este procedimento também foi autorizado por elas. Trata-se de uma técnica eficiente, utilizada sob o aval teórico-metodológico.

Na sequência, esclareci sobre as duas modalidades das entrevistas, visto que a primeira seria individual. Quanto à segunda, reuniríamos todas as docentes do período vigente - conforme a condição posta pela Secretária da Educação - para realizarem as duas etapas subdivididas da seguinte forma: na primeira, responderiam a um roteiro de perguntas semiestruturadas, e na segunda, produziriam por escrito a continuação do conto de fadas A Bela Adormecida após o slogan: “E viveram felizes para sempre”. A escolha da história se deu pela necessidade de um contexto para a escrita. Como este foi o último conto utilizado para a entrevista projetiva (foi exibido uma pequena animação), optamos por ser ele o responsável pelo contexto. Todavia, o importante era que partisse do célebre final.

Para finalizar o contato com as docentes, solicitei que assinassem o termo de consentimento e livre esclarecimento do qual havia mencionado no início da conversa. Convém dizer também que tanto a gestora da unidade quanto a Secretária da Educação também assinaram um termo de concessão para a realização das entrevistas com as docentes.

Em seguida, apresentaremos um quadro explicativo das participantes em relação aos anos para os quais lecionam e seus períodos – manhã ou tarde. Em conformidade com o tema da pesquisa e para preservar o anonimato das docentes, serão atribuídos nomes de princesas. Utilizamos como critério as princesas dos contos selecionados para as entrevistas – A Bela Adormecida, Branca de Neve e Cinderela e suas nomeações antecessores às versões conhecidas – uma de cada. Estes nomes serão mantidos no capítulo das análises. Como a professora do 3º ano não participou23, somam-se seis docentes. A atribuição dos nomes terá

como critério o nome da versão conhecida seguido do nome da versão antiga. Sempre que houver referência aos codinomes, estes estarão destacados em negrito.

Quadro 3

Das docentes e seus respectivos anos de ensino.

Nome Ano em que leciona Turno – manhã/tarde

A Bela Adormecida 4º ano Manhã

Tália 5º ano Manhã

23 No dia da entrevista, a docente do 3º ano havia se ausentado. Conjecturamos que possa ter se esquecido da

Branca de Neve 5º ano Manhã

Lisa 2º ano Tarde

Cinderela 2º ano Tarde

A Gata Borralheira 1º ano Tarde

Nota: A autora.