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As faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental

2 A AGENDA 2030 DA ONU COMO PROMOTORA DA JUSTIÇA SOCIAL: RUMO A SUSTENTABILIDADE E A PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

2.1 As faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental

Com tantas circunstanciais diversas a serem consideradas para o sucesso de uma agenda que permita a inclusão sustentável de demandas fundamentais que contemplem as pessoas, o planeta e a prosperidade mundial, importante recorte se faz-se a partir da indissociabilidade fundante para um desenvolvimento sustentável, elencados neste trabalho, na perspectivas acerca das faces econômicas, sociais e ambientais. Assim, em linguagem objetiva, o grande desafio da Agenda 2030 é o atendimento de todas as faces, sem que haja prejuízo as demais. É pensar a inclusão social a partir de uma ótica de que o desenvolvimento parta de um pressuposto lógico de que este seja, viável e acessível a todos os estamento societários economicamente promovendo a sua inclusão de todas as comunidade mundiais (especialmente as menos favorecidas política, econômica e intelectualmente) e oportunizando acesso igualitário aos meios de produção e renda de forma a que o meio ambiente não seja tolido de suas riquezas naturais, tão atacadas com a polarização e destruição ambiental. A carta de intenções assinada pelos agentes políticos integrantes da organização e formatação dos trabalhos alusivos à Agenda 2030, deixa clara a real visão dos temas ao elencar no item 9 o compromisso dos governos com políticas de “[...]crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável e de trabalho decente para todos”, adequando seus padrões de consumo a fim de criar ambientes propícios para “[...] o desenvolvimento sustentável, incluindo crescimento econômico inclusivo e sustentado, desenvolvimento social, proteção ambiental e erradicação da pobreza e da fome. Ainda, no item 14, a Agenda 2030 traça um panorama do cenário atual em nível mundial, bem como os problemas enfrentados acerca dos abusos firmados na tese

3 Atualmente, os discursos do Presidente Jair Bolsonaro reiteram a supressão de direitos sociais, tais como em apresentações públicas nas quais ele acredita que “[...]"É tanto direito que os patrões, os empreendedores, contratam o mínimo possível e pagam o mínimo possível", comentou, defendendo que o trabalhador escolha entre "menos direito e mais emprego ou todos os direitos e o desemprego". (R7. Bolsonaro diz que no Brasil há direitos trabalhistas demais. 05 ago.2019. Disponível em: https://noticias.r7.com/brasil/bolsonaro-diz-que-no-brasil-ha-direitos-trabalhistas-demais-05082019. Acesso em 13 out.2019)

de desenvolvimentos meramente comerciais que relegam, além de grande parte da sociedade, a própria existência humana:

14. Encontramo-nos num momento de enormes desafios para o desenvolvimento sustentável. Bilhões de cidadãos continuam a viver na pobreza e a eles é negada uma vida digna. Há crescentes desigualdades dentro dos e entre os países. Há enormes disparidades de oportunidades, riqueza e poder. A desigualdade de gênero continua a ser um desafio fundamental. O desemprego, particularmente entre os jovens, é uma grande preocupação. Ameaças globais de saúde, desastres naturais mais frequentes e intensos, conflitos em ascensão, o extremismo violento, o terrorismo e as crises humanitárias relacionadas e o deslocamento forçado de pessoas ameaçam reverter grande parte do progresso do desenvolvimento feito nas últimas décadas. O esgotamento dos recursos naturais e os impactos negativos da degradação ambiental, incluindo a desertificação, secas, a degradação dos solos, a escassez de água doce e a perda de biodiversidade acrescentam e exacerbam a lista de desafios que a humanidade enfrenta. A mudança climática é um dos maiores desafios do nosso tempo e seus efeitos negativos minam a capacidade de todos os países de alcançar o desenvolvimento sustentável. Os aumentos na temperatura global, o aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos e outros impactos das mudanças climáticas estão afetando seriamente as zonas costeiras e os países costeiros de baixa altitude, incluindo muitos países menos desenvolvidos e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento. A sobrevivência de muitas sociedades, bem como dos sistemas biológicos do planeta, está em risco. (ONU, 2019)

Assim, frente aos desafios apresentados e reconhecidos pelos organismos internacionais, a busca pelo desenvolvimento sustentável é prioritário para uma agenda que, para além de seus cumprimentos e metas, garanta o seu compromisso com os povos e com o futuro do planeta. Para isso, importante contribuição traz Elimar Pinheiro do Nascimento (2019) ao conceituar o Desenvolvimento sustentável em três dimensões (que nos parecem, esclarecedoras acerca do tema desenvolvido):

A primeira dimensão do desenvolvimento sustentável normalmente citada é a ambiental. Ela supõe que o modelo de produção e consumo seja compatível com a base material em que se assenta a economia, como subsistema do meio natural. Trata-se, portanto, de produzir e consumir de forma a garantir que os ecossistemas possam manter sua autorreparação ou capacidade de resiliência.

A segunda dimensão, a econômica, supõe o aumento da eficiência da produção e do consumo com economia crescente de recursos naturais, com destaque para recursos permissivos como as fontes

fósseis de energia e os recursos delicados e mal distribuídos, como a água e os minerais. Trata-se daquilo que alguns denominam como ecoeficiência, que supõe uma contínua inovação tecnológica que nos leve a sair do ciclo fóssil de energia (carvão, petróleo e gás) e a ampliar a desmaterialização da economia.

A terceira e última dimensão é a social. Uma sociedade sustentável supõe que todos os cidadãos tenham o mínimo necessário para uma vida digna e que ninguém absorva bens, recursos naturais e energéticos que sejam prejudiciais a outros. Isso significa erradicar a pobreza e definir o padrão de desigualdade aceitável, delimitando limites mínimos e máximos de acesso a bens materiais. Em resumo, implantar a velha e desejável justiça social.

Ainda, na concepção de Nascimento (2019), “[...] de toda forma, a persistência do modelo de produção e consumo em vigor degrada não apenas a natureza, mas também, e cada vez mais, as condições de vida dos humanos”, o que reforça a ideia de que as mudanças propostas na Agenda 2030, não se dissociam em suas faces. Elas se integram em dimensões que, interligadas, promovem mudança sustentável e inclusiva, garantindo para além de condições dignas a humanidade, a justiça social plena e efetiva proposta nas ODS’s.

Tal interligação é melhor exemplificada ao referenciarmos o importante trabalhos dos autores José Irivaldo Alves, Belinda Pereira da Cunha e John Brehmer de Sousa (2018. pp. 484-513), que ao analisarem em um campo de pesquisa reflexiva o desenvolvimento a partir da ótica de Celso Furtado, Ignacy Sachs e Henrique Leff, revisando a conceitualidade do desenvolvimento sustentável (DS) em seus níveis econômico, social e ambiental, os autores entendem que “[...] O DS teve notáveis reflexos sobre as estruturas de governo e política em geral, tornando-se categoria aparentemente indispensável nas discussões sobre a política do desenvolvimento na atualidade.” Ainda, analisando sobre a ótica conceitual de Sachs (2008), os autores atentam para as revisões surgidas ao longo do tempo, buscando maior entendimento acerca dos direitos sociais e o desenvolvimento sustentável4:

4 Na análise dos autores frente a conceituação de Furtado, Sacks e Leff (2018. pp. 484-513), “o desenvolvimento devidamente “sustentado” e “sustentável” como fundamentos para se refletir acerca da formulação de uma agenda de políticas públicas ou propriamente delas, convergindo suas concepções sobre essa operação em vários pontos, destacadamente: (a) que o Estado é agente ativo no processo de desenvolvimento, encarregado de organizar a sociedade envolvendo desse propósito, não de forma passiva, mas participada; (b) a política e a produção econômica no âmbito do processo dessa ideia consideram a produtividade cultural; (c) a população deve dispor das condições e disposições necessárias a uma elevação no nível de vida e ampliação da liberdade, notadamente aquela mais vulnerável; (c) o desenvolvimento possui forte conteúdo de equidade e justiça social; (d)

As discussões e concepções de desenvolvimento, desde que surgiram, passaram por dois grandes avanços conceituais: (a) a partir dos anos 70, a atenção dada à problemática ambiental promoveu uma ampla revisão conceitual do desenvolvimento, em termos de ecodesenvolvimento, o que recentemente foi renomeado para desenvolvimento sustentável. Esse modelo obedece ao duplo imperativo ético da solidariedade sobre as gerações presentes e futuras, e possui critérios de sustentabilidade ambiental, social e de viabilidade econômica. Dessa forma, somente processos que compreendam estes três elementos e que promovam o crescimento econômico com efeitos sociais e ambientais positivos, merecem a denominação desenvolvimento; (b) a segunda reconceituação compreende que o desenvolvimento pode ser definido conforme a universalização e o exercício efetivo de todos os direitos humanos: políticos, civis e cívicos, econômicos, sociais e culturais; também direitos coletivos ao desenvolvimento, meio ambiente, entre outros. Merece especial destaque o direito ao trabalho, já que este quando em boas condições oportuniza vários outros direitos. (ALVES, CUNHA, SOUZA. 2018).

Exemplificando, podemos relacionar o tema com o atual relatório de acompanhamento da Agenda realizado pelo Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, onde as dimensões que se tratam as faces indissociáveis do desenvolvimento sustentável estão previstas, analiticamente, nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assim ilustrados pelo instituto brasileiro, de acordo com o Fórum Político de Ato Nível para 2017 (pg.15). Neste prisma, em um esboço ainda que ilustrativo, as dimensões social (ODS’s 1, 2, 3 e 5), econômica (ODS 9) e ambiental (ODS 14) integram-se através da ODS 17, que reforça os meios de implementação destas, através da parceria global para o desenvolvimento sustentável, fortalecendo os sistemas financeiros internos, estabelecendo metas econômicas para o desenvolvimento das políticas vinculadas as ODS’s, além de cooperar nos setores comerciais e tecnológicos, respeitando a individualidade de cada Estado e fomentando a capacitação para o atendimento pleno das demandas suscitadas na Agenda 2030.

o mundo da produção econômica precisa ser normatizado à luz de uma ética ambiental; e (e) propõem uma “reintegração” entre sociedade e meio ambiente.

A plenitude destes atendimentos, como anteriormente relacionados, são de fundamental importância no que tange a redução das desigualdades sociais em nosso país que, após uma jornada de significativas conquistas através da efetivação (ainda que tardia) de esboços principiológicos constitucionais no campo dos direitos sociais, hoje, novamente são ameaçadas por planos de governo que minimamente garantem a proteção de direitos como saúde, educação (lembrando-nos dos recentes anúncios governamentais de cortes de verbas no ensino, especialmente de nível médio, superior e de pesquisas), da assistência social (consolidada através da proposta de votação de um conjunto de reformas na Previdência), de proteção ao meio ambiente (a desastrosa falácia governamental de que a Amazônia está protegida, mesmo com os flagrantes aumentos das queimadas criminosas e do desmatamento de áreas ambientais protegidas, bem como a possibilidade da exploração mineral desenfreada em Parques nacionais), e o desemprego crescente que, nos últimos anos, tornou-se um “assombro” na realidade fatídica de milhares de trabalhadores do Brasil (elencando ainda o ataque à direitos trabalhistas com a reforma na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT).

Além de uma séria destruição do ambiente que propicie uma existência digna e a garantia de um mínimo formal econômico, o não atendimento da Agenda ODS no Brasil, considerando a proposta ratificada e os requisitos mínimos de completude e interconexão entre as faces econômica, social e ambiental, gera uma corrente negativa que destitui camadas sociais menos abastadas das pautas de

atendimentos governamentais, aumentando ainda mais a desigualdade nacional, derrubando a proposta de justiça social elencada pela Agenda 2030, e retirando os anseios de grande parte da população da pauta de medidas de garantias de direitos mínimos existenciais e constitucionais, tutela que se espera de um Estado Democrático de Direito.

Para elencar a importância do empoderamento econômico e social através do trabalho (onde, em um recorte ainda que especulativo, podemos analisar este prognóstico com o atendimento do Objetivo 8 - Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos), buscamos analisar os escritos do Texto para Discussão 2408 5do IPEA (Desigualdade no Brasil de 2016 a 2017: Um exercício de decomposição e análise de mercado de trabalho de pouca mudança de Sergei Soares/ Outubro-2018). O relatório, a partir do tema de redução da desigualdade a partir do emprego, relaciona uma série de dados combinados entre o IPEA e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, apontando para a importância da proteção legal mínima no que se refere a tutela estatal na garantia dos direitos sociais mínimos. O estatístico aponta que “[...] houve uma pequena queda da desigualdade de 0,18 ponto de Gini entre 2016 e 2017, saindo de 54,1 para 53,8” (pág.05), relacionando esta redução ao sistema de proteção social brasileiro (não considerando, pela data de pesquisa, as reformas trabalhistas, a atual taxa de desemprego e a proposta de redução da participação do Estado na da Previdência Social).

Considerando ainda esta geração de renda a partir do trabalho, destaca-se que a política nacional inclusiva deve garantir o acesso a capacidade econômica em um mercado equilibrado, tanto para jovens, mulheres, idosos, pessoas consideradas ativas no mercado de trabalho formal e informal, considerando ainda as desigualdades praticadas entre estes, bem como na relação de raça, sexo, opção sexual ou crença religiosa. E neste quesito, a análise do IPEA caracteriza [...]

5 Ao relacionar o capital e a previdência como indexadores da discussão acerca da desigualdade, com base na análise de dados o autor destaca que “[...] O mercado de trabalho está, sem dúvida, levando a uma maior desigualdade entre trabalhadores, e se não houvesse proteção social isso levaria a uma maior desigualdade entre domicílios também. A proteção social, no entanto, especialmente a previdência, reordena domicílios. Grandes grupos de pessoas, especialmente famílias com aposentados, vão da cauda inferior para a cauda superior da distribuição. Isso quer dizer que um aumento grande na desigualdade da renda individual do trabalho não se traduz em um crescimento na desigualdade entre domicílios, porque alguns perdedores no mercado de trabalho podem ter rendas baixas, mas estão na cauda superior se vivem em famílias com acesso às rendas da proteção social. (IPEA. 2018)

insuficientes, para o Brasil alcançar um padrão de desenvolvimento que se possa qualificar como sustentado ao longo do tempo, socialmente inclusivo e sustentável em termos ambientais” (CADERNOS ODS, 2019, p.18). A análise qualitativa e quantitativa da ODS 86, infelizmente, não revela dados que possam, em uma primeira análise, mostrar uma drástica mudança em nossa realidade atual, o que poderá comprometer a geração de renda futura e aumentar o fosso abismal da desigualdade social, especialmente no quesito renda e melhores condições de empregabilidade.

[...] Após uma longa e profunda queda acumulada de 8,6% no triênio 2014-2016, o PIB per capita brasileiro voltou a registrar pequenos acréscimos anuais de 0,3% em 2017 e 2018. Diante da necessidade de uma difícil retomada, a meta 8.1 adaptada ao Brasil foi dividida em duas etapas, mirando um crescimento econômico per capita anual médio de 1,6%, entre 2016 e 2018, e de 2,55%, entre 2019 e 2030. O país não cumpriu a meta da primeira fase, pois a variação anual média do PIB per capita foi de apenas 0,1% no triênio 2016- 2018. Em volume, o PIB per capita de 2018 ainda não alcançou sequer o patamar de oito anos antes, em 2010, e foi 8,1% menor que o pico alcançado em 2013. Para atingir a meta em sua segunda etapa, o desafio é articular ações que logrem expandir os investimentos produtivos e acelerar a economia até o ritmo almejado ao longo dos próximos anos.

Aumentar a produtividade do trabalho no país, conforme propõe a meta 8.2, é outro imperativo para sustentar ganhos médios de bem- estar, sobretudo quando o percentual da população considerada em idade de trabalhar, que aumentava desde os anos 1970, atingiu seu pico em 2017 e começou a diminuir a partir de 2018, invertendo o sinal do chamado “bônus” demográfico. Na média do biênio 2017- 2018, o PIB por pessoa ocupada no Brasil subiu apenas 0,2% ao ano e o PIB por horas trabalhadas, 1,1% ao ano. Embora a meta 8.2 não

6 Cada Objetivo de Desenvolvimento Sustentável é subdividido em metas quantitativas e qualitativas para análise sistêmica e acompanhamento pleno da Agenda 2030, priorizadas de acordo com cada Estado signatário. No caso da ODS 8 (especialmente, no Brasil), entende-se por: Meta 8.1– Registrar um crescimento econômico per capita anual médio de 1,6% entre 2016 e 2018; e de 2,55% entre 2019 e 2030; Meta 8.2– Atingir níveis mais elevados de produtividade, por meio da diversificação e com agregação de valor, modernização tecnológica, inovação, gestão e qualificação do trabalhador, com foco em setores intensivos em mão de obra; Meta 8.3– Promover o desenvolvimento com a geração de trabalho digno; a formalização; o crescimento das micro, pequenas e médias empresas; o empreendedorismo e a inovação; Meta 8.5 – Até 2030, reduzir em 40% a taxa de desemprego e outras formas de subutilização da força de trabalho, garantindo o trabalho digno, com ênfase na igualdade de remuneração para trabalho de igual valor; Meta 8.6 – Alcançar uma redução de 3 pontos percentuais até 2020 e de 10 pontos percentuais até 2030 na proporção de jovens que não estejam ocupados, nem estudando ou em formação profissional; Meta 8.7 – Até 2025 erradicar o trabalho em condições análogas às de escravo, o tráfico de pessoas e o trabalho infantil, principalmente nas suas piores formas; Meta 8.8 – Reduzir o grau de descumprimento da legislação trabalhista, no que diz respeito ao registro, às condições de trabalho, às normas de saúde e segurança no trabalho, com ênfase nos trabalhadores em situação de vulnerabilidade; e Meta 8.10 – Expandir de forma sustentável o acesso aos serviços bancários e financeiros para todos. (IPEA, 2019)

defina valores, vimos que essas variações não permitiram que o PIB per capita se recuperasse a contento. A persistência do desemprego e a deterioração da qualidade média dos postos de trabalho foram também determinantes para esse resultado.

Tomando por base as metas 8.3, 8.5 e 8.6, os Cadernos ODS resumem sua base de estudos nos resultados acerca da informalidade no mercado de trabalho, bem como da taxa de desocupação e do salário médio por hora trabalhada, analisando ainda, percentuais por faixa etária e gênero.

Homens e mulheres experimentaram aumentos sucessivos da informalidade entre 2014 e 2018, na contramão da meta 8.3. A taxa de desocupação, em 2016, foi de 11,5%, e a meta 8.5 adaptada ao Brasil inclui reduzir o desemprego em, pelo menos, 40% até 2030, o que significa baixar a taxa a não mais que 6,9%. Entretanto, o país já se distanciou mais desse alvo, com altas do desemprego entre pessoas dos dois sexos e de todas as faixas etárias.

Já o salário médio por hora trabalhada, outro indicador acompanhado na meta 8.5, registrou variação real positiva desde 2016, embora associada a um encurtamento das jornadas médias de trabalho. Os jovens têm sua transição entre os mundos escolar e laboral dificultada pela longa crise. De 2016 a 2018, subiu de 20,3% para 21,7% o percentual dos jovens de 15 a 24 anos de idade que não trabalhavam nem estudavam ou frequentavam formação profissional. Se a meta 8.6 era reduzir a taxa em 3,0 pontos percentuais de 2016 até 2020, o país passa a ter o desafio de, na segunda metade do prazo, reduzir a taxa de 2018 em 4,4 pontos percentuais. Até 2030, a meta é reduzi-la em outros 7,0 pontos, até uma taxa máxima de 10,3%. (CADERNOS ODS, 2019. p. 18-19)

Com relação aos dados referentes a condições análogas, bem como indicadores de trabalho infantil, tráfico de pessoas e situações equiparadas a escravidão e relacionados a saúde e segurança no trabalho e ao acesso a serviços financeiros, o mesmo estudo delimita situações semelhantes no que tange ao avanço quase nulo nos índices quantitativos e qualitativos:

[...] A meta 8.7, por sua vez, requer a erradicação até 2025 do trabalho em condições análogas às de escravo, do tráfico de pessoas e do trabalho infantil, principalmente nas suas piores formas. O indicador definido para monitorar o trabalho infantil abrange crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos, dos quais 1,8 milhão (4,6% do total) trabalhavam em 2016. Na faixa de 5 a 13 anos, a taxa média era de 0,7% (190 mil crianças), sendo 1,0% entre os meninos (132 mil) e 0,5% entre as meninas (58 mil). Propõe- se monitorar também a razão entre o total de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão e o número de

estabelecimentos inspecionados para esse fim, que subiu de 3,85, em 2016, a 4,97, em 2018. Não foi identificado indicador para o tráfico de pessoas.

Quanto às condições de saúde e segurança do trabalho, relacionadas à meta 8.8, foram observadas taxas de 3,6 lesões sem óbito e 0,014 lesões com óbito a cada 1 milhão de horas trabalhadas no Brasil. Em relação à meta 8.10, de acesso a serviços financeiros, foram registradas reduções, entre 2015 e 2016, nas quantidades de agências bancárias e caixas de atendimento por 100 mil adultos. Ao mesmo tempo, a proporção de adultos com conta bancária ou outro provedor financeiro oficial aumentou, com crescente utilização de canais remotos. As demais metas, não citadas nesta seção de conclusão, permanecem sem indicadores. (CADERNOS ODS, 2019. p. 18-19)

A complexidade das relações indissociáveis entre as faces elencadas neste tópico são infindas porque devem adequar o Estado, a fim de garantir a efetivação da planificação ratificada na Agenda ODS, mas acima de tudo, equilibrar e equalizar suas facetas econômicas, sociais e sustentáveis, na tentativa de diminuir a injustiça social e traçar um planejamento estratégico que, além de gerar emprego, renda e empoderamento econômico e social, garanta um ambiente de trabalho sustentável

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