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As falsificações e as práticas escritas criminosas

No documento SHERLOCK HOLMES NO BRASIL: : Elysio (páginas 145-153)

A polícia científica entre as fronteiras

3.4. As falsificações e as práticas escritas criminosas

Cheques, apólices, cédulas, procurações e os mais diversos tipos de documentos escritos de valor monetário tornavam-se factíveis de falsificação. Não por acaso, tal temática atravessou a publicação do periódico do Boletim Policial, demonstrando uma clara preocupação em lidar com as novas técnicas de roubo utilizadas pelos criminosos do Rio de Janeiro. Casos como do conhecido falsificador de dinheiro, Albino Mendes439, surgiam no periódico oficial do Gabinete como exemplo de

436 GONÇALO. A ‘foice de dez reis’ e ‘a febre dos seguros’: protesto social e a comodificação da insegurança em Portugal (1910-1926), p. 3

437 Ibid., p. 3. 438Ibid., p. 28.

439 Sobre o falsário Albino Mendes, ver: GALEANO, Dviego. Historia da moeda falsa no mundo

atlântico: itinerário de pnesquisa. In: VENDRAME, Maíra Ines Vendrame; MAUCH, Cláudia; MOREIRAS, Paulo Robertos (eds.), Crime e Justiça, p.

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práticas criminais modernas que envolviam vastas redes criminosas de cumplicidade interestadual e transnacional. Munidos de vidros com ácidos, pedras para litografar e máquinas fotográficas, tais bandidos, que muitas vezes se apresentavam com vestimentas refinadas, tornavam-se objetos de estudo de uma

expertise policial, por justamente manipularem códigos sociais que à primeira vista

os colocavam como cidadãos que estariam “acima de qualquer suspeita”. 440 Durante o primeiro ano em que Elysio de Carvalho tornou-se editor desta revista foram identificados cerca de quinze casos publicados nos relatórios policiais que abordavam episódios de estelionato ligados à prática de falsificação de diversos gêneros. Tais relatórios eram selecionados pelo editor do periódico compondo como um mosaico de ocorrências criminais registradas pelos diferentes distritos policiais da cidade. Desta forma, a convergência de casos relacionados à falsificação em detrimento de ocorrências de homicídio, defloramento ou crimes passionais funcionava como ponto de apoio para as publicações teóricas do Boletim, justificando a necessidade de implementação de saberes da polícia científica.

Neste sentido, que Elysio de Carvalho publicou o artigo de sua autoria ‘A Falsificação dos nossos valores circulantes’ no Boletim Policial. Ao retratar o problema da circulação de cédulas falsas que surgiam nos armazéns, bondes e estações ferroviárias, o diretor do Gabinete de Identificação apontava como o crime de moeda falsa se constituía em uma “indústria inteligentemente organizada, muito rendosa e praticada em alta escala”.441 Surgiria, assim, um tipo de criminalidade que não seria ocasional, mas profissional, na qual os falsificadores seriam uma “aristocracia dos malfeitores” dotada de “certas noções científicas especiais, tais como os químicos, os galvanoplata, os eletricistas, os gravadores e os litógrafos”442. Longe de atuarem isoladamente, os falsificadores compunham uma rede atuação de criminosos, na qual cada um teria uma especialidade: uns fabricavam as notas; enquanto outros trabalhavam como intermediários vendendo-as a terceiros; e por fim, havia aqueles que se encarregavam de circulá-las nas mais diversas situações cotidianas da capital federal.

440 Sobre o caso de Albino Mendes ver: OTTONI, Ana Vasconcelos. ‘O paraíso dos ladrões’: crime e criminosos nas reportagens policiais da imprensa (Rio de Janeiro, 1900-1920).

441 CARVALHO, Elysio. A falsificação dos nossos valores circulantes. In: Boletim Policial. Rio de

Janeiro: Imprensa Nacional, ano V, nº18/19/20, out.- dez. de 1911, p. 591.

442Ibid., p. 591-592. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1512190/CA

Em meio a este contexto que foi publicado na revista do Boletim Policial um artigo traduzido de Edmond Locard que se dedicou a pensar as práticas escritas delituosas dos criminosos. Diretor do Laboratório de Polícia Técnica em Lyon, Locard será um grande interlocutor de Elysio de Carvalho, durante o período em que o escritor ocupou o cargo de Diretor do Gabinete de Identificação. Neste momento, sua aparição no Boletim Policial se restringe a iluminar técnicas capazes de detectar as práticas de falsificação de moedas falsas, dentre outros documentos escritos. Para Locard, caberia ao investigador comparar a composição das moedas e notas apreendidas com a poeira e barro encontrados na casa e nas vestimentas dos acusados, procedendo assim uma análise química e qualitativa443. A fotografia e a microfotografia das notas falsificadas também foram colocadas como recursos fundamentais, capazes de detectar os matizes e as menores imperfeiçoes nas moedas. O impacto destas teorias nas procedências do Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro já podia ser sentido nos escritos de Elysio de Carvalho que exibiam fotografias de notas falsificadas retiradas pelo Gabinete de Identificação444.

443 LOCARD, Edmond. Laboratórios de polícia e instrução criminal. In: Boletim Policial. Rio de

Janeiro: Imprensa Nacional, ano VII, nº5, maio de 1913, p. 89 – 105.

444 CARVALHO, Elysio. A falsificação dos nossos valores circulantes. In: Boletim Policial. Rio de

Janeiro, ano V, nº18/19/20, out.- dez. de 1911, s.p.

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Imagem nº3. Fotografia de notas falsificadas. Boletim Policial nº18/19/20, ano V, out.-dez. de 1911.

Com o intuito de colocar os leitores policiais a par das possibilidades de detecção destes objetos, tais imagens vinham demonstrar os pequenos indícios e falhas que indicavam a falsidade destes objetos monetários. Neste momento, ressurgia no Boletim Policial um paradigma indiciário que reivindicava para si formas de distinguir o conhecimento verdadeiro daquele que seria falso445. Assim, a fotografia era utilizada não apenas como uma ferramenta capaz de reproduzir para os leitores as imagens dos papeis moedas falsificados, mas como um instrumento de trabalho que permitia a detecção da veracidade do valor monetário.

Como tais práticas delituosas não se restringiam à cidade do Rio de Janeiro, se manifestando em outras capitais urbanas, as forças policiais de metrópoles como Buenos Aires e Paris também se voltavam a estudos das práticas modernas de falsificação. Neste sentido, os trabalhos do criminalista suíço, Rudolph Archibald

445 GINZBURG, Carlo. Sinais: Raízes de um paradigma indiciário. In: ______. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história, p.169-180.

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Reiss, serviram como um eixo de orientação para os estudos de moeda falsa no Brasil. Em 1911, no ano da publicação de Elysio de Carvalho, o R. A. Reiss já se tornara conhecido pelas suas diligências bem-sucedidas em torno do crime de moeda falsa446. Em seus estudos teóricos, o criminalista suíço colocou o problema da moeda falsa, ressaltando a importância dos processos gráficos na impressão dos papeis moedas como forma de evitar a sua falsificação. Por mais que nenhum material fosse impossível de ser falsificado, caberia “acumular dificuldades, protegendo assim o público” alvo dos falsificadores447. A ideia da necessidade de elaboração de um papel moeda “forte”448 reverberaram nos escritos policiais de Elysio de Carvalho449 e do 1º delegado auxiliar, Leon Roussoulières450. Frente à fragilidade do papel moeda brasileiro e as complexas redes de falsificação dos criminosos, o escritor alagoano indicava como a falta de materiais e elementos técnicos da polícia do Rio de Janeiro era um obstáculo para erradicação desta prática delituosa nesta cidade.

A temática da falsificação não se restringia apenas ao papel moeda. Assinaturas, apólices e cartas denunciavam uma série de práticas escritas feitas por criminosos. Estudos de perícia gráfica, como o do caso “Tragédia da rua Januzzi”, ocupavam as páginas do Boletim Policial divulgando os trabalhos técnicos desenvolvidos pelo Gabinete a partir de crimes que se tornavam sensacionais451. O caso que ganhara ampla cobertura dos jornais cariocas demonstrava a articulação entre a produção escrita do Boletim Policial e as notícias publicadas pela imprensa carioca. Encontrada morta em casa por seu marido, a morte de D. Edina do Nascimento

446 Nicolas Quinche narra em sua obra o episódio em que Reiss conseguiu mapear a proveniência de

notas falsas que foram localizadas no Banco da França, cujo responsável possuía uma fábrica de falsificação em Lausanne. Tal caso lhe rendeu notoriedade em países como França, Itália e Suíça, que o consagraram como o principal especialista na investigação de dinheiro falso. Ver: QUINCHE, Nicolas. Sur les traces de crime : De la naissance du regard indicial à l’institutionnalisation de la

police scientifique et technique en Suisse et en France, p. 288-292.

447 REISS, R. A. Polícia Técnica: o resumo das conferências realizadas no Rio, p. 24. 448 Idem.

449 Tal argumento foi identificado em um segundo texto de Elysio de Carvalho sobre falsificação de

dinheiro, ver: CARVALHO, Elysio de. A nossa moeda papel não possui elementos de defesa contra a falsificação. In: Boletim Policial. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, ano VIII, Nº3, março de 1914, p.107-109.

450 ROUSSOULIÈRES, Leon. A falsificação de valores fiduciários. In: Boletim Policial, ano VIII,

nº8-12, ago.- dez. de 1914, p.348-350.

451A tragédia da rua Januzzi tratou-se da morte de D. Edina do Nascimento, esposa do 2º tenente do

Exército, Paulo do Nascimento Silva. Encontrada morta em casa, o que a princípio parecia um suicídio tornou-se um caso de ampla cobertura jornalística pela suspeita que seu marido teria planejado a sua morte, forjando, inclusive, sua carta de suicídio. Sobre construção da Tragédia da

rua Januzzi enquanto um crime “sensacional”. Cf.: OLIVEIRA, Marília Rodrigues. O crime da rua Januzzi: narrativas sensacionais, ciência, moral e justiça na Primeira República do Rio de Janeiro.

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permanecera por anos como um mistério, pela dificuldade em se estabelecer se sua morte se tratava de um assassinato ou um suicídio. Um dos elementos que tornava possível a elucidação deste caso seria uma suposta carta de suicídio, cuja análise fora responsável os membros do Gabinete de Identificação, Octavio Michelet e Elysio de Carvalho. Convocados para realizar um laudo de perícia gráfica, os policiais apresentaram um parecer inconclusivo. No entanto, tal documentação nos indica algumas referências de leitura que orientavam os estudos das práticas escritas criminosas na polícia do Rio de Janeiro. Dentre eles, o criminalista de Lyon, Edmond Locard surge como uma forte interlocução intelectual dos editores e colaboradores do Boletim Policial. A própria avaliação inconclusiva de Elysio de Carvalho tinha como justificativa teórica uma citação de Locard. Se em casos de falsificação por meio de raspagem ou sobrecarga “o perito pode produzir provas que dão uma certeza física, nos casos de verificação de escrita propriamente dita, não dá no máximo senão quase certeza, oferecendo apenas presunções morais452”.

Neste viés que a obra de Locard ganhou espaço nas páginas do Boletim Policial, abrindo uma nova dimensão analítica para uma expertise policial: os estudos sobre a escrita criminosa. A emergência da figura do policial escritor trazia consigo uma segunda personagem que seria ao mesmo tempo seu objeto e seu reverso – o criminoso que escrevia –, que justamente através da prática escrita forjava formas de burlar as leis453. Artigos como “Perícia Gráfica”454 e “Laboratórios de Polícia e a Instrução Criminal”455 foram traduzidos para o período policial brasileiro trazendo como tema a falsificação de escritos por criminosos. Surgia assim saberes cada vez mais técnicos – utilizando reativos, iluminações em transparência, exames microscópicos – que seriam capazes de detectar falsificações escritas feitas por raspagem, sobrecarga ou mesmo por imitação grafológica. Nestes textos, destacava-se ideia de uma conexão entre o agente policial que estaria nas ruas, os delegados que agiriam na burocracia policial e aquele responsável pelas análises periciais do espaço do laboratório. Tal hierarquia que conectava o espaço da rua

452 CARVALHO, Elysio de. O Laudo de perícia gráfica da Tragédia rua Januzzi nº13, p.13. 453 ARTIÈRES, Philippe. La policie de l’écriture: l’invention de la déliquance graphique (1852- 1945), p.18

454 LOCARD, Edmond. Perícia Gráfica. In: Boletim Policial, ano VI, nº10/11/12, out.- dez. 1912, p.

304-311.

455 Id. Laboratórios de polícia e instrução criminal. In: Boletim Policial, ano VII, nº5, maio de 1913,

p. 89 – 105. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 1512190/CA

com o do laboratório policial era defendida como um projeto capaz de controlar as práticas criminosas que tinham a escrita como seu modus operandi.

No entanto, o diálogo de Elysio de Carvalho com os escritos de Locard de longe se restringia a uma importação de saberes franceses para a polícia brasileira. Ao contrário, a relação entre intelectuais se mantinha através de intercâmbios concretos que conectavam as polícias de Lyon e do Rio de Janeiro. Em carta dirigida a Elysio de Carvalho, Edmond Locard convidou o diretor do Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro a apresentar os principais trabalhos desenvolvidos por esta divisão policial na seção de “Polícia das cidades e Laboratórios de Polícia” que ocorreria na Exposição Internacional e Urbana de Lyon. Neste evento foi reservada uma ala especial para os trabalhos de polícia científica, incluindo os estudos sobre falsificação de dinheiro. O Boletim Policial foi citado por Locard, como um material de notoriedade produzido pela repartição policial carioca que seria de grande interesse para composição desta Exposição.456 A revista oficial do Gabinete de Identificação que foi enviada a Exposição de Lyon apresentava assim uma terceira função: além de divulgar as produções criminalísticas da polícia do Rio Janeiro e funcionar como um material pedagógico para os seus funcionários, o

Boletim tornava-se um instrumento de cooperação policial, capaz de consolidar a

inserção da instituição carioca em uma rede internacional.

Neste sentido, com o intuito de divulgar e consolidar estes intercâmbios entre o Laboratório de Policial de Lyon e o Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro que Elysio de Carvalho publicaram a comunicação que enviou a ‘Exposition Internationale Urbaine’ como uma das brochuras da Biblioteca do Boletim

Policial457. O esforço de aprofundar as relações “com eminentes profissionais

estrangeiros” foi registrado no relatório escrito pelo diretor do Gabinete de Identificação ao Chefe de Polícia do Distrito Federal.458 Em sua comunicação a Exposição de Lyon, Elysio de Carvalho procurou traçar um histórico sobre o Gabinete de Identificação, colocando a introdução da datiloscopia como um marco fundador desta seção policial. Com o objetivo de apresentar o departamento policial

456 EXPOSIÇÃO Internacional e Urbana de Lyon. In: Boletim Policial, ano VII, nº7, julho de 1913,

p.258-259.

457 CARVALHO, Elysio de. L’organisation et de fonctionnement du Service d’Identification de Rio de Janeiro.

458 CARVALHO, Elysio de. Relatório do Diretor do Gabinete de Identificação e de Estatística,

correspondente ao ano de 1912, apresentado ao Ex. Sr. Chefe de Polícia do Distrito Federal. In:

Boletim Policial, ano VII, nº1/2/3, jan.- mar. 1913, p. 21.

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carioca ao público europeu, listou os diferentes saberes e campos de atuação desta repartição: desde inspeções fotográficas em lugares de crime, a identificação de criminosos e cadáveres, junto à organização de estatísticas criminais e a própria elaboração do periódico do Boletim Policial. Espécimes de falsificações de cheques e papel moeda brasileiros foram enviados à Exposição, assim como, amostras de escritas falsificadas apreendidas pela polícia do Rio de Janeiro459. Tais intercâmbios concretos entre o Gabinete de Identificação da capital federal e o Laboratório de Polícia Científica de Lyon evidenciavam como se forjava um mapa internacional de polícias científicas, no qual países da América Latina ganhavam maior visibilidade. Não por acaso, em citação a Locard, Elysio de Carvalho registrou como era percebido pelo perito de Lyon o avanço dos países latino-americanos no campo de polícia científica.

Mais uma vez o bom exemplo chega a nós através dos países da América Latina. Estes jovens países tem a energia necessária para modificar radicalmente, quando necessário, seu funcionamento administrativo. (...) Contentemo-nos em admirar o espírito de iniciativa destes renovados latinos do outro lado do Atlântico e de aplaudir a sabedoria de suas instituições460·.

Tais falas que muitas vezes obedeciam a uma série de procedimentos discursivos elogiosos – por justamente tentarem construir formas de cooperação policial – poderiam mascarar as hierarquias existentes entre as polícias da Europa e da América Latina. No entanto, a fala de Locard revelava intensas dinâmicas transatlânticas que afetavam, desde finais do século XIX, a construção das polícias sul-americanas. Tais artefatos que circulavam em exposições internacionais de polícia científica, tanto projetavam a polícia carioca no campo criminalístico internacional, como contribuíam para compor os materiais de polícia destes países. Não por acaso, o estudo publicado no Boletim Policial e enviado a Exposição de Lyon foi publicado nos Archives d’Antropologie Criminelle indicando um momento de consagração da figura de Elysio de Carvalho no campo criminalístico francófono de polícia científica461.

459 CARVALHO, Elysio de. L’organisation et de fonctionnement du Service d’Identification de Rio de Janeiro, p. 21.

460Ibid., p. 28. [tradução da autora]

461 Id. L’organisation et le fonctionnement du Service d’Identíté de Rio de Janeiro. In: Les Archives d’Antropologie Criminelle, Paris: A. Rey & MASSON , nº29, 1914, p. 788-803.

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Fundada em 1886 pelo criminalista francês Alexandre Lacassagne, os Archives d’Anthropologie Criminelle foram a primeira revista acadêmica de língua francesa dedicada aos estudos de criminalística. A publicação no periódico, que constava com os ensaios e debates científicos produzidos internacionalmente, mostrava como este campo policial constituía-se não apenas pela difusão de saberes europeus para os centros latino-americanos, mas por polos de produção de conhecimentos diversificados, cujos países sul-americanos eram algo mais do que simples receptores de conhecimentos. No entanto, se as dinâmicas transnacionais eram um eixo central dentre os laboratórios de polícia científicas do mundo, enfrentar as disparidades locais e as dificuldades de articulação entre as polícias regionais tornava-se um desafio para construção das instituições de polícia em uma escala nacional.

Em meio a este desafio, que em 1912 representantes das polícias dos estados brasileiros reuniram-se em um Primeiro Convênio Policial. Se as práticas discursivas do Boletim Policial visavam garantir a inserção do Gabinete de Identificação no campo da polícia internacional, tornava-se também necessário estruturar as práticas de polícia científica no território nacional.

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