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Foram entrevistadas cinco mães de seis crianças da sala de JI. As respectivas famílias constituem uma boa ilustração do grupo em presença, embora não tenha sido possível contactar familiares de crianças residentes na serra. Assim, as famílias entrevistadas distribuem-se por níveis de escolarização elevados, licenciados com especializações, e outros mais baixos, pais e mães com 6.º, 9.º e 12.º anos (Quadro 1). As profissões são diversas: economistas, professores, técnicos de informática, empreiteiros, empregados de construção civil e operadoras de caixa. Há mães que se encontram temporariamente desempregadas. As famílias entrevistadas têm entre 1 e 3 filhos, sendo os mais novos crianças de 1 e 2 anos, e os restantes com idades escolares, tendo os mais velhos entre 7 e 8 anos de idade. Das 5 famílias, 3 têm computador e 2 não, uma delas por opção.

As mães entrevistadas foram unânimes relativamente ao interesse da utilização do computador para o desenvolvimento e educação dos seus filhos. Contudo, as razões evocadas foram várias. Por um lado, há a perspectiva que associa a utilização do computador a um desenvolvimento pleno das crianças. Como refere uma mãe, “4

anos e já vai assim! Aprende rápido com o computador” (mãe da J.). Do mesmo modo,

a mãe da I. afirma que o bom desenvolvimento da filha também se deve à utilização do computador em casa e na escola e constitui, aliás, uma área de investimento parental.

Outras perspectivas relacionam-se com a necessidade de preparar os filhos para as outras etapas escolares, designadamente para as exigências do ensino formal: “é

importante usarem o computador, antigamente éramos mais atrapalhados, íamos para a escola e não sabíamos nada, agora vão mais evoluídos, mais desenvolvidos” (mãe do

L.); e ainda, de modo mais genérico, a preparação dos filhos para a vida adulta no mundo actual onde a utilização dos computadores constitui ferramenta essencial, como refere a mãe da J., “é útil para o futuro dela”.

Quadro 1 – Caracterização das famílias por grupo socioprofissional, constituição do agregado familiar e posse de computador Caracterização das famílias entrevistadas Família J. (rapariga) Família I. (rapariga) Família F. (rapaz) e L. (rapariga) Família L. (rapaz) Família M. (rapaz) Pai Nível Escolaridade

12.º ano Licenciatura 6.º ano 10.º ano Licenciatura

Profissão Empreiteiro Economista Empregado

construção civil Trabalhador da construção civil Professor de Informática Mãe Nível Escolaridade

9.º ano Licenciatura 12.º ano 6.º ano Frequência

Universitária Profissão Empregada de cozinha Professora (não colocada) Operadora de máquina de supermercado Desempregada Secretária

Filhos Idades 2 e 4 anos 1 ano e 4 anos 5 anos e 8 anos 1 ano, 5 anos e 7

anos

5 anos

Sexo 2 raparigas 1 rapaz e 1

rapariga 2 rapazes e 1 rapariga 2 rapazes e 1 rapariga 1 rapaz

Computador em casa Não Sim, com ligação

à Internet

Não Sim, com ligação

à Internet

Sim, com ligação à

Quanto ao momento e contexto mais adequado ao início da utilização do computador, as perspectivas familiares divergem. Sobre o contexto de iniciação, a escola parece recolher consenso e todas afirmam que é vantajosa a iniciação com o enquadramento da equipa pedagógica do JI. Há famílias que preferem que os filhos iniciem a utilização do computador na escola, adiando o uso e a aquisição do computador em contexto doméstico; uma das mães afirma que, até à entrada do filho mais velho no 5.º ano de escolaridade, não pretendem adquirir computador para casa (mãe da L. e do F.).

As mães das famílias com nível de escolaridade mais elevado defendem mais veementemente a iniciação precoce na utilização do computador, como refere a mãe de M. “hoje em dia é importante, eu só mexi quando fui para a universidade, agora na

1ª classe já pedem que façam pesquisa” (mãe do M.). Estas mães entendem que a

iniciação deve dar-se quando a criança manifestar interesse e curiosidade e que será mais vantajosa se ocorrer em casa e na escola, em simultâneo. Sublinham ainda que, para as crianças que não têm computador em casa, é de facto uma vantagem significativa se a escola o garantir. Esta ideia é corroborada pela mãe do L. que manifesta mesmo a necessidade de ser apoiada pela escola nesta dimensão da educação do seu filho: “é bom usarem em casa e no JI, aqui podem explicar melhor,

sabem como usar” (mãe do L.).

Sobre os eventuais perigos associados à utilização do computador, a totalidade das mães demonstra preocupação moderada. Algumas encontram-se pouco informadas sobre os eventuais riscos, como uma mãe que afirma, com alguma ironia, que “estamos sossegados porque eles estão sentados em casa, mas ouvimos sobre os

chats e as salas de conversação, e saber que há pessoas que se infiltram mesmo para marcar encontros com eles, aí, eu digo ao meu irmão, tem lá cuidado com isso!” (mãe

da J.). O acesso à Internet é o aspecto mais referenciado como perigoso. As famílias revelam que as suas estratégias de precaução e protecção dos filhos contra os eventuais perigos se apoiam na supervisão parental, como descrevem: “há perigo sim,

tem que ser acompanhado pelo pai” (mãe do L.).

Outros perigos foram apontados, como a utilização exagerada, designadamente se não houver controlo do tempo dispendido em frente ao computador: “podem ter problemas de saúde, de visão, por exemplo, e há a Internet,

claro, tem que ser acautelado” (mãe da I.). A mãe do M., na tentativa de evitar

jogo por dia” (mãe do M.).

As mães referem que os filhos manifestam alguma autonomia na utilização do computador em casa, sobretudo na selecção dos programas e funcionalidades pretendidas, com a supervisão parental ou de irmãos e tios. Como refere uma das entrevistadas: “Ela sabe manusear muito bem o computador, na casa da avó tem, e vai

para o Paint, ela deve aprender aqui [JI] e também com o tio, que tem 12 anos” (mãe

da J.). Outra mãe revela que o filho mais velho tem computador no quarto mas não o utiliza sozinho: “o pai está sempre com eles, usam para fazer jogos” (mãe do L.). Relata ainda que “o meu marido fez agora um curso com a Junta de Freguesia, usa mais para

o trabalho, para os orçamentos, e gostamos de usar a Internet para ver coisas, às vezes com os filhos, eles estão lá sempre, tenho um irmão de 17 anos que ajuda” (mãe do L.).

No caso do M., este usa o computador na companhia dos pais se utilizar a Internet, mas sozinho quando se trata de jogos ou visionamento de filmes, como a mãe relata “ele às

vezes vai sozinho e escolhe um DVD para ver no quarto dele, sentadinho na cama”

(mãe do M.).

Algumas famílias utilizam o computador quotidianamente. Por isso, estas famílias fazem um investimento significativo adquirindo programas e procurando informação sobre os produtos informáticos de interesse pedagógico. Como explica uma mãe, em casa utilizam o computador como instrumento de trabalho e de lazer, sublinhando as potencialidades da Internet (mãe da I.). Neste caso adquiriram programas específicos para a filha, consultam com ela sites de “interesse didáctico”. A I. utiliza o computador na companhia do pai ou da mãe: “sempre com supervisão, e pode ser preciso ajudá-la

em qualquer coisa” (mãe da I.). Na casa do M. há vários computadores que todos

utilizam, para o trabalho e para o lazer. Em particular para o M., os pais adquiriram jogos e consultam sites infantis com o filho.

Relativamente à utilização do computador na escola, as mães consideram uma vantagem, sublinhando que constitui um modo eficaz e adequado para o desenvolvimento de aprendizagens diversas, associadas ao prazer e gosto que os seus filhos manifestam. Como referem: “eles aprendem, pesquisam e divertem-se, é bom que

usem” (mãe da J.); “eles falam é dos jogos (...) eles com o computador aprendem”

(mãe da L. e F.). Uma mãe relata que a filha gosta de utilizar o computador na escola, e os pais sentem-se satisfeitos com esta oportunidade que não existia no JI que a I. Frequentou anteriormente.

KidSmart. Reconhecem a Estação e identificam a utilização comum da mesma: “Não conheço mas vejo que jogam muito, vejo quando a venho buscar, como hoje” (mãe

da J.). Contrariamente, todas conhecem o blog e as que não o visitam regularmente lamentam o facto. Consideram o blog uma iniciativa muito positiva pela informação disponibilizada e uma oportunidade para se manterem informadas sobre as actividades que se desenvolvem no JI. Descrevem o blog como uma boa fonte de informação na medida em que “é bem organizado, informa muito, é muito engraçado, gosto muito de

o ver também com a I, ela também adora” (mãe da I.). A mãe do M. Visita o blog para

ver os trabalhos das crianças e a mãe da J., outra visitante assídua, gosta de ver as fotografias da filha. Contudo, embora visitantes habituais não deixam comentários. Uma mãe afirma preferir deslocar-se à sala e conversar com a educadora se tiver algum assunto a tratar (mãe do L.).

No documento Relatório de Avaliação do programa KidSmart (páginas 103-107)