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PROJECTOS PARA UM TERCEIRO ANO COM O KIDSMART

No documento Relatório de Avaliação do programa KidSmart (páginas 175-180)

A apreciação geral sobre a integração no Programa KidSmart é muito positiva para todos os participantes envolvidos. Não havendo qualquer experiência prévia de recurso ao computador no trabalho com as crianças, o impacto do Programa é facilmente identificado. As crianças continuam a revelar alguma preferência pela Estação, apesar da necessidade e interesse em explorar softwares novos que comportem novidade e dificuldade. Os pais valorizam e apostam na utilização de computadores, associando essa situação ao Programa. Os educadores reconhecem o papel crucial que a sua participação desempenhou para a actual relação e aproveitamento das potencialidades e funcionalidades do computador e das TIC, quer no contexto profissional quer em termos pessoais. Foi uma verdadeira “revolução que forçou à utilização” (educadora Margarida), dando resposta a necessidades há muito sentidas e permitindo encontrar desafios em termos de articulação mais estreita com a prática pedagógica.

Na perspectiva dos educadores, a formação representa um ponto de viragem e de apoio muito importante para o actual estado de conforto com a utilização das TIC. Para além de dar resposta a necessidades sentidas, serviu de valorização para ambos os educadores que, depois de se sentirem desafiados pela exigência da formação, conseguiram realizar um trabalho muito valorizado, motivo de orgulho para ambos. Parte desse sentimento positivo advém da forma como as crianças foram envolvidas em todo o processo de realização. As linhas orientadoras da formação estão bem presentes na forma como gizaram e concretizaram o trabalho com o software KidSmart, preparando e contextualizando as aprendizagens dos vários jogos.

No segundo ano de presença da Estação no JI, as referências ao KidSmart deslocaram-se para o que pode ser considerado como “efeitos secundários”. Depois de um ano de trabalho em que os esforços se focaram na exploração da Estação e nas aprendizagens com ela relacionadas, o projecto do Agrupamento ocupou o lugar central das decisões curriculares. Perante uma situação que poderia ter resultado num enfraquecimento do investimento educativo nas TIC, a participação no Programa

KidSmart revelou outra face do seu impacto: na perspectiva de educadores, pais e

crianças, foi o KidSmart que conduziu a um interesse relevante pela informática e a um desejo de continuar a aprender, que sustentaram no JI a realização de sessões específicas de informática.

Este desenvolvimento, embora contrarie a premissa de que a utilização das TIC não deve ser descontextualizada do quotidiano vivido no JI e das restantes actividades educativas, integrando a planificação e organização dos processos de ensino e aprendizagem, não encerra a totalidade do impacto do Programa nas práticas dos educadores e na vida do JI. O recurso às TIC para a realização do projecto sobre a Suécia e a sua utilização frequente no quotidiano do JI demonstram uma apropriação mais naturalizada da tecnologia na prática dos educadores.

Tendo já conseguido uma interessante integração de recursos tecnológicos no trabalho desenvolvido, valorizando tanto a área cognitiva como a social, os educadores expressaram o projecto de tornar as TIC centrais na sua planificação do próximo ano lectivo. A ideia, que ainda se encontra em fase de preparação, seria organizar uma rede de comunicação via correio electrónico, videoconferências e

Internet, à semelhança do que já existe para os educadores com colegas seus, entre

salas de JI e outros parceiros porque “já que nos deram os meios, era interessante as crianças começarem a tirar mais partido” (educadora Margarida). Um segundo

projecto para o próximo ano, visando a necessidade de alguma formação específica, é a criação da página do JI na Internet que também se insere na ideia de utilizar a tecnologia para estabelecer laços com o exterior.

Encontrando-se em discussão e preparação em Conselho de Docentes a construção de portefólios de aprendizagem com as crianças para o próximo ano lectivo, ambos os educadores tencionam criar uma versão digital desse instrumento de avaliação. A concretização dessa possibilidade ainda provoca algum receio por falta de conhecimento sobre suportes ou plataformas de portefólios digitais mas os educadores perspectivam, também para a avaliação das crianças, o computador como parte da sua prática. Fica a ideia que, no caso de um investimento na utilização de portefólios, não será o formato digital que os preocupa.

Embora estes projectos não incluam directamente a utilização da Estação

KidSmart, é defendido pelos educadores que foi o Programa que lhes deu a

capacidade de o pensar, a segurança para o iniciar e a competência para o concretizar. O principal objectivo do Programa KidSmart, de “apoiar educadores de infância no desenvolvimento do uso aprofundado de novas tecnologias na envolvente da primeira fase da educação” (IBM e Ministério da Educação, 2006) encontra aqui indicadores de sucesso.

A Estação, enquanto equipamento informático, encontra menos destaque nos projectos para o próximo ano lectivo. Embora seja perspectivada a possibilidade de manter a Estação operante para iniciar as crianças mais novas e as que frequentarão o JI pela primeira vez na utilização do computador, os problemas técnicos (som, impressão) que se verificam e o desconhecimento sobre quem garante o apoio técnico e como o solicitar são referidos como dificuldades para que essa situação se concretize. A relação afectiva das crianças com a Estação, que continuam a ver como o “seu” computador, pesa na decisão de a manter ligada na sala dos computadores. A possibilidade de surgirem novos softwares, com a mesma qualidade dos que vieram instalados, é muito apreciada e tida como garantindo o ressurgimento do interesse de todas as crianças pela Estação.

A realização deste estudo de caso no JI em causa criou ainda motivação para algumas das utilizações do software e da Estação, previstas no manual e/ou incluídas no guião da entrevista, que foram discutidas com os educadores no decorrer das entrevistas e que os educadores relacionam também com pistas que vão surgindo e sendo discutidas pelos participantes no Moodle da antiga Equipa Computadores, Redes

e Internet na Escola – CRIE (actual Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas/Plano Tecnológico de Educação – ERTE/PTE) dedicado às “TIC nos JI e nas EB1”. Reforça-se a disponibilidade e atenção dedicada pelos educadores à utilização das TIC na sua prática educativa e o desejo de a complexificar e ampliar.

NOTAS FINAIS

Tanto pela localização do JI como pelos dados sobre a reduzida presença de tecnologia em casa das crianças que o frequentam, a participação no KidSmart representou um importante contributo para promover a inclusão digital, permitindo o acesso e a utilização do computador a crianças que, de outra forma, ficariam excluídas de práticas sociais importantes e do desenvolvimento de competências essenciais. Assinale-se, ainda, o impacto do Programa neste JI sobre a consciência e valorização dos pais acerca da importância da tecnologia na vida dos seus filhos.

Em termos de impacto das práticas educativas desenvolvidas, nas apreciações do trabalho realizado no primeiro ano foram realçadas as competências colaborativas e as capacidades motora e cognitiva de resolver os desafios colocados pelos jogos, enquanto a dimensão de participação na sociedade do conhecimento e do papel das TIC como elo com a família e a comunidade, local e alargada, são mais visíveis no segundo ano, com o projecto sobre a Europa. A familiarização com o computador por parte das crianças foi, sem dúvida, concretizada com sucesso.

Neste estudo de caso, destaca-se a dimensão de formação e trabalho pedagógico dos educadores: o aprofundamento de conhecimentos no domínio específico das novas tecnologias conduziu realmente a uma melhoria da intervenção pedagógica. Permitiu ainda que formatos de colaboração entre educadores de infância por via electrónica se tornassem possíveis para ambos os profissionais do JI que os valorizam bastante e que desejam alargar às crianças o potencial de aprendizagem, o entusiasmo e o gosto pela comunicação suportada pela tecnologia num projecto a realizar no próximo ano lectivo. A colaboração conseguida entre os dois educadores do JI em torno do projecto do presente ano, centrado na Europa, constituiu uma demonstração, dentro do Agrupamento e para a comunidade local, de que um JI a

trabalhar com as TIC realiza explorações ricas, bem conseguidas e relevantes para o futuro das suas crianças.

A participação no Programa KidSmart envolveu os educadores em novos desafios, aceites na sequência de uma aspiração, já existente, de melhoria da prática educativa e na disponibilidade para valorização da utilização da informática nessa mesma prática. Ao longo dos dois anos, os profissionais demonstraram compromisso com o desenvolvimento e continuidade do Programa e motivação para responder ao repto apresentado. O seu investimento profissional, a receptividade dos pais a todo o processo e a capacidade e interesse das crianças permitiram que o Programa KidSmart, neste JI, conseguisse promover e apoiar o desenvolvimento de competências no domínio da informática, aliando uma intervenção nas capacidades cognitivas e práticas à promoção de disposições positivas relativamente à tecnologia. Novos projectos se seguem, graças ao KidSmart.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Pereira, L. (2008, 15 de Maio). Semana da Europa foi um sucesso. Notícias de Vouzela. Retirado em Agosto 17, 2008, de http://www.noticiasdevouzela.com/jornal/ index.php?option=com_content&task=view&id=1305&Itemid=46

Plowman, L., & Stephen, C. (2007). Guided interaction in pre-school settings. Journal of

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