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2 A pesquisa e sua trajetória

2.3 O referencial teórico-metodológico

2.3.2 As fontes

A pesquisa aqui descrita é de natureza bibliográfica e documental, com apoio também em fontes orais e em observações de campo, ancorada principalmente nos fundamentos metodológicos de Alberti (1989; 2005; 2010), Chartier (1990; 2002; 2009), Neto (1992) Ferreira e Amado (1996), Becker (1999), Catroga (2001), Hunt (2001), Ragazzini (2001), Le Goff (2003, 2005), Pesavento (2004), Barros (2005), Severino (2007), Burke (2008; 2011), Pinsky e Luca (2009), Pinsky (2010), Marconi e Lakatos (2010), Certeau (2011), Geertz (2011), Gil (2011) e Novais e Silva (2011)40.

Para a sua concretização busquei inspiração nas proposições de Barros (2005). De acordo com este autor, do ponto de vista metodológico, a tarefa do historiador compõe-se de duas dimensões básicas: a dimensão empírica, caracterizada pela escolha e recolhimento das fontes, e a dimensão analítica, que se traduz pela interpretação das fontes, segundo o referencial teórico adotado. Nesta seção optei em apenas apontar as fontes que utilizei para a realização da pesquisa proposta, justificando a sua escolha e reservando para o próximo item a discussão em torno da metodologia usada para a sua utilização.

No entanto, é preciso dizer que vejo as fontes como discursos que remetem ao fato de que tratam, mas que não são a imagem objetiva desse fato. Em relação ao documento, por exemplo, é possível afirmar que ele “não é o reflexo do acontecimento, mas que é ele mesmo um outro acontecimento, isto é, uma materialidade construída por camadas sedimentadas de interpretações” (JENKINS, p. 11).

De acordo com Pinsky (2010, p. 7), “fontes têm historicidade: documentos que ‘falavam’ com os historiadores positivistas talvez hoje apenas murmurem, enquanto outros que dormiam silenciosos querem se fazer ouvir”. Então, procurei me valer não apenas de documentos no sentido clássico do termo e de fontes orais, mas também da própria literatura espírita para atingir o objetivo central da investigação que me propus realizar, bem como de obras literárias que buscam combater a doutrina

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Estes são alguns dos autores que fundamentam o encaminhamento metodológico da pesquisa, enquanto outros, que adiante serão citados, fundamentam a composição e a análise das categorias com as quais trabalhei.

espírita, como no caso dos livros do frei Boaventura Kloppenburg, citados anteriormente.

Por ‘literatura espírita’ entendo o conjunto de escritos que tem por finalidade divulgar a doutrina espírita e explanar os seus conceitos doutrinários, sendo que muitos dos trabalhos nessa área são creditados a autores espirituais, como no caso dos livros psicografados41 e daqueles que apresentam coleções de mensagens psicofônicas42.

Como o objetivo deste trabalho não é discutir se esses livros são, de fato, ditados por espíritos, tomo-os como são apresentados dentro do campo espírita, ou seja, como fruto da psicografia e da psicofonia, sem emitir juízo de valor sobre a origem desses fenômenos. Logo, quando me reporto a essas obras, digo que o seu conteúdo foi assinado por determinado espírito e psicografado ou psicofonado pelo médium indicado na publicação. Portanto, aponto o médium responsável pela obra e o seu autor espiritual. Assim, jamais afirmo que um determinado texto atribuído a uma entidade espiritual ‘teria sido’ ditado por esse espírito, e sim que o mesmo ‘foi’ transmitido pelo autor espiritual ao qual ele é atribuído, já que é desta forma que estas produções literárias são vistas dentro do universo cultural espírita. Uso o mesmo critério para as chamadas ‘mensagens mediúnicas’, sejam elas cartas psicografadas ou mensagens psicofônicas publicadas nos diversos periódicos espíritas com os quais trabalhei.

No que se refere à relação da História com a Literatura e a utilização de obras literárias como ‘fonte’ pelos historiadores, Ferreira (2009) discute o quanto é difícil definir os ramos literários e até mesmo o que se enquadra como literatura nos dias de hoje, isso graças ao fenômeno que assistimos de proliferação de estilos e mesmo de textos, em razão do grande crescimento da imprensa e seus meios de divulgação, como a internet.

Contudo, creio que particularmente no Brasil, país em que o espiritismo mais se desenvolveu, é plenamente possível falarmos em ‘literatura espírita’, já que

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Psicografia: De acordo com o espiritismo, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens sob a ação dos espíritos. Pode ser mecânica, semi-mecânica ou intuitiva (KARDEC, 2013b [1861]).

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Psicofonia: De acordo com o espiritismo, é a capacidade atribuída a certos médiuns de falar sob a ação dos espíritos. Pode ser consciente ou inconsciente. Também é denominada de incorporação (KARDEC, 2013b [1861]).

possuímos uma infinidade de títulos que têm essa temática como base, desde manuais, até romances, além de um incontável número de periódicos destinados a debater e divulgar os princípios da doutrina organizada por Kardec a as mensagens mediúnicas recebidas por inúmeros médiuns.

Por outro lado, também são importantes para fundamentar o presente estudo as obras literárias que têm como proposta justamente o contrário, ou seja, combater o espiritismo. Conforme explicitei anteriormente, a chegada da doutrina espírita no Brasil causou uma série de reações. Alguns viam a nova doutrina como expressão de charlatanismo ou loucura, enquanto outros a percebiam como uma nova heresia, que precisava ser combatida com energia. Vários opositores do espiritismo utilizaram-se do ‘livro’ como arma de defesa e combate à novidade europeia, vista como ameaça à saúde mental, à credulidade do povo ou à religião católica.

Esses livros circularam por todo o século XX e são causa e consequência de inúmeras representações que foram construídas ao longo do tempo no Brasil sobre a doutrina espírita, em uma relação dialética. Ao mesmo tempo, esse tipo de literatura suscitou o contra-ataque dos espíritas, que, para se defender das acusações, também recorreram ao livro e aos periódicos que fundaram com esse objetivo, somado à necessidade de difundir sua doutrina. Portanto, todo esse material constitui-se como importante fonte para a compreensão do fenômeno espírita no país.

Nesse sentido, conforme assevera Ferreira (2009), as obras literárias deixam de ser vistas como mera bibliografia e passam a ser compreendidas como documentos que remetem ao passado, sendo necessário que o historiador arme-se de precaução para a sua análise, buscando situá-los em um contexto, analisando o propósito consciente ou inconsciente que orientou a sua produção, bem como o seu destino e suas sucessivas interpretações.

Ao considerar essa literatura como documento, o pesquisador a estará analisando como monumento (LE GOFF, 2003), isto é, não como uma expressão da verdade, mas como um produto social, fabricado segundo relações de poder que precisam ser explicitadas pelo historiador.

Creio que toda essa produção literária é imprescindível à tarefa de compreender o processo histórico de inserção da doutrina espírita no Brasil, as

tensões que isso provocou no campo religioso do país, o processo de constituição do Movimento Espírita Brasileiro e de construção de uma hegemonia da FEB dentro deste contexto, o que repercutiu diretamente na elaboração e na implantação do ESDE na rede de centros espíritas filiados a essa federação. Como afirma Ferreira (2009, p. 71):

Devem interessar à pesquisa histórica todos os tipos de textos literários, na medida em que sejam vias de acesso à compreensão dos contextos sociais e culturais: literatura maior ou literatura menor, escritos clássicos ou não, eruditos ou populares, bem-sucedidos no mercado ou ignorados, incensados ou amaldiçoados.

Assim, foi de grande importância para a realização desta pesquisa, na condição de fonte, a própria obra do organizador do espiritismo. Allan Kardec produziu uma extensa bibliografia, quase toda traduzida para o português e atualmente publicada por várias editoras no Brasil. Essa obra inclui livros produzidos por ele antes e depois de ter se dedicado ao estudo dos fenômenos espíritas, além de uma infinidade de artigos, publicados na ‘Revista Espírita’. Nesse conjunto, Kardec discute não apenas os princípios do espiritismo, mas, sobretudo, a proposta pedagógica da doutrina e dialoga com outros sistemas de crença de sua época, procurando demarcar a presença da doutrina espírita nos campos científico, filosófico e religioso.

Desta forma, elenquei os seguintes títulos de Kardec, com os quais trabalhei: a) Textos Pedagógicos: coletânea de textos escritos por Kardec antes de se

dedicar ao estudo dos fenômenos espíritas, na fase de sua vida em que ele atuava como pedagogo em Paris e em que se aplicava a escrever sobre educação e a ensinar na escola que havia fundado e que dirigia, com inspiração em Pestalozzi;

b) ‘O Livro dos Espíritos’: primeira obra espírita, contendo todos os princípios fundamentais do espiritismo;

c) ‘O Livro dos Médiuns’: obra que surgiu como resultado dos estudos de Kardec a respeito da mediunidade;

d) ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’: livro que aborda a feição moral do espiritismo;

e) ‘O Céu e o Inferno Segundo o Espiritismo’: obra kardequiana em que é analisado o destino da alma após a morte;

f) ‘A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo’: livro em que Kardec discute o processo de formação do universo e o caráter dos milagres e das profecias segundo a visão espírita;

g) Obras Póstumas’: coleção de textos do organizador do espiritismo publicados depois de sua morte;

h) ‘Viagem Espírita de 1862’: coleção de textos de Kardec produzidos durante a viagem de divulgação doutrinária que ele fez pela Europa em 1862;

i) ‘Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos’: essa revista foi fundada por Kardec em 1859 e continua sendo publicada na França até hoje. Contudo, utilizei o período que vai da sua fundação até a morte de Kardec, acontecida em 1869. A revista era mensal e toda a sua coleção, relativa a esse período, encontra-se disponível para consulta on-line no site da Federação Espírita Brasileira. Uma simples análise preliminar no índice remissivo dessa publicação mostra a diversidade de temas que foram tratados por Kardec ao longo dos quase dez anos em que foi o seu editor. Além dos textos de Kardec, também foram importantes para esta pesquisa não apenas o livro de Roustaing (1983 [1866]), denominado ‘Espiritismo Cristão ou Revelação da Revelação: Os Quatro Evangelhos’, assim como uma série de outros autores que discutiram essa obra e os embates ocorridos entre os ‘kardecistas’ e ‘rustenistas’ no Brasil ao longo de todo o século XX. São os principais:

a) ‘Trabalhos Spíritas de um Pequeno Grupo de Crentes’ e ‘Elucidações Evangélicas’, de Antônio Luiz Sayão (1893; 1992 [1902]);

b) ‘O Cristo de Deus’, de Manuel Quintão (1979 [1929]);

c) ‘A Personalidade de Jesus’, de Leopoldo Cirne (1983 [1943]);

d) ‘Trabalhos do Grupo Ismael’, obra em três volumes e publicada ao longo de três anos consecutivos e ‘Jesus, nem deus, nem homem’, de Guillon Ribeiro (1941; 1942; 1943; 1978 [1941]);

f) ‘Jesus perante a Cristandade’ e ‘Do Calvário ao Apocalipse’, obras ditadas pelo espírito Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e psicografadas pelo médium Frederico Pereira da Silva Júnior (1975 [1898]; 1980 [1907]). Quanto à visão defendida pela Federação Espírita Brasileira, de que o espiritismo é ciência, filosofia e religião e foi transplantado para o Brasil segundo o planejamento da espiritualidade, tendo a FEB sido fundada por espíritos missionários reencarnados com o objetivo de congregar e representar os espíritas brasileiros, três obras psicografadas por Chico Xavier (1990 [1938]; 1993 [1940]; 1995 [1939]) foram imprescindíveis para a realização desta análise. São elas:

a) ‘Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho’: livro ditado pelo espírito Humberto de Campos, onde é apresentada uma narrativa histórica do Brasil segundo a perspectiva espirita. É especialmente nessa obra que a FEB baseia-se para construir o seu discurso de entidade legitimamente encarregada de unificar e representar o Movimento Espírita Brasileiro; b) ‘O Consolador’: livro de perguntas e respostas, contendo 411 questões

respondidas pelo espírito Emmanuel sobre temas que versam sobre ciência, filosofia e religião;

c) ‘A Caminho da Luz’: livro ditado pelo espírito Emmanuel, em que se apresenta uma espécie de história da humanidade à luz do espiritismo. Também nessa obra, muito citada pelos febianos, é possível encontrar menções sobre o papel do Brasil em relação ao espiritismo e da própria FEB, no que se refere à doutrina e ao Movimento Espírita Brasileiro.

No que diz respeito ao que denominei no item anterior como sendo ‘literatura engajada’, todos os títulos citados foram importantes para este estudo, não apenas como referências, mas também como fontes e não vou citá-los novamente por acreditar que isso seria uma redundância.

O mesmo se aplica especificamente em relação às obras escritas com o propósito de combater o espiritismo no Brasil, quer seja associando-o à loucura, ao charlatanismo ou à heresia, que também já foram citadas anteriormente. Trata-se de uma seleção, é verdade, entre aquelas que me parecem as mais significativas, quer pelo seu alcance junto ao público leitor, ou mesmo por sua autoria, que lhes

creditou, ao menos na época em que foram escritas, uma certa autoridade diante dos leitores.

Ao longo da pesquisa também trabalhei com vários periódicos, como as revistas ‘Reencarnação’, órgão oficial da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, e ‘Reformador’, da FEB. Esta revista é o órgão de imprensa oficial da Federação Espírita Brasileira e um dos mais antigos periódicos em circulação no Brasil, já que foi fundada em 1883 e circula de forma ininterrupta daquele ano até hoje. Tive acesso à coleção completa da revista ‘Reformador’ na sede da FEB, em Brasília, onde estive no mês de novembro de 2013, durante uma semana, pesquisando em sua Biblioteca de Obras Raras, que contém uma coleção de 20 mil volumes e coletâneas completas de diversos periódicos espíritas brasileiros e estrangeiros. Nesta biblioteca existem exemplares extremamente raros de livros espíritas há muito esgotados, bem como uma ampla coleção de documentos da instituição, a que tive pleno acesso.

Quanto à revista Reencarnação, pude manusear os números que interessavam para esta pesquisa no arquivo do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA), local em que nasceu o embrião do ESDE e onde atuam até hoje os criadores do programa. Estive no CCEPA em duas oportunidades ao longo do ano de 2013, ocasião em que pesquisei em seu arquivo, realizei observações e gravei entrevistas43.

Nas páginas de ‘O Reformador’ o processo de constituição e implantação do ESDE na rede federativa foi inúmeras vezes discutido ao longo dos últimos anos da década de 1970 e início da década seguinte, constituindo-se de valioso material para a concretização dos meus objetivos. Além disso, as tensões no interior da FEB, principalmente entre ‘científicos’ e ‘místicos’ e ‘kardecistas’ e ‘roustainguistas’, também transparecem nos artigos publicados nesta revista, constituindo-se em uma fonte extremamente rica para se compreender as representações acerca do espiritismo que se constituíram desde a inserção no Brasil da doutrina organizada por Kardec.

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Como o trabalho aqui descrito se trata de uma pesquisa sócio-histórica, utilizei-me também de diário de campo quando fiz as visitas na FEB e no CCEPA, tomando por referencial Neto (1992), Becker (1999) e Geertz (2011), conforme será discutido no próximo item deste capítulo.

A Federação Espírita Brasileira também edita normas e diretrizes para o Movimento Espírita Brasileiro, além de documentos institucionais que se constituíram em fontes para a minha investigação. Tive acesso a todos esse material na sua Biblioteca de Obras Raras, em que selecionei os seguintes documentos e publicações institucionais:

a) Primeiro Livro de Atas da Federação Espírita Brasileira, contendo a ata da reunião preparatória para a sua fundação em 1883 e a sua ata de fundação, ocorrida em 1884;

b) Coleção completa dos Estatutos da Federação Espírita Brasileira, do primeiro, de 1884, ao último, de 2003;

c) Coleção dos Anais do Conselho de Associações Federadas do Distrito Federal, de 1938 a 1943;

d) Normas para as Sessões Públicas de Estudos Doutrinários e para as de Manifestações Sonambúlicas adotadas pelo Conselho de Associações Federadas do Distrito Federal e aprovadas pela Diretoria da Federação, de 1940;

e) Publicação ‘Memória Histórica do Espiritismo’, de 1904;

f) Publicação ‘Livro do Centenário: resenha das festas e trabalhos realizados por iniciativa da Federação Espírita Brasileira para comemorar o centenário de Allan Kardec’, de 1906;

g) Publicação ‘As Curas Espíritas e Sua Legitimação Perante a Lei: Peças dos Processos Instaurados no Juízo dos Feitos da Saúde Pública contra a Federação Espírita Brasileira e o médium receitista Domingos de Barros Lima Filgueiras’, de 1907;

h) Publicação ‘Esboço Histórico da FEB’, de 1912;

i) Publicação ‘Regimento do Conselho Federativo da Federação Espírita Brasileira’, de 1926;

j) Publicação ‘Grupos Espíritas: sua organização e fins, de acordo com a orientação seguida pela Assistência aos Necessitados da Federação Espirita Brasileira’, de 1933;

k) Publicação ‘Organização Federativa do Espiritismo: Regulamento de adesão das sociedades espíritas à Federação Espírita Brasileira’, de 1947; l) Publicação ‘Orientação ao Centro Espírita’, de 1980.

No arquivo do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre tive acesso aos seguintes documentos da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, com os quais trabalhei:

a) ‘Normas para os Trabalhos do Departamento de Assistência Espiritual da Sociedade Espírita Federada’, de 1978;

b) Projeto original do ESDE, intitulado ‘Proposta da Federação Espírita do Rio Grande do Sul ao Conselho Federativo Nacional, Reunido na Sede da FEB, Brasília – DF, nos dias 4 a 6 de Julho de 1980’, de 1980;

c) Publicação ‘Estudo Sistematizado: conhecer mais para servir melhor. Porto Alegre’, de 1993.

É a Federação Espírita Brasileira, através de sua editora, que publica e distribui as apostilas do ESDE para todo o território nacional. Esse material igualmente se constituiu em fonte para a pesquisa, principalmente na comparação do programa atual com os anteriores.

Como já foi explicado neste trabalho, o ESDE foi originalmente proposto pela FERGS em 1978, que, na ocasião, elaborou as primeiras apostilas para a sua execução. Posteriormente, em 1983, a FEB encampou o projeto, modificou-o e editou um novo programa, que esteve em vigor até 2004. Em 2005 a Federação lançou um novo curso, remodelado, com material didático reformulado, dando continuidade ao projeto original.

Todo esse material, que se constitui em orientações aos centros espíritas, planos de aula, conteúdos para serem trabalhados nas reuniões do ESDE, atividades de avaliação e bibliografias sugeridas, tornou-se um rico material para a minha pesquisa. As apostilas atuais estão disponíveis no mercado, em três volumes (FEB, 2012). Tive acesso às apostilas originais da FERGS, editadas em 1978 em quatro volumes, no arquivo do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre e às apostilas originais da FEB, publicadas em 1983 em seis volumes e acompanhadas de um manual de aplicação, na sua Biblioteca de Obras Raras.

Somente esse material produzido pela FEB e pela FERGS já se constituiu em um conjunto apreciável de fontes para o entendimento do objeto de estudo que selecionei, bem como para se atingir os objetivos aqui elencados. Contudo, também procurei valer-me de fontes orais e relatos escritos para esta investigação, já que várias pessoas que estiveram diretamente ligadas ao processo de criação e implantação do ESDE estão vivas e concordaram em falar ou escrever sobre o assunto. Desta forma, entrevistei as seguintes pessoas:

a) Antônio Carlos Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira;

b) Armando Soares de Moura, diretor do ESDE da Comunhão Espírita de Brasília, maior centro espírita da capital federal;

c) Carlos Roberto Campetti, diretor da FEB e coordenador nacional do ESDE; d) Marta Moura Antunes, vice-presidente da FEB e uma das responsáveis

pela implantação do ESDE na FEB;

e) Milton Rubens Medram Moreira, ex-presidente da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA) e membro do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre;

f) Salomão Jacob Benchaya, ex-diretor e ex-presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, idealizador do ESDE no âmbito da FERGS e membro do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre;

g) Veridiana de Paula Reis Castro, coordenadora pedagógica do ESDE na FEB.

Também colaboraram com relatos escritos, por residirem em locais afastados ou por não estarem dispostos a gravar entrevista, os seguintes indivíduos:

a) Antônio Alfredo de Souza Monteiro, diretor da FEB na época em que o ESDE foi criado e um dos responsáveis pela elaboração do programa; b) Luciano dos Anjos, intelectual espírita que durante a década de 1970 foi

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