• Nenhum resultado encontrado

3 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNICÍPIO DE PANAMBI/RS E A

3.1 A violência contra a mulher, dados estatísticos

3.1.3 As formas de violência

A compreensão da violência contra a mulher como fenômeno complexo também exige uma análise detalhada das formas de violência a que estas são submetidas. Neste aspecto, tendo como referência a categorização trazida pela Lei 11.340 que menciona cinco grandes modalidades de violência doméstica e familiar, foram identificadas, no estudo, as ocorrências relativas a violência física (homicídios, lesões corporais, cárcere privado, sequestro, etc...), violência psicológica (ameaça, constrangimento ilegal....) violência sexual (estupro, estupro de vulnerável), violência moral (calúnia, injúria e difamação) e patrimonial (dano, roubo, etc....).

Figura 10-Tipo de Violência

Na figura 10, na qual são analisados os tipos de violência praticadas pelos denunciados, percebe-se que no ano de 2006 a violência psicológica foi a que teve maior incidência, de acordo com os registros efetuados pelas vítimas e no ano de 2014 a violência física obteve o lugar como um dos delitos mais praticados pelos agressores contra as vítimas.

Figura 11-Pedido de Medidas Protetivas

Apesar de que em 2006, primeiro ano de vigência da Lei Maria da Penha não haver muitas informações acerca dos pedidos de medidas protetivas pelas vítimas quando do registro de ocorrência, está evidente na figura onze que a busca pelas medidas protetivas foi maior no ano de

2014, sendo que foi também em 2014 que cresceu o número de vítimas que optaram por não solicitar as medidas protetivas que lhes são de direito em caso de estarem sob estado de risco.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 2006 2014

Figura 12- Relação como agressor

Quanto à relação existente entre a vítima e seu agressor, percebe-se que no ano de 2006 os cônjuges das vítimas eram em sua maioria os autores das agressões, enquanto em 2014 os companheiros passaram a ser os agressores preferenciais. Porém é importante mencionar que os registros de ocorrências de violência doméstica efetuados pelas vítimas contra seus companheiros na união estável sempre foram em maior número que o dos casamentos civil.

0 2 4 6 8 10 12 2006 2014

Figura 13- Bairro onde ocorreram as agressões

Com relação ao bairro onde ocorreram as agressões, nota-se que o Bairro Centro teve o maior número no ano de 2006, mantendo o posto no ano de 2014.

Outrossim, é visível que no ano de 2006, os bairros Alto Paraíso, Arco-Íris, Centro, Feinsterseifert, Italiana, Loteamento Alves Klasener I, Piratini e Zona Norte foram os locais onde mais ocorreram as agressões, sendo que no ano de 2014, os bairros com maiores casos de ocorrências foi o Alto Paraíso, Alvorada, Arco-Íris, Centro, Erica, Esperança, Pavão, Piratini e Zona Norte.

É interessante mencionar que no ano de 2014, houve um crescente aumento de locais com maior incidência das agressões, diversos dos já mencionados no ano de 2006, sendo que se baseando nos dados constantes no censo IBGE/2010, ficou contatado que nos bairros Alto Paraíso, Arco-Íris, Centro, Piratini e Zona Norte, locais estes que apareceram nos anos de 2006 e 2014, correspondem a população 2,14%; 11,26%; 7,48%; 5,76% e 8,30%, da população do município de Panambi/RS, respectivamente.

Dessa forma, com a pesquisa realizada por meio de consulta e coleta de dados retirados de ocorrências policial efetuadas por vítimas de violência doméstica, tendo as informações captadas inseridas em planilhas divididas no ano de 2006 e 2014, é percebível que houveram significativas e preocupantes mudanças nos casos registrados de violência de

gênero, uma vez que nesses oito anos de intervalo, tanto a faixa etária de vítimas como de agressores diminuiu, dando a compreender que essa prática tão repudiável vem se disseminando através dos anos e tem envolvido personagens cada vez mais jovens, o que sugere que a cultura patriarcal e machista continua forte e presente na vida das pessoas, inclusive as mais jovens, dando margem para tal situação.

Também, há uma elevação no grau de escolaridade das vítimas e dos agressores, os quais passaram de ensino fundamental para ensino médio, devendo ser salientado o aumento no número de agressores com ensino superior, deixando cair por terra a ideia de que a educação/instrução afasta pessoas de atos de violência, desigualdades, entre outros maus presentes na sociedade e que eram vistos como causas de existir a ignorância intelectual.

Ainda, um dado que chama atenção de uma forma alarmante é que nesses oito anos a violência psicológica (ameaça, constrangimento ilegal...), a qual era um dos delitos mais praticados pelos agressores contra as vítimas, foi substituído pela agressão física (lesão corporal, vias de fato, estupro...), demonstrando que a lei ainda não atingiu o ápice de sua efetividade, pois os agressores estão cada vez mais ousados ao apelar para uma das formas mais condenáveis e destrutivas de violência existente em uma relação entre a vítima e agressor, uma vez que para que haja configuração, toda violência doméstica traz em seu histórico relações de amor, carinho, afeto ou convivência entre as partes.

A economia do município de Panambi/RS sempre foi movimentada pelas indústrias e seu polo metal-mecânico, restando comprovado pela pesquisa que os indivíduos, em especial os agressores trabalham em sua maioria nesses setores, os quais considerados como braçais e não intelectuais.

Por fim, os dados coletados junto a Delegacia de Polícia de Panambi demonstram uma significativa diminuição nos casos registrados de violência doméstica desde o ano de 2007, uma vez que no ano de 2006 o sistema não contabilizava esse tipo de agressão de uma forma diferenciada, até o ano de 2014, sendo que através da pesquisa realizada nos registros policiais, percebemos que algumas situações se agravaram, indo desencontro com os números em decréscimo de casos registrados.

Documentos relacionados