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As fronteiras de produção do médio estabelecimento agropecuário brasileiro

1) Os coeficientes da variável área de lavoura foram todos estatisticamente significativos a 10% e apresentaram relação diretamente proporcional com o valor da produção (VP). Os coeficientes da variável área de pastagem apresentaram relação inversa com o VP, mas os coeficientes dessa variável no Sul e no Centro-Oeste não foram estatisticamente significativos. Os coeficientes da variável área de matas e florestas foram significativos do ponto de vista estatístico no Nordeste e no Sul, porém o sinal do coeficiente no Nordeste foi negativo, enquanto que no Sul foi positivo. O coeficiente da variável trabalho mostrou- se estatisticamente significativo e com os sinais esperados nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, sendo que essa variável foi a que apresentou o maior impacto no VP agropecuário das regiões Norte e Nordeste. O coeficiente da variável capital foi estatisticamente significativo apenas no Nordeste e no Sul do país, em ambas as regiões os sinais foram coerentes com a teoria econômica, sendo que essa variável foi a de maior influência no VP da região Sul. Igualmente à variável área de lavoura, o coeficiente da variável despesas apresentou o sinal esperado e foi estatisticamente significativo em todas as regiões, sendo a mais importante no Sudeste por apresentar o maior impacto no VP agropecuário. O coeficiente da variável escolaridade foi estatisticamente significativa e com sinal esperado nas regiões Norte, Nordeste e Sul. A relação negativa entre escolaridade e VP deve-se ao fato da construção da variável escolaridade em que esta mensura baixos níveis de escolaridade, portanto, espera-se quanto menor a presença de produtores com baixa escolaridade que dirigem os estabelecimentos agropecuários, maior o valor da produção da agropecuária;

2) Os testes realizados para a detecção dos retornos à escala da agropecuária brasileira no presente estrato verificaram que as regiões Norte e Centro-Oeste operaram sob retornos constantes à escala, enquanto que as regiões Nordeste e Sul operaram sob retornos decrescentes à escala e, por último, a região Sudeste produziu sob retornos crescentes à escala;

3) Os coeficientes de determinação das regiões apresentaram bom poder de explicação, exceto no Nordeste, provavelmente em razão das condições heterogêneas de produção nessa última região para o estrato em análise. Os testes para detecção da multicolinearidade identificaram um nível mais elevado desta na região Centro-Oeste, explicando o motivo da

significância global da regressão, mas a presença de poucos coeficientes estatisticamente significativos;

4) Exceção feita ao índice de eficiência técnica média da região Norte, os índices das demais regiões foram elevados, situando-se próximo da fronteira de produção. A eficiência técnica da região Norte foi de 68,87%, indicando haver possibilidades de melhoria da produtividade, no curto prazo, de quase 30%, isto sem alterar a quantidade utilizada dos fatores de produção. A eficiência técnica brasileira no estrato do médio estabelecimento agropecuário foi de 93,52%;

5) Assim como ocorreu com a região Norte no estrato global do pequeno estabelecimento (0 50 ha), o estrato do médio estabelecimento nessa região apresentou ineficiência técnica, ou seja, conforme o parâmetro [ F\

F]

^ demonstrou que o termo de erro associado à ineficiência técnica predominou sobre o termo de erro aleatório. O parâmetro B a__``

bc`

b` foi de 0,8289, ou seja, 82,89% da variação do VP foi devido à ineficiência técnica. O

parâmetro [ das outras regiões revelou que o termo de erro aleatório dominou o termo de ineficiência técnica, sendo este estatisticamente igual a zero.

Até o momento, o estrato de área que mais influenciou negativamente a eficiência técnica da agropecuária brasileira foi o do médio estabelecimento no Norte, aliás, encontrou-se nesta região, ineficiência técnica no pequeno e no médio estabelecimento, demonstrando que os produtores dessas microrregiões não estão utilizando a tecnologia disponível da melhor forma possível, pois há espaço para elevação do VP sem alterar a dotação dos fatores de produção empregados no processo produtivo.

O nível de eficiência técnica média do estrato de área dos médios estabelecimentos na Região Norte foi de 68,87% (inferior ao índice de ET do pequeno estabelecimento nessa região, que foi de 84,56%, ver Tabela 16). A microrregião de Japurá- AM foi a que obteve o menor nível de ET no estrato em análise, com 31,81%, enquanto que a microrregião de Portel-PA foi a que apresentou o maior índice de ET, com 90,43%.

Tabela 22 - Fronteira de produção do médio estabelecimento agropecuário brasileiro nas grandes regiões geográficas

Variáveis Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Coeficiente Valor p Coeficiente Valor p Coeficiente Valor p Coeficiente Valor p Coeficiente Valor p

Intercepto 0,8293 0,210 1,6504 0,004 0,5491 0,286 0,6810 0,204 0,4382 0,729

Área lavoura 0,3085 0,003 0,1645 0,021 0,2137 0,000 0,2127 0,002 0,3164 0,000

Área pastagem -0,3769 0,001 -0,2217 0,001 -0,2482 0,000 -0,0446 0,302 -0,1742 0,214

Área matas e florestas 0,0836 0,419 -0,0949 0,041 0,0389 0,407 0,0990 0,017 -0,0664 0,517

Trabalho 0,6969 0,000 0,5150 0,000 0,3089 0,002 0,1458 0,169 0,3034 0,164 Capital -0,0222 0,822 0,2714 0,003 0,1394 0,121 0,4337 0,000 0,1226 0,603 Despesas 0,5360 0,000 0,3826 0,000 0,6439 0,000 0,1718 0,006 0,5778 0,002 Escolaridade -0,2399 0,016 -0,1783 0,007 0,0311 0,718 -0,1412 0,038 -0,0917 0,554 Nº OBS 64 187 158 94 52 R> 87,10 75,49 92,45 89,78 89,01 RS> 85,49 74,54 92,09 88,95 87,26 F 54,04*** 78,77*** 262,27*** 107,92*** 50,88*** ∑ βV 0,986 0,8386 1,1277 0,8772 0,9879 F (RCE)1 0,02ns 6,29** 2,66* 3,65* 0,01ns ET média 68,87 99,58 99,55 99,86 99,76 λ 2,2025 0,0100 0,0139 0,0063 0,0080 σ> 0,3266 0,2749 0,1656 0,0755 0,1397 σY 0,2363 0,5243 0,4069 0,2748 0,3737 σZ 0,5203 0,0052 0,0057 0,0017 0,0030 LFMV2 -29,6193 -144,5870 -82,1232 -11,9498 -22,6010

Fonte: dados da pesquisa.

n.s. não significativo

* significativo ao nível de 10% ** significativo ao nível de 5% *** significativo ao nível de 1%

1 teste F para retornos constantes à escala

2 logaritmo da função de máxima verossimilhança

Da mesma forma como ocorreu no estrato do pequeno estabelecimento agropecuário (abaixo de 50 ha), o teste de Tukey ao nível de 5% de significância detectou diferença estatisticamente significativa na comparação das médias das regiões com o Norte, não havendo diferenças estatisticamente significativas no comparativo entre as médias das demais regiões.

A distribuição de freqüência dos índices de eficiência técnica dos médios estabelecimentos das microrregiões do Norte pode ser verificada na Tabela 23. Esta demonstrou que a moda está representada por duas classes, ou seja, é bimodal, sendo que quase metade das microrregiões está situada nessas duas classes.

Tabela 23 - Distribuição de frequência dos níveis de eficiência técnica do médio estabelecimento agropecuário das microrregiões da região Norte

Eficiência técnica (%) Microrregiões d % N Nd %

31 40 3 5 3 5 40 49 4 6 7 11 49 58 10 16 17 27 58 67 7 11 24 38 67 76 15 23 39 61 76 85 15 23 54 84 85 91 10 16 64 100 Total 64 100 - -

Fonte: dados da pesquisa.

Conforme pode ser visto na Tabela 23, apenas 5% das microrregiões da região Norte obtiveram índices de ET, em seus médios estabelecimentos, inferiores a 40%, são elas (em ordem crescente de eficiência): Japurá-AM, Cametá-PA e Madeira-AM. Embora haja uma microrregião paraense entre as menos eficientes, as 3 microrregiões mais eficientes (em ordem crescente) foram paraenses, são elas: Guamá, Castanhal e Portel. Aliás, o Pará concentra 60% das 10 microrregiões mais eficientes do Norte, considerando-se apenas o estrato do médio estabelecimento.