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Fala-se a todo o momento em desenvolvimento, mas é necessário questionar o que seria exatamente esse desenvolvimento. Com seu significado de elevada amplitude, acaba se tornando muito genérico e pode ser interpretado de formas diferentes em contextos distintos. Importante ressaltar esse tópico no referencial teórico, pois todas as ações de empreendedorismo e inovação estão co-relacionadas ao desenvolvimento.

No Brasil as políticas públicas desenvolvidas nas últimas décadas na área da ciência e tecnologia abrangeram vários aspectos e regulamentações foram criadas visando incentivar as práticas de inovação e interação entre Universidades e empresas.

Segundo Marini e Silva (2011) com relação às políticas públicas dessa natureza, citam-se, por exemplo, o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação (Pacti 2007- 2010), o qual foi denominado “Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional”, observando-se assim a intenção explícita de ligação entre ciência, tecnologia e inovação como motor para o desenvolvimento nacional.

Segundo Hirschmann (1961 p. 19) “o desenvolvimento não depende tanto de encontrar ótima confluência de certos recursos e fatores de produção quanto de provocar e mobilizar, com propósito desenvolvimentista, os recursos e aptidões que se acham ocultos, dispersos ou mal empregados”.

Para Schumpeter (1988, p. 47):

O desenvolvimento, no sentido em que o tomamos, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio. É uma mudança espontânea e descontinua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente.

Perroux (1978) distingue os conceitos de crescimento e desenvolvimento, sendo que desenvolvimento é a combinação de mudanças sociais e mentais de uma população que a tornam apta a fazer crescer, cumulativamente e de forma saudável seu produto real, global. Enquanto que em sua formulação teórica, um ‘pólo de crescimento’ não caracteriza ‘pólo de desenvolvimento’, mas pode vir a tornar-se um no momento em que passar a provocar transformações estruturais e expandir a produção e emprego no meio ao qual se insere. Perroux (1978).

Um dos principais autores que contribuiu para esta expansão do significado de desenvolvimento foi Sen (2005), que chama a atenção para o conjunto de oportunidades reais

disponíveis para o sujeito, definindo, capability como “liberdade substantiva de realizar combinações alternativas de funcionamentos” Apresentando um entendimento segundo o qual a liberdade seria tanto um fim quanto meio do processo de desenvolvimento (SEN, 2005, p. 95).

Sen (2005) procura demonstrar que o desenvolvimento pode vir a ser um processo atrelado intimamente à expansão e garantia de liberdade para todos os indivíduos. Para ele desenvolvimento só terá sentido se significar melhores condições para a expansão das liberdades individuais. É com o desenvolvimento que se renovam as principais fontes de privações de liberdade: pobreza, tirania, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos.

O desenvolvimento em seu estado mais simplificado é reconhecido como o ato de progredir, aumentar, melhorar, inovar, mas se for mais fundo na identificação desse termo que é tão indiscriminado é possível ter a percepção que ele sofreu e sofre muitas influencias, em inúmeros aspectos. Segundo Siedenberg (2012, p. 21):

É necessário considerar, todavia, que, na sua essência, desenvolvimento configura em primeira linha um processo. Nesta condição, carrega em si mesmo a relatividade. Além disso, os elementos que constituem tais processos não são neutros, mas, sim, diretamente dependentes de variáveis e preconceitos ideológicos. Como se isso não bastasse para evidenciar a complexidade da questão, seu conteúdo está em contínua transformação e, embora suas características não sejam necessariamente controversas, a explicação de causas e mecanismos que engendram tais processos certamente o são.

O desenvolvimento é então um processo que não possibilita mensurar exatamente o quanto representará de evolução dentro de uma organização, estado, sociedade, enfim. Mas algo concreto é que ele é sinônimo de mudanças, muitas vezes podendo representar a ruptura de paradigmas. Basso (2012, p. 130) afirma que:

Observar qualquer situação concreta de desenvolvimento, com base nos princípios da complexidade e do realismo crítico, implica reconhecer que sua trajetória não pode ser prevista, pois suas estruturas emergem fundamentalmente a partir das interações entre seus constituintes locais.

Neste sentido é possível afirmar que para as empresas se desenvolverem, evoluir, e ter um significado relevante com relação a desenvolvimento, é necessário que se relacionem e conectem-se ao meio em que estão inseridas, que estejam de acordo com a realidade cultural da região, potencializando assim seus negócios e propiciando momentos favoráveis à manutenção e expansão do seu negócio. De acordo com Basso (2012, p. 130):

Por se considerar o desenvolvimento um processo aberto e evolutivo as ações voltadas a potencializar a capacidade local para evoluir tornam-se mais importantes do que medidas normativas que visam a instituir um estado específico, considerado desejável.

O momento vivido atualmente vem exigindo das organizações uma gestão mais profissionalizada, pois os processos mudam a todo o momento, então precisam estar preparadas para enfrentar os desafios e continuar em evolução e expansão, tornando-se assim meios propulsores para o desenvolvimento da região em que se encontram como também das pessoas que nela se estabelecem. Neste sentido Sausen (2012, p. 259) afirma que é necessário: [...] uma prática de gestão mais profissionalizada para enfrentar os desafios que o mercado e a sociedade lhes impõem, como também uma maior cobrança em termos de efetividade das ações no âmbito das responsabilidades delas na sociedade, no que respeita à legitimidade enquanto organizações comprometidas com os objetivos do desenvolvimento das suas regiões de inserção e da sociedade como um todo.

É preciso compreender que ao estudar uma empresa não existe a solução de todos os problemas, é necessário levar em consideração a realidade na qual a mesma esta inserida, e compreender que cada caso, é um caso. É necessário ter conhecimento da realidade da organização.

Para Diniz e Gonçalves (2005), do ponto de vista regional, o conhecimento se torna cada vez mais importante, aumentando o desafio das firmas na contribuição para o desenvolvimento das regiões, uma vez que o aumento de produtividade, da competitividade, da tecnologia e da sustentabilidade afeta o desenvolvimento econômico do local e eleva o nível de vida da população.

Conforme Boisier (1999), os países em desenvolvimento, como o Brasil, buscam entender os aglomerados como meios para o desenvolvimento local e social. Por este motivo, que os elementos relacionados ao desenvolvimento social, como o desenvolvimento territorial, o capital cultural, a solidariedade e a confiança, geram a concepção de desenvolvimento contemporâneo que contempla mais questões intangíveis e seus respectivos capitais, do que a própria construção de infraestrutura ou ações materiais.

Como destacam Martinelli e Joyal (2004), as crescentes exigências a que as empresas devem atender, no tocante à produtividade e à competitividade, assim como os maiores níveis de exposição externa que as economias enfrentam, são desafios dos quais dificilmente é possível se livrar. Deste modo, é essencial a negociação entre o setor privado empresarial, a administração pública nos diferentes âmbitos e os demais atores sociais regionais e locais,

para a criação de um ‘ambiente inovador’, sócio institucional que possa assegurar a modernização produtiva empresarial da região.

Em uma nova concepção de desenvolvimento econômico alguns componentes socioculturais ganham importância. Martinelli e Joyal (2004, p. 7) afirmam que:

O espaço deixa de ser contemplado simplesmente como suporte físico das atividades e dos processos econômicos, passando a serem mais valorizados os territórios e as relações entre os atores sociais, suas organizações concretas, as técnicas produtivas, o meio ambiente e a mobilização social e cultural.

Casarotto e Pires (2001) afirmam que a base do desenvolvimento econômico local é o processo de transformação da economia. As políticas industriais locais são o modo pelo qual o direito formal de participar no jogo coletivo torna-se uma efetiva possibilidade, garantida por meio da ativação de mecanismos coletivos de oportunidades de crescimento. Essa situação pode ser também interpretada como o crescimento “endógeno”, ou seja, a capacidade de criar condições locais, regras que permitam a cooperação entre atores com o objetivo do desenvolvimento dos conhecimentos individuais, para posteriormente um acúmulo desses conhecimentos venha possibilitar o crescimento coletivo.

Deste modo, o papel das incubadoras no processo de desenvolvimento se dá, através de uma parceria, ou seja, compartilhar um interesse comum com um ou com vários atores, cada qual apresentando uma contribuição relativa às características que lhes são próprias.

Para Martinelli e Joyal (2004, p. 111) “a expressão ‘trabalhar em conjunto’ reflete bem esse desejo de reunir diferentes parceiros sociais para elaborar estratégias no nível de um dado território”.

A existência de diferentes formas de ações de parceria leva a tentativa de classificação que oferecem uma melhor percepção do fenômeno social em questão. Martinelli e Joyal (2004):

 Parceria de acordo: encontrada em uma zona de intervenção, em que uma organização responsável pelo estímulo das forças vivas do meio busca reagrupar, ao mesmo tempo, as ideias e as energias, para elaborar um plano de ação.

 Parceria de estrutura: essa forma de união de recursos humanos e financiamentos é encontrada nos programas de valorização das regiões centrais das cidades ou ligados a implantação de investimentos em infraestrutura.

 Parceria de referência: trata-se de uma parceria gerada em razão das dificuldades de implantação e gestão de operações situadas fora do campo de competência dos parceiros.

 Parceria pontual: diante de um fato inesperado, surge uma parceria, pelo tempo que for necessário para a elaboração de uma estratégia buscando se evitar o pior. As parcerias podem se definir pelos parceiros envolvidos, em certa medida, a partir das causas que levaram ao reagrupamento dos diversos atores.