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Possibilidades de qualificação institucional da incubadora CRIATEC/UNIJUÍ através do benchmarking

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO LINHA DE PESQUISA - GESTÃO EMPRESARIAL

LARISSA MASTELLA LENA

POSSIBILIDADES DE QUALIFICAÇÃO INSTITUCIONAL DA INCUBADORA CRIATEC/UNIJUÍ ATRAVÉS DO BENCHMARKING

IJUÍ 2017

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LARISSA MASTELLA LENA

POSSIBILIDADES DE QUALIFICAÇÃO INSTITUCIONAL DA INCUBADORA CRIATEC/UNIJUÍ ATRAVÉS DO BENCHMARKING

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento, na linha de Gestão Empresarial, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento.

Prof. Dr. Dieter Rugard Siedenberg UNIJUI – Orientador

IJUÍ 2017

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L563p Lena, Larissa Mastella.

Possibilidades de qualificação institucional da incubadora Criatec/Unijuí através do benchmarking / Larissa Mastella Lena. – Ijuí, 2017. –

110 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Dieter Rugard Siedenberg”.

1. Incubadoras. 2. Benchmarking. 3. Inovação. 4. Desenvolvimento. I. Siedenberg, Dieter Rugard. II. Título.

CDU: 658.56 Catalogação na Publicação

Aline Morales dos Santos Theobald CRB10/1879

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

P

POOSSSSIIBBIILLIIDDAADDEESSDDEEQQUUAALLIIFFIICCAAÇÇÃÃOOIINNSSTTIITTUUCCIIOONNAALLDDAA I

INNCCUUBBAADDOORRAACCRRIIAATTEECC//UUNNIIJJUUÍÍAATTRRAAVVÉÉSSDDOO BBEENNCCHHMMAARRKKIINNGG

elaborada por

LARISSA MASTELLA LENA

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Dieter Rugard Siedenberg (UNIJUÍ): _____________________________________

Prof.ª Dr.ª Simone Stülp (UNIVATES): ___________________________________________

Prof. Dr. Martinho Luís Kelm (UNIJUÍ): __________________________________________

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Sometimes you win. Sometimes you learn.

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Dedico esse trabalho aos meus pais, Arno e Jandara Lena, meus alicerces, meus maiores incentivadores.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me conceder saúde durante esta jornada, por me dar coragem para enfrentar os novos desafios e as adversidades encontradas ao longo do caminho, por me fortalecer e não me deixar desistir mesmo quando os obstáculos pareciam insuperáveis e os prazos demasiadamente curtos.

Aos meus pais Arno e Jandara por acreditarem em mim, sonharem e idealizarem juntos os meus sonhos.

Ao meu orientador Dr. Dieter Rugard Siedenberg, por ser além de professor, amigo, conselheiro, incentivador, ser um grande exemplo a ser seguido enquanto profissional. Obrigada pela paciência, pelas ideias inovadoras, pelas cobranças, pelos e-mails para ler e refletir, pelos e-mails para ‘deletar’ na hora da discórdia e principalmente por acreditar em mim quando muitas vezes eu desacreditava. Sou grata ainda por intermediar contatos, apresentar pessoas e desta forma tornar possível essa experiência incrível e de enorme aprendizado, que me transformou não apenas no contexto acadêmico, mas também como pessoa.

Agradecer aos professores Frank e Gerd por auxiliarem com os contatos e agendas para realização das pesquisas na Europa. Ao Julian por acompanhar a pesquisa e contribuir com as traduções.

Aos amigos de longa data, Carolina, Cristian e Guilherme, que foram fundamentais para que a pesquisa se efetivasse na Europa, auxiliando das formas possíveis, com traduções, dicas, embarcando nas viagens e acompanhando as pesquisas, dando todo o suporte necessário. Muito obrigada!

A CRIATEC e as demais incubadoras do processo, por estarem sempre de portas abertas e com grande interesse na pesquisa.

A Marla, chefe e amiga que me proporcionou toda flexibilidade necessária no primeiro ano de trabalho, para que eu conseguisse conciliar trabalho e mestrado.

A HDI Seguros, por me dar uma nova oportunidade em meio a esse turbilhão, flexibilizando também minhas rotinas de trabalho para a conclusão do mestrado.

A colega e amiga Graciélie, que dividiu comigo cada aula, cada etapa do curso, cada vitória, cada trabalho, cada ‘sufoco’ e ainda aceitou embarcar para a Europa comigo para que realizássemos as pesquisas juntas. Fazendo de nossos trabalhos individuais um complemento, porque sozinhas temos potencial, mas trabalhando juntas nos tornamos ainda melhores!

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RESUMO

O presente estudo tem como principal objetivo analisar comparativamente os serviços oferecidos em incubadoras consolidadas no Brasil, na Alemanha e na Áustria a fim de qualificar as ações da CRIATEC/UNIJUÍ. Explicitando os principais serviços oferecidos por essas incubadoras, analisando as ações das mesmas através do benchmarking, analisando ainda as contribuições que geram ao meio que se inserem. Medir a dimensão de inovação da CRIATEC/UNIJUÍ através da ferramenta radar da inovação, dos autores Scherer e Carlomagno (2004), e, por fim, com base nesses dados propor possibilidades de melhorias no processo ao fomento de empreendedorismo e inovações da mesma através de inovações. A pesquisa está vinculada à Linha de Pesquisa de Gestão Empresarial, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento. Quanto à metodologia, se caracteriza como descritiva, quanto aos objetivos, é orientada pelo paradigma interpretativista, sendo sua abordagem epistemológica avaliação formativa com base em Patton (1990). Configura um estudo de caso, tendo seus dados coletados por meio de entrevistas estruturadas través do apêndice A, com os gestores e membros responsáveis pelas incubadoras e análise documental. A CRIATEC foi o foco do estudo, por ser uma instituição que fomenta o empreendedorismo e a inovação, além de ser relativamente jovem no segmento, sendo assim interessante desenvolver um estudo e análise sob os pontos destacados. Os resultados da pesquisa permitem a compreensão de como as incubadoras interferem no meio em que se inserem os benefícios que trazem para a comunidade, e a importância de oferecer um pacote de serviços que atenda à demanda de seus clientes sendo uma instituição inovadora. Identificou-se que a incubadora CRIATEC vem apresentando desempenho inferior em alguns aspectos, quando realizado o benchmarking com as demais instituições. Enquanto que em outros aspectos apresentou um desempenho compatível com seu estágio de desenvolvimento. Ressalta-se a importância de ampliar a dimensão das inovações na incubadora CRIATEC/UNIJUÍ para que possa desfrutar dos benefícios que isso traz, bem como sobre a relevância de fortalecer o vínculo com a Universidade e captar parcerias através de empresas privadas.

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ABSTRACT

The main objective of this study is to compare the services offered in consolidated incubators in Brazil, Germany and Austria in order to qualify the actions of CRIATEC / UNIJUÍ. Explaining the main services offered by these incubators, analyzing their actions through benchmarking, also analyzing the contributions they generate to the environment they are inserted. To measure the innovation dimension of CRIATEC / UNIJUÍ through the radar tool of innovation, authors Scherer and Carlomagno (2004), and, finally, based on these data propose possibilities for improvements in the process to promote entrepreneurship and innovations of the same through Innovations. The research is linked to the Research Line of Business Management of the Graduate Program in Development. As for the methodology, it is characterized as descriptive, as regards the objectives, is oriented by the interpretative paradigm, and its epistemological approach is formative evaluation based on Patton (1990). It configures a case study, having its data collected through structured interviews through appendix A, with the managers and members responsible for the incubators and documentary analysis. CRIATEC was the focus of the study, as it is an institution that fosters entrepreneurship and innovation, in addition to being relatively young in the segment, so it is interesting to develop a study and analysis under the highlights. The results of the research allow the understanding of how incubators interfere in the environment in which they bring the benefits they bring to the community, and the importance of offering a package of services that meets the demand of its customers as an innovative institution. It was identified that the CRIATEC incubator has presented inferior performance in some aspects, when benchmarking with other institutions. While in other respects it presented performance compatible with its stage of development. It is important to increase the size of innovations in the CRIATEC / UNIJUÍ incubator so that you can enjoy the benefits that this brings, as well as the relevance of strengthening the link with the University and attracting partnerships through private companies.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Quadro comparativo de modelos de ciclo de vida organizacional. ... 19

Quadro 2: Contextualização dos casos estudados. ... 87

Quadro3: Ações básicas desenvolvidas pelos casos estudados. ... 90

Quadro 4: Ações inovadoras desenvolvidas pelos casos estudados. ... 90

Quadro 5: Perfil dos clientes incubados pelos casos estudados. ... 92

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Radar da inovação com 12 dimensões da inovação. ... 30

Figura 2 – Fatores que influenciam no processo empreendedor. ... 36

Figura 3: Evolução do conceito de incubadoras. ... 38

Figura 4: Etapas do processo de incubação. ... 40

Figura 5: Localização da CRIATEC próximo a Universidade UNIJUÍ na cidade Ijuí. ... 56

Figura 6: Foto do prédio atual da CRIATEC. ... 58

Figura7: Foto interna da recepção da CRIATEC com o mural das empresas incubadas. ... 60

Figura 8: Localização do CAST próximo à Universidade na cidade de Innsbruck – Áustria. .. 63

Figura 09: Localização do INNOCENT próximo a Universidade na cidade de Bocholt... 69

Figura 10: Prédio da incubadora INNOCENT/Bocholt – Alemanha. ... 70

Figura 11: Empresa incubada no INNOCENT. ... 71

Figura 12: Localização do ESC na cidade de Geilenkirchen – Alemanha. ... 73

Figura 13: Feira direcionada aos alunos. ... 76

Figura 14: Localização da ITS na cidade de Baesweiler – Alemanha. ... 78

Figura 15: Parte das instalações na ITS para as empresas incubadas. ... 78

Figura 16: Localização do Instituto Gênesis próximo a Universidade PUC/RIO – Brasil. ... 82

Figura 17: Mural do Instituto Gênesis com as empresas e parceiros. ... 83

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro de entrevista ... 110 APÊNDICE B – Carta de apresentação das pesquisas ... 111

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 16 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 18 1.1 Apresentação do tema ... 18 1.2 Problema ... 21 1.3 Objetivos ... 22 1.3.1 Geral ... 22 1.3.2Específicos ... 22 1.4 Justificativa ... 23 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 26 2.1 Inovação... 26 2.2 Empreendedorismo ... 32

2.3 Incubadoras como estratégia de fomento ao empreendedorismo e a inovação ... 36

2.4 As incubadoras e seu papel no processo de desenvolvimento... 41

2.5 Benchmarking ... 45

3 METODOLOGIA ... 50

3.1 Classificação da pesquisa ... 50

3.2 Universo de estudo e sujeitos da pesquisa ... 52

3.3 Sobre os processos de coleta, análise e interpretação de dados... 53

4 CARACTERIZAÇÃO DAS INCUBADORAS SELECIONADAS E ANÁLISE DE SEUS PRINCIPAIS PROCESSOS ... 55

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4.1 Apresentação da CRIATEC – Ijuí/Brasil ... 55

4.2 Instituto CAST – Innsbruck/Áustria ... 64

4.3 INNOCENT – Bocholt/Alemanha... 69

4.4 Euro Service Center – Geilenkirchen/Alemanha... 73

4.5 International Technology e Service Center – Baesweiler/Alemanha ... 77

4.6 Apresentação do Instituto Gênesis – PUC Rio de Janeiro/Brasil ... 82

4.7 Referências e Sugestões... 86

4.8 Radar da inovação da CRIATEC ... 94

CONCLUSÕES ... 98

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INTRODUÇÃO

A importância das inovações em pequenas e médias empresas comprova-se por vários aspectos, tais como, seu papel fundamental no desenvolvimento da região em uma visão micro e também no contexto geral a nível mundial ampliando as perspectivas de crescimento e desenvolvimento em nível de macro ambiente. Ainda pela porcentagem de garantia e geração de empregos que essas empresas oferecem como também o desenvolvimento e aprendizagem das pessoas.

O desenvolvimento de um lugar, Estado ou país está diretamente relacionado ao grau de empreendedorismo e inovação ali existente, ainda proporcionalmente relacionado ao grau de comprometimento das pessoas com os seus negócios. Visando qualificar as ações desenvolvidas pela incubadora local CRIATEC/UNIJUÍ, uma entidade que fomenta essas ações, realizou-se um estudo de benchmarking1 em incubadoras de empresas no Brasil, na

Áustria e Alemanha, em busca de conhecimento e aprimoramento. Trata-se de um estudo diferenciado onde a visão da pesquisa pode ser ampliada com a realidade e cultura de outros países, buscando assim qualificar e auxiliar para o desenvolvimento da mesma e também do meio ao qual se insere.

Para cumprir sua missão, as incubadoras, necessitam reunir alguns ingredientes que são dissociáveis, e foi buscando melhor compreender a importância desses e também o impacto da forma de geri-los que esta pesquisa foi realizada.

Sabe-se que a defesa do espaço para a ciência e a tecnologia com as empresas e academia ainda necessita de ajustes elementares em países menos desenvolvidos, a gestão da inovação tecnológica tem longo caminho pela frente, mas o grande ‘salto’ das incubadoras e os resultados concretos nesses países já estimulam a exploração do potencial desse mecanismo de apoio às pequenas e médias empresas.

Sendo assim, os resultados da pesquisa tornam-se relevantes para a incubadora, pois possibilitam aproveitar melhor os ensinamentos da experiência internacional, extraindo nuances interessantes para serem adaptadas para a realidade da CRIATEC/UNIJUÍ.

Os resultados são apresentados em quatro capítulos.

1 Benchmarking é um processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais, tornando-se importante instrumento de gestão das empresas.

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O Capítulo 1 é formado por esta introdução, trazendo também a apresentação do tema, o problema de pesquisa, os objetivos, geral, específicos e por fim as justificativas de ordem prática, acadêmica e pessoal.

No Capítulo 2 é apresentado o referencial teórico utilizado durante o estudo. Os assuntos abordados foram inovação, empreendedorismo, incubadoras como estratégia de fomento ao empreendedorismo e a inovação, as incubadoras e o seu papel no processo de desenvolvimento e benchmarking. Estes temas constituíram a base de conhecimento aplicada na análise do estudo, considerando as incubadoras de empresas como instituições importantes para o fomento ao empreendedorismo e a inovação.

No Capítulo 3 apresenta-se a classificação e o delineamento da pesquisa bem como o objeto de estudo, os sujeitos da pesquisa e a descrição do processo de coleta, análise e interpretação dos dados formando a metodologia da pesquisa.

O Capítulo 4 contempla apresentação dos dados com a apresentação das incubadoras estudadas e os resultados da pesquisa. Na sequência faz-se a análise e discussão dos resultados através do benchmarking buscando apresentar sugestões para a CRIATEC/UNIJUÍ. Por fim apresentam-se as conclusões do estudo.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO 1.1 Apresentação do tema

A proposta temática deste estudo diz respeito às possibilidades de qualificação institucional da incubadora local CRIATEC/UNIJUÍ, através do estudo de serviços oferecidos por incubadoras empresariais consolidadas.

As incubadoras de empresas que se tornam importantes para o fomento ao empreendedorismo, buscando qualificar e fortalecer esses novos negócios, transformando ideias em realidade.

Se, por um lado, o número de novas empresas que anualmente são constituídas no Brasil é expressivo (segundo dados de Valor Econômico, em 2014 foram constituídas 1.865.183 novas empresas em todo o país), também é verdade que o número de empresas que sistematicamente encerram suas atividades (a chamada taxa de sobrevivência dos novos negócios) encontra-se em 25% depois de apenas dois anos de existência (SEBRAE, 2013).

Enfim, surgem e desaparecem anualmente empresas e ideias de negócio. Neste contexto dinâmico insere-se uma atividade de suporte às iniciativas empresariais, que são as incubadoras das mais diversas naturezas. Genericamente as incubadoras são (re)conhecidas como:

Mecanismos que vêm sendo mundialmente utilizados para induzir a criação de empresas inovadoras. Pode ser entendida como um ambiente que abriga o desenvolvimento de novos empreendimentos, cujos resultados esperados deverão garantir em prazo determinado a autonomia e a auto-sustentação da empresa. A incubadora fornece serviços assistenciais, suporte e condições de sobrevivência para os negócios emergentes, que ficam “incubados” até que estejam preparados para a sua inserção no mercado (INBATEC/UFLA, 2015).

Todavia, incubadoras empresariais, por si só, não garantem a sobrevivência e/ou o sucesso dos empreendimentos incubados. Diversos fatores são responsáveis pelo maior ou menor grau de sucesso de incubadoras empresariais (MALETZ, 2006).

Segundo Adizes (2002), há certo paralelismo entre seres humanos e organizações, pois estas também apresentam padrões relativamente previsíveis de comportamento em seu ciclo de vida: nascem a partir de uma ideia de negócio, tem uma fase de infância seguida da adolescência e após atingir a maturidade podem vir a se tornar organizações burocráticas e, por fim, desaparecem.

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Na bibliografia concernente ao ciclo de vida das organizações há diversos modelos de análise disponíveis. Em Borinelli (1998) encontra-se uma revisão dos principais modelos teóricos sobre o assunto, que estão sintetizados no Quadro 1.

Quadro 1: Quadro comparativo de modelos de ciclo de vida organizacional. MODELO AUTORES PERÍODO ETAPAS/FASES/ESTÁGIOS Modelo

Funcional

Scott e Bruce 1987 1. Início 2. Sobrevivência 3. Crescimento 4. Expansão 5. Maturidade Estágios de Desenvolvimento

Luiz Kaufmann 1990 1. Nascimento 2. Crescimento

3. Maturação e Institucionalização 4. Renovação

Modelo Gerencial Mount, Zinger e Forsyth

1993 1. Empresa operada pelo dono

2. Transição para uma empresa administrada pelo dono 3. Empresa administrada pelo dono

4. Transição para uma administração profissional 5. Administração profissional Estágios de Crescimento Adizes 1993 1. Namoro 2. Infância 3. Toca – toca 4. Adolescência 5. Plenitude 6. Estabilidade 7. Aristocracia 8. Burocracia Incipiente 9. Burocracia 10. Morte Características de Gestão Greiner 1972 1. Criatividade 2. Direção 3. Delegação 4. Coordenação 5. Colaboração Desenvolvimento Organizacional Antônio Carlos F. Marques 1994 1. Estágio conceptual 2. Estágio organizativo 3. Estágio produtivo 4. Estágio caçador 5. Estágio administrativo 6. Estágio normativo 7. Estágio participativo 8. Estágio adaptativo 9. Estágio inovativo Fonte: adaptado de Borinelli (1998).

Um dos períodos críticos do ciclo de vida de qualquer organização, especialmente as micro e pequenas empresas constituídas a partir do desafio concretizado por um empreendedor, envolve a fase inicial, ou seja, o período compreendido entre o seu surgimento formal e os seus primeiros anos de vida, independente do modelo de analise que se utilize.

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O surgimento de boa parte dos novos empreendimentos tem como cenário um nicho de mercado visualizado por um empreendedor que se propõe a atender esta demanda de uma maneira inovadora. Empreendimentos que possibilitam às inovações e expandem, acabam desenvolvendo também o meio ao qual estão inseridos.

A estreita e total relação entre empreendedorismo, inovação e desenvolvimento socioeconômico foi analisada, ente outros, com muita propriedade por Joseph Alois Schumpeter, ao publicar originalmente em 1911 sua obra Teoria do Desenvolvimento Econômico (SHUMPETER, 1997). Desde então inúmeros estudos foram feitos e estratégias implementadas com o objetivo de tentar fomentar e otimizar esta relação.

As incubadoras empresariais enxergam sua missão neste cenário e momento, procuram oferecer, em tese, um ambiente propício ao desenvolvimento organizacional de empreendimentos inovadores. Todavia é preciso reconhecer que em função de diversos fatores (internos e externos), algumas incubadoras têm mais sucesso em sua missão e propósitos do que outras.

Assim, tomando como base de análise as ações desenvolvidas e resultados alcançados por uma incubadora empresarial relativamente jovem, com nove anos de atuação, como é o caso da CRIATEC/UNIJUÍ, em funcionamento desde 2007, a proposta foi fazer um benchmarking tomando como referência uma incubadora no Brasil, Instituto Gênesis/PUC Rio e quatro incubadoras do exterior, três na Alemanha e uma na Áustria.

Mesmo sendo motivados a iniciar seu negócio, muitos empreendedores tem receio, pois não possuem experiência de como gerir uma empresa para que a mesma prospere. Para isso, incubadoras como a CRIATEC/UNIJUÍ servem de suporte, buscando qualificar e fortalecer novos empreendimentos. O desafio é encontrar um equilíbrio para essas situações, trazendo as mudanças necessárias para sua empresa como meio propulsor ao negócio, como a oportunidade de se inserir na economia globalizada, no contexto da sua realidade e possibilidades. Sobretudo por parte da incubadora, é necessário compreender o contexto e os desafios postos aos novos empreendimentos para qualificar-se de forma a oferecer o melhor e mais dinâmico apoio nos primeiros anos do negócio.

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1.2 Problema

Segundo Sebrae (2014), as micro e pequenas empresas2 (MPE) vêm aumentando progressivamente sua relevância na economia brasileira. Em termos agregados, esta participação era de 21% em 1985, e passa para 23%, em 2001, e 27% em 2011. No setor de serviços as MPEs geraram 36,3% do total do valor adicionado do setor no período 2009 - 2011, representavam 98,1% do número de empresas, empregaram 43,5% dos trabalhadores e pagaram 27,8% das remunerações de empregados no período. No setor de comércio as MPEs geraram 53,4% do total do valor adicionado do setor; representavam 99,2% do número de empresas; empregaram 69,5% do pessoal ocupado no setor e pagaram 49,7% das remunerações. Por fim, no setor industrial a participação das MPEs gerou 22,5% do valor adicionado do setor, representou 95,5% do número de empresas, empregou 42% do pessoal ocupado e pagou 25,7% das remunerações de empregados no período em questão.

Tais dados evidenciam o papel e a importância das MPEs no cenário nacional, sobretudo quando se observa os dados relativos ao número destas no contexto do total de empresas existentes no país ou total de empregos gerados.

No contexto das inúmeras oportunidades geradas pela globalização da economia e dos mercados, surgem diariamente micro e pequenas empresas que possuem algumas vantagens em relação a médios e grandes empreendimentos. MPEs tem, por exemplo, níveis hierárquicos mais enxutos (SEBRAE, 2013), o que as torna mais ágeis na tomada de decisões e lhes possibilita maior flexibilidade no atendimento de demandas específicas. Entretanto, também há contrapontos a essas vantagens: a inexperiência das micro e pequenas empresas estarem inseridas no ambiente altamente concorrencial e competitivo sem a devida preparação, o que coloca em risco sua sobrevivência e manutenção e compromete o seu crescimento.

Porém, como nascem micro e pequenas empresas? Adizes (2002) enfatiza que seu surgimento está atrelado a uma ideia de negócio posta em prática por um empreendedor, alguém que visualiza e formaliza uma oportunidade de negócio. Mas, a constituição da

2Há diferentes formas de classificar MPEs. No Brasil são utilizados basicamente dois critérios: pelo número de pessoas ocupadas na empresa ou pela receita auferida. No primeiro caso são classificadas como microempresas de comércio e prestação de serviços àquelas que mantêm até 9 pessoas ocupadas e na indústria aquelas que mantêm até 19 pessoas ocupadas. Já o enquadramento como pequenas empresas de comércio e prestação de serviços se refere às que mantém entre 10 e 49 pessoas ocupadas e pequenas empresas industriais são aquelas que mantêm entre 20 e 99 pessoas ocupadas. No segundo caso (receita auferida), são classificadas como micro e pequenas empresas aquelas que têm uma receita anual de até R$ 3.600.000,00 (SEBRAE, 2014).

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própria empresa é um desafio atrelado a uma grande dose de persistência e dedicação para que o negócio prospere.

Com base nos dados apresentados, partiu-se do pressuposto que da incubadora selecionada no Brasil bem como daquelas que foram tomadas como referência no exterior, seria possível extrair e adaptar um conjunto de ‘serviços’ capazes de qualificar e potencializar de forma substantiva o desempenho e os resultados da CRIATEC/UNIJUÍ. Num contexto em constante evolução como é o caso das incubadoras, onde inovação, empreendedorismo e desenvolvimento são palavras-chave e estão na ordem do dia, a troca de experiências e a aprendizagem mútua praticamente se impõe.

A importância e a necessidade de um estudo criterioso sobre os serviços oferecidos por incubadoras empresariais para empresas incubadas, como subsídio à consolidação do empreendedorismo e da inovação, bem como a análise destes processos, muitas vezes passa despercebida pelo universo empresarial. Afinal, novos negócios entram no mercado o tempo todo, com seus gestores atuando continuamente na liderança da empresa, tomando as decisões e realizando suas tarefas de forma rápida, prática e com base em sua experiência, sem perceber com clareza que alguns subsídios são peças fundamentais para o desenvolvimento do seu negócio e manutenção do mesmo no mercado. Iniciar a empresa de forma saudável, com suporte, conhecimento, tecnologias e inovações, é um fator limitador dentro de uma organização, o que compromete o crescimento, expansão e continuidade do negócio.

Neste contexto a questão de estudo que se coloca é: quais serviços oferecidos em incubadoras consolidadas no Brasil e no exterior podem ser adaptados e aplicados à CRIATEC/UNIJUÍ, visando sua qualificação no fomento ao empreendedorismo e à inovação?

1.3 Objetivos

1.3.1 Geral

Analisar comparativamente os serviços oferecidos em incubadoras consolidadas no Brasil, na Alemanha e na Áustria a fim de qualificar as ações da CRIATEC/UNIJUÍ.

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 Explicitar os principais serviços oferecidos pela incubadora CRIATEC/UNIJUÍ às empresas incubadas;

 Demonstrar os principais serviços oferecidos pelas incubadoras na Alemanha, na Áustria e no Instituto Gênesis/PUC Rio, visando fomentar a inovação pelas incubadas;  Analisar as ações das incubadoras através do benchmarking e propor possibilidades de melhorias no processo ao fomento de empreendedorismo e inovações na incubadora CRIATEC/UNIJUÍ;

 Analisar e descrever as formas atuais de inovação da CRIATEC/UNIJUÍ, através da ferramenta radar da inovação;

1.4 Justificativa

Este estudo se justifica porque existe o interesse e necessidade da incubadora CRIATEC/UNIJUÍ aprimorar e qualificar os serviços oferecidos, compreendendo como está seu posicionamento com relação à inovação perante as demais incubadoras e em decorrência disso, qualificar também os processos de fomento ao empreendedorismo e à inovação nas empresas por ela incubadas, evitando a extinção dos novos negócios e tornando esse processo natural e simplificado, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico regional.

Este estudo se justifica, também, porque formas de aprimorar e qualificar o fomento ao empreendedorismo e a inovação foram buscados, o que permitirá a incubadora CRIATEC/UNIJUÍ a resolução de possíveis impasses no auxilio dos novos empreendimentos por ela incubados.

Além de todos esses aspectos é necessário considerar que esse estudo mereceu ser levado adiante porque tem enfoque em problemas que são muito comuns nas incubadoras de empresas que auxiliam os empresários que estão iniciando sua história no mundo dos negócios, e que muitos desses novos negócios não atingem a plenitude organizacional em função das limitações encontradas no meio do caminho, com isso as incubadoras tornam-se cada vez mais importantes nesse processo. Além disso, buscando estatísticas sobre a taxa de mortalidade, é possível perceber que a falta de auxilio em iniciativas empresariais acabam inibindo o potencial de desenvolvimento regional.

Com a crescente globalização dos mercados, cada vez mais se faz necessário direcionar maior atenção a esses aspectos, para que as empresas que estão iniciando seus

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negócios possam se beneficiar do fato de serem mais enxutas, além da possibilidade de tomada de decisão ser mais rápida em relação a grandes multinacionais, para que possam ser mais competitivas e não se prejudiquem por não ter o devido suporte. Para tanto a incubadora precisa cumprir seu papel garantindo uma boa base aos negócios e assegurando a consolidação destes no mercado.

As incubadoras se caracterizam por auxiliar as MPE a iniciarem seus negócios e se fortalecerem, até que possam se lançar por conta própria no mercado. É necessário aproveitar os pontos positivos dessas empresas e intensificá-los de forma a resolver os problemas inserção e garantia de espaço no mercado, para fazer com que essas empresas tenham plenitude em seu ciclo de vida organizacional e qualifiquem o desenvolvimento desta forma, para a economia de sua região.

As incubadoras têm papel importante porque permitem combinar competências acadêmicas com competências empresariais transformando os resultados da ciência em novas tecnologias inovadoras. Esta ponte universidade-empresa é muito importante para que as inovações se materializem em produtos acessíveis a toda a sociedade.

Importante ainda fazer esse estudo qualitativo/comparativo em incubadoras de outros países para trabalhar de forma adequada as questões de isomorfismo, pois no Brasil temos como organização reguladora das incubadoras a ANPROTEC3, que por sua vez baliza as incubadoras a ela associadas, tornando-as mais homogêneas, neste contexto realizar um estudo apenas a nível nacional seria limitá-lo de certa forma. Já expandir esse estudo em incubadoras selecionadas na Alemanha e na Áustria de acordo com os critérios pré-estabelecidos, possibilitou outro olhar em contextos distintos, permitindo se utilizar do isomorfismo através de outro viés, compreendendo sua importância no caráter que este aborda de consolidar e fortalecer as instituições.

Analisar ainda uma incubadora no Brasil do porte e histórico da Gênesis/PUC Rio, além de enriquecer o trabalho, permite trabalhar o isomorfismo coercitivo como também mimético, fazendo uma reflexão sobre o mesmo, utilizando-se de dados nacionais além dos que foram coletados na Europa. Todos esses aspectos viabilizaram-se ainda pelas questões de acessibilidade já que a instituição de ensino Unijuí possui alguns vínculos/contatos com esse estado e países selecionados para estudo.

3 Criada em 1987, a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) reúne cerca de 350 associados, entre incubadoras de empresas, parques tecnológicos, aceleradoras, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao empreendedorismo e à inovação. Líder do movimento no Brasil, a Associação atua por meio da promoção de atividades de capacitação, articulação de políticas públicas, geração e disseminação de conhecimentos.

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Para isso foi necessário realizar uma análise das incubadoras definidas para o estudo, de forma a verificar como ocorre o fomento à consolidação das empresas através dos serviços oferecidos pelas mesmas, ter uma visão sistêmica do processo para perceber onde estão as ações diferenciadas que facilitam as empresas incubadas a absorver as mudanças necessárias, que o mercado impõe, tornando-se uma facilitadora nesse processo de assimilação e de que forma a incubadora pode oferecer o melhor e mais qualificado suporte.

Importante ressaltar que, com o objetivo de proporcionar maior consistência e abrangência à análise que foi realizada e por este ser um projeto que se origina em um contexto acadêmico buscando contemplar as atividades desenvolvidas pelo GEPITE - Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo, foi compartido com outra pesquisadora que realizou seu próprio projeto, mas serviu de apoio para realizar a pesquisa de campo, para isso as acadêmicas foram colegas também de viagem e visitas as incubadoras selecionadas. A referência de estudo desta outra pesquisadora foi também a CRIATEC; e algumas incubadoras visitadas como objetos de análise também coincidiram, enquanto outras foram específicas.

Todos esses elementos e fatores estão de certa forma, inter-relacionados e evidenciam que um estudo dessa natureza se justifica.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo abrange os temas pesquisados para compor o embasamento teórico fundamentado nas abordagens de diferentes autores. Apresentam-se e se discutem conceitos de inovação, empreendedorismo e o papel das incubadoras no processo de desenvolvimento, conceitos estes que dão sustentação teórica à pesquisa realizada.

Logo após, é discutido o tema de benchmarking, este explorado, também, através da visão de diversos autores que baseiam seus estudos nesta área, assim buscando-se sempre relacionar esse tema ao empreendedorismo e inovação que estão vinculados ao teor em estudo.

2.1 Inovação

Com a gradual abertura da economia, em 1990 e com a consequênte inserção na competição externa, as empresas brasileiras, tiveram que assimilar o uso de termos - como "inovação tecnológica", "melhoria de qualidade", "aumento de produtividade", "soberania do cliente", até então ausentes no discurso empresarial brasileiro. Porém, diversas são as situações que esses conceitos estão apenas no discurso, pois em muitos casos não se verificam mudanças empresariais efetivas para implementá-los.

Os processos de mudanças e adaptações dentro das organizações precisam ser estudados, sejam essas mudanças estratégicas, operacionais ou deliberativas, porque refletem diretamente no sucesso de um novo empreendimento. Nesse aspecto se insere a questão da utilização de inovações, para que esses fatores não sejam comprometedores a ponto de tornar as organizações estáticas e, junto com elas desacelerar o desenvolvimento de uma região, ou da sociedade em si.

Kotler, Haider e Rein (1994 p.23) lembram que:

Nenhum lugar vai determinar suas estratégias, utilizar seus recursos, definir seus produtos ou implantar seus planos da mesma forma. Cada local apresenta uma história, cultura, política e lideranças diferentes e sua própria maneira de lidar com as relações entre o setor público e o privado. Por conseguinte, é preciso reconhecer que não existem panacéias, doutrinas, receitas ou simples elixires mágicos.

A inovação é movida pela habilidade dos gestores das empresas em estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas.

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Inovar significa acima de tudo tolerar erros, nesse mundo perfeito da qualidade total e defeito zero com tudo altamente padronizado e com atividades totalmente controláveis torna-se difícil inovar. Uma deficiência que se verifica em empresas é entender a necessidade de inovação de forma muito informal, não visualizando a mesma como uma ferramenta estratégica em seu desenvolvimento, consequentemente muitas vezes não conseguindo mensurar na prática seus resultados.

Nas últimas duas décadas a política e a economia brasileira fizeram do cenário empresarial um espaço de desafios, obrigando as novas empresas a serem mais competitivas para garantirem sua inserção e desenvolvimento econômico, como também da região a qual estão inseridas.

Inovar significa flexibilizar estruturas rígidas, ser uma empresa orgânica com poucos níveis hierárquicos, valorizando as pessoas, a inovação surge do caos organizado, é necessária criar nas empresas uma cultura inovadora que só se torna possível modificando atitudes, crenças e valores arraigados.

Scherer e Carlomagno (2004, p.5) afirmam que:

Inovar demanda constância, teimosia, resiliência, persistência. A estrada da inovação é cheia de percalços, de abismos, de becos sem saída. A trajetória é difícil, tempo e recursos são necessários e os resultados nem sempre são imediatos. Inovar significa aprender com os próprios erros, tentar novas soluções, e nunca desistir.

Dessa forma observa-se que, muitas empresas têm dificuldades em inovar, precisam compreender que em contraponto ao “lado obscuro” da inovação existe o “lado compensador”, não são as melhorias incrementais que garantem a vantagem competitiva no mercado global, e sim competências em inovar que são valiosas raras e difíceis de imitar. Scherer e Carlomagno (2004).

Pode-se partir do pressuposto que empresas que inovam ‘correm o risco’ de adquirir vantagem competitiva que ela, em tese, permitiria usufruir, por um período de tempo, margens superiores as da concorrência, o que Schumpeter (1988) denominava de “lucros extraordinários”.

Scherer e Carlomagno (2004, p.7):

Os estudos sobre inovação remetem ao trabalho seminal de Schumpeter, que atribui a ela o papel fundamental de impulsionar o progresso econômico através do progresso técnico. Schumpeter criou uma linha divisória entre dois tipos de descoberta: a invenção e a inovação, estabelecendo que a inovação se diferencia por estar vinculada a um ganho econômico.

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Com base nos estudos de Schumpeter sobre inovação, muitos autores buscaram se aprofundar e trouxeram conceitos e concepções correlatos a essa terminologia.

Gonçalves e Gomes (1993) afirmam que inovações são mudanças nos processos de produção e nos modelos dos produtos que sejam à base do progresso tecnológico. Para Tijssen (2002) inovação é uma consequência de pesquisas básicas e invenções que são inseridas no mercado. Já Byrd e Brow (2003) entendem inovação como sendo uma combinação entre a criatividade e a tomada de risco. Tidd; Bessant e Pavitt (2005) defendem que inovação é uma nova tecnologia incorporada a produtos, que são diferentes daqueles já produzida pela empresa.

Para Mcfadzean, O`loughline Shaw (2005, p. 3), “inovação é um processo que fornece valor adicionado e um nível de novidade para a organização e para seus fornecedores e clientes através do desenvolvimento de novos procedimentos, soluções, produtos e serviços e também de novos métodos de comercialização”.

No Manual de Oslo (OECD, 2005, p. 46) descreve-se inovação como “Implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”.

Para Haines e Sharif (2006), a mesma é uma melhoria da gestão organizacional e de suas relações com o ambiente externo e interno. Roberts (2007) corrobora Lakemond et al (2007) afirmam que inovação é o processo que inicia com a criação de uma ideia e finaliza com o lançamento do produto no mercado

Enfim, inovação não é simplesmente algo novo; muitas vezes se tem uma idéia incorreta ou distorcida do termo inovação, que além de ser algo novo ou simplesmente melhorado tem o objetivo de trazer resultados para a empresa. A exploração de uma nova ideia, desta forma não deve ser vista apenas como o desenvolvimento de um novo produto, sua abrangência é muito maior. Inovações podem estar atreladas a novos modelos de negócios, serviços e mercados, novas formas de gestão ao desenvolvimento, a criação de plataformas tecnológicas, novas marcas ou canais de distribuição.

Para Scherer e Carlomagno (2004 p. 8):

Em primeiro lugar, a inovação deve ser um processo continuado e não episódico. A inovação não se caracteriza por efêmeras ideias geniais, por brilhos instantâneos, mas pelo seguimento de uma estratégia concebida e executada de valorização do novo e do consequente objetivo de atingir resultados mais significativos e de maior impacto. Inovar significa buscar incessantemente o crescimento e a liderança. Envolve criatividade, transpiração, persistência, gestão e risco. Em segundo lugar, a

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inovação deve ser um processo gerenciado. [...] Em terceiro lugar, a indução e a gestão da inovação devem ser feitas por métodos e ferramentas específicas. Dentro desse contexto de inovação, encontram-se também os novos negócios, as MPES que surgem a todo o momento com novas ideias, ou novas formas de empreender, com o desafio de acompanhar o mercado e as demandas independentemente do tamanho de seu negócio. As pequenas e médias empresas que não se adaptam ao ritmo mais dinâmico do mercado tendem a desaparecer, enquanto as sobreviventes se transformam, mudando suas estruturas organizacionais, a tecnologia, a localização do estabelecimento e a natureza de seus produtos.

Garcia e Calantone (2001, p. 112), após realizarem estudo abrangendo 21 autores na área de inovação, e baseados na definição proposta em 1991 pela OECD (Organisation for EconomicCo-Operationand Development) definem inovação como sendo:

Um processo interativo iniciado pela percepção de uma nova oportunidade de mercado e/ou de serviço para uma invenção baseada em tecnologia que conduz a atividades de desenvolvimento, produção e marketing no esforço de obtenção de sucesso comercial da invenção.

Segundo Hamel (2000), o objetivo da inovação do negócio é a introdução de mais variedades estratégicas em determinado setor ou domínio competitivo, devendo ser encarada como meta em um empreendimento.

Desta forma, as MPES precisam ter uma visão ampliada sobre inovação e compreender que esta vem sendo reconhecida cada vez mais como um dos principais fatores que podem impactar positivamente no desenvolvimento das empresas e da economia. A Pesquisa de Inovação Tecnológica - Pintec, realizada pelo IBGE com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e do Ministério da Ciência e Tecnologia, comprova essa importância. A pesquisa visa fornecer informações para a construção de indicadores setoriais, nacionais e regionais das atividades de inovação tecnológica das empresas brasileiras com 10 ou mais pessoas ocupadas, tendo como universo de investigação as atividades das indústrias extrativas e de transformação, de serviços selecionados - edição, telecomunicações, informática - e de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D.

O interessante dessa pesquisa é que são publicadas informações sobre o esforço realizado pelas empresas para inovar seus produtos e processos, além de identificar o impacto dessas inovações na competitividade e estrutura das empresas. O estudo também trás informações dos incentivos governamentais na absorção de inovações, observando problemas e obstáculos do processo de inovação e de marketing, dentre outros aspectos.

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A referência conceitual e metodológica da Pintec é baseada na terceira edição do Manual de Oslo (OSLO, 2015). O Manual de Oslo é bastante abrangente e flexível quanto a suas definições e metodologias de inovação tecnológica e, por isso mesmo, tem sido uma das principais referências para as atividades.

Seguindo tais referências, as informações da Pintec continuam concentradas nas inovações de produto e processo, porém são incorporadas em seu escopo as inovações de natureza organizacional e de marketing. O Manual justifica a necessidade de expandir o conceito de inovação, incluindo as inovações organizacionais e de marketing, pelo fato de que muito da inovação ocorrida, sobretudo no setor de serviços e na indústria de transformação de baixa tecnologia não é apreendida de maneira adequada pelo conceito de Inovação de Produto e Processo.

Ainda sobre inovação, Patterson e Fenoglio (1999) discorrem que o trabalho do mecanismo de inovação é o de coletar informações que talvez tenham valor para o negócio (informações de mercado, necessidades dos clientes, novas tecnologias) e sistematicamente adicionar valor a essa informação, até que a mesma descreva como produzir, usar, vender e dar suporte a novos e interessantes produtos e serviços.

Scherer e Carlomagno (2004) apresentam ainda uma ferramenta denominada de radar da inovação que une tipologias que melhor classificam as inovações e que se integram com ótima aderência, quanto à intensidade a dimensão e à dependência da inovação.

Figura 1: Radar da inovação com 12 dimensões da inovação.

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O radar da inovação é construído a partir de raios que partem do centro e que representam cada uma das dimensões do negócio em que a empresa pode inovar. A divisão dos raios representam a intensidade na qual é possível inovar.

Scherer e Carlomagno (2004) classificam os diferentes tipos de inovação, quanto a sua dimensão, intensidade e dependência, sendo analisados através dessa única ferramenta. O radar da inovação foi desenvolvido por professores da Kellog Business Scholl.

A forma de utilização desta ferramenta deve ser realizada em três etapas com funções especificas:

 Identificação do perfil de inovação atual – desenhar o perfil de inovação atual da empresa a partir da identificação das inovações mais significativas, sua intensidade, interdependência e dimensão. Ligando os pontos das diferentes inovações irá surgir uma figura traduzindo o perfil de inovação existente. Esse diagnóstico permite futura comparação com concorrentes e provê o entendimento das mudanças necessárias na estratégia de inovação da empresa;

 Análise dor perfil de inovação do setor/concorrentes – realizar o desenho do perfil de inovação dos principais concorrentes ou do setor para identificar oportunidades de diferenciação. Determinados setores apresentam um conjunto de tipos de inovações mais significativas durante bom período de tempo. Essa estratégia de inovação pode trazer oportunidades em outras dimensões que gerem resultados para a empresa que está inovando;

 Definição da estratégia de inovação – consiste na definição dos tipos de inovação intencionados, os quais irão guiar toda a geração de ideias e seleção de experimentos futuros na empresa. Possibilitando uma visão da situação atual e da idealizada desenvolvendo as iniciativas necessárias para a consecução dessa estratégia.

A utilização dessa ferramenta requer certo cuidado com relação às patologias que são identificadas em empresas inovadoras. Essas patologias referem-se à intensidade, tipos e portfólios das inovações.

Scherer e Carlomagno (2004) definem essas patologias como sendo:

 Patologia de intensidade – ocorre quando a empresa foca apenas em melhoria e com isso não consegue gerar os saltos de competitividade e contribuição que as inovações podem resultar;

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 Patologia de dimensão – a patologia de dimensão ocorre quando a empresa foca apenas em uma única das doze dimensões da inovação, ao ponto que se está inovação apresenta sucesso torna-se uma repetição continua, mesmo que o contexto competitivo e de marcado enseje a busca de inovação em outras dimensões;

 Patologia de portfólio – ocorre quando a empresa não estabelece nenhuma articulação entre as diferentes iniciativas de inovação existentes na empresa. Desta forma ou não há relacionamento entre os diferentes tipos de dimensões do negócio que poderiam gerar inovações mais robustas, ou não há relacionamento entre iniciativas de curto e longo prazo.

Observar essas três patologias pode não apenas diminuir as chances de fracasso na gestão da inovação, como também ampliar o potencial de geração de grandes oportunidades.

A utilização desse radar permite integrar todos os tipos de inovações em uma ferramenta única para diagnóstico, benchmarking e definição de estratégia, evidenciando as diferentes possibilidades de inovação existentes para a empresa, ampliando a idéia original de que inovação trata apenas de novos produtos.

2.2 Empreendedorismo

A partir de 1850 o Brasil começa a viver um período de estabilidade política, no qual ocorrem algumas mudanças na região Sudeste, onde havia uma economia mais dinâmica e isso provoca também certa modernização capitalista no país. Uma das figuras que mais se destacou no século XIX, no campo da economia, das finanças e dos empreendimentos modernos, foi o Visconde de Mauá.

Caldeira (1995) seu nome era Irineu Evangelista de Sousa, nascido no Rio Grande do Sul, Irineu ficou órfão de pai aos cinco anos. Foi morar no Rio de Janeiro e aos 11 anos já trabalhava como contínuo, aos 15 era o empregado de confiança do patrão. Aos 23 já era sócio da firma escocesa onde trabalhava. Aos 27 anos, viajou até a Inglaterra, conhecendo assim o país mais rico do mundo, visitando fábricas, fundições de ferro, muitos empreendimentos comerciais importantes.

Retornando ao Brasil resolve tornar-se industrial. Foi o primeiro do Brasil, aos 32 anos. O Visconde foi precursor de multinacionais, da globalização e do Mercosul, e no Brasil seus negócios se espalhavam do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Mauá era um empresário

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da diversificação. Tudo que era moderno tinha suas mãos. Financista, o Visconde tinha bancos, empresas de comércio exterior, mineradoras, usinas de gás, fazendas de gado e sócios milionários em toda a Europa.

No Rio de Janeiro, Mauá tinha a melhor demonstração dos seus negócios. Tudo no Brasil que significasse desenvolvimento e progresso, onde não houvesse escravos, tinha a marca de Mauá.

Mas, o Visconde de Mauá era um estranho no ninho. No ninho de um país ruralista, escravocrata e latifundiário, cuja economia vivia sob o controle estatal. Em consequência disso, os políticos partidários do imperador inviabilizavam quanto podiam os projetos de Mauá, até ao ponto de torná-los impossíveis. O Visconde era um gigante em terra de anões. Afinal depois de muita perseguição em 1875, Mauá faliu e pediu moratória por três anos. O Visconde de Mauá faleceu em Petrópolis-RJ, no dia 21 de outubro de 1889.

O empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 90, quando entidades como o Sebrae e Softtex (Sociedade Brasileira para exportação de Software) foram criadas, antes desse período as políticas do país não criavam um ambiente propício ao empreendedorismo.

No Brasil a preocupação com a criação de pequenas e médias empresas que sejam duradouras e também a necessidade de baixar as altas taxas de mortalidade das mesmas, faz do empreendedorismo um tema muito pautado em décadas recentes.

Dornelas (2008) considera que o momento atual pode ser chamado de era do empreendedorismo. Cada vez mais empreendedores rompem barreiras comerciais e culturais encurtando distancias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas relações de trabalho e empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza para a sociedade.

O empreendedorismo busca constantemente o desenvolvimento das organizações e do mercado. Sem o empreendedorismo o ciclo de vida das empresas não se inicia, o empreendedor procura diversificar o mercado e fazer com que outras demandas sejam estabelecidas, para que a sociedade em geral evolua.

Para Zahra (apud Teixeira, 2009) “empreendedorismo refere-se às atividades formais e informais realizadas para criar novos negócios em empresas estabelecidas por meio de inovações em produtos e processos, bem como para desenvolver o mercado”.

Pode-se dizer hoje que o empreendedor é o motor da economia, um agente de mudanças. O economista austríaco Schumpeter (1988) associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico, a inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios. O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos

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produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.

Para Marcondes (2000, p. 20), empreendedor é toda pessoa que identifica clientes potenciais e com uma oportunidade de negócios para satisfazê-los, cria uma empresa.

Empreendedorismo é a tradução de entrepreneurship, termo inglês utilizado para definir ações e comportamentos empreendedores. Historicamente, o empreendedorismo é entendido sob diferentes perspectivas, que utilizam distintas abordagens na tentativa de compreender este fenômeno (QUEVEDO, 2007).

Na visão apresentada por Costa, Cericato e Melo (2007, p. 5):

Empreendedorismo é a criação de valor por pessoas e organizações trabalhando juntas para implementar uma ideia por meio da aplicação de criatividade, capacidade de transformação e o desejo de tomar aquilo que comumente se chamaria de risco. O empreendedorismo pode ser considerado como o despertar do indivíduo para o aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de abertura para novas experiências e novos paradigmas. Portanto, é uma questão de liberdade individual, qualquer pessoa pode ativar a motivação para empreender.

No Brasil o empreendedorismo aparece de forma interessante e importante, fomentando o mercado de trabalho, gerando renda e melhorias no contexto social das regiões, movimentando a economia e melhorando as condições de vida das pessoas.

Hisrich e Peters (2004, p. 28) afirmam que:

No início do século XX, o empreendedor é conceituado como inovador. A inovação faz parte do empreendedorismo e é uma das tarefas mais difíceis para o empreendedor, pois “exige não só a capacidade de criar e conceitualizar, mas também a capacidade de entender todas as forças em funcionamento no ambiente”. O homem sempre possuiu a capacidade de inovação. Apesar das mudanças dos modos de fazer, essa capacidade sempre esteve presente através dos séculos.

Agostini (2010, p. 3) traz a concepção de que o empreendedor deve desenvolver a cultura empreendedora porque esta consiste em facilitar o acesso ao mundo, subsidiando-o nas fases mais importantes – como na montagem da sua organização –, disponibilizando a ele uma série de instrumentos para o investimento proposto, identificando as potencialidades e oportunidades de negócios existentes em sua cidade, sua região ou sua organização.

Dolabela (2008, p. 23) traz uma visão interessante com relação ao empreendedorismo “O ambiente favorável ao desenvolvimento empreendedor (em comunidades ou empresas) não pode prescindir de elevadas doses de democracia (e não de autocracia), cooperação (e não somente de competição) e relações sociais estruturadas em rede (e não hierarquizadas)”.

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O papel do empreendedorismo é relevante, pois não trata apenas de indivíduos, trata também de comunidades, cidades, regiões, países, implicando a ideia de sustentabilidade e sendo a melhor resposta ao desemprego. Timmons (apud Dolabela, 1994), afirma que “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20”.

Kirzner (apud Dornelas, 1973) em uma obra anterior ainda tinha uma abordagem um pouco diferente, para ele o empreendedor seria aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, identificando oportunidades na ordem presente.

Dornelas (2008, p. 22) conceitua empreendedorismo como sendo “o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias em oportunidades. E a perfeita implementação dessas oportunidades leva a criação de negócios de sucesso”.

Ser empreendedor não significa apenas a criação de um novo negócio, como Schumpeter (1988) muito bem já esclarecia. Pode-se inovar dentro de negócios já existentes, o que se reconhece pelo termo empreendedor corporativo, o empreendedorismo dentro de empresas já constituídas.

Para Dornelas (2008) a decisão de ser empreendedor pode surgir por acaso. Essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento de uma nova empresa.

Nesse sentido, as incubadoras veem se tornando grandes parceiras no fomento aos novos empreendimentos. A figura abaixo exemplifica alguns fatores que mais influenciam o processo empreendedor em cada fase e explicita as afirmações realizadas anteriormente.

Cavalcanti e Tolotti (2011) fazem uma analogia do ato de empreender a um vôo, onde de forma metafórica e interessante apresentam o tema. Decolar é um dos momentos mais difíceis de um empreendedor, quando necessita abandonar o porto seguro para buscar os objetivos em terras distantes, envolvendo uma grande dose de desapego e coragem. Ao lançarem-se ao ar os empreendedores navegam em um mar de incertezas em que ventos, correntes e montanhas passam a ser oportunidades e ameaças.

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Figura 2 – Fatores que influenciam no processo empreendedor (adaptado de Moore, 1986).

Fonte: Dornelas (2008, p. 31).

Da mesma forma a criação de um produto, o nascimento e lançamento de uma empresa são momentos críticos, para isso Cavalcanti e Tolotti (2011) consideram três as premissas básicas para o sucesso neste momento: habilidade gerencial, capacidade empreendedora e logística operacional, sem esses aspectos o alto índice de mortalidade das organizações pode agravar-se.

2.3 Incubadoras como estratégia de fomento ao empreendedorismo e a inovação

Os estudos sobre incubadoras vêm aumentando gradativamente, como comprova o papel fundamental que as mesmas possuem para o fomento de novos negócios. As incubadoras conseguem criar um elo e aproximar negócios, mercado, universidades e sociedade. A incubadora de empresas tem por objetivo oferecer suporte a empreendedores para que eles possam desenvolver ideias inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso. Para isso, oferece infraestrutura e suporte gerencial, orientando os empreendedores quanto à gestão do negócio e sua competitividade, entre outras questões essenciais ao desenvolvimento de uma empresa (ANPROTEC 2015).

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Essas instituições, incubadoras, possuem ainda importante papel no sentido de auxiliar os novos empreendimentos a obterem sucesso em seu ciclo organizacional. Acompanham os negócios desde sua fase inicial, buscando as melhores formas e estratégias para inserção dessas ideais no mercado, auxiliando-as em suas fazes de desenvolvimento até estarem fortalecidas e prontas para seguirem seu ciclo por conta própria.

O modelo precursor do processo de incubação de empresas como conhecemos hoje, surgiu em 1959 no estado de Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas da Massey Ferguson fechou, deixando um significativo número de residentes novaiorquinos desempregados. Joseph Mancuso, comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços. Ele adicionou ao modelo um conjunto de serviços que poderiam ser compartilhados pelas empresas ali instaladas, como secretaria, contabilidade, vendas, marketing e outros, o que reduzia os custos operacionais das empresas e aumentava a competitividade.

Nos anos 70, já na conhecida região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, as incubadoras apareceram como meio de incentivar universitários recém-graduados a disseminar suas inovações tecnológicas e a criar espírito empreendedor.

O movimento brasileiro de incubadoras expandiu-se a partir da década de 90, firmando-se em anos recentes. Entendidas como arranjos interinstitucionais, as incubadoras empresariais são ambientes em que se articulam redes de empresas e de inovação, constituindo-se como processo logístico, mantido por fluxos de informações que fomentam a geração de inovações nas incubadas, as quais retroalimentam o sistema.

O modelo organizacional de incubadoras de empresas vem se expandindo rapidamente nas últimas duas décadas e seu sucesso está intimamente ligado à colaboração dessas estruturas organizacionais ao fomento da inovação e, consequentemente, fortalecimento da competitividade em micro e pequenos empreendimentos.

Maletz (2006) apresenta a evolução do conceito de incubadoras na figura 3. Nesta figura é possível visualizar a evolução dessas instituições ao longo da história.

Muitas são as definições para incubadoras encontradas na literatura e seus diversos significados convergem para um ponto comum que apontam a incubadora como um ambiente que oferece a estrutura física, as relações necessárias e apoio no estágio inicial de novos empreendimentos.

Medeiros (1992) entende que incubadora é um núcleo que abriga, usualmente, microempresas de base tecnológica, isto é, aquelas que têm no conhecimento seu principal insumo de produção.

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Figura 3: Evolução do conceito de incubadoras.

Fonte: adaptado de EUROPEAN COMMISSION (2002, p. 3).

Para Enriquez e Costa (2003), as incubadoras de empresas têm por objetivo servir de suporte estrutural para pequenas e micro empresas de base tecnológica, que buscam a diversificação e a revitalização econômicas, agregando valor ao produto, através de uma interação com os centros de ensino e pesquisa, por meio de informação e conhecimento tecnológico, visando melhorar a eficácia produtiva da região para uma inserção mais competitiva no mercado. Propiciam, também, o desenvolvimento de novos empreendimentos que sejam financeiramente viáveis e capazes de se adaptar ao mercado após o período de permanência na incubadora.

Na concepção de Spolidoro (1999), a incubadora é o ambiente que favorece a criação e o desenvolvimento de empresas e de produtos (bens e serviços), principalmente, produtos inovadores e de intenso conteúdo intelectual.

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A ANPROTEC (2015) apresenta os tipos de incubadoras, classificadas de acordo com o foco dos setores que apoiam:

 Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica: são aquelas que abrigam empresas cujos processos, produtos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisa aplicadas, e a tecnologia representa alto valor agregado.

 Incubadora de Empresas dos Setores Tradicionais: são aquelas que abrigam empresas ligadas aos setores tradicionais da economia, com tecnologia difundida e que agregam valor aos seus processos, produtos ou serviços por meio do incremento tecnológico empregado.

 Incubadoras de Empresas Mistas: são as incubadoras que abrigam empresas dos dois tipos acima descritos (MCT, 1998).

O processo de incubação de empresas de base tecnológica corresponde a um importante mecanismo da política brasileira de ciência, tecnologia e inovação. Em países tecnologicamente desenvolvidos, o processo de incubação de empresas apresenta um alto grau de sinergia. No Brasil em que pesem os avanços observados na incubação, ainda encontra-se em fase de consolidação, pois não possui uma configuração definitiva.

De acordo com um estudo realizado em 2011 pela Anprotec, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Brasil tinha 384 incubadoras em operação, que abrigaram 2.640 empresas, tendo gerado 16.394 postos de trabalho. Essas incubadoras graduaram 2.509 empreendimentos, que naquele ano faturaram R$ 4,1 bilhões e empregaram 29.205 pessoas. O mesmo estudo revelou outro dado importante: 98% das empresas incubadas inovam, sendo que 28% com foco no âmbito local, 55% no nacional e 15% no mundial.

Raupp e Beuren (2009) argumentam que incubadoras procuram promover a redução de instabilidades ajudando as empresas incubadas a se preparar melhor por meio do suporte administrativo, financeiro e de estrutura, disponibilizado às empresas durante o processo de incubação.

Lahorgue (2004) propõe uma definição ampla que não seja conflitante com a literatura; para a autora, incubadoras são espaços planejados para receber empresas e proporcionar a elas condições mais favoráveis a seu, desenvolvimento.

Hannon (2003), em seu estudo sobre liderança e gestão de incubadoras de negócios, analisa e descreve os principais componentes e etapas do processo de incubação conforme a figura abaixo.

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Figura 4: Etapas do processo de incubação.

Fonte: Adaptado de Hannon (2003).

O autor ainda relaciona a análise do processo de incubação com a do foco de gestão da incubadora que se baseia na necessidade de desenvolvê-la em três grandes frentes: Ambiente de Incubação, Prospecção de Clientes e Processo Empreendedor.

A primeira, Ambiente de Incubação, refere-se a todos os recursos e infraestrutura disponíveis para as empresas incubadas durante seu período de incubação e fornecidos pela incubadora. A segunda, Prospecção de Clientes, enquadra-se na atividade de suporte da incubadora, que auxilia nos aspectos mercadológicos e de produto a serem desenvolvidos na empresa incubada. A última frente, Processo Empreendedor, são atividades que a incubadora realiza para promover uma cultura e capacitação empreendedora em suas empresas incubadas. Essas frentes serão analisadas e descritas individualmente para cada incubadora estudada no capitulo quatro dessa dissertação.

Referências

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