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As instituições pioneiras

No documento fabricioandredealmeidalinhares (páginas 64-67)

3 PRIMEIROS PASSOS DE UMA CAMINHADA LENTA E CHEIA DE

3.1 O PROCESSO EMBRIONÁRIO DA FORÇA DE TRABALHO DA

3.1.2 As instituições pioneiras

A Faculdade de Direito de Juiz de Fora, está entre as primeiras a serem federalizadas e não perfaz um caminho muito diferente do exposto acima. Um grupo de professores, dos quais podemos citar o Sr. Antônio Serapião, Eduardo de Menezes, Francisco Augusto Pinto de Moura, entre outros, iniciam o processo de desmembramento da Faculdade do Instituto Grambery. Foi, pois, uma tentativa de criar uma faculdade de direito laica na cidade, todavia também uma iniciativa privada que buscava recursos financeiros junto ao poder público.

Nessa reunião de janeiro, presidida pelo dr. Antônio Serapião de Carvalho, eleito por aclamação [...] O presidente declarou instalada definitivamente a faculdade. [...] O dr. Francisco Augusto Pinto de Moura fez uma saudação ao dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e, a propósito de uma carta do dr.

Feliciano Pena, justificando sua ausência, exaltou-lhes as qualidades; depois de mencionar-lhes as funções públicas – Antônio Carlos, deputado, Feliciano Pena Senador – manifestou sua esperança em que pudessem trazer para a Faculdade os benefícios dessa condição de parlamentar, em que ambos estavam investidos. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA, 1985, p. 37).42

No ano de 1915 são matriculados 80 alunos, distribuídos nas cinco séries do curso, mas a reforma de ensino Carlos Maximiliano, em vigor a partir de 19 de março de 1915 põe fim à empreitada proibindo o funcionamento de cursos de Direito em cidades com menos de 100 mil habitantes. O município contava, à época com apenas 30 mil habitantes. Apenas no início dos anos 30, com o fim da Política do Café com Leite, o surgimento do Estado Novo, e as decorrentes grandes transformações na vida política e econômica do país, novos horizontes se abriram na política educacional reanimando setores da elite intelectual e aristocrática.

Novamente a reforma Francisco Campos, “ao admitir o instituto isolado de ensino superior, cria um momento favorável para a reativação de antigos projetos de faculdades de Juiz de Fora” (YAZBECK, 1999, p. 107). Em 30 de junho de 1934 a Faculdade volta a funcionar43 novamente para fins privados e subsidiada pelo Estado.

Em 1936 “tem-se a notícia de uma subvenção municipal de10:000$00, um montante expressivo, considerando-se uma receita total de 13:419$00” (YAZBECK, 1999, p. 109). Entre 1941 e 1943, as subvenções municipais somam Cr$ 22.000,00, o que representaria 25% da receita daqueles três anos, acrescenta Yasbeck (1999). Em 1952 a Faculdade adquire sede própria, através da aquisição do prédio 1112 da rua Santo Antônio, com subvenções recebidas na União nos anos de 1950 e 1951, acrescidas do resultado da venda de três lotes doados pela prefeitura municipal.

Estes dados apontam que em muitos casos, dada a federalização das faculdades, os imóveis pertencentes a estas acabaram por transferirem-se para propriedade do Estado. Mas é verdade também que estes mesmos imóveis, como demonstrado acima apenas são adquiridos pela oferta de recursos financeiros advindos do próprio poder público. Portanto são imóveis comprados pelo poder público em favor de entes privados que posteriormente foram “doados” para o Estado. Acrescenta-se ainda a informação de que no ano de 1953 a Faculdade de Direito

42 Reunião de Congregação, de 13 de janeiro de 1954.

passa a receber subvenção federal permanente cujo valor anual perfazia o total de Cr$ 2.500.000,00.

Uma das cinco faculdades que deram origem à UFJF, a Faculdade de Medicina de Juiz de Fora não foge à regra quanto à dependência de recursos públicos. Em 1935 inicia-se um movimento capitaneado por importantes médicos afim de instaurar a Faculdade de Medicina em Juiz de Fora. Tentativa que se vê absolutamente frustrada já em 1937 e precisamente aos 08 de agosto a faculdade opta pela suspensão temporária de suas atividades44. Relata Yasbeck (1999), que

sem as subvenções estaduais, prometidas desde o início, mas jamais concretizadas, a congregação com muito pesar opta pela suspensão das atividades.

Quinze anos depois, retomado o movimento pela criação da Faculdade de Medicina, um cenário bem diferente, com presença maciça do poder público, no que diz respeito a apoio financeiro, o projeto parece finalmente vingar. De 1950 a 1952, seguiram-se contatos intensos com autoridades políticas, nos planos federal, estadual e municipal, cujos primeiros resultados são positivos: O estado de Minas Gerais doa Cr$ 20.000.000,00 em apólices inalienáveis, para constituir o patrimônio inicial da faculdade, e mais Cr$ 2.000.000,00 em dinheiro a serem empregados em suas instalações. A Faculdade é inaugurada em 16 de maio de 1953 e já para aquele ano contava com subvenções federais e estaduais que totalizavam Cr$ 97.220,00.

Incluída no programa Cosupi – Programa coordenado pelo Ministério da Educação e Cultura – que através de dotações, possibilitava a contratação de professores e serviços auxiliares – a faculdade pôde contratar professores e serventes (YAZBECK, 1999)45.

Trajetória semelhante, possui a Faculdade de Ciências Econômicas, também umas das cinco instituições que deram origem à UFJF. Conta Yasbeck (1999) que “Entre 1954 e 1955, anos mais auspiciosos, chegaram à Faculdade os recursos federais esperados, o que permite à Congregação tomar providências com relação à compra de um imóvel para a sede da Faculdade e adquirir móveis e livros, além de pagar professores e funcionários” (YAZBECK, 1999, p. 129).

Fecha o rol de faculdades particulares financiadas pelo Estado e à beira da falência que deram origem à UFJF, a Escola de Engenharia de Juiz de Fora. A instituição, assim como as demais, mostrava-se dependente de doações provenientes

44 Ata da seção da Congregação de 08/08/1937.

das diversas esferas de governo. A construção da sede da instituição, por anos, esteve refém de promessas de autoridades políticas que sustentavam a esperança de doação do imóvel ou do terreno para construção. Apenas em janeiro de 1960 a Escola muda-se para a sede construída na rua Visconde de Mauá, 300, no bairro da Glória.

Em 1957 uma crise administrativa se instaura sob a justificativa do momento crítico pelo qual passam a economia e as finanças do país. Como resposta, políticos da região investem uma soma considerável de recursos para assegurar a sobrevivência da instituição, enquanto os resultados dos trabalhos de uma comissão criada para apurar a situação financeira da Escola confirmam desvios de verbas destinadas aos cursos técnicos (YAZBECK, 1999). A história da Escola de Engenharia como uma unidade de ensino superior particular encerra-se com a Lei nº 3.858, de 23 de dezembro 1960 (BRASIL, 1960), que criara a Universidade de Juiz de Fora, que agrupou, além dela, as Faculdades de Farmácia e Odontologia, de Ciências Econômicas de Medicina e Direito.

3.2 NASCE A UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA: A UNIFICAÇÃO DAS

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