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AS PARTICULAS MODAIS E 0 ENSINO DE ALEMAO PARA ESTRANGEIROS

o

presente estudo aborda aspectos te6ricos e aplicados de urn fenomeno Iingufstico de elevada incid~ncia na lingua fa- lada alema: as Partfculas Modais (PMs). Nosso interesse pelo tema surgiu, basicamente, a partir de observaQ6es feitas du- rante atividades de ensino-aprendizagem do alemao para bra- sileiros (confirmadas por depoimentos dos estudantes), ou se- ja, que a questao das PMs e urn dos aspectos que maiores di- ficuldades cognitivas provocam no aluno de alemao.

Apesar da frequ~ncia significativa de PMs na produQao . oral de nativos, elas foram, durante muito tempo, praticamente ignoradas pelas gramaticas, dicionarios e lexicos, cuja moti- vaQao maior centrava-se no tratamento de fenomenos pr6prios da lingua escrita. Considerava-se as PMs elementos lexicais vazios de significado e, por isso mesmo, prescindfveis de uma descriQao mais acurada. Essa postura trouxe evidentes conse-. qu~ncias para as atividades de traduQao e para 0 ensino de alemao para estrangeiros, contribuindo para que, frequente- mente, 0 alemao ensinado e traduzido no exterior nao corres-

pond esse ao alemao falado na Alemanha.

Dado que as PMs ocorrem de forma esporadica na es- crita, encontrando seu locus privilegiado na oralidade, foi s6 a partir do interesse da UngUfstica pela fala que os te6ricos, por assim dizer, "descobriram" as PMs, passando a Ihes reservar urn espaQo maior em suas pesquisas. Hoje, no bojo dos traba- Ihos deSEmvolvidos (cf. Weydt, 1969, 19n, 1983; Altmann,

1976; Gornik-Gerhart,1981; Hentschel,1986, entre outros), ja e posslvel detectar descriQ6es minuciosas deste fenomeno, visto tanto global quanta isoladamente. Os interessados podem ate mesmo lanc;armao de urn "Pequeno Dicionario de Partfculas", publicado por Weydt e Hentschel (1983), onde os autores des- crevem as func;6es de 26 PMs. Conta-se ainda com urn manual de exerclcios (yVeydtet alii,1983), que procura tornar mais sis- tematica e eficiente a aquisic;aodas PMs por estrangeiros.

lacunas_alnda permanecem, preponderantemente nas areas de analises contrastivas e de ensino de alemao para estrangeiros. Buscando superar estas lacunas, 0 presente trabalho propoe- se a apresentar uma contribuie.taoao estudo te6rico e aplicado das PMs visando, principalmente,0estudante brasileiro.

Embora as PMs tenham side identificadas em urn nume- ro expressive de Ifnguas, autores tern salientado (cf. Weydt,

1977) que e na Ifngua alema que elas podem ser sistematica- mente descritas, onde chegam mesmo a substituir elementos comunicativos nao-verbais (como a gesticulae.tao)ou entoacio- nais. Assim, em seus enunciados, os falantes alemaes recor- rem, intuitivamente e a todo momento, as PMs sem que, no en- tanto, os leigos consigam descrever suas regras de uso.

Aparentemente, essas partfculas podem ser omitidas sem que 0 conteudo sem~ntico do enunciado se modifique.

Veja-se os exemplo abaixos, com as respectivas tradue.t0espa- ra0portugues:

(1)

Arbeitest du da? Voce trabalha af? (2) Arbeitest du denn da? Voce trabalha af?

Observe-se que a partfcula denn parece nada acrescen- tar, em termos de significado, a indagativa do falante. Contudo, entre os dois enunciados existem, do ponto de vista pragmati- co, diferengas sensfveis. Em (1), 0 falante solicita uma infor-

mae.tao,cuja resposta pode ser "sim" ou "nao", sendo que em (2) realiza urn ate i1ocut6rio indicador de surpresa. Essa dis- tine.tao,desempenhada em alemao pela partfcula "denn", se- ria percebida, em portugues, no enunciado em questao, atraves de recursos como a entoae.tao,0alongamento da vogal

(i), entre outros.

Pesquisas realizadas com falantes alemaes nativos (cf. Weydt et alii, 1983) revelaram que os mesmos avaliam as falas de nativos ouestrangeiros, permeadas de PMs, como "natu- rais", "fluentes", "autenticas", "participativas". Ao contrario, as falas sem modalizadores foram percebidas como "frias", "se- cas", "reservadas", "sem envolvimento". Na mesma linha, es- .trangeiros auto-avaliam suas produe.t0esIingOfsticascomo par- cimoniosas no emprego de PMs, 0 que acarreta dificuldades

de ordem interacional, principalmente quando se trata de transmitir opinioes pessoais, que transcendem a mera troca de informac;oes.

Estas pesquisas vieram corroborar os estudos te6ricos de Weydt (1969) que, ao delinear0tipo de fungao exercida pe-

las PMs, distingue dois nlveis de realizagao da lingua: 0 nlvel

da intengao e0nlvel da representagao.

Para0autor, a fungao da PMs deve ser vista ao nlvel da

intengao do falante, ou seja, ela expressa a posigao do falante diante do enunciado emitido. Diferencia-se, desta forma, do significado ao nlvel da representagao, que expressa 0 "dito",

ou seja,0conteudo semantico tacitamente estabelecido para a

representagao de objetos referenciais.

Assim, no exemplo (2) acima identifica-se, ao nlvel da representagao, du (voc~) como urn dos interlocutores, arbei- test (trabalha)

e

a agao a ele atribulda e da (aQ

e

entendido como d~itico de lugar, onde 0 interlocutor desenvolve a agao

referida. Ja denn nao

e

passfvel de analise ao nfvel da repre- sentagao, mas sim ao nfvel da intengao, apontando para urn estado de perplexidade do falante. Uma caracterfstica inerente as indagativas com denn

e

0 fato de que aquele que indaga

tern certeza que 0 ouvinte sabe a resposta a sua pergunta, ou seja, denn funciona como urn dos elementos que, na intengao, identifica uma indagat;ao de carater ret6rico.

Generalizando-se,

e

possfvel afirmar que as PMs forne- cern ao ouvinte "dicas" sobre a posigao do falante diante do .que enuncia. Etas transmitem ao ouvinte mais do que os voca- bulos constitutivos de indagativas, ordens, afirmat;oes, etc., in- formam ou, dito de outra forma, as PMs configuram ao enun- ci~do determinado valor i1ocut6rico que, sem elas, nao seria percebido.

Gornik-Gerhardt (1981), partindo de uma analise funcio- nalista da Iinguagem atribui as PMs fungoes expressivas e inte- rativas, na medida que fazem.refer~ncias ao contexto, ao inter- locutor e a coesao do discurso. Para a autora (1981 :27), no entanto, "0 use do conceito de fungao nao deve implicar que as PMs sejam palavras vazias, palavras sem significado (... ) mas sim, que as PMs sac portadoras de urn tipo particular de significagao" que s6 pode ser apreendido em contextos es- pecfficos. Ainda assim

e

possfvel afirmarque, do ponto de vis- ta sem.antico, as partfculas sac elementos IingClfsticosque nao interferem nas condigoes de verdade-falsidade do enunciado. Na realidade, elas nao integram 0 nucleo sema.ntico de urn

enunciado, devendo ser categorizadas como elementos basi- cos na configuragao dos atos de fala.

A

fungao comunicativa das PMs no interior dos enuncia- dos depende, diretamente, das condigoes contextuais de pro- dugao, podendo vir ou nao em conjunto com outros indicado- res pragmaticos. Quando descotextualizadas, as partfculas deixam de incorporar a fungao de que eram portadoras no in- terior do enunciado, ou mesmo num contexte mais amplo. Sa- liente-se, pois, que a escolha de determinada PM, num contex- to especffico, nao e aleat6ria, ja que deve haver compatibilida- de entre 0tipo de fala proferido e a partfcula selecionada. Deli-

neia-se, dessa forma, uma via de mao dupla, ou seja, nao ape- nas a fungao da PM e dependente do contexto, mas ela· tambem acrescenta ao contexte um novo significado de cono- tagao pragmatica.

Seguindo os autores acima mencionados, considera-se aqui como um dos tragos pragmaticos definidores de PM0fa-

to de indicarem 0 posicionamento do falante frente ao enun-

ciado por ele emitido. Como exemplo de palavras dalfngua alema com esse tipo de fungao, tem-se : aber - auch - bloss - denn - doch - eben - etwa - halt - einfach - ja - mal - erst - viel- leicht - eigentlich - nur - ruhig - schon - wohl.

Em regra geral, os estudos sobre PMs dedicam-se

a

sua descrigao semAntico-pragmatica, desconsiderando outros nr- veis de analise. Mesmo concordando que aquele e 0trago ba-

sica das PMs,0 nrvel morfossintatico nao pode ser ignorado.

Saliente-se aqui, que as PMs possuem palavras homonimas, ao nrvel da representagao, classificadas como adverbios (na sua maioria), adjetivos, conjungoes, e que, frequentemente, funcionam como elemento complicador na aprendizagem das partfculas. Considere-se os exemplos abaixo:

(3) Das Kind war vielleicht frech. 0 (a) menino(a) foi mesmo atrevido(a).

(4) Kommst du heute abend? Vlelleicht. Voc~ vem hoje

a

noi- te? Talvez.

No exemplo (3), vielleicht e usado enquanto PM, qualifi- cando a avaliagao do falante diante de determinado fato. Si- multaneamente, ao recorrer

a

partfcula "vielleicht", 0 falante

busca conseguir a concordAncia do ouvinte para com seu po- sicionamento. Em (4) vielleicht e um adverbio, sendo empre-

gada como resposta a uma indagativa do interlocutor. Ao con- trario qesteJ a PM nao pode, isoladamente, atuar como respos-

ta a uma indagativa. Outro elemento distintivo entre as PMs e seus homOnimos sac os tragos suprassegmentais. 0 acento do enunciado pode recair sobre os homOnimos,0 que rara-

mente ocorre com as particulas. Observe-se os exemplos a seguir, que trazem eben acentuado e nao-acentuado:

. Acentuado (adverbio de tempo)

(5) Das hat er mir eben geschenkt: Ete acabou de me presen- tear isso. (Ha pouco). Nao-acentuado (PM)

(6) Das hat er mir eben geschenkt. Ele me presenteou isso. (Portanto, me pertence). Os enunciados (5) e (6) apresentam id~ntica distribuigao sintatica no interior da frase. Contudo, a acentuagao divergen- , te a eles atribuida possibilita a identificagao de eben enquanto

adverbio de tempo ou PM.

Do ponto de vista morfol6gico, a caracteristica basica das PMs reside no fate de nao serem passlveis de flexao. To- davia, sendo esta uma peculiaridade comum a outras particu- las, nao pode ser tida como definidora, mas deve ser conside-. rada em conjunto com outras caracteristicas, principalmente as de natureza pragmatica.

Ao nivel sintatico alguns aspectos merecem ser desta- cados, ou seja, as PMs:

- nao ocupam a primeira posigao na estrutura frasal; . - podem ser, em regra, eliminadas dos enunciados, sem que estes se tornem agramaticais;

nao constituem, isoladamente, urn enunciado com- pleto; -

- nao podem ser negadas (sempre que presentes em enunciados negativos ocupam posigao anterior ao item lexical negativo);

- ocupam posit;ao posterior

a

do verbo;

- atuam como constituintes do enunciado como urn to- do, nao se agrupando com constituintes especfficos.

As pesquisas ate aqui realizadas no campo da sintaxe nao permitem ainda sistematizag6es mais amplas, 0 que difi-

culta sua aplicagao no ensino de alemao como lingua estran- geira. Alem disso, como constata Weydt (1981 :53) "0 estudo

sintatico.ate 0 momenta diz respeito exclusivamente a partfcu- 'ias isoladas no ambito de frases gramaticalmente corretas. Ja a formUlagao de regras referentes a combinagao

-de

duas partfculas causa dificuldades". Consequentemente, para os fa- lantes estrangeiros, a produgao espontanea de duas ou mais partfculas combinadas implica em questoes de ordem pragma- tica, sintatica e ate mesmo cognitiva, ainda nao resolvidas.

As dificuldades acima levantadas sac reforgadas em vir- tude de duas circunstancias basicas, de ordem pedag6gica:

- os dialogos naturais estao sujeitos a Iimitagoes con- cretas em sala de aula;

- 0tratamento dado as PMs nos Iivros didaticos e ainda

insatisfat6rio.

Embora, a partir da proposta de ensino comunicativo, 0

fndice de PMs nos Iivros didaticos seja maissignificativo, seu enfoque qualitativo deixa ainda a desejar. As partfculas perma- necem como elementos IingOfsticos de "segunda ordem" na medida que nao sac trabalhadas dentro de uma abordagem te6rico-metodol6gica consequente.

Ainda que as PMs apresentem dificuldades de ensino- aprendizagem ainda nao devidamente discutidas, alguns pas- sos podem ser sugeridos para que sua aquisigao ocorra de forma mais agradaveI e eficiente. Nesse sentido, tres fases de- vem ser basicamente consideradas pelo(a) professor(a). Vale

ressaltar que essas fases obedecem a urn mere princfpio de sistematizagao, nao devendo ser entendidas como numa se- quencia temporal, ja que estao interligadas. Sao elas:

a) Fase de Sensibilizac;io: aqui 0aluno e levado a de-

senvolver uma sensibilidade Iingufstica para com as PMs, dei- xando de percebe-Ias como elementos "vazios";

b) Fase de Estrategias Cognitivas: as dificuldades advindas do fate que as partfculas possuem hom6nimos po- dem ser,em parte, superadas atraves de estrategias como a comparagao PM-hom6nimo, quantoa seus tragos sintatico- semantico-pragmaticos, agrupando-os a partir das fungoes que exercem no interior do enunciado. Outra estrategia eficien- te e a que recorre ao trabalho contrastivo, de forma a explicitar o recurso Iingufstico que, em portugues, poderia expressar 0

valor intencional, interacional e i1ocut6rico contido nas PMs do alemao;

c) Fase de Exercrclos:essa fase deve visar, preponde- rantemente, a aquisiQao produtiva e contextualizada do valor

i1ocut6rio das partfculas.

0

aspecto entoacional deve receber atenQao especial. Bastanteprodutivo

e

quando, no decorrer do processo, alunos e professor(a) constr6em, coletivamente, urn "Pequeno Manual de Uso das Partfculas", com intuito de, pro- gressivamente, sistematizar 0 conhecimento adquirido.

Frente ao que foi exposto podemos concluir que tanto a LingUlstica Te6rica quanta

a

Aplicada t~m uma expressiva con- tribuiQ80 a dar ao estudo das PMs, desenvolvendo pesquisas que possibilitem uma descriQ80 mais acurada da motivaQao in- terna que rege as PMs. Na medida que se reconhece 0 impor- tante papel que as partfculas desempenham no contexto inte- rativo, compreende-se que elas nao podem qontinuar sendo ignoradas no ensino-aprendizagem de alemao para estrangei- ros. Assim, considera-se que a contribuiQao mais expressiva deste trabalho nao esta em trazer respostas definitivas as co- locagoes feitas, mas justamente em levantar questionamentos que merecem ser investigados.

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COMUNICAOAo, LITERATURA E INFORMATICA APLICADA AO ENSINO DE LINGUAS ESTRANGEIRAS

A conceito de comunica<;aoabordado neste trabalho

e

0

que diz respeito ao processo de aprendizagem, sendo pois, uma no<;ao pedag6gica que se estabelece num ambiente que parte da confian<;a, que nasce do fate de se estar bem e se sentir

a

vontade, que conduz assim0aprendiz a se sentir mo-

tivado a expressar sua opiniao assim como se interessar pela dos seus colegas. Uma vez criado este clima, a comunica~ao se exerce como sendo a troca de opini6es, de sentimentos, de experi6ncias, apelando para uma intera<;ao constante dentro do grupo.

o

objetivo da pesquisa foi a cria~ao do conteudo e a elabora~ao das atividades de um tutorial para 0 ensino do

franc6s Ifngua estrangeira (CELIA).

A especificidade da pesquisa e 0 elo entre a Iiteratura

(cultura) e a Ifngua falada com auxOioda informatica e atraves dos princfpios da Expressao Uvre, pratica pedag6gica desen- volvida na Fran<;apor Michel Gauthier, oriunda das teorias de Freinet,. Montessori e Decroly. Esta pedagogia preve a valori- za~o da expressao do aluno e 0 respeito ao seu rftmo de

Neste trabalho, 0 estudo de textos Iiterarios e desenvol-

vido numa perspectiva de comunicagao onde 0computador

e

uma ferramenta e nao um objeto de coergao. Para tal, a refor- mulagao de conceitos pedag6gicos e IingUfsticos bem como mudangas na conduta pedag6gica fez-se mister.

Atraves de textos Iiterarios contrafdos (dos quais con- servamos sobretudo os discursos dialogais) que representam uma situagao, um acontecimento, permitimos ao aluno expres- sar suas impressoes, julgamentos, ou "viver" a mesma aventu- ra que os personagens da hist6ria. Os textos sac "pretextos" para uma comunicagao entre 0 aluno e a maquina. Mas isto

nao impede a exist~ncia da Ifngua escrita e por conseguinte apresentamos textos onde coabitam tempos litere.rioscomo 0

"passe simple" e0 discurso conversacional, como nos textos

extraidos de obras de Colette e Zola.

A contragao dos textos Iiterarios compos um capftulo especial da Tese haja vista a importAncia eo aspecto judicioso deste assunto.

Como utilizar a literatura para praticar a Ifngua? 0 caso pode dar margem

a

controversia; pOder-se-iacogitar que 0 es-

tilo literario nao e0 mais indicado para a aprendizagem da Ifn-

gua na perspectiva da abordagem comunicativa. N6s respon- demos que os textos escolhidos nao representam um modelo de Ifngua e sim uma situagao, um pretexto para a conver- sagao; alem do mais, n6s partimos da Iiteratura por ser ela um meio de expressao de um povo e vefculo de sua cultura. Por outro lado, somos da opiniao que a literatura deve ser demiti- zada, ou popularizada: que ela saia das prateleiras das biblio- tecas. De modo geral nossos alunos I~em muito pouco, menos ainda quando se trata de Iiteratura estrangeira, muitos recor- rem

a

crftica Iiteraria sem ter passado pela obra. He.quem tema a Iitera\ura,.vendo-a singularmente como produto e objeto das elites. E contra esta concep9ao que entendemos lutar, fieis ao nosso prop6sito de Iiberdade e de abertura que nos guiou nao somente na escolha dos textos Iiterarios como tambem em to- dos os nfveis da elabora9ao de conteLidos e atividades.

A lingua Iiteraria, pedagogicamente, da lugar

a

Ifngua corrente, ou seja,0fate de apresentar textos Iiterarios nao im-

plica forgosamente em sa exercitar com 0$ alunos a Ifngua Ii- teraria.

Na pedagogia tradicional, 0 ensino das literaturas es-

trangeiras implicava na aprendizagem da estilfstica e da gramatica antes da pratica da lingua estrangeira. A comuni- ca~ao em sala de aula era feita em lingua materna. Porem, 0

advento do franc~s fubdamental, ocasionou, na Fran~a, 0 desmoronamento desta antiga tend~ncia pedag6gica e fez com que a lingua escrita fosse totalmente rejeitada.

o

tutorial CELIA.e a ponte entre estas duas teorias. A partir de urn texto de urn grande autor 0 aluno e levado a se

expressar na lingua coloquial e nao num estilo literario. 0 pon- to relevante deste tutorial consiste, por urn lado, em deixar 0

dominio da gramatica e por outro, em per tambem ao alcance de urn publico nao erudito, ou seja a massa, urn conhecimento considerado elitizado.

A metodologla da pesqulsa

A partir de experi~ncias posUivas observadas e vividas com a pedagogia da Expressao Livre no Instituto Universitario de Tecnologia da Paris V, decidirnos encarar 0desafio de apli-

car 0metodo Gauthier ao fran~s lingua estrangeira no Brasil. Partimos da escolha de quinze textos de autores franceses. A escolha destes textos foi submetida a criterios tanto psico-pe- dag6gicos como linguisticos. Em seguida, passamos

a

con- tra9ao dos referidos textos em pequenas narrativas onde pre- domina 0 discurso conversacional para facilitar a passagem

a

lingua falada e

a

situa~o ·de comunicaC;ao.Tendo efetuado as contrac;oes dos quinze textos, selecionamos finalmente seis deles e os classlficamos por tema para compor 0 que cha-

mamos a primeira parte de CELIA. A explora~ao de textos Ilterarios

Permitindo ao leitor varias leituras posslveis, _ no senti- do em que 0 documento e rico em informac;oes culturais que sac postas

a

sua disposic;ao e nao impostas _1 a explora~ao

dos textos representa uma inovaC;aopedag6gica. Na apresen- tac;ao de urn texto, 0 usuarippode, se assim0desejar, ter ex- plicac;oes para todas as palavras.

Para cada uma delas estao previstas explicac;oes em trOs nrveis diferentes: sentidos virtuais e atualizados, expli-

ca<;6esestilfsticas contextuais e pratextuais, explica<;6esmeta- IingOlsticas com quadros morfossintaticos. Cabe ao aluno es- colher que tipo de explica<;aoele deseja ter, escolhendo entre as tres janelas que Ihe serao propostas cada vez que ele sele- cionar uma palavra do texto.

Na nossa ooncep<;ao0aluno e livre para escolher 0seu rltmo de trabalho, por isso todo e qualquer texto podera ser0

primeiro ou ultimo. Nao existe uma ordem de sequencia dos