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As perceções dos estudantes sobre a plataforma e os seus níveis de satisfação

4. Estudo I – satisfação, autonomia e competências digitais dos estudantes que usam as plataformas

4.1.5. As perceções dos estudantes sobre a plataforma e os seus níveis de satisfação

Os níveis de satisfação dos estudantes indicam as suas perceções sobre o curso, o valor que dão ao mesmo e as suas experiências de aprendizagem. Tanto as instituições de Ensino Superior quanto as organizações responsáveis pela avaliação da qualidade nesta modalidade de ensino e os investigadores desta temática consideram a perceção e satisfação como importantes elementos. Estes contribuem para uma melhor compreensão da relação

entre as estratégias de ensino, a avaliação e as aprendizagens dos estudantes, permitindo conhecer suas facilidades e dificuldades, que podem ser orientadores para o desenvolvimento e melhoria das estratégias de ensino dos docentes e também para a conscientização dos estudantes sobre as suas competências (Barreira & Monteiro, 2014; ESG/Group & Conference, 2015; Kauffman, 2015).

Os estudos mostram que, nas plataformas LMS, o utilizador terá atitude positiva em relação à tecnologia se ele acreditar que o sistema poderá contribuir para melhorar o seu desempenho (Alhomod et. al, 2013; Sela & Sivan, 2009; Venkatesh et. al, 2003). Além disso, investigações mostram que o efeito conjunto das atividades de aprendizagem, que combinam encontros presenciais com atividades online, tem uma influência positiva sobre a nota final dos estudantes Orooji & Taghiyareh, 2015).

As investigações realizadas por López-Pérez e colaboradores (2011), com estudantes do Ensino Superior na Universidade de Granada, demonstram que soluções de b-learning têm um efeito positivo na redução das taxas de abandono escolar e no aumento de aprovação em exames, tendo igualmente uma influência positiva nas suas classificações finais (López-Pérez et al., 2011).

Um estudo que aborda a perceção dos discentes sobre o uso de duas plataformas LMS na Universidade do Minho, em Portugal, revela que estes parecem apreciar a contribuição das LMS para a sua aprendizagem, vendo-as como um complemento e não um substituto para atividades em sala de aula. Entretanto, salientou que os benefícios reunidos pelo uso de ferramentas de comunicação e colaboração para apoiar o trabalho do grupo podem ser melhorados (Carvalho, Areal & Silva, 2011).

Outro estudo trata também da relação entre a satisfação do estudante e a atuação do professor na aprendizagem online, afirmando que o grau de satisfação para elearning é afetado positivamente quando o professor responde rapidamente, o seu estilo de ensino é

adequado, suas explicações são claras, e quando ele demonstra o controlo sobre a tecnologia. Estes fatores, em conjunto, influenciam favoravelmente o sucesso da aprendizagem (Ozkan & Koseler, 2009).

Um estudo sobre a satisfação com a utilização dos ambientes virtuais de

aprendizagem na plataforma Moodle como apoio às aulas presenciais, denominados Moodle- fólios, foi realizado com 530 estudantes de 2 cursos de graduação e 120 estudantes de cursos de pós graduação no Ensino Superior, na Universidade de Brasília, no Brasil (Alves et al., 2012). Tal uso foi considerado importante em relação aos seus diferentes itens avaliados no acompanhamento do processo ensino-aprendizagem, tais como: o design instrucional das disciplinas inseridas na plataforma, os materiais instrucionais elaborados e a metodologia proposta na utilização do Moodle. Os resultados revelam um significativo grau de satisfação, compromisso e seriedade, por parte dos estudantes, sobre a forma como o mesmo foi

utilizado e sobre suas contribuições teórico-práticas para o enriquecimento dos futuros profissionais participantes.

Outro estudo inqueriu os estudantes do Ensino Superior do curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil, que tiveram a oportunidade de utilizar plataforma LMS como apoio ao ensino presencial (Heidrich & Angotti, 2010). A avaliação dos estudantes das duas disciplinas em relação ao uso do ambiente virtual foi muito positiva, e revelou a satisfação dos mesmos nos seguintes pontos: acesso ao material das aulas

independente de tempo e lugar, organização e disponibilidade do material didático antes das aulas. Os discentes sugeriram que todas as aulas deveriam ter os conteúdos disponíveis na plataforma, evidenciando sua preferência por esta forma de acesso ao material de apoio às aulas presenciais. A avaliação dos fóruns mostrou que a maioria deles se sente inseguro em esclarecer as dúvidas dos colegas e reconhecer o acerto ou erro das respostas, evidenciando ainda uma grande dependência de alguns ao veredicto do professor.

Também Carvalho e colaboradores (2011), investigando a perceção dos estudantes sobre duas plataformas LMS na Universidade do Minho, em Portugal, constatou que em geral, eles parecem apreciar a contribuição das LMS para a sua aprendizagem. Entretanto, o mesmo estudo assinalou que os benefícios reunidos pelo uso de ferramentas de comunicação e colaboração para apoiar o trabalho do grupo poderia ser melhorado.

Outra investigação, envolvendo um grupo de estudantes do Instituto Superior Politécnico, que tinha como objetivo avaliar o impacto de uma LMS usada como complemento de sessões presenciais, a nível da motivação, da interação e do

desenvolvimento de apetências e competências, transversais e específicas, na área da edição e do tratamento de imagens digitais apontou como vantajosa a utilização destes ambientes, sobretudo, pelo a nível da interação entre professores, estudantes e destes entre si, bem como a nível do acesso a conteúdos e serviços (Morais & Cabrita, 2010).

Chagas (2012) também investigou os principais fatores de satisfação dos estudantes e dos docentes de cinco cursos em regime presencial e a distância de uma instituição de Ensino Superior portuguesa e os resultados indicaram que os índices se revelam favoráveis em ambos os regimes, não se encontrando diferenças significativas.

Na Universidade de Lisboa, a preocupação com a satisfação dos estudantes na aprendizagem online motivou estudos anteriores. Um estudo que tinha como propósito analisar as expectativas e satisfação dos estudantes do primeiro Curso de Mestrado desenvolvido em regime totalmente a distância nesta Instituição, na área da educação, iniciado em 2010/2011, concluiu que as expectativas e os níveis de satisfação dos estudantes daquele curso eram favoráveis, e constatou a existência de uma relação entre os níveis de satisfação e os resultados académicos dos estudantes (Lemos, 2011; Lemos & Pedro, 2013).

Outro estudo recente sobre satisfação dos estudantes, realizado na Turquia por Kirmizi (2015) tinha como objetivo medir as suas auto perceções e determinar os preditores de satisfação e sucesso na educação online. Os resultados indicam correlação significativa entre a satisfação e o sucesso dos estudantes e demonstram que a motivação é a dimensão que mais impacta na satisfação deles.

Kauffman (2015), a partir de uma revisão de estudos que tratam da satisfação dos estudantes, examinou os fatores que afetam o desempenho e satisfação no ambiente de aprendizagem online para estudantes adultos. Analisando as investigações sobre esta temática, abordou a relação entre a satisfação e os seguintes aspetos: comparação entre os resultados de aprendizagem de estudantes presenciais com os de estudantes online; o impacto do design instrucional dos cursos online tanto na satisfação quanto na sua aprendizagem; a relação entre os objetivos do curso e os conteúdos indicados e também a relação entre os resultados de aprendizagem e as características dos estudantes. Os resultados encontrados demonstram que fatores como o design instrucional, a organização, o feedback e as atividades pautadas na interação e colaboração impactam positivamente na satisfação. O artigo aponta como limitação dos estudos anteriores o impacto da interação com os colegas na satisfação, os atributos do professor que têm impacto na satisfação dos estudantes online e o nível de literacia digital dos estudantes.

Neste sentido, estudar a perceção dos estudantes e os seus níveis de satisfação com o uso da LMS vão permitir conhecer o impacto delas na formação da autonomia, ao mesmo tempo que se pretende conhecer como os estudantes avaliam as suas competências para o uso das tecnologias; competências para a comunicação online e competências para o trabalho colaborativo.