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2 CONTEXTUALIZANDO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E O

2.6 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL

Em decorrência das desigualdades sociais proveniente da sociedade capitalista, as Políticas Sociais visam estabelecer um Estado que viabilize a igualdade social. Machado e Kyosen (2000, p.63) conceituam que

a política social é uma política, própria das formações econômico-sociais capitalistas contemporâneas, de ação e controle sobre as necessidades sociais básicas das pessoas não satisfeitas pelo modo capitalista de produção. É uma política de mediação entre as necessidades de valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da força de trabalho disponível para o mesmo.

Segundo Roy (2000), as políticas sociais referente às pessoas com deficiência surgem nos anos 70 e são consolidadas nos anos 90 no Brasil, são de responsabilidade do Estado, sendo por muitas vezes realizada na esfera privada, porém pública, através de redes de atendimento.

A proteção as pessoas com deficiência, além dos direitos de todos os cidadãos, lhe são conferidos direitos específicos que são condições primordiais para o alcance de direitos fundamentais de todos os cidadãos. Esses direitos são preconizados pela a Lei nº 7.853/89 e reeditados pelo decreto nº 914/93; colocando a responsabilidade ao poder público no atendimento das áreas da educação, saúde, formação profissional e do trabalho, recursos humanos, edificações, cabendo ao Ministério Público a ampla defesa dos mesmos.

A Constituição Brasileira de 1988 congrega a previdência, a saúde e a assistência pública no conjunto da seguridade social, que de acordo com Ferreira (2000), o sistema de seguridade social instituído pela referida Constituição apresenta uma lógica fundada em duas modalidades de proteção social, a assistência e seguros sociais. Além disso, possui na base dos seus princípios a universalidade e seletividade, centralização e descentralização, distributividade e redistributividade, gratuidade e contributividade.

Esses princípios de uma maneira geral conformam as políticas do tripé da seguridade social constituído pela Saúde, previdência e assistência social e que procura comprometer as ações governamentais com a garantia da vida e da cidadania de vários segmentos sociais.

“A Lei nº 8.212/91, Artigo 10, estabelece que a seguridade social deve ser financiada por toda a sociedade, de forma direta ou indireta, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais”. (Roy, 2000, p.219)

A política da Assistência Social é regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social Lei nº 8742, a Política Nacional da Assistência Social e Norma Operacional Básica. Seus princípios são fundamentados na seletividade e universalidade na garantia de benefícios e serviços, gratuidade e não contributividade no que se refere a natureza dos direitos, redistributividade no que se refere aos mecanismos de financiamentos e descentralização e participação quanto sua forma de organização política – institucional. (FERREIRA, 2000, p. 139).

Essa política prevê o atendimento das necessidades básicas às pessoas com deficiência vulnerabilizadas pela situação de pobreza que se encontram incapacitadas para a vida independente e para o trabalho.

No grupo destinatário de assistência está a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à velhice, a promoção e integração no mercado de trabalho, da habilitação e reabilitação e da integração da vida comunitária das pessoas com deficiência. E também, a garantia de um salário mínimo de beneficio mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que provar não poder prover sua manutenção.

A habilitação, entendido por Araujo (1994), como sendo o direito de obter preparo para o trabalho, lazer e educação, deve ser ministrada às pessoas com deficiência que necessitam de treinamento para ingressar na vida social, diminuindo suas dificuldades de integração. Nesse caso, pode-se aqui citar a educação especial e o tratamento fisioterápico.

Já a reabilitação tem a finalidade de cuidar daqueles que um dia tiveram habilitação e a perderam por algum motivo.

Sendo a saúde direito de todos e dever do Estado, fundado nos princípios da universalidade, gratuidade, não contributividade, redistributividade e descentralização, adquire sentido de direito universal e incondicional do cidadão para aqueles serviços e benefícios que se convencionou de denominar de Assistência à Saúde. (FERREIRA, 2000, p.139).

O primeiro direito à saúde é o direito de estar são, que deve ser garantido por medidas preventivas e de tratamento de saúde de responsabilidade do Estado.

Também o direito à saúde engloba o direito à habilitação e reabilitação, o qual possibilita o individuo a integração social.

Esses direitos devem ser viabilizados em políticas públicas inerentes à saúde de ações preventivas com ampla divulgação, entre essas as doenças causadoras da deficiência. A Lei 7.853/89 estabelece a garantia de acesso e tratamento em estabelecimento público e privado e ainda o atendimento domiciliar, estabelecendo uma rede de serviços especializados em habilitação e reabilitação, como também desenvolver programas especiais na prevenção de acidentes. (ROY, 2000)

A Previdência Social tem um caráter seletivo e tem como um dos seus objetivos, assegurar aos seus beneficiários (segurados e dependentes) meios indispensáveis de manutenção por motivo de incapacidade. Dela é conferida aposentadoria por invalidez ao segurado que não conseguir mais realizar suas funções em virtude de progressão da doença ou lesão, tendo ele adquirido ou não durante filiação. E, com relação aos direitos do segurado é concedido, auxílio- doença, aposentadoria por invalidez, e auxílio acidente. Quanto aos dependentes, pensão por morte e quanto ao segurado e dependentes, pecúlio.

Já, a política social inerentes à área da educação estabelece desde os anos 60 a integração escolar da criança com deficiência.

Segundo Araujo (1994, p. 52), “as pessoas com deficiência tem direito a educação, a cultura, como forma de aprimoramento intelectual, por se tratar de bem derivado do direito à vida”.

A educação deve ser ministrada visando a necessidade da pessoa com deficiência. Assim pode ser especial ou comum, em escolas especiais voltadas para as pessoas com deficiência intelectual mais severas e em escolas da rede básica de ensino. Porém o transporte torna-se o meio fundamental para permitir o acesso à escola e a promoção deste direito.

Com relação ao campo do trabalho, passa-se a constituir um compromisso institucional com a garantia de habilitação, reabilitação e acesso ao trabalho, por meio de medidas positivas específicas para o alcance da igualdade de oportunidades. Sem dúvida, a recomendação de nº 99 da OIT em 1955, foi responsável por um processo de vários atos governamentais decorrentes da Constituição de 1988 relativos à proibição da distinção no tocante a isonomia salarial e critérios de admissão, à reserva de percentual de vagas no serviço público e

privado produtivo, à assistência, à habilitação e reabilitação, aos treinamentos para o trabalho de adolescentes com deficiência, e a adaptação das construções. (ROY, 2000)

Porém no contexto em que vive a sociedade, os direitos ainda se encontram ameaçados diante de um papel reducionista do Estado, onde a assistência judiciária a pessoas com deficiência deverá ser garantida, cabendo ao Ministério Público, através dos princípios constitucionais de proteção, impetrar ações que viabilizem a garantia de seus direitos.

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