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O presente estudo buscou compreender os fatores determinantes relativos à exclusão social das pessoas com deficiência. As limitações físicas decorrentes da deficiência por muito tempo serviram de impedimentos para que essas pessoas se sentissem membro da sociedade e não tivessem o acesso ao trabalho.

As formas preconceituosas estabelecidas na sociedade se manifestaram em gestos e atitudes segregatórias, impedindo assim, de exercer sua cidadania. O seu reconhecimento como cidadão é atitude recente em nossa sociedade além de proporcionar oportunidades, entre elas a de um trabalho digno.

O número de pessoas com deficiência no mundo é expressivo e cabe a todos, o direito de fazer parte da sociedade. Para tanto, é necessário romper com a visão atribuída pela sociedade à diferença, como também, despertar nas pessoas com deficiência a disposição em mudar essa realidade, afinal, a inclusão é um processo bilateral.

A desconstrução dos mitos sobre a deficiência deve ocorrer no meio familiar, ser reforçado pela escola e se prolongar em todos os meios sociais, como o lazer, o trabalho e outros.

As políticas de tratamento protecionista e assistencialista devem ser eliminadas, pois essas pessoas possuem os mesmos direitos, como qualquer outra. Tratá-las com condição de igualdade não quer dizer “desconsiderar a deficiência” como se ela não existisse, ela existe e deve ser considerada, pois a partir dessa visão é que deverá ser criado os mecanismos para impedir os obstáculos existentes na sociedade.

As barreiras físicas e atitudinais se apresentam como responsáveis pelo impedimento na conquista de sua independência, dificultando o acesso a espaços sociais e ao trabalho. Apesar de uma ampla legislação que de alguma forma viabiliza o acesso aos direitos, ainda deverá ocorrer avanços significativos para que estes possam sentir-se como membro efetivo da sociedade, não havendo necessidade da intervenção do Ministério Público.

Ao abordar a questão da inclusão social da pessoa com deficiência, é necessário avaliar quais os meios que possibilitarão um tratamento de igualdade.

Dessa forma avalia-se a implementação das políticas públicas, de ações afirmativas e de discriminação positiva como forma de proporcionar os acessos e minimizar os efeitos produzidos por uma história de discriminação.

A Constituição Federal de 1988 veio de forma significativa contribuir para o acesso aos direitos sociais, pois estende os direitos a todos os cidadãos, sem discriminação. As políticas sociais cujo intuito é de viabilizar os direitos estabelecidos no texto constitucional se apresenta como instrumento para uma sociedade mais justa e igualitária.

Contudo, a política neoliberal reduziu o papel do Estado, fragilizando de forma significativa, os direitos contemplados pela constituição. Essa nova ordem social se apresenta como um desafio para todos os membros da sociedade e para que não haja um retrocesso nas conquistas estabelecidas pela Declaração dos Direitos Humanos, são necessários novos desafios.

As conquistas sociais decorreram principalmente das lutas de movimentos sociais que clamavam por uma sociedade mais humana, igualitária, como os movimentos que propuseram e impulsionaram o reconhecimento da pessoa com deficiência na sociedade.

Entretanto, as mudanças em uma sociedade são lentas, pois devem romper com preconceitos que estão cristalizados no meio social. A exclusão social da pessoa com deficiência é decorrente desses preconceitos; e que devem ser desmistificados.

A falta de informação da sociedade e da própria pessoa com deficiência retarda o processo para a construção de uma sociedade que reconhece todos os seus membros como sujeito de direitos. Sendo assim, o trabalho se apresenta como determinante no processo de transformação social, onde o homem cria, recria, aprende e ensina, formulando novos conceitos, entre eles sobre a pessoa com deficiência, devendo considerar-se o seu potencial como trabalhador, levando em conta suas particularidades.

As empresas de forma significativa têm um papel fundamental quando disponibilizam vagas para as pessoas com deficiência, pois dessa forma, criam condições a fim de que se modifiquem determinados conceitos sobre essas pessoas. Sendo assim, o acesso às oportunidades de trabalho para elas não deve estar pautado na prática da caridade; bem como no preenchimento de cotas, não deve ser visto para o cumprimento de uma legislação, mas sim, com a perspectiva

de uma sociedade que reconhece as diferenças e estabelece uma relação de respeito.

Portanto, parece que a única forma de assegurar os direitos das pessoas com deficiência, tem sido através do cumprimento da legislação vigente, a qual se apresenta ainda, de forma insuficiente, conforme demonstrou a pesquisa junto às empresas do ramo varejista/supermercadista da grande Florianópolis, pois nenhuma delas continha no seu quadro de colaboradores o número que preconiza a Legislação.

Porém, para um verdadeiro processo de transformação social é necessário considerar a família como ponto de partida, a escola como espaço privilegiado de integração e conseqüentemente as empresas como co-participantes desse processo.

Em assim sendo, considera-se que há espaço privilegiado para o reconhecimento das pessoas com deficiência, como sujeito de direito. São nesses espaços que o Serviço Social deve operar mudando tal realidade. Não só colocar a família como possibilidade de intervenção, mas como unidade que requer atenção e proteção, em especial aquelas que possuem um membro com deficiência, contribuindo assim, no reconhecimento desse como sujeito de direito. Também o trabalho nas escolas e em todos os espaços públicos deve estar pautado em questões que garantam principalmente a acessibilidade, pois esta se constitui em um dos maiores obstáculos para as pessoas com deficiência.

A intervenção do profissional de Serviço Social com relação ao processo de inclusão social deve vir ao encontro do projeto ético-político da categoria que busca a defesa intransigente dos direitos humanos, feridos pelos ideais da sociedade capitalista que no caso das pessoas com deficiência, a garantia desses direitos, ainda enfrenta enormes dificuldades.

Concluindo, o presente estudo pretendeu mostrar as barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência no mercado de trabalho, bem como o esforço que se deve fazer no sentido de eliminar todo e qualquer obstáculo aos direitos do cidadão. É uma questão de justiça, solidariedade, fraternidade e respeito ao ser humano. Jamais seremos uma sociedade humanizada e feliz, enquanto houver um de seus membros discriminado e impedido de desfrutar de seus direitos.

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APÊNDICE A - Questionário para coleta de dados

QUESTIONÁRIO

1 - Número de empregados na empresa:

2 - Há quanto tempo possuem no quadro de colaboradores pessoas com deficiência?

( ) Anterior a legislação ( ) de 1998 a 2000 ( ) de 2001 a 2005 ( ) de 2006 a 2008

3 – Tipo de deficiência que mais emprega, indique a quantidade Auditiva:

Visual:

Menta/intelectual: Físico:

Múltipla:

4 - A empresa realiza adaptações em seu ambiente de trabalho quando necessário? ( ) Sim

( ) Não

5 - Quanto à adaptação ao trabalho: ( ) Ótimo

( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

6 – Disponibilizam vagas para atendimento ao público? ( ) Sim

( ) Não

7 - A empresa oferece treinamento ( ) Sim

( ) Não

8 - O treinamento é realizado com demais funcionários ( ) Sim

( ) Não

9 - Com relação aos colaboradores da empresa qual o tipo de comportamento com relação a pessoa com deficiência no ambiente de trabalho?

( ) tratam com normalidade como os demais colegas. ( ) tem comportamento protecionismo.

10 – Quanto ao sexo, indique a quantidade de colaboradores: Masculino: ___

Feminino: ___

11 – Quanto a Idade dos colaboradores, indique a quantidade de deficientes nas seguintes faixas etárias:

Entre 18 e 30 anos: ___ De 30 a 40 anos: ___ Acima de 40 anos: ___

12 - Quanto ao nível de escolaridade, indique a quantidade de colaboradores com: Ensino Fundamental incompleto: _____

Ensino Fundamental completo: ___ Ensino Médio incompleto:___ Ensino Médio completo: ___ Ensino Superior incompleto: ___ Ensino Superior completo: _____ 13 - Faixa Salarial:

Número de funcionários que recebem: 1 salário mínimo: ______

2 salários mínimo: ______ 3 salários mínimo: ______

Acima de 3 salários mínimo: ______

14 - Quais as funções requisitadas com mais freqüência para as pessoas com deficiência? (Ex. ajudantes, repositores)

15 - Existe uma avaliação da condição física para o preenchimento do cargo? 16 - Quais as maiores dificuldades para o preenchimento dos cargos?

17- A concepção dos cargos está vinculada ao grau de escolaridade?

18 - Existe facilidade de integração entre as pessoas com deficiência e os demais colaboradores?

ANEXO A – Principais Leis citadas no trabalho

Constituição Federal da República do Brasil de 1988

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania; II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

XXX - é garantido o direito de herança;

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento)

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

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