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2 CONTEXTUALIZANDO A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E O

2.5 O ESTADO E AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Considerando a questão histórica, de acordo com Maranhão (2005), as primeiras leis escritas atestam que a ação do Estado, em relação às pessoas com deficiência, baseava-se na política de extermínio, exemplificando a história dos gregos e romanos na qual as crianças mal constituídas eram eliminadas.

Os mecanismos de extermínio e exclusão desses indivíduos avançaram pela Idade Média e permaneceram no período de formação e consolidação do Estado Moderno.

Havia um antagonismo na postura do Estado que, ao mesmo tempo em que eliminava os “inúteis”, os tinha como obstáculo para a sociedade, promovendo, assim, um contingente de deficientes através da aplicação das sansões de suas leis, como o Código Hamurabi e a Lei de Talião. Nessa época, os antigos códigos continham em seu teor a característica da imposição de deveres ao povo, negando- lhes os direitos.

A luta contra o arbítrio do poder estatal de um regime absolutista culminou com o advento do Estado Moderno sob a direção da burguesia, no qual o direito de punir passa do soberano para a sociedade. É estabelecida uma nova idéia de disciplina e organização social que segundo Simões (2007, p.60)

a burguesia revolucionária institui uma nova estrutura econômica, baseada na sociedade de mercado e na circulação de mercadorias, portanto na institucionalização das relações contratuais, (compra e venda) como fundamento da vida em sociedade.

Essa revolução iniciou o processo de limitação dos poderes absolutistas, que culminaram com as conquistas da Revolução Francesa, o qual tinha como objetivo afirmar direitos individuais como o direito à vida, a privacidade, a propriedade privada e a representação dos interesses sociais no Estado, sendo que essas lutas são evidentes no século XVII e XVIII.

Os direitos sociais foram conquistados no século XIX e XX em decorrência da luta dos trabalhadores proveniente da expansão capitalista, cuja a concepção efetivou-se pela instituição do Estado de Bem-Estar Social, no qual a ação do Estado reconhece esses direitos, passando a fazer parte das Cartas Constitucionais sendo que o Estado passa a ser o formulador de políticas públicas voltadas a toda a população, garantindo mais dignidade e igualdade social

É com base na Carta Internacional dos Direitos Humanos que as pessoas que possuem algum tipo de deficiência não só tem o direito a exercer todos os direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais, mas também tem reconhecido o direito de exercê-los em condições de igualdade com os demais indivíduos.

A Constituição Federal de 1988 elegeu um conjunto de valores éticos, considerados fundamentais para a vida, onde a maior parte destes se expressa no reconhecimento dos direitos humanos.

Essa Constituição no seu Artigo 1º inciso II e III tem em seus fundamentos a cidadania e a dignidade da pessoa humana.

Portanto passa a ser atribuído valor da dignidade como um dos seus fundamentos, bem como a construção de uma sociedade livre justa e solidária com a erradicação da pobreza, da marginalização, a redução das desigualdades sociais e regionais e a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, conforme o seu artigo 3º, inciso IV, incluindo as discriminações decorrentes da deficiência.

Segundo Simões (2007) o valor da dignidade é considerado absoluto, visto inexistir no texto constitucional qualquer hipótese em que possa ser restringido, sendo que este valor rege as regras civis sobre os direitos da personalidade,

importante contribuição para a proteção individual, os quais são intransmissíveis e irrenunciáveis, tutelados pelo Poder Público.

A eficácia dos direitos e garantias fundamentais é atribuída ao princípio da ordem social entre os quais os direitos sociais devem ser assegurados em políticas públicas de direitos humanos.

Já no Artigo 5º da Constituição preceitua o direito a igualdade, e o Art 6º estabelece os direitos sociais, a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção a maternidade e a infância, a assistência aos desamparados.

Porém, são inúmeras as leis que visam regulamentar os direitos da pessoa com deficiência, sendo que elas se apresentam de forma esparsa na esfera federal, estadual e municipal além de decretos regulamentares, portarias ou resoluções, tendo como a base legal a Constituição de 1988, bem como o teor das Leis 7853 de 24 de outubro de 1989 o Decreto nº 3298 de 20 de dezembro de 1999 e a Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000 que de forma mais efetiva trata dos direitos das pessoas com deficiência.

A Constituição Federal de 1988 ao tratar das pessoas com deficiência, estabelece não só a regra geral, inerente ao princípio da igualdade. (Artigo 5º, “Caput” mas também os relativos aos seguintes artigos:

• Artigo 23, “que atribui a competência comum da União, Estado, Distrito Federal e Municípios para cuidar da saúde e assistência pública da proteção e garantia das pessoas com deficiência.

• Artigo 24, XIV – trata da competência concomitante para legislar visando à proteção e integração da pessoa com deficiência.

• Artigo 7º, XXXI – trata da proteção ao trabalho, proibindo qualquer discriminação do que se refere ao salário e admissão da pessoa com deficiência.

• Artigo 37, VIII – trata da reserva de vagas para cargos públicos.

• Artigo 203; IV e V – trata da assistência social – habilitação e reabilitação e benefícios previdenciários.

• Artigo 208, III – trata da educação com atendimento especializado na rede regular de ensino.

• Artigo 227, II, parágrafo 2º - trata da eliminação das barreiras arquitetônicas, adaptação de logradouros públicos, edifícios, veículos e transporte coletivos.

• Artigo 227, II – trata da atenção com a criança e adolescente com deficiência com criação de programas de prevenção e atendimento especializado, além de treinamento para o trabalho.

No que se refere a Lei nº 7853/89 estabelece o apóio às pessoas com deficiência, sua integração social, a tutela jurisdicional de interesses coletivos e difusos, disciplinando a atenção do Ministério Público e definiu crimes. Esta lei assegura as pessoas com deficiência o pleno exercício de seus direitos principalmente no que tange a saúde, educação, ao trabalho, lazer, previdência social, amparo a infância e maternidade.

Essa lei significou um avanço em termos legislativos, visto que possibilitou o ingresso de medidas judiciais para garantir a efetividade dos direitos fundamentais à pessoa com deficiência, além da responsabilidade de responsabilizar criminalmente os infratores.

O Decreto nº 3298/99 visa a regulamentar a Lei 7853/89, detalhando as ações e diretrizes referente as pessoas com deficiência com relação à saúde, acesso à educação, à habilitação e a reabilitação profissional, acesso ao trabalho, cultura, desporto, turismo e ao lazer, dando maior efetividade aos direitos concedidos na Lei nº 7853/89. Já, a Lei nº 10.098/00 veio regulamentar os critérios básicos para a promoção da acessibilidade tratando da eliminação das barreiras arquitetônicas.

Esta lei trata dos elementos de urbanização como o acesso aos edifícios públicos e privados, estacionamentos, transportes coletivos e acessibilidade nos sistemas de comunicação.

Além dessas leis, outras viabilizam a inclusão da pessoa com deficiência como o Estatuto da Criança e Adolescente, as leis e Diretrizes e Base da Educação Nacional (Lei nº 9394/96). Todas elas buscam dar cumprimento ao que estabelece a Constituição como fundamento do Estado Democrático de Direito, ou seja, a cidadania e a dignidade humana.

2.6 AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL PARA AS PESSOAS COM

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