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PALESTINA: Yasser Arafat

AS RESPOSTAS ISRAELITAS:

Há todo um manancial de respostas, que possibilitaram a configuração de um pensamento estratégico por parte dos estrategos israelitas.

Deste modo, tomamos em consideração as soluções por parte do Exército israelita, assim como do respectivo Governo, para ultrapassar a situação de Israel232.

Dissuasão em Israel:

A dissuasão233 é considerada um conceito essencial na Estratégia de Segurança Israelita, como forma de evitar qualquer conflito entre Israel e os seus inimigos. A sua estratégia baseia-se assim, fundamentalmente, na dissuasão.

232

PIELLA, Guillem Colom, “La evolución de la Estrategia Nacional de Seguridad Israelí” in Boletín de

Información, número 309, Ministerio de Defensa, Centro Superior de Estudios de la Defensa Nacional,

Madrid, año 2009, p. 71.

233 “ (…) A dissuasão tem um objectivo de negação (…) visa alcançar a não guerra.” SACCHETTI,

António Emílio, Temas de Política e Estratégia, ISCSP-UTL, Lisboa, 1986, p. 176. “O conceito de dissuasão é posterior ao aparecimento da arma nuclear, e destacou-se apenas a partir dos anos 50. Pensa-se que a amplitude das destruições que a utilização de armas nucleares teria provocado, dissuadiria qualquer país de entrar em guerra com um Estado que as possuísse. A dissuasão é, segundo a fórmula de Henry Kissinger, a tentativa feita para impedir a adopção de uma certa linha de acção, opondo-lhe riscos que lhe pareçam não ter comparação com nenhum dos ganhos usufruídos.” BONIFACE, Pascal, Op. Cit, nota 31, p. 231. “A dissuasão assenta, em primeiro lugar, num factor militar: é preciso ter um grande poder de destruição, uma boa precisão e uma boa capacidade de penetração.” BEAUFRE, André, Introdução à Estratégia, 1ª Edição, Edições Sílabo, Lisboa, 2004, p. 92. “A dissuasão em sentido lato, visa impedir uma potência adversa de, numa situação dada, recorrer a determinados meios de coacção em virtude da existência de um conjunto de meios e de disposições capazes de constituírem uma ameaça suficientemente desencorajadora; a dissuasão é, essencialmente, um resultado de natureza psicológica: traduz-se por uma inibição ou paralisia perante uma ameaça que se receia e que é de concretização possível e plausível; deriva de um cálculo desfavorável entre as potenciais vantagens ou benefícios que se podem colher no caso de se levar a efeito uma determinada acção e os riscos ou custos inerentes a essa acção, dadas as possibilidades do adversário.” COUTO, Abel Cabral, Elementos da Estratégia- Apontamentos para um Curso, Volume II, Instituto de Altos Estudos Militares, Lisboa, 1989, p. 59. Dissuadir é impedir um poder adverso de usar a coacção, exercendo sobre ele uma ameaça que o desencoraje de a utilizar. Ou seja, função dessa ameaça o poder adverso deve reconsiderar o uso da coacção, quer a fizesse por sua própria iniciativa, ou em resposta a uma acção feita sobre ele; se o medo é o fundamento da dissuasão, a incerteza a garantia, a capacidade de represálias a chave, as doutrinas

Gioconda Cardoso 125 Israel não obteve reconhecimento durante muito tempo pelos estados circundantes, sendo inclusivé apelidado de “ilegítimo” no cenário internacional. Tal constatação levou Israel a zelar pela sua característica de integridade mediante: meios pacíficos, através da dissuasão234 aos seus opositores, ou meios militares, com atitudes preventivas constatando o seu poder perante qualquer inimigo.235

Procedeu-se também à análise da ligação de Israel aos seus opositores, em tempo de guerra e em tempo de paz, no momento em que o Estado de Israel fez uso do seu poderio militar, para almejar os objectivos políticos de segurança.

A dissuasão236, é assim utilizada por Israel como prevenção aos atacantes, daí a sua preponderância em termos de força face aos seus adversários.

Na linha de pensamento de Rodman, a dissuasão convencional é subdividida em geral e específica do seguinte modo: “A dissuasãogeral, baseia-se na situação dos Estados Árabes poderem iniciar uma guerra e Israel acabará determinando o seu alcance e intensidade; a

de emprego das armas nucleares são aquilo que dá credibilidade à dissuasão nuclear.” BARRENTO, António, Op. Cit, nota 4, pp. 229-238.

234 “Em sentido lato, visa impedir uma potência adversa de, numa situação dada, recorrer a determinados

meios de coacção em virtude da existência de um conjunto de meios e de disposições capazes de constituírem uma ameaça suficientemente desencorajadora; a dissuasão é, essencialmente, um resultado de natureza psicológica: traduz-se por uma inibição ou paralisia perante uma ameaça que se receia e que é de concretização possível e plausível. Deriva de um cálculo desfavorável entre as potenciais vantagens ou benefícios que se podem colher no caso de se levar a efeito uma determinada acção, dadas as possibilidades do adversário. Quanto às vantagens ou benefícios a colher, dependem do valor do que está em jogo e das probabilidades de sucesso; os riscosou custos podem ser de natureza variada, desde riscos materiais à perda de prestígio perante a opinião pública, e a forma como são avaliados e interpretados depende, por um lado, da representação que se fizer da ameaça e, por outro lado, da incerteza atribuída à determinação dos riscos. A avaliação da ameaça é, por seu turno, função da capacidade material do adversário e da plausibilidade ou credibilidadedessa ameaça, isto é, para dissuadir é preciso dispor de meios capazes de produzirem um efeito desencorajador, mas é necessário, também, que o emprego desses meios eja plausível, no caso de o adversário realizar a acção que se pretende dissuadir; “A manobra de dissuasão é o produto de cariz psicológico, conduzindo o adversário à não intervenção, ou em última instância ao receio, descrença e até incerteza. A nível da incerteza destaca-se as acções punitivas de demonstração, localizadas e simbólicas, análogas às demonstrações navais do século passado, destinadas a mostrar que se está disposto a ir mais longe, se necessário (caso de Israel); de medidas em grande escala relativas à protecção de populações civis, etc.” COUTO, Abel Cabral, Op. Cit, nota 233, pp. 59,60.

235 PIELLA, Guillem Colom, Op. Cit, nota 232, p. 71.

236 “Se o medo é o fundamento da dissuasão, a incerteza a garantia, a capacidade de represálias a chave, as

doutrinas de emprego das armas nucleares são aquilo que dá credibilidade à dissuasão nuclear.”

Gioconda Cardoso 126 específica, construiu-se em torno do conceito de linhas vermelhas específicas, que no caso de serem ultrapassadas, terão uma resposta militar. A dissuasão por negação pode definir- se, como a capacidade de evitar que um oponente inicie uma acção, porque esta será facilmente repelida; a dissuasão por castigo leva a capacidade de evitar que qualquer inimigo ataque Israel, porque sozinho poderá defender-se, se não também atacá-lo em represália e impor-lhe uns custos inaceitáveis.”237 Esta classificação contribuiu para um acréscimo da capacidade militar israelita.

Israel tem adoptado uma posição em relação às ameaças não convencionais e poderá enveredar pelo caminho de represálias massivas. Contudo, sempre tomou uma “postura desproporcionada.”238 Constatámos, que Israel não tem prioridade na introdução de armas não convencionais na região. Tendo na sua posse um manancial de armamento de destruição massiva, não obstante negá-lo, possibilitou-lhe beneficiar de ser considerado um Estado com armamento nuclear, atendendo à dissuasão e capacidade de reacção, não sendo contagiado pelas consequências internacionais decorrentes do conhecimento deste armamento. Ou seja, “Israel passa a dispor de armamento nuclear, que inviabiliza as pretensões dos estados árabes vizinhos, de efectuarem qualquer tipo de ataque convencional.”239

Através da “Doutrina Begin”, Israel não deixou que lhe fosse retirado o prestígio no desenvolvimento do armamento nuclear pelos seus adversários, constatado pelo ataque nuclear iraquiano de Osirak em 1981.240

Desde 1973, data da elaboração do nuclear em Israel, este Estado engloba a utilização de engenhos nucleares em todos os âmbitos, tais como: a nível táctico para diminuir exército oponente, a nível estratégico para usufruir de aviões, mísseis de longo alcance

237 PIELLA, Guillem Colom, Op. Cit, nota 232, p. 72. 238 Idem, p. 71.

239 LEITE, Abel José Santos, Op. Cit, nota 73. 240

PIELLA, Guillem Colom, Op. Cit, nota 232, p. 72. Veja-se também a este propósito que “os analistas israelitas e não-israelitas debruçam-se sobre o cenário de um ataque de Israel às instalações nucleares iranianas, à semelhança do que o Estado judaico fez em 1981, destruindo o reactor nuclear iraquiano de Osirak.” COELHO, Alexandra Prado, “Neoconservadores americanos julgam inevitável nova guerra” in

Gioconda Cardoso 127 para atacar os centros de gravidade241 dos invasores. “Os elementos de dissuasão estratégica israelita compõem-se de aviões de combate, capazes de transportar armamento convencional ou nuclear; mísseis balísticos, de curto e médio alcance que projectam o poder israelita mais além do seu espaço estratégico e mísseis de cruzeiro lançáveis desde submarinos, base de resposta e represália convencional, ou nuclear do país.”242

Em última instância, Israel podia optar pela denominada “Samson Option”, datada de 1966, ou seja, se Israel estivesse numa situação de perigo, o procedimento consistia num ataque nuclear contra o inimigo243. Ou seja, consistia numa retaliação com arsenal nuclear. “Esta opção consistia no seguinte: se os exércitos árabes penetravam dentro das fronteiras de 1949 e ameaçavam os centros da população; se as Forças Aéreas israelitas eram destruídas; se as cidades israelitas se expunham a ataques aéreos massivos com armamento convencional, químico e biológico e finalmente se utilizavam armas nucleares contra o território israelita.”244

Em suma, com o passar do tempo a capacidade de dissuasão245 israelita face aos seus opositores tem estabilizado.

Na linha de raciocínio de Rodman o começo de uma guerra convencional é hipotética, uma vez que há uma discrepância muito acentuada entre Israel e os seus inimigos, provocando dissuasão no ataque a Israel pelos exércitos árabes. Segundo Heller “a política nacional de segurança israelita serve ao objectivo político da paz, somente se existir uma

241 “Centro de gravidade: a essência da arte operacional é a identificação atempada do que é decisivo, a

perceber que acções são necessárias para preparar o adversário para a execução de uma operação decisiva, ou seja, o Centro de gravidade é a aquilo que causa a culminação do adversário que neutraliza ou destrói enquanto sistema organizado.” Manual de Arte Operacional do Instituto de Estudos Superiores Militares, IESM.

242 PIELLA, Guillem Colom, Op. Cit, nota 232, p. 72.

243Idem, p. 73.

244 Idem, ibidem.

245 “Mas sendo a dissuasão um resultado psicológico, ela depende, frequentemente, também de uma

assimilação correcta da “mensagem” (expressa por uma “ameaça de sanções”) que a Potência dissuasora pretende ou deve transmitir. Quer dizer, a dissuasão é favorecida pela “fidelidade da comunicação emissor- receptor”: caso contrário, pode não se verificar a dissuasão, por erro de entendimento. Podemos assim dizer que a dissuasão é, essencialmente, o produto de dois factores: capacidade material e plausibilidade (ou credibilidade); mas que depende, também, da fidelidade de comunicação e da incerteza relativamente a determinadas incógnitas.” COUTO, Abel Cabral, Op. Cit, nota 233, p. 60.

Gioconda Cardoso 128 superioridade militar real, capaz de dissuadir aos adversários árabes de iniciar uma guerra, obrigando-os a renunciar a ela como opção política. Sem embargo, também afirma que Israel nunca terá, nem os recursos nem a liberdade de acção para conseguir uma vitória estratégica, a capacidade de impor a sua paz nos termos de um adversário vencido, porque os objectivos políticos de Israel não podem ser transladados do campo militar.”246