• Nenhum resultado encontrado

Halford Mackinder 148 : Destacou-se no quadro geopolítico terrestre ao tentar definir o

CRONOLOGIA DO PROCESSO DE PAZ:

3) Halford Mackinder 148 : Destacou-se no quadro geopolítico terrestre ao tentar definir o

mundo como um todo, atendendo aos aspectos geográficos e também políticos, modelo que foi floreado e que evidenciava os benefícios da continentalidade por ele advogada.

144

DIAS, Carlos Manuel Mendes, Op. Cit, nota 143, p. 129.

145

Idem, p. 131.

146 “Alfred Mahan, preocupado, no final do século XIX (que assistiu à conquista definititva do território dos

Estados Unidos), em consolidar o poderio americano, preconizou um total domínio dos mares (sea

supremacy). Esta geopolítica inspirou o que se chama o maritimismo ou navalismo. Tratava-se, de facto, de

repelir todo o isolacionismo.” BONIFACE, Pascal, Op. Cit, nota 31, p. 161. “Chamaram-lhe o ‘Clausewitz do mar’, por ter promovido um pensamento sistemático da estratégia naval; pensou o espaço em termos de poder e, por isso, evoluiu da táctica e estratégia naval, quando estas conheciam uma rápida evolução da táctica e estratégia naval.” CORREIA, Pedro de Pezarat, Op. Cit, nota 141, p. 153. “Quem dominar os oceanos domina o mercado mundial; quem dominar o mercado mundial, domina as riquezas mundiais; quem for o senhor das riquezas mundiais, domina o próprio mundo.” Idem, p. 154.

147 DIAS, Carlos Manuel Mendes, Op. Cit, nota 143, p. 147. RENOUVIN, Pierre e DUROSELLE, Op. Cit,

nota 141, p. 26.

148

BESSA, Marques, Op. Cit, nota 8, p. 147. “No início do século XX, o geopolítico britânico meditando sobre as condições do poderio do Reino Unido, então prestes a ser ultrapassado pela Alemanha de Guilherme II (seguindo a Weltpolitik, ambiciosa política expansionista mundial), tentou elaborar diversos meios para contrariar as potências continentais, que ele considerava terem vocação para levar vantagem. Mackinder dividia o mundo em grandes zonas: a ocidente, as ‘potências marítimas’, dominando ‘o anel insular’ ou ‘anel dos continentes exteriores’, opondo-se à terra central de base (Heartland).” BONIFACE, Pascal, Op. Cit,

nota 31, p. 161. “Mackinder chega à conclusão de que o poder mundial reside na capacidade de controlar

grandes massas geográficas, sejam territoriais (geografia física), sejam populacionais (geografia humana), sejam matérias-primas (geografia económica). E constatava que eram as grandes áreas continentais que acumulavam estes factores de poder.” CORREIA, Pedro de Pezarat, Op. Cit, nota 141, p. 162.

RENOUVIN, Pierre e DUROSELLE, Jean-Baptiste, Op. Cit, nota 141, p. 24. Veja-se a este propósito: DEUS, Ruth Elisa Correia da Fonseca da Costa, Op. Cit, nota 142, p. 29.

Gioconda Cardoso 67 Atribuiu particular destaque ao espaço, a denominada área pivot149. Mackinder afirmava que o domínio do espaço implicava um poder continental na linha da frente, repleto de recursos humanos e também naturais com pujança para invadir regiões periféricas.

Atendendo à posição geopolítica, podemos afirmar que a região do Mediterrâneo posiciona-se no “Crescente Interior” (Inner Crescent). As potencialidades deste espaço para travar o poder do centro continental, dependiam da concentração de esforços com o outro espaço hegemónico: o Crescente Exterior (Outer Crescent). A debilidade deste Crescente Exterior é a sua profunda diversidade, porque ele é o berço de inúmeras culturas diferenciadas e não raras as vezes antagónicas com as culturas do Ocidente, a cultura islâmica, por exemplo.”150 Estabelecendo esta região ligações com a Europa e com a Ásia, podemos afirmar que pertence à “Ilha Mundial”. É constitutiva do “Midland Ocean”151 e imprescindível para deter o expansionismo histórico do “heartland.”152

149

Veja-se a este propósito que, “a área pivot é definida como toda uma área inacessível à navegação que se estende, (…) do Árctico às zonas tórridas do Baluchistão e da Pérsia, e que corresponde às regiões árctica e continental que, ocupando metade da Ásia e ¼ da Europa, apresentam terreno contínuo no Norte e no Centro do Continente.” DIAS, Carlos Manuel Mendes, Op. Cit, nota 143, p. 113.

150

“À volta do coração do mundo, do espaço pivô, “citadela da potência terrestre”, sucedem-se em semicírculos concêntricos diversos tipos de espaços. Em primeiro lugar há o crescente interior (inner crescent), cinturão protector do heartland (vazio hostil da Sibéria; cadeia dos Himalaias; o Gobi e os desertos do Tibete e do Irão), ainda assim com uma pequena malha aberta: a planície eurasiática, que se estende do Atlântico ao centro da Ásia. Na periferia deste crescente interior figuram as coastlands, as regiões costeiras, penínsulas onde se agrupa a grande maioria das populações humanas: Europa, Arábia, subcontinente indiano, Indochina, China marítima. À beira destas coastlands erguem-se as ilhas do crescente exterior (outer crescente): a Grã-Bretanha e o Japão (offshore islands). Finalmente, o último semicírculo (insular crescente, crescente insular) é composto pelas ilhas de maior dimensão (oulying islands): as Américas e a Austrália. Esta representação da Terra faz dela um palco organizado por rivalidades de poder, devendo o vencedor ser aquele que domina o heartland.” BESSA, Marques, Op. Cit, nota 8, p. 147. Veja-se também, DEFARGES, Philippe Moreau, Op. Cit, nota 142, p. 49.

151

“O conceito de Midland Ocean (segundo Cohen, a contrapartida transpolar do Hearland) é assente no pressuposto de que o continente americano possuiria potencialidades suficientes para poder equilibrar o domínio do Hearland, desde que a manutenção da capacidade efectiva de intervenção na Europa fosse uma realidade.” DIAS, Carlos Manuel Mendes, Op. Cit, nota 143, p. 117.

152 “Afirma que o poder que dominar o Hearland (do Norte) e a Arábia, terá a capacidade de ocupar a

encruzilhada dos caminhos do Mundo-no Suez-ocupação esta, difícil de conseguir pelo poder marítimo.” Idem, p. 114. “Daí a noção de heartland, coração do mundo. Trata-se do Norte e do Interior da Eurásia. Estende-se do Árctico até aos desertos da Ásia Central; os seus limites ocidentais situam-se no grande istmo situado entre o Báltico e o mar Negro. Mackinder evoca um segundo heartland, o do Sul, situado em África, ao sul do Sara, e separando o mundo branco do mundo negro. Como o heartland do Norte, o do Sul apresenta-se como uma zona que convida à circulação; permite controlar a península Arábica, o oceano Índico e o Atlântico Sul.” DEFARGES, Philippe Moreau, Op. Cit, nota 142, pp. 48, 49.

Gioconda Cardoso 68 As profundas alterações na Geopolítica desde Mackinder, são uma constatação e nesta medida se estuda a capacidade de reacção e resistência dos Estados, face a mecanismos conectados com a globalização.

4) Nicholas Spykman153: defende que o Rimland154 é fundamental para o entendimento do