• Nenhum resultado encontrado

As reuniões do Centro de Convivência: equipe profissional, usuários e familiares,

5.6 Descrição das práticas reabilitativas do Centro de Convivência

5.6.4 As reuniões do Centro de Convivência: equipe profissional, usuários e familiares,

Nas quartas, durante a parte da manhã, são realizadas durante o mês as supervisões clínicas da rede, as discussões de casos de microárea/matriciamento e as reuniões de equipe e com familiares e usuários. Geralmente, cada reunião é realizada mensalmente.

Nas reuniões de equipe, são discutidos vários assuntos, como também é um momento para a troca de experiências, tirarem dúvidas, passar informes sobre o Centro de Convivência e alguns acontecimentos da rede, resolver pendências, enfim, é um momento de compartilhamento de informações e conversa entre os membros da equipe sobre o cotidiano do serviço.

A mestranda compareceu a apenas duas reuniões de equipe durante o período em que esteve no Centro de Convivência. A primeira reunião tinha como pauta as impressões sobre a realização do Festival da Canção e sobre os detalhes para a viagem a Iriri. Nessa reunião, os monitores ajudaram a gerente a realizar a distribuição de quartos e quem ficaria responsável

por determinado grupo de usuários durante a viagem. Também foram construídas conjuntamente as orientações para que a viagem se realizasse de forma tranquila e organizada. A segunda reunião foi a de elaboração conjunta do relatório final da pesquisa no serviço.

A mestranda observou que os auxiliares administrativos, a funcionária da limpeza e a professora da EJA não participavam dessas reuniões de equipe. Ficava somente entre os monitores e gerente. A maioria não vai ao Centro de Convivência nesse horário de quarta, somente quando tem a reunião de usuários e familiares ou quando tem o “oficinão”, que é uma oficina coletiva em que todos participam juntos. A mestranda participou de apenas um “oficinão”, que foi o realizado para a preparação e confecção dos enfeites de natal para a confraternização de fim de ano do serviço.

A reunião com usuários e familiares é um momento que proporciona um diálogo da equipe técnica do serviço com os usuários e seus familiares. Espaço para trocar informações, tirar dúvidas, dar sugestões, participar de algumas decisões que devem ser tomadas no Centro de Convivência, como a escolha de passeios, entre outros assuntos.

A mestranda participou de apenas uma reunião com usuários e familiares. Ela se configura como uma assembleia. Essa reunião foi marcada para acertar os detalhes da viagem para a praia de Iriri. Por isso, a reunião estava com bastantes presentes. O Centro de Convivência preparou uma mesa de bolos e café para serem servidos durante a reunião.

Então, durante a reunião, houve a verificação de quem faltava alguma documentação para viajar. Foram solicitados a assinatura na autorização para a viagem de algum responsável, o xérox da identidade e da receita atualizada do usuário. Alguns usuários ainda faltavam trazer essa documentação. No dia da viagem, seria realizada uma conferência de toda essa documentação e da checagem dos medicamentos para serem levados. A equipe do Centro de Convivência ficou de plantão para receber os usuários que estavam com alguma outra coisa ainda pendente. Foram colocadas durante a reunião algumas recomendações de como viajar, sobre quem passa mal, como se deve comportar no ônibus e no hotel, o cuidado com a higiene (banho) no dia. Foram sugeridas algumas proibições, como não utilização de perfume ou outro produto com odores na viagem; não fumar no ônibus e nem no hotel (apenas em locais abertos e permitidos); uso fones de ouvido para ouvir música dentro do ônibus; não fazer uso de bebida alcoólica durante a viagem. Também foi enfatizado que nenhuma pessoa poderia fazer passeios isoladamente do grupo. Tudo deveria ser comunicado à gerente ou aos monitores. Os usuários e familiares foram também orientados com sugestões acerca do que deveria ser levado na bagagem. Os usuários e familiares também contribuíram com sugestões e orientações para que a viagem transcorresse da melhor maneira possível.

A reunião de supervisão clínica e discussão dos casos de microárea/matriciamento é um dos principais momentos em que possibilita que o Centro de Convivência realize uma melhor articulação com os serviços da rede de saúde mental e demais políticas setoriais.

A pesquisadora compareceu a apenas uma supervisão e reunião de microárea. Nesse dia não havia nenhum caso do Centro de Convivência, nem para a supervisão e nem para a reunião de microárea. Mesmo assim, a mestranda, a gerente e alguns monitores do Centro de Convivência ficaram na reunião para acompanhar a discussão dos casos.

Esses encontros são realizados a cada 21 dias, geralmente. São realizados no período da manhã em uma sala no Centro Cultural de um bairro próximo do Centro de Convivência. Essa reunião é realizada em duas partes: a primeira com a leitura de um caso clínico, tendo a supervisão de uma psicanalista e logo após a discussão do caso; a segunda parte que se realiza a reunião de microárea/matriciamento. Entre as duas partes, há uma pausa para o lanche. Participam os profissionais da rede de saúde e quando necessário os de outras secretarias, como Assistência Social, Educação, Conselho Tutelar, Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental (PAI-PJ), entre outros. Os grupos são divididos em cinco microrregiões da regional, tendo de três a cinco centros de saúde de referência.

Para a reunião de microárea, são divididos os presentes em pequenos grupos. Cada grupo com casos de uma determinada microárea para serem discutidos. A regional é dividida em cinco microáreas.

A supervisão clínica é orientada por uma profissional com formação em psicanálise. Depois da leitura do caso, são colocadas em discussão dúvidas, questionamentos, apontamentos. Todos são convidados a participar da discussão. A mestranda observou que os monitores apenas ouviam a discussão. Durante toda a discussão, a orientação do caso foi norteada pela teoria psicanalítica, assim como os termos e linguagem usados pela maioria dos profissionais que participaram da discussão eram dessa mesma abordagem.

A supervisão psicanalítica é a orientação teórica adotada pela rede de saúde mental de Belo Horizonte. O que gera polêmica entre os profissionais que não possuem formação psicanalítica, como é o caso dos monitores do Centro de Convivência. Isso porque essa linguagem dificulta a participação deles nas discussões de caso, como também o entendimento dos casos. Inclusive, a mestranda ouviu essa queixa de alguns monitores do Centro de Convivência sobre esse fato, o que os deixa desmotivados a comparecer nessas reuniões.