• Nenhum resultado encontrado

O HIP-HOP DAS MINAS

2.3 Os grupos pesquisados: o início dessa história

2.3.1. As Revolucionárias do Rap

O nosso feminismo se inspira nas guerreiras africanas!88

O grupo As Revolucionárias do Rap é composto por três jovens mulheres.89 Nande é

negra90, tem 31 anos, é solteira e mãe de dois filhos que vivem com ela. Atua como

vocalista e compositora. Nadira também é negra e solteira, tem 25 anos e vive com a irmã e uma amiga. Atua, ao lado de Nande, como compositora e vocalista. Núbia tem 23 anos, é solteira, negra e mora com os pais e um irmão. Além de atuar como compositora e

84

88

Trecho extraído do material informativo do grupo.

89

Apesar de atualmente o grupo de rap As Revolucionárias do Rap ser composto por quatro jovens mulheres, optei por tomar como referência apenas as três integrantes que integravam o grupo de rap no período da realização da pesquisa de campo, ou seja, no ano de 2006. Isso porque a nova integrante veio fazer parte do grupo apenas a partir de junho de 2007.

90

Nesse trabalho utilizo, diferentemente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o termo “negro” para a somatória dos quesitos pardo e preto.

vocalista, exerce o papel de “produtora” do grupo, sendo a responsável pela agenda de apresentações, de ensaios e dos horários para a gravação do CD em estúdio.

O grupo iniciou sua atuação no rap em 2003, por iniciativa de duas jovens amigas, Nande e Rosilaine, que eram militantes do Movimento Negro e participantes do movimento hip-hop na capital mineira. Em um primeiro momento, ainda no plano “imaginário” dos

projetos, organizaram grupos de discussões temáticas sobre a mulher. O primeiro deles, o Obirim, preocupava-se em explicitar um discurso sobre a presença feminina no hip-hop.

Posteriormente, já com um outro grupo, o GDF (Grupo de discussão feminina), os debates, mais amplos, eram voltados para vários aspectos relacionados à vivência das mulheres negras em nossa sociedade. Todavia, ao perceberam que os grupos de discussão não eram suficientes para angariar a adesão dos participantes do hip-hop à discussão proposta, elas resolveram atuar no plano cultural por meio de um dos elementos simbólicos do hip-hop: a música. Surgia, assim, o grupo As Revolucionárias do Rap.

No início, o campo de atuação do grupo restringia-se ao cenário musical. Através das letras de rap, as Revolucionárias do Rap procuravam sensibilizar os jovens do movimento para a necessidade de se repensar as relações e a posição das mulheres negras na sociedade. No ano de 2004, com a entrada de novas integrantes, o grupo ampliou seu campo de atuação, passando a desenvolver também um trabalho de caráter educacional, voltado para temáticas relacionadas às mulheres negras. Surge, assim, a Organização As Revolucionárias do Rap que, atualmente, composta por seis jovens mulheres negras,

mantém, como propósito, a promoção do “empoderamento” e a “elevação” da auto-estima de jovens mulheres negras pobres, na tentativa de construir uma “outra postura” diante da realidade social, a partir, segundo elas, do auto-conhecimento, da solidariedade e da cooperação.

É importante ressaltar que, apesar da organização ser composta por seis integrantes, nem todas participam de todas as ações desenvolvidas, já que duas jovens não compõem o grupo de rap. Entre as várias frentes de trabalho em que atuam, destacam-se, além do grupo de rap, o Recado das Minas, a Roda de Conversa, o grupo Atitude de Mulher, as oficinas e os cursos temáticos desenvolvidos.

O Recado das Minas é uma espécie de folhetim distribuído em eventos públicos da cidade, o qual contempla textos escritos pelas próprias jovens sobre temas por elas considerados relevantes, tais como a questão racial, as relações de gênero e aspectos relacionados à vivência juvenil. Já a Roda de Conversa é um encontro de mulheres, em sua maioria negras, promovida pela Organização, que tem como objetivo realizar um debate de caráter informal, problematizando algumas questões como a violência doméstica, a sexualidade, a identidade racial, entre outras. Eis um pouco de uma Roda de Conversa, anotado no Diário de Campo desta pesquisa:

Cheguei ao Centro de Cultura de Belo Horizonte às 14hs e a porta estava trancada. Esperei por um tempo do lado de fora até o porteiro aparecer. Ele abriu a porta e me explicou o caminho para o ambiente onde o encontro seria realizado. A sala, organizada em círculo, ainda estava vazia. Havia alguns materiais espalhados pelo chão como cartazes, livros, dos quais pude identificar um como sendo da Ação Cultural sobre juventude e adolescência no Brasil e um outro a respeito da diversidade cultural. Em um dos cartazes estava escrito: “A Arte de ser: Mulher, Negra, Jovem, Periférica.” Assentei em uma das cadeiras e uma outra participante, uma jovem negra, assentou-se próximo a mim. Estávamos sós, nós duas na sala e aproveitei para conhecê-la. Perguntei qual era o seu nome e se já havia participado anteriormente de alguma Roda. Após se apresentar, ela me explicou que era a sua primeira vez e questionou minha presença no local: “eu achei que o encontro era apenas para as mulheres negras. Que íamos discutir sobre a identidade negra.” Precisei explicar o motivo da minha presença no local. (...) Nadira apresenta o tema do encontro: o trabalho da Organização As

Revolucionárias do Rap no ano de 2006 e a participação da Organização em

eventos nacionais e internacionais. Comenta que, a princípio, seria abordado outro tema relativo à identidade racial, mas por não terem conseguido prepará-lo adequadamente, resolveram discutir outro assunto. Outra jovem apresenta os pontos que serão apresentados. O primeiro foi a história da Organização. Nande explica que o As Revolucionárias do Rap surgiu em 2003 com uma proposta de atuação das mulheres dentro da cultura hip-hop. Tinham como intenção trazer a perspectiva de gênero para essa cultura, na tentativa de problematizarem a situação de opressão das mulheres. Após um tempo, resolveram ampliar o campo

de atuação, desenvolvendo ações estratégicas para as mulheres negras na cidade. Surgiu assim, a Organização As Revolucionárias do Rap. (...) Nande ressalta que durante todo o tempo a questão da mulher estava presente. Quando era apenas um grupo de rap, a questão da mulher era central. Ao transformarem-se em Organização, decidiram que o foco seria a mulher negra. (...) No próximo ponto, as meninas destacam as ações desenvolvidas pela Organização e Nadira relata sua experiência de participação em eventos internacionais como o Encontro de Jovens Afrodescendentes da América do Sul realizado no Peru.91

O grupo Atitude de Mulher é composto por treze jovens mulheres que representam os quatro elementos simbólicos do hip-hop. 92 Reunido no ano de 2006, por iniciativa do As Revolucionárias do Rap, juntamente com outra jovem rapper, consistia, primeiramente, em

uma proposta específica para um espetáculo a ser apresentado no Festival de Arte Negra (FAN).93 Devido ao respaldo do público, o projeto prosseguiu e o grupo se apresentou no ano de 2006 em vários eventos na cidade: o “Circuito Cultural PUC Minas”; a “Conferência Municipal de Juventude”; “Conexão Telemig Celular” e o “Hip-hop In Concert”. O Atitude de Mulher propunha-se destacar a participação feminina no movimento e promover uma discussão, através das letras das músicas, sobre as relações raciais e de gênero. Era composto por jovens de diferentes grupos de rap de Belo Horizonte, mas, em junho de 2007, por decisão da maioria das componentes que desejavam se dedicar aos trabalhos nos grupos de origem, o grupo se dissolveu.

Por último, as oficinas e os cursos ministrados também abarcam uma diversidade de temáticas, mas sempre contemplando as questões étnico-raciais e de gênero. Dentre elas, destaco as seguintes oficinas: Dança do Corpo: Ritmos do Cotidiano; A História do Meu Ser Mulher; Negritude e Cidadania e Afeto + atividade: sexualidade e suas nuances. De

acordo com o material de trabalho do grupo,

87

91

Diário de campo, 11/11/2006.

92

Das treze jovens, oito integrava outros grupos de rap.

93

Negritude e Cidadania visa promover a valorização da cultura negra e a

identificação de educadores/as e educandos/as no que se refere à identidade racial através do resgate da história de resistência e luta do povo negro. Afeto +

atividade: sexualidade e suas nuances tem como proposta, proporcionar para

adolescentes, jovens e educadores/as espaços e momentos de reflexão e diálogo que possibilitem aos/às mesmos/as se instrumentalizar para lidar com as dimensões humanas da sexualidade e da afetividade. A História do Meu Ser

Mulher, que objetiva criar um espaço de discussão crítica acerca do que

representa ser mulher na contemporaneidade, partindo de um resgate de vivências cotidianas de opressão e de resistência das participantes. (...) Dança do Corpo:

Ritmos do Cotidiano propõe trabalhar através da dança inspirada em movimentos

do cotidiano e da dança afro as temáticas racial e de gênero94.

Embora tenham como prioridade o público jovem feminino e negro, as oficinas e cursos, quando integram a programação de algum evento relacionado a esses temas nas instituições escolares, também são ministrados para crianças e jovens de ambos os sexos e raças. Esse conjunto de ações desenvolvidas evidencia a especificidade do trabalho dessas jovens em relação, principalmente, a dois aspectos. O primeiro refere-se à atuação do grupo de rap no hip-hop. Como nos mostra Dayrell (2005a), poucos são os grupos que se encontram envolvidos com algum tipo de ação comunitária, a despeito da presença constante de um discurso acerca da importância do envolvimento nas questões sociais e políticas. Entre os grupos de fato atuantes, está o As Revolucionárias do Rap. Trata-se de um grupo que não apenas se propõe a trabalhar com as questões sociais, mas que realmente atua nessa área e atua sob uma perspectiva explicitamente feminista negra, o que revela seu outro aspecto diferencial. É o que se pode também perceber na narrativa de uma das suas integrantes. Ao ser questionada, em uma Roda de Conversa, sobre o fato de as ações do grupo focalizarem o trabalho com as mulheres negras, Nadira ressalta que o grupo é o “clube da luluzinha preta”. E prossegue: “é um grupo para nos reafirmar, se organizar.

88

94

Extraído do texto “A História do Nosso Ser Mulher: a dinâmica de participação política da Organização de Mulheres As Revolucionárias do Rap”, 2006. (mimeo)

Quando montamos um grupo, a gente encontra um espaço em que a gente é acolhida, onde outras pessoas vivem uma situação parecida com a nossa.” 95

Ela pontua, ainda, que os brancos se organizaram e criaram estratégias para barrar a participação dos negros. Uma participante do encontro questiona se isso não é uma forma de segregação, uma vez que há muitas pessoas brancas com história de vida similares a muitos negros, tendo em vista que também vivem em situação de pobreza, são desempregadas e discriminadas. Como resposta, Nadira argumenta a necessidade de haver um espaço de discussão específico para as mulheres negras, pois “se a gente não construir esse espaço para discutir e problematizar questões do nosso dia-a-dia, ele não será dado.” A jovem termina a sua fala questionando: “por que os brancos podem se organizar e a gente não?” 96

A trajetória e o cotidiano do Grupo

Recuperando a história desse grupo de rap, desde a época da sua formação, sua composição sofreu algumas alterações.97 No início, eram apenas duas integrantes, sendo que dessas apenas uma integra a composição atual. Essa rotatividade de componentes é um exemplo da realidade de muitos grupos de rap de Belo Horizonte, os quais, à medida que vão se consolidando e intensificando suas atividades, passam por processos de reestruturação conforme as contingências. Segundo Pais (2001), essa rotatividade também expressa a característica de reversibilidade das culturas juvenis, a qual implica a possibilidade dos jovens transitarem por vários espaços sem que isto implique uma falta de

89

95

Diário de campo, 11/11/2006. Nadira (informação verbal).

96

Trecho extraído do Diário de campo, 11/11/2006.

97

É importante ressaltar que tomei como referência apenas as integrantes do grupo de rap As Revolucionárias

do Rap e não as integrantes da Organização As Revolucionárias do Rap. Isso porque na Organização existem

coerência ou uma inconstância dos sujeitos. Para o autor, esse caráter reversível é próprio das culturas juvenis. No que se refere ao As Revolucionárias do Rap, foi possível constatar que a escolha de novas integrantes não é alheatória, nem tampouco obedece aos critérios de afinidade ou de amizade, como é comum de se encontrar na maioria dos grupos de rap. A escolha parece seguir alguns critérios que contemplam a proposta de atuação do grupo. Como nos explica uma das entrevistadas:

(...) a gente é muito seletiva, não entra quem quer. É um grupo fechado assim. A gente escolhe quem vai entrar porque a gente tem nossos princípios. Assim, a gente ainda não colocou esses princípios no papel, mas a gente tem algumas coisas que a gente não abre mão. (...) Então, assim, a gente quer pessoas que possam colaborar com isso porque aí se a pessoa quer fazer alguma outra coisa, igual, o nosso objetivo é trabalhar pelo empoderamento das mulheres negras. Quem quer trabalhar pelo empoderamento das mulheres indígenas tem que procurar outro grupo, não é As Revolucionárias do Rap. A gente é solidária, mas o nosso objetivos são as mulheres negras (sic).98

A aproximação das três jovens, Núbia, Nadira e Nande, com o hip-hop foi semelhante. Todas, a princípio, eram apenas expectadoras do estilo musical. Freqüentavam os eventos, mas não tinham uma atuação no movimento. A ligação com a música só se deu depois que experimentaram outras formas de participação no hip-hop. Núbia, por exemplo, atuou primeiro como produtora para depois tornar-se uma rapper. Tanto Nadira quanto Nande atuaram na organização de eventos como seminários e encontros, promovendo debates sobre o movimento na cidade, antes de se tornarem cantoras.

Todas as integrantes conviveram, a princípio, com reações negativas da família em relação às suas participações no hip-hop. Similar ao relato de vários jovens de grupos de rap, as jovens explicaram que a primeira reação familiar foi de estranhamento e rejeição, porque consideravam o rap um estilo musical relacionado à violência e à marginalidade – uma concepção ainda muito presente no imaginário social. À medida que o envolvimento

90

98

das integrantes tornou-se mais intenso e que o grupo passou a ser reconhecido publicamente, ganhando uma certa visibilidade nos meios de comunicação, a presença dos familiares nos eventos tornou-se mais constante, o que possibilitou a construção de uma avaliação positiva do hip-hop e, conseqüentemente, a adesão e/ou aceitação da família em relação ao estilo dessas jovens.

Ao observar as reações contrárias à participação das jovens no hip-hop, fica evidente a concepção, ainda arraigada no imaginário social, relacionando o hip-hop à violência e ao crime. Nenhuma das três jovens citou como problema para a família o fato de serem mulheres. No entanto, apesar de o tema não ter sido explicitado nas entrevistas, acredito ser necessário questionar em que medida o fato de serem mulheres também não é um aspecto relevante para se compreender a rejeição familiar à inserção de suas filhas no movimento.

Atualmente, embora as reações familiares convirjam para uma atitude de apoio e de incentivo à participação, uma das componentes ainda lida com o fato de a mãe questionar sua atuação no grupo de rap, por considerar que o estilo musical não é um estilo para pessoas da sua faixa etária:

Por parte da minha mãe, eu percebo um certo preconceito assim porque tem uma visão de que o hip-hop é coisa de adolescente e como eu não sou mais

adolescente, né! Então, é, eu percebo um certo preconceito assim, um pouco por causa disso (sic).99.

A adesão ao estilo não implica uma fidelidade a apenas um gosto musical. No grupo, os gostos musicais assemelham-se percorrendo um espectro que vai do samba à MPB. Essa diversidade é explicada pela compreensão da importância de se escutar música,

91

99

independente do gênero, como uma forma de aprimorar o trabalho de composição e o trabalho vocal.

As pretensões das jovens com o grupo são as mais diversas. Vão desde o desejo de gravar um CD ao de construir um espaço físico próprio para possibilitar um desenvolvimento de suas ações. Todavia, todas as jovens compartilham o desejo de poder sobreviver economicamente com a atividade cultural desenvolvida pelo grupo – realidade muito semelhante a dos demais grupos musicais do cenário musical da cidade. Como evidencia Dayrell (2003), os jovens pobres ligados à produção cultural vivenciam o dilema de desejarem investir em seu aprimoramento cultural e de dedicarem-se integralmente a tais atividades, porém, no dia a dia precisam investir boa parte de seu tempo em outras formas de trabalho, a fim de garantirem a subsistência.

O grupo não tem um modelo nem uma rotina rígidos de ensaio. Na maioria das vezes, eles se transformam em objeto de negociação. Isso porque tudo depende do tempo disponível de cada uma das integrantes. Houve épocas que se encontravam para ensaiar uma vez por semana, outras, em dias esparsos e, ainda, épocas que não se encontravam para esse fim. Os ensaios normalmente aconteciam em alguma das residências das integrantes. Esporadicamente, o grupo se reunia para ensaiar e realizar um trabalho de técnica vocal no estúdio de um amigo. Mas, as jovens se encontravam com muita regularidade para discutir aspectos relacionados ao grupo de rap e às atividades da Organização. Não existia um local fixo para tais encontros, eles ocorriam na residência de uma das integrantes ou em uma lan house, localizada no centro da cidade. No início dos semestres, o grupo se reunia para

elaborar um planejamento das atividades e da freqüência de ensaios e de reuniões. Mas, constantemente esse cronograma era revisto e as reuniões e os ensaios aconteciam em função dos projetos e dos eventos que surgiam.

O contexto sócio-cultural

A história familiar do grupo é marcada por um contexto muito similar a milhares de jovens pobres em nosso país. Todas vivenciaram situações de privações e carências econômicas. Das três, Nande é a que experimentou com maior intensidade essa realidade de pobreza. A jovem possui uma irmã e um irmão por parte de mãe, não conhece o pai e foi criada pela avó, porque sua mãe, que atualmente é cozinheira, mas durante muito tempo foi empregada doméstica, não dormia em casa nos dias da semana por causa das obrigações do trabalho. Sua relação com a mãe sempre foi muito conflituosa, principalmente no período de sua adolescência, quando as divergências eram “resolvidas” com violência. Hoje, a jovem explica que mantém uma relação positiva com sua mãe e que isso foi resultado de um processo de amadurecimento de ambas as partes. Nande nunca casou e foi mãe aos 18 anos de idade. Há cinco anos comprou um apartamento financiado na região de Venda Nova e reside com seus dois filhos, uma filha de quatorze anos e um filho de doze anos.

Nadira é a irmã mais velha de uma família de três irmãs. Uma de suas irmãs já é casada e mãe de dois filhos. A mãe é auxiliar de enfermagem e o pai é cozinheiro e educador social do programa Pro-Jovem. Aos 23 anos passou a morar em apartamento alugado no bairro Floramar com a irmã mais nova e uma amiga. Resolveu sair de casa porque a relação de seu pai com sua mãe e com as filhas sempre foi muito tensa, marcada por situações de violência e por um histórico de alcoolismo. A jovem relata que sua decisão de sair de casa não foi tranqüila, mas foi necessária. Ela diz se preocupar muito com o fato de a mãe ainda viver com o seu pai, em uma relação permeada de violência.

Núbia reside com os pais e o irmão em um apartamento em Contagem. Ela é a irmã mais velha de uma família de dois filhos. O pai é micro-empresário e produtor de

cosméticos e se ausenta muito da casa porque sempre está viajando, já a mãe, que é professora das séries inicias, atualmente trabalha na Coordenadoria da Mulher na cidade de Contagem. Todos trabalham e colaboram para o sustento da casa.

A trajetória de trabalho dessas jovens foi marcada, desde muito cedo, por vários