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As Sugestões dos gestores e planejadores/operadores de como deveria ser o TER

2. A PRESENTANDO AS M ELHORIAS E C OLABORANDO COM S UGESTÕES

2.2. As Sugestões dos gestores e planejadores/operadores de como deveria ser o TER

gestores e planejadores/operadores do transporte escolar, que deveriam sofrer intervenções com a finalidade de promover um TER ideal são relacionados aos veículos da frota, ao

trajeto/itinerário das rotas, ao acompanhamento/controle do serviço, aos recursos destinados

ao TER e as ações voltadas à educação para o transporte escolar. Com relação às sugestões

para a operação ideal do TER, os entrevistados mencionaram a necessidade de aumentar a

frota; de adquirir veículos novos; de oferecer manutenção aos veículos; de que os veículos de transporte escolar sejam substituídos por veículos mais rápidos, mais resistentes e fechados; e de adquirir equipamentos para os veículos como capotas, estofados de maior qualidade e ar- condicionado.

As sugestões de intervenções para a melhoria da operação do TER relacionam-se com aspectos sobre trajetos e itinerários das rotas percorridas, como por exemplo: realizar um planejamento para a adequação das rotas, centralização das escolas e melhorar a organização (logística, número de funcionários, levantamento das demandas) do TER; e melhorar as condições da infraestrutura das vias. Ainda com relação à operação, os entrevistados sugeriram ações de acompanhamento e controle do Transporte Escolar Rural, tais como fiscalização e procedimentos de identificação dos alunos.

Quanto aos recursos destinados ao TER, os entrevistados sugeriram três grandes alterações: mudanças nos procedimentos de repasse, aumento nas quantias repassadas e permissão de flexibilização na destinação dos recursos suplementares que são repassados pelo Governo Federal. Assim, quanto ao procedimento de Repasse os gestores e planejadores/operadores sugeriram como alterações: estabelecer novos critérios; firmar parcerias com os governos estaduais; receber o veículo e não o dinheiro; receber o ticket combustível; não atrasar o repasse; e estabelecer uma organização das informações nas prefeituras para agilizar o recebimento do repasse. Os entrevistados também destacaram a necessidade de a quantia de recursos ser apropriada para que se possa aumentar os investimentos para: adquirir frota própria; aumentar/melhorar a frota; aumentar a clientela atendida; pagar melhor os condutores e os donos de empresas; custear os gatos com o transporte escolar; e para melhorar o TER de uma forma geral, sem explicitar em qual aspecto.

Por fim, destaca-se a contribuição destes entrevistados nas sugestões de intervenções

na educação para o transporte escolar. Os gestores e planejadores/operadores mencionaram

que, cada vez mais, são importantes ações de conscientização da comunidade, pais e alunos para a compreensão do trabalho desenvolvido pelo TER. Compreender que o TER é exclusivo para os alunos, colaborar mais com o TER, conservar o patrimônio público, matricular os alunos em escolas próximas às residências e valorizar mais o transporte e seus condutores são alguns dos aspectos que precisam ser preconizados em um trabalho de educação da comunidade.

Além disto, os entrevistados ressaltaram a necessidade de implementação de ações educacionais que promovam a participação e cooperação da comunidade, pais e alunos com o transporte escolar: fiscalizando/ acompanhando/ zelando o transporte escolar, sugerindo/ criticando/ participando em reuniões e comissões para o desenvolvimento do TER, implementando parcerias, conservando o patrimônio público, facilitando o acesso/ trabalho do TER, respeitando os horários de embarque no transporte, utilizando o transporte escolar

somente quando for necessário e a comunidade não pegando carona. Neste sentido, políticas públicas de promoção de campanhas educacionais e de disponibilização de material educativo (cartilhas e panfletos) que abordem estes temas destacados pelos entrevistados podem favorecer uma melhor oferta e uso do TER.

Neste sentido, as percepções de como deveria ser o TER são entendidas como norteadoras de um processo decisório que considera também os aspectos político-sociais e não somente as considerações técnico-econômicas, conforme disposto por Oliveira (2006). Ou seja, elas contribuem para que o processo decisório das políticas públicas seja considerado uma construção política e social dos atores municipais que são diretamente afetados por estas políticas e não apenas construído com base em previsões econômicas e planejamentos técnicos. A formulação de alternativas e sugestões para o atendimento das demandas é uma fase muito importante do processo decisório (RUA, 1988), pois é nesta fase em que as preferências dos atores e a manifestação de seus interesses são expressas, conforme demonstrado no esquema de insumos de alimentação das agendas governamentais e geração de políticas públicas (ver Figura 1, p. 26 ). Desta forma, as expectativas para uma situação melhor do TER estão diretamente relacionadas, com as satisfações, os sentimentos e os compromissos apontados pelas percepções que ressaltaram as práticas positivas, identificaram os problemas e apresentaram as melhorias no Transporte Escolar Rural (ver Figura 44, p. 138).

Os dados fornecidos pelas pesquisas realizadas pela Universidade de Brasília (Ceftru) em parceria com o Ministério da Educação (FNDE), mostraram a necessidade de se buscar veículos adaptados às especificidades da área rural para enfrentar as dificuldades do transporte no campo (RIBEIRO et al, no prelo). Assim, os gestores públicos, a universidade, os órgãos de certificação e a indústria automobilística uniram-se para oferecer aos Municípios veículos adequados às características e às especificidades do transporte de estudantes em zonas rurais (CEFTRU; FNDE, 2009). No ano de 2009, foram implementadas as especificações designadas por especialistas e técnicos do Ceftru, FNDE, Inmetro e fabricantes para um veículo adaptado à operação de transporte escolar no meio rural. Foram realizadas alterações de chassi, de carroçaria, de mobiliário, de acessórios e equipamentos e, desta forma, desenvolveu-se o Ônibus Rural Escolar (ORE), que é o primeiro veículo brasileiro destinado ao transporte de alunos no campo.

Este projeto foi gerado com base na necessidade apontada nos relatos dos gestores, planejadores/operadores, condutores, alunos, professores e tantos outros participantes da

importância de se levar em consideração a opinião dos atores envolvidos com o TER, não só para direcionar pesquisas empíricas na área, como também para subsidiar a elaboração de políticas públicas.