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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA – EMPÍRICA

2.4 As Teorias de Aprendizagem

Esta unidade possibilitou elaborar uma síntese acerca das Teorias de Aprendizagem, numa tentativa de identificar elementos que possibilitassem melhor compreender os processos de aprendizagem nos ambientes corporativos.

A Pesquisa levantou 65 teorias de Aprendizagem. Isto confirmou as afirmações de Bigge (1977), quando declara: “a literatura teórica e experimental sobre a aprendizagem atingiu um volume quase proibitivo”; e, ainda, que “não existem respostas finais para questões sobre aprendizagem e nenhuma teoria pode ser considerada superior a todas as demais, em termos absolutos” (BIGGE, 1977, pp. 7-8).

2.4.1 A Necessidade das Teorias de Aprendizagem

Bigge (1977) sustenta que a sociedade desde épocas remotas “desenvolveu (...) idéias sobre a natureza do processo de aprendizagem”; e que “à medida que surgiam, as novas teorias iam sendo acrescentadas às antigas (...) e tornavam o cenário educacional (...) cada vez mais confuso”; assim, “provavelmente, a maioria dos professores (...) tem adotado aspectos conflitantes das teorias de aprendizagem” (BIGGE, 1977, pp. 3-4).

Já Bereiter e Scardamalia (2000, p. 409) ensinam que “nenhuma abordagem isolada pode lidar com todos os modos como o conhecimento precisa ser considerado pelos educadores”. Astington e Pelletier (2000, pp. 503) informam que

conceitos intangíveis, tais como (...) teoria ou pedagogia popular não são facilmente definidos, nem são facilmente contidos dentro de limites (...); existe uma justaposição (...) e geralmente ocorre o predomínio de um sistema de crença ou teoria sobre outro. Assim, é raro um professor adotar uma determinada posição teórica e opor-se a todas as outras. A questão é de grau: graus variados de ecletismo entre crenças e práticas não são incomuns, mas ainda assim os programas, na maioria das vezes, refletem uma teoria popular predominante que guia o professor no estabelecimento de objetivos e na implementação de um programa.

Ozmon e Craver (2004, p. 15) explicam que as teorias e a prática da educação desenvolveram- se ao longo da história, “todavia tornou-se fácil não vermos a conexão entre a teoria filosófica e a prática educacional e lidarmos com a prática separada da filosofia”. Em razão disto, segundo estes autores, “podemos estar em um dilema hoje, porque parecemos estar mais

envolvidos com os aspectos ‘práticos’ da educação do que com uma análise da teoria educacional e sua conexão com a prática” (OZMON e CRAVER, 2004, p. 15).

Olson e Bruner (2000, p. 21-22) elucidam que existe uma “lacuna entre a teoria e prática; ou seja, os avanços científicos informam”, mas falta “relacionar conhecimento com os contextos práticos”. Por isto, segundo estes autores, “educar, permanece quase tão misterioso como quando esses esforços tiveram seu início”, já que o “trajeto” entre “o que os professores podem ou devem fazer” e “o que as crianças fazem (...) formam uma história longa não muito satisfatória” (OLSON e BRUNER, 2000, p. 21-22).

Ainda, conforme estes autores, “devemos levar em consideração as teorias pedagógicas populares que aqueles engajados no ensino e aprendizagem já têm, porque quaisquer inovações terão de competir com as teorias populares (...) que já guiam tanto os professores quanto os alunos”, e que “a introdução de qualquer inovação envolverá, necessariamente, uma mudança nas teorias psicológicas e pedagógicas populares dos professores (...) e alunos” (OLSON e BRUNER, 2000, p. 22).

Bereiter e Scardamalia (2000, p. 411), destacam que “no nível de sala de aula, estamos limitados a uma psicologia bem mais antiga do que qualquer uma das grandes idéias (sobre como deveria ser a educação), uma psicologia não apropriada para enfrentar o que significa entender ou inventar”. Assim, há necessidade de “uma nova espécie de teoria de aprendizagem” que reconheça as “características mais críticas da pedagogia”, ou seja, especificamente, “os objetivos, as finalidades, as crenças e as intenções tanto dos professores quanto dos aprendizes” (OLSON e BRUNER, 2000, p. 21).

De outro lado, Roegiers e De Ketele (2004, pp. 25-26), declaram que “as teorias científicas estão longe de serem estáticas e solidificadas” e que “as teorias evoluem, pois toda teoria gera novas questões não-resolvidas incitando a elaboração de novas teorias”.

Bigge (1977, p. 5) afirma que “uma teoria de aprendizagem pode funcionar como um instrumento de análise; seus seguidores podem usá-la para avaliar a qualidade de uma determinada situação em sala de aula”.

2.4.2 Síntese dos Principais Conhecimentos sobre as “Teorias de Aprendizagem”

O quadro a seguir oferece uma síntese dos principais autores pesquisados e categorias identificadas acerca da problemática estudada.

Itens Autores Pesquisados e Categorias Identificadas no Item: “Teorias de Aprendizagem”

Autores Pesquisados

Astington e Pelletier (2000); Bereiter e Scardamalia (2000); Bigge (1977); Case (2000); Nóvoa (1995); Olson e Bruner (2000); Ozmon e Craver (2004); Moreira (1999); Roegiers e De Ketele (2004); Schreiber (2002).

Categorias Identificadas

Teorias, Psicologia e Práticas de Aprendizagem; Modelos Pedagógicos. Teoria ou Pedagogia Popular; Docente: teorias, processos e saberes; Docente e discente: processos interativos; Visões para Construção do Conhecimento; Orientações do Desenvolvimento da Inteligência e Estruturas Cognitivas; Teorias e Modelos de Aprendizagem: Construtivismo de Piaget; Neoconstrutivismo; Modelo de Vygotsky; Cognitivismo Atual.

Quadro 08: Autores Pesquisados e Categorias Identificadas no Item “Teorias de Aprendizagem”

Fonte: a partir da Pesquisa

A Pesquisa revela, entre outros aspectos, os seguintes elementos pertinentes ao estudo: i) qualquer atividade ou programa de Educação Corporativa precisa levar em conta as teorias psicológicas e pedagógicas populares dos professores, alunos e demais participantes; ii) a educação e a atividade docente não podem desconsiderar a lógica da produção científica e as diversas contribuições das diversas ciências sociais e humanas; iii) a Educação Corporativa precisa relacionar teorias e conhecimento com os contextos práticos. O quadro a seguir lista alguns conceitos relevantes apurados na literatura que trata das Teorias de Aprendizagem.

Conhecimentos Relevantes do Item: “Teorias de Aprendizagem”

• Toda teoria sobre aprendizagem tem suas aplicações e suas limitações; nenhuma teoria pode ser considerada pelos educadores como superior (BEREITER e SCARDAMALIA, 2000; BIGGE, 1977; CASE, 2000; SCHREIBER, 2002);

• Há uma “lacuna entre a teoria e prática”; há necessidade de uma abordagem que abrigue as diversas teorias em uma reflexão pedagógica concreta (NÓVOA, 1995, pp. 21-22; 31-2; 38-39; OLSON e BRUNER, 2000);

• Ao optar por modelos teóricos de aprendizagem é preciso avaliar valores e interesses que as escolas e os currículos cumprem no sistema político e econômico (ROGOFF, MATUSOV e WHITE, 2000);

• Com base no modelo de três mundos de Popper, a construção do conhecimento é a atividade dirigida para mudanças no Mundo 3 (o mundo do conhecimento objetivo), enquanto a aprendizagem é a atividade dirigida para dentro, para mudanças no Mundo 2 (o mundo subjetivo) (BEREITER e SCARDAMALIA, 2000).

Quadro 09: Conhecimentos Relevantes do Item “Teorias de Aprendizagem” Fonte: a partir da Pesquisa

Pode-se afirmar, com base na literatura, que se devem extrair as melhores possibilidades de cada teoria e combinar as diversas concepções teóricas para construir soluções pedagógicas mais adequadas.