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CAPÍTULO II: SÃO JOSÉ DE PIRANHAS: O COMÉRCIO DE ALGODÃO E A

2.8 As usinas no município de São José de Piranhas entre os anos de 1920-1957

Como se tem conhecimento o município piranhense diferentemente de cidades a exemplo de Campina Grande não chegou a possuir fabricas, porém essa já contava no século XIX com aproximadamente três usinas de descaroçar algodão, como nos mostra Lima (2011), em sua obra: “São José de Piranhas: um pouco de sua historia”. Segundo este o município contava com três usinas descaroçadeira de algodão. Sendo elas: Usina Vencedora, Usina

Humaitá e a Usina Tibagi, vindo a primeira a ser datada da década de 20 e utilizado maquinário de pequeno porte. (LIMA, 2011, p. 198).

A referida usina datada da década de 20 era denominada “Usina Humaitá”, pertencente ao senhor Aceno dos Anjos, ainda instalada na antiga Vila de Piranhas. A segunda usina chamada “Usina Vencedora” tinha como proprietário o senhor Firmino Faustino de Almeida. Este era por vez comerciante e produtor de algodão no município.

A usina pertencente á família Faustino era instalada no sitio Galante. Junto a esta também funcionou na década de 40 um engenho moedor de rapadura, bem como um alambique, onde se produzia a “cachaça Galante”.

Já a terceira denominada “Usina Tibagi” pertencente ao senhor Antônio Gomes Barbosa, funcionou durante muitos anos. Esta está localizada as margens da PB400 “sentido Cajazeiras”, mais precisamente ao lado direito do Fórum José Hamilton de Sousa Neto. Porém devido ao processo acelerado de edificação da área, o prédio, se encontra um tanto “escondido”, já que foram construídas residências na frente e do lado esquerdo. O mesmo vindo a ficar no meio. Como pode ser observado na fotografia a seguir.

IMAGENS 1 e 2: DAS RUINAS DA ANTIGA USINA TIBAGI

Fonte do autor/ 2016 Fonte do autor/2016

A referida “Usina Tibagi”, teve seu funcionamento encerrado por volta da década de 1957, em virtude do surgimento das empresas Anderson Cleiton e a Sambra. Empresas de beneficiamento e exportação de algodão. Estas sendo de origem estrangeiras, já que a Anderson Cleiton pertencia a Inglaterra e a Sambra a Argentina.

Com diversas unidades espalhadas pelo país se instalaram em Sousa e Cajazeiras, passando a afazer o beneficiamento do algodão dessa região e o enviando para outras unidades de comercialização maiores como Recife e principalmente Campina Grande. Além dessas duas multinacionais existiam ainda muitos compradores e produtores de algodão, como as famílias Gadelha da cidade de Sousa e a família Pires de Cajazeiras. Como podemos observar na fala do professor e pesquisador Lima:

(...) essas firmas que se instalaram em Cajazeiras, Sousa na época a Anderson Cleiton e a Sambra eles compravam o algodão daqui da região não só de São José de Piranhas mais de toda a região. Beneficiavam esse algodão em Cajazeiras e Sousa e iam pra outras praças de comercio já ele em pluma, já descaroçado. Levavam somente a pluma. E outros em Cajazeiras e Sousa além dessas duas multinacionais havia outros compradores como Galdino Pires em Cajazeiras, a família Gadelha em Sousa, Luiz de Oliveira em Sousa e outras de menor importância que também se destacaram na época. (LIMA; entrevista 21.02.2017).

De acordo com a fala acima exposta podemos afirmar que mesmo com a chagada destas empresas outros produtores e corretores continuaram a produzir o nosso chamado “ouro branco paraibano” como das famílias Gadelha da cidade de Sousa e a família Pires de Cajazeiras dentre outros. Bem como podemos observar a importância desse produto para a economia do município, já que era visto como a locomotiva da época.

Como se tem conhecimento através dos relatos prestados por meio de entrevista oral o algodão em relação conjunta com os demais produtos como a rapadura e a farinha de mandioca, ambas produzido e cultivado no município de São José de Piranhas, fizeram girar a economia da cidade por longos anos e foram responsáveis pelas rotas comerciais e circulação de mercadorias.

A produção de algodão tornou-se de grande importância por gerar emprego e renda, uma vez que os produtores cultivavam o produto que já tinha por vez um destino certo, isto e a venda para os grandes centros comerciais como Campina Grande. Essa produção gerava emprego o ano todo, isso porque era necessário fazer à limpa dos roçados, a pulverização contra o bicudo e outros insetos que podiam danificar o algodão, a segunda limpa e por fim a colheita. Sendo que para a realização desta última fazia-se necessário uma grande quantidade de pessoas. Pois muitos produtores colocavam os animais a exemplo do gado para pastar dentro das capoeiras por não ter nem mão de obra necessária, nem lugar para armazenar a produção.

Segundo relatos prestados por meio de entrevistas orais realizadas com o professor e pesquisador Lima, o professor Sousa e o comerciante Douetts de Sousa, era grande o número de trabalhadores que vinha do Cariri cearense para colher algodão aqui em São José de Piranhas, pois quando estes finalizavam ás moagem muitos agricultores e trabalhadores se dirigiam para o município para trabalhar na colheita ou safra do algodão. Colheita esta que durava de quatro a seis meses, indo por vez de Junho até o mês de dezembro. (LIMA; 21.02.2017: SOUSA; 20.01.2017: SOUSA; 20.01.2017: ENTREVISTAS).

O algodão foi um marco de desenvolvimento no município de São José de Piranhas, assim como para toda a região circunvizinha. A relação deste produto com a cidade reflete ao contexto sócio histórico marcado pela relação entre os produtores desta atividade agrícola e a transformação no desenvolvimento local a partir da sua implantação, nos limites territoriais deste. Assim como o algodão, a pecuária e mais cedo as feiras em São José de Piranhas possibilitaram uma malha comercial intensa desses produtos pelas circunvizinhanças, estendendo-se até polos comerciais mais distante a exemplo de campina grande. Essa malha comercial foi levada a efeito pelos tropeiros cuja importância e papel social nos levou a escrever esse trabalho tendo os mesmos como protagonistas da história que queremos contar mais detalhadamente no capítulo seguinte.

CAPÍTULO III: MEMÓRIAS E HISTÓRIAS: EXPERIÊNCIAS DOS EX-