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APOIO À DECISÃO

2.4. E STRUTURAÇÃO DOS PROBLEMAS ATRAVÉS DO SISTEMA DE INDICADORES DPSIR

2.4.3. F ASE DE E SCOLHA : ANÁLISE DE DECISÃO MULTI CRITÉRIOS

De acordo com o desenho metodológico proposto neste trabalho, a comparação das opções alternativas constitui a fase derradeira de um processo de decisão. Usando uma vez mais a Análise Multi-Critérios (AMC), todas as alternativas são avaliadas pelas suas contribuições para a resolução dos problemas causadores dos impactos observados (previamente expressos na Matriz de Avaliação). O objectivo principal da AMC é reduzir a multi-dimensionalidade dos problemas da decisão (os desempenhos das alternativas multi-variadas) numa única medida. A essência de qualquer regra de decisão AMC assenta em procedimentos de agregação. As regras de decisão agregam preferências parciais, descrevendo critérios individuais numa preferência global para a classificação das alternativas.

A inclusão dos métodos de análise de redes sociais à escala regional para a integração de uma componente de boa governança na metodologia proposta é outro dos instrumentos propostos, para concretizar esta fase de Escolha. Trata-se de dar resposta às necessidades de aproximação entre a comunidade científica, os stakeholders e os centros de decisão. Enquanto instrumento ao serviço desta metodologia, ele permitirá essencialmente criar mecanismos de centralidade para a circulação da informação. Desse modo, é possível,

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não só contactar mais facilmente os actores chave para a tomada de decisão de modo a integrar as suas aspirações na fase de Respostas, como também é disponibilizar um meio essencial para divulgação das decisões.

Assim sendo, se o desenho conceptual aqui proposto não sofre alterações em termos globais, o mesmo já não se poderá dizer em relação às cadeias de indicadores que permitem desenvolver integralmente cada problema. Neste sentido, para a criação das cadeias DPS devem ser tidas em consideração as opiniões dos stakeholders, depois de processadas através das redes regionais da água. Por último, as respostas serão desenvolvidas em formato de cenários resultantes da consulta dos stakeholders mais indicados para cada problema/tema específicos.

2.4.4. FASE DOS CENÁRIOS: CRIAÇÃO DE CENÁRIOS PARA O DPSI(R)

Depois de avaliada a sustentabilidade ambiental de determinada Resposta, com base nas alternativas, parte-se para a quantificação de cenários de oferta e procura de recursos hídricos. Este processo tem por base o desenvolvimento de projecções da população segundo o método de componentes por coortes. A criação de cenários de disponibilidade da água depende das projecções da população, assim como as condiciona. Os cenários criados com base nas respostas são avaliados em termos de coerência ao nível da sustentabilidade ambiental.

Um dos contributos primordiais desta metodologia é a avaliação prospectiva da disponibilidade dos recursos hídricos de forma espacialmente referenciada, à escala regional. Neste caso, trata-se de adaptar alguns princípios de análise em prospectiva territorial, tal como são descritos por alguns dos autores pioneiros destas matérias. De acordo com Delamarre (2002) podem delinear-se três linhas de investigação em prospectiva territorial: uma concepção aberta dos territórios; uma prática dinâmica e inventiva, em resultado da reflexão colectiva; e uma atitude pró-activa.

Para chegar até aos cenários de consumo e oferta da água, que irão despoletar a construção de novas «cadeias DPSIR», reorganiza-se o SIG e adapta-se a base de dados geográfica de apoio a toda a metodologia. Esta base de dados, tal como já foi previamente evidenciado, é o elemento aglutinador do estudo.

A metodologia não estaria totalmente descrita sem uma referência à necessidade de integrar a abordagem das políticas da água. Esta abordagem das políticas tem como ponto central a necessidade de transposição da DQA para a legislação nacional. Nesse sentido, a

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componente das políticas da água torna-se um elemento relevante, sobretudo na criação de cenários prospectivos. Os cenários de disponibilidade da água devem reflectir espacialmente os impactos da implementação da DQA (EEA, 1999).

2.4.5. INTEGRAÇÃO DA BOA GOVERNANÇA NAS SOLUÇÕES/RESPOSTAS

O envolvimento de instituições oficiais e das comunidades locais no processo de desenvolvimento de uma região tem vindo a constituir uma prioridade de muitos programas de organismos internacionais. Esta prioridade centra-se nas vantagens de tomar decisões o mais proximamente possível dos cidadãos e instituições por elas afectados (princípio da subsidiariedade). Entre essas vantagens destaca-se a maior descentralização do processo de decisão e o estímulo à participação pública. Tal como já foi provado por diversos autores, parte da falta de eficiência associada aos processos de desenvolvimento regional está directamente relacionada com a centralização da tomada de decisão (Jorge et al., 2002).

Noutra perspectiva, a gestão dos recursos hídricos também tem vindo a ocupar cada vez mais espaço a agenda dos organismos internacionais. A preocupação cresce, na exacta medida em que crescem os receios dos governantes internacionais relativamente às consequências da mudança global. Apenas como exemplo significativo desta preocupação, num dos Objectivos do Milénio3 surge exposta a necessidade de criar condições para disponibilizar de água potável, em quantidade e em qualidade, a todos os Seres Humanos.

Ao nível da União Europeia, o programa mais estruturante da gestão dos recursos é a DQA. Trata-se de um documento fundamental para entender o futuro próximo da gestão dos recursos hídricos em todos os países da União Europeia. A DQA introduziu uma série de aspectos inovadores para a gestão sustentável da água, entre os quais se pode destacar o princípio da participação pública para uma boa governança.

Partindo do ideário proposto pela directiva, esta metodologia integra uma ferramenta de análise das redes regionais da água. Com este desenho metodológico encoraja-se o envolvimento activo de todas as partes interessadas na implementação da DQA. Isto é, a identificação e análise das redes regionais da água, enquanto elemento integrante de uma metodologia de apoio à decisão global, é um contributo prático para perseguir os princípios de boa governança expostos na DQA.

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O principal objectivo da inclusão do diálogo com os stakeholders nesta metodologia é integrar o seu ponto de vista na definição dos cenários de evolução da bacia hidrográfica. Deste modo, torna-se possível, de forma ilustrada e realista, antecipar eventuais conflitos inerentes a determinadas opções, revelando-se as consequências de determinadas decisões. Ao possibilitar a avaliação prévia das consequências das opções dos stakeholders e decisores, os diferentes cenários baseados na auscultação das aspirações dos principais intervenientes, podem ainda beneficiar da moderação introduzida pelos instrumentos de avaliação do sistema de apoio à decisão (SAD).

Pretende-se com a identificação das Redes Regionais da Água (RRA) e posterior consulta, criar um ambiente de maior credibilidade associada às decisões, pois as respostas assumem a garantia intrínseca da comunidade científica. Tornando as decisões mais participadas e credíveis, criam-se condições para um maior reconhecimento das respostas dadas pelas instituições.

Do desenho metodológico, evidencia-se ainda a interacção entre o SIG e as RRA. Em primeiro lugar, os SIG permitem cruzar informação para o aperfeiçoamento da identificação dos stakeholders mais influentes. Estes stakeholders são a base de um sistema de inter-relações estabelecidas, que estão na origem das (RRA). Independentemente das suas características e da sua identificação, as interacções entre os vários stakeholders estruturam-se sempre na forma de rede.

No contexto desta metodologia, a importância da identificação das RRA reforça-se devido ao seu ascendente na operacionalização do SEAD. As respostas do SEAD (leia-se, as decisões) poderão ser aplicadas mais eficiência quando identificadas as RRA, por se facilitar a possibilidade de interagir de um modo mais eficiente junto dos decisores chave. Os esforços para mitigar os efeitos negativos de uma mudança de Estado são mais bem sucedidos quando a informação circula através das redes de relações previamente instituídas. Deste modo, de acordo com o sistema DPSIR, a identificação das RRA representa o ponto central do envolvimento dos actores sociais na validação das Respostas.

De acordo com a presente metodologia, efectuam-se entrevistas após um primeiro nível de identificação das RRA. O resultado dessas entrevistas permite sustentar os SIG e contribui decisivamente para a identificação dos mecanismos internos e da estrutura da RRA. O resultado das entrevistas contribui ainda para fundamentar os indicadores socioeconómicos e biofísicos, através da análise dos problemas e potencialidades locais identificados pelos stakeholders.

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2.5. I

NSTRUMENTOS DE ANÁLISE DO SISTEMA ESPACIAL DE APOIO À