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3 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA

3.3 ASPECTOS ÉTICOS

Antes de dar início à fase de coleta de dados, o projeto de pesquisa, incluindo o questionário e o roteiro da entrevista, foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e aprovado conforme certificado disponível no Anexo A.

A adesão dos usuários participantes foi voluntária, e, após os esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa, cada usuário participante foi convidado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual apresenta os objetivos da pesquisa e garante o sigilo quanto à identificação dos participantes. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi elaborado pela pesquisadora

de acordo com modelo e instruções do Comitê de Ética da UFSC e se encontra disponível no Apêndice A.

3.4 TESTE-PILOTO

Após a finalização dos instrumentos de pesquisa e a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética, foi realizado um teste-piloto14 com a

finalidade de verificar a viabilidade dos instrumentos propostos, no intuito de aprimorá-los por meio de correções e ajustes necessários para sua adequação aos objetivos da pesquisa. A aplicação do teste procurou verificar os seguintes aspectos:

 eficácia das questões: verificar se as questões estão formuladas de maneira que as respostas atendam aos objetivos da pesquisa;

 clareza das questões: verificar se os usuários entendem as questões;

 repetições e excesso de questões: verificar se existem questões repetitivas ou em excesso; e

 verificar se o tempo de aplicação do questionário e da entrevista é longo e cansativo.

O teste-piloto foi aplicado individualmente em 10 usuários participantes, que deveriam atender aos critérios de seleção preestabelecidos. Após a assinatura do Termo de Consentimento, foram aplicados os questionários e, em seguida, foi feita a entrevista. Todo o procedimento foi realizado em aproximadamente 45 minutos, com pequenas variações de tempo devido ao perfil de cada participante (alguns mais falantes e outros menos).

Considerando o grau de subjetividade de algumas questões e o caráter qualitativo da pesquisa, a aplicação das questões foi gravada a fim de registrar os comentários feitos pelos usuários participantes

14 O teste-piloto foi realizado no primeiro semestre de 2010 e demandou um

ao responder cada questão, assim como verificar a expressividade e as entonações de cada fala.

Após a aplicação do teste-piloto, a pesquisadora analisou e interpretou as respostas obtidas em cada questão com o propósito de verificar sua viabilidade. Após análise detalhada, observou-se que algumas questões eram desnecessárias porque abordavam basicamente o mesmo assunto e geravam respostas repetitivas. Algumas questões, de caráter simbólico, se mostraram insuficientes para a obtenção de respostas mais espontâneas e verdadeiras, e foi observado certo constrangimento por parte de alguns usuários participantes, que aparentaram estar preocupados em responder aquilo que consideravam “politicamente correto”.

Essas questões foram reformuladas a fim de solucionar esse problema e fazer com que o usuário participante pudesse se expressar com espontaneidade e sinceridade. Para tanto, foi consultada uma psicóloga que sugeriu uma abordagem menos pessoal e mais focada no produto, já que alguns tipos de sentimento, apesar de fazerem parte da natureza humana, são muito pessoais e, na maioria das vezes, se dão em um nível inconsciente. Desse modo, as questões sofreram as seguintes alterações:

 inicialmente: Ele me diferencia da grande maioria das pessoas;

 reformulada para: Ele se sobressai entre vários modelos;  inicialmente: Sinto orgulho dele e gosto de exibi-lo; e

 reformulada para: Gosto de mostrá-lo para outras pessoas e de conversar sobre suas características.

Essa reformulação implicou desviar o foco do usuário para o modo como percebe o produto e como se comporta em relação a esse. Ainda assim, essas questões puderam revelar opiniões importantes para esta pesquisa, fazendo com que as reações dos usuários participantes ficassem mais espontâneas.

Esses pequenos ajustes realizados ao longo da aplicação do teste- piloto tornaram o instrumento mais objetivo, com enunciados mais claros, e facilitaram o entendimento por parte do usuário participante. Convém ressaltar que os Tópicos 1 e 2, explicando o objetivo de cada questão, já estão atualizados e com as adaptações realizadas após a aplicação do teste-piloto.

3.5 MÉTODO DE COLETA DE DADOS E DE ANÁLISE

Após os ajustes efetuados no teste-piloto, deu-se início à aplicação da pesquisa com os usuários participantes. Os instrumentos de coleta de dados, questionário e entrevista, foram todos aplicados pessoalmente pela pesquisadora, que pôde explicar as questões, quando necessário.

A aplicação do questionário e a da entrevista foram feitas em um ambiente15 previamente estabelecido para aqueles usuários

participantes que assim o preferiam, como também em outros ambientes16 sugeridos pelos usuários participantes e de acordo com

sua disponibilidade. O ambiente, porém, deveria ser confortável para o usuário participante, além de silencioso e adequado para gravação, considerada imprescindível, pois, além do que é mencionado pelos participantes, o tom de voz empregado é importante para interpretação e análise dos dados.

Antes de dar início aos questionamentos, o usuário participante foi esclarecido sobre o objetivo da pesquisa e convidado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. As respostas ao questionário foram gravadas e os usuários-participantes orientados a comentá-las caso sentissem necessidade. A gravação dessa fase foi de grande utilidade para a análise dos dados porque os comentários,

15 Sala do Laboratório de Ergonomia do PPGEP/UFSC – Labergo.

16 Os outros ambientes utilizados foram salas de reunião, salas de estudo e

laboratórios com configuração semelhante à sala do Labergo. E, portanto, não se constituíram em um fator de interferência no resultado do trabalho.

as explicações e as justificativas dadas para cada resposta serviram de complemento para a análise e a interpretação dos dados.

A realização da entrevista foi feita logo após a aplicação do questionário e também gravada com o consentimento dos usuários participantes. Todas as entrevistas assim como os comentários feitos nas respostas aos questionários foram transcritos na íntegra, o que facilitou a análise do seu conteúdo e a comparação entre os comentários obtidos.

Apesar de contar com um roteiro prévio de questões, a aplicação da entrevista se deu como uma conversa informal a fim de deixar o entrevistado mais à vontade e, desse modo, favorecer a expressão das questões mais relevantes para cada participante.

O tratamento dos dados quantitativos foi feito a partir do cálculo de percentagem e da frequência observada nas repostas obtidas em cada questão; e sua análise foi feita com base nas orientações encontradas em Pereira (2001). Considerando que a aplicação do questionário foi gravada, os comentários feitos pelos usuários participantes foram utilizados como complemento para a discussão e a interpretação dos resultados.

Após a realização dos cálculos de percentagem e frequência, foram realizados testes de correlação no intuito de verificar a relação entre os fatores investigados. Para a realização dos cálculos, foi utilizado o software estatístico SPSS 18.0 e aplicados os testes de correlação de Kendall e Spearman, com base em Siegel (1975), por serem mais adequados para análise de dados ordinais não paramétricos em pequenas amostras.

A análise dos dados obtidos na entrevista foi feita por meio do método de análise de conteúdo com base em Bardin (2010), e, entre o conjunto de técnicas da análise de conteúdo, foi priorizada a análise por meio da categorização a partir de unidades temáticas, da identificação de similaridades e diferenças encontradas nas

respostas, da identificação de conceitos-chave e da relação entre esses conceitos, bem como da elaboração de mapas conceituais. O mapa conceitual, também relacionado na literatura a termos como “mapa cognitivo” e “mapa mental”, é uma ferramenta de organização do conhecimento capaz de representar ideias ou conceitos na forma de um diagrama hierárquico, o qual indica as relações entre os conceitos e reflete a estrutura cognitiva sobre determinado assunto (LIMA, 2004).

De acordo com Licheski (2004, p. 80), “um mapa cognitivo é a representação gráfica de representações discursivas formuladas por um sujeito sobre um objeto” e esclarece que o “seu uso é possível em variadas tarefas, tais como na estruturação de dados complexos e/ou confusos e manipulação de dados qualitativos”.

Lima (2004) afirma que a elaboração de um mapa conceitual envolve basicamente as seguintes etapas:

a. escolha do assunto e identificação das palavras-chave ou frases relacionadas;

b. ordenação: organização de conceitos do mais abstrato para o mais concreto;

c. agrupamento: reunir conceitos em um mesmo nível de abstração e com forte inter-relacionamento;

d. arranjo: organização de conceitos na forma de um diagrama; e

e. link e preposição: conexão de conceitos com linhas e nomeação de cada linha com uma proposição.

No âmbito deste trabalho, os mapas conceituais foram elaborados a partir da categorização de temas e conceitos-chave, os quais foram sendo identificados nas respostas e nos comentários dos usuários participantes ao longo da análise de conteúdo, e proporcionaram uma maior visualização e compreensão das inter-relações e entre as variáveis envolvidas.