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4.3 Aspectos Econômicos, Sociais e Ambientais

4.3.3 Aspectos Ambientais

Os aspectos ambientais analisam os efeitos da expansão da soja sobre o meio ambiente do cerrado do Piauí. Trata-se de uma análise tabular descritiva dos dados primários, obtidos da aplicação de questionários com produtores de soja.

Parte-se da ideia de que o impacto da soja sobre o meio ambiente pode se manifestar diretamente no solo, através de sua degradação, ocorrida pela compactação e/ou erosão e na vegetação, através da retirada da mata nativa, que pode comprometer a biodiversidade. Indiretamente, a água também pode ser atingida por meio do comprometimento de sua qualidade, através da contaminação com substâncias químicas. Sobre a fauna, a presença ou ausência de espécies animais pode ser um bom indicador.

4.3.3.1 Amostra de Produtores

Para estudar os impactos da expansão da soja sobre o meio ambiente da região sudoeste do Piauí, foram selecionados três municípios: Uruçuí, Baixa Grande do Ribeiro e Bom Jesus. Estes municípios representam 57,6% (parte substancial) da produção de soja.

A amostra foi extraída do universo constituído pelos produtores de soja, tomando como base o parâmetro de produção, juntamente com as restrições de tempo e de recursos humanos e financeiros. Com isso, o critério de escolha dos produtores foi realizado de forma aleatória, a partir de informações obtidas junto ao IBAMA e ao Sindicato Rural de Bom Jesus, que dispunham de listas cadastrais de produtores existentes nos municípios, embora, um pouco desatualizadas. Através destas informações, os entrevistados foram selecionados aleatoriamente.

De acordo com as informações dos cadastros fornecidos pelas duas instituições, o total de produtores dos três municípios era 146, dos quais 54 estavam em Uruçuí, 60 em Baixa Grande do Ribeiro e 32 em Bom Jesus. Com essas informações foram enviadas correspondências, via correio, em março de 2008, mas como o número de respostas obtidas foi muito pequeno, então foi escolhida uma amostra para visita in loco, no período disponível de 15 dias.

Seguindo esse procedimento, a amostra realizada abrangeu 38 produtores de soja: 15 em Uruçuí, 9 em Baixa Grande do Ribeiro e 14 em Bom Jesus.

Acredita-se que a adoção deste procedimento não trouxe prejuízos de representatividade, pois a maior concentração da produção de soja ocorre nos municípios pesquisados.

4.3.3.2 O questionário

A elaboração do questionário procurou atender aos objetivos da pesquisa. De maneira geral, mostrou-se um instrumento razoável e conveniente para a coleta das informações de interesse do estudo. Sua aplicação ocorreu entre 22 de julho e 5 de agosto de 2008, diretamente ao produtor, após insucesso na obtenção dos dados via correio. De modo geral, ocorreu de forma bastante eficiente, pois contou com a experiência do pesquisador e com a organização e clareza da apresentação das questões. As perguntas fechadas, em maioria, combinaram alternativas dicotômicas e de múltiplas escolhas; além disso, o entrevistado teve a opção de responder livremente.

O questionário foi dividido em quatro partes, a saber: a primeira parte contemplou informações gerais sobre o produtor e a unidade de produção; informações sobre a tecnologia (mecânica e química) e práticas de cultivo foram especificadas na segunda parte; na terceira parte foram obtidas informações sobre a qualidade da água nos mananciais e aspectos sobre a fauna terrestre; enquanto na quarta parte, informações sobre dificuldades de implantação da soja e expectativas dos produtores.

Numa avaliação geral, o questionário revelou-se um instrumento adequado ao fim proposto. Sua aplicação não apresentou maiores problemas, porém, tornam-se necessários alguns ajustes para uso futuro, sem prejuízo para o entrevistado. Por isso, acredita-se na qualidade das informações obtidas, apesar das restrições de custo e tempo.

4.3.3.3 Realização da Pesquisa de Campo

O trabalho de campo teve duração de 15 dias; iniciado em Uruçuí20 e concluído em Bom Jesus. Contou com o apoio da Coopercerrado21, após contato prévio; do Condomínio União 2000, em Uruçuí e do Condomínio Parsul, em Baixa Grande do Ribeiro. O apoio recebido facilitou o contato com os produtores e o deslocamento até as fazendas, através de informações verbais de técnicos e do seu repasse aos produtores. Por outro lado, ficaram evidentes algumas dificuldades explicadas abaixo.

Dada a restrição de tempo, a pesquisa de campo ocorreu necessariamente no período de entressafra. Nesse período, muitos produtores não permanecem em suas propriedades, tiram férias e/ou viajam a negócios. Sem autorização, os responsáveis não fornecem informações a terceiros, o que é perfeitamente compreensível; a não ser em raras exceções.

As fazendas estão relativamente distantes das sedes dos municípios; as mais próximas, estão cerca de 50 quilômetros. As estradas, de baixa qualidade, dificultaram o acesso às fazendas e aos entrevistados.

Mesmo diante de alguns empecilhos, em síntese, pode-se dizer que o trabalho de campo decorreu satisfatoriamente, de forma a garantir a qualidade exigida das informações.

Após a conclusão do trabalho de campo, fez-se a crítica e consistência dos dados, visando a sua uniformização e limpeza; com a intenção de eliminar possíveis desvios de respostas nas perguntas do questionário (informações incompletas, erros de cálculos, etc.), o que é perfeitamente normal em pesquisa de campo; procedendo, em seguida, à análise dos resultados.

20 Município polo e maior produtor de soja do cerrado piauiense. 21 Cooperativa Agroindustrial do Cerrado.

Capítulo 5

O Processo de Ocupação da Área: Efeitos Área,

Rendimento e Localização, usando o Método Shift-Share

A operacionalização do método Shift-Share para captar os impactos econômicos da soja no cerrado do Piauí foi realizada no programa Excel 2003. As estimativas obtidas são apresentadas na forma de fontes de crescimento da produção de soja e na mudança da composição da produção agrícola nos municípios.