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Aspectos centrais para o diagnóstico: leitura

No documento Neurociências, educação e saúde (páginas 134-139)

Critério A: subitem 1

1 – Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço, por exemplo:

lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequen­

temente, adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá­las.

Fonte: Revista Debates em Psiquiatria, 2016.

Para tanto, é importante observar a importância da Pirâmide do Aprendi-zado proposta por Williams e Shellembergeer:

11 – Diálogos transdisciplinares na tríade: neurociência, educação e saúde

Figura 2 - Pirâmide do aprendizado

Fonte: www.tech­me­momoy.com.

Nesse diálogo de ideias e ideais, há conceitos sobre educação? Ela é uni-versal e igualitária? Educação Especial, Inclusiva e Equidade? Vivemos a opu-lência dos paradigmas. É um confronto real e imediato, considerando que há uma submissão e omissão social, cultural, política, econômica e tecnológica.

Conceitos são indiscutivelmente necessários, assim como as políticas so-ciais, posicionamento econômico, índices, dados estatísticos, para nos em-basarmos da teoria à prática. Legislações também existem, belíssimas, assim como o Sistema Único de Saúde (SUS), mas, no Brasil, o Setor Executivo in-siste em ignorá-las, havendo algumas ressalvas.

No processo de educar, é preciso fundamentar e significar a ciência e edu-cação de forma conjugada por palavras compostas, logo, segundo Michaelis (2019), conjugação significa: “que se conjugou; harmoniosamente misturado ou combinado; diz-se daquilo que se apresentou ou se estivesse ou fosse liga-do; fundido, unido”.

A educação, segundo Aulet (2019, p. 292), denomina-se: “ação ou ato de educar-se. Ensino, instrução. A educação é fundamental para o desenvolvi-mento. Formação e desenvolvimento da capacidade física, moral e intelectual do ser humano visando a integração social”.

Portanto, o ato ou efeito de educar, buscando aperfeiçoamento das facul-dades físicas, intelectuais e morais do ser humano, inseridos no conceito de instrução e integração social do indivíduo, objetiva o ensino por meio do processo educativo, em que sua função é desenvolver-se e aperfeiçoar-se pelo próprio exercício.

Muitas áreas – entre elas, a neurociência, a Psicologia, o Serviço Social e a Educação – vêm se preocupando com crianças e adultos deficientes mentais.

Cada uma delas faz a sua análise a partir de seus próprios referenciais teóricos.

Como a ciência não é uma constante, as definições não são estáticas e tendem a ser modificadas e aperfeiçoadas, na medida em que mais experiências e evi-dências se tornam possíveis.

Em tentativas recentes de se definir a deficiência mental, a ênfase mudou significativamente de uma condição que existe somente no indivíduo para uma que apresenta uma interação do mesmo com um ambiente em particu-lar. A definição de deficiência mental, atualmente adotada, foi proposta pela Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) e consta na Política Nacional de Educação Especial do Ministério de Educação e Cultura (BRA-SIL, 1994), a saber: funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limita-ções associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente as demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais, de-sempenho na família e comunidade, independência de locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.

A Secretaria de Educação Especial do Ministério de Educação (MEC) ado-ta esado-ta definição para efeito de diagnóstico e caracterização das pessoas com deficiência mental. Ou seja, considera ter deficiência mental aquele cujo esco-re em teste de inteligência seja inferior aos obtidos por 97 a 98% das pessoas da mesma idade; que não satisfaça padrões de independência e responsabilidade esperados do grupo etário e cultural, isto é, aprenda habilidades acadêmicas básicas e participe de atividades apropriadas ao grupo social.

11 – Diálogos transdisciplinares na tríade: neurociência, educação e saúde

Portanto, o aporte legal para a pessoa com deficiência, a partir das reivin-dicações e da pressão diversos grupos sociais que defendem o reconhecimento da igualdade de acesso prenunciado em diversos documentos legais, tais como a Declaração dos Direitos da Pessoa com Deficiência (1975), Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência (1982), Congresso de Educação para Todos em Jotiem (1990), Declaração de Cartagena (1992), Declaração de Salamanca (1994), Carta para o Terceiro Milênio (1999), Declaração de Inchean (2015), dentre outros, enfatiza o igual direito de acesso, permanência e sucesso na promoção de educação de qualidade para todos.

Considerações finais

Compreendendo, dialogando e argumentando esse universo de possibi-lidades, busca-se conhecimento nas questões: há integralidade, consciência social e acadêmica das reais limitações da vida diária do indivíduo com de-ficiência para suas efetivas possibilidades educativas e terapêuticas? Por que estabelecer como paradigma a transversalidade e não a transdisciplinalidade no âmbito educativo? Como se define cientificamente seu espectro de com-prometimento intelectual ou de possíveis habilidades? E seus prognósticos?

Critérios de normalidade? Eis questionamentos duvidosos para perguntas as-saz complexas, uma vez que as pessoas não são iguais, pensam e agem de mo-dos diferentes. Um mesmo indivíduo pode agir diferentemente em situações semelhantes. Como se percebe, o ser humano com sua complexidade é um enigma a ser desbravado, ainda que a ciência tenha se desenvolvido a passos largos. Somos seres humanos diferentes pelas nossas semelhanças e os seres humanos deficientes também, pelas suas semelhanças e complexidades fasci-nantes. Este capítulo tão complexo e abrangente poderá redefinir conceitos e paradigmas, expondo expectativas relacionadas à educação, pois ela é a base de toda sociedade, seja na neurociência, no universo acadêmico de pesquisas, nas universidades, nos Centros de Saúde, em questões e temas culturais, como também nas práticas pedagógicas e educação continuada; é um tema sem fim, mas resultados serão exuberantes à sociedade tão carente de conhecimento se houver acolhimento da educação com um todo.

Referências

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AULET, C. Minidicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fran-cesa, 2004, p. 292.

BARASABI, N. Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: Triom, 1999.

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75, set./nov. 2007.

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SANTOS, D. M. Zygmunt Bauman: vida, obra e influencias autorais. Cadernos Zymunt Bau-man, v. 4, n. 8, 2014.

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No documento Neurociências, educação e saúde (páginas 134-139)