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4.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2.1 Aspectos da Competitividade – Fatores Sistêmicos

No que diz respeito aos fatores sistêmicos que influenciam a competitividade verifica-se que os gerentes entrevistados percebem esse aspecto com bastante otimismo, mas não vêem como alguns itens podem ser modificados em curto prazo.

Em relação aos fatores macroeconômicos, percebe-se que os gerentes e diretores das construtoras acham muito importante e muito contribuem para o aumento da competitividade da indústria os programas de incentivo habitacional, os que responderam sem importância ou pouco importante, foram as empresas que raramente utilizam esse tipo de incentivo. Quanto aos programas de gestão da qualidade e produtividade, a grande maioria dos diretores os acha importantes, apesar de algumas restrições. Esses aspectos são ilustrados nas Ilustrações 27 e 28, respectivamente.

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Sem importância Pouco Importante Importante com restrições Muito importante Percepção mero d e emp resas p esq u isasd a s Construtoras

Ilustração 27 – Importância dos programas de incentivo a construção habitacional

Os diretores das empresas A, D e I mesmo sem usufruirem dos programas de incentivo à construção habitacional para população de baixa renda, acham que os mesmos são importantes para a competitividade.

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Sem importância Pouco Importante Importante com restrições Muito importante Percepção N ú m e ro de em presas pesqui sasdas Construtoras

Ilustração 28 – Importância dos programas de governo para a Gestão da Qualidade e Produtividade

Dentre os programas de governo de incentivo a gestão da qualidade, foi unânime todos entrevistados citarem o PBQP-H. Nas entrevistas, cinco diretores afirmaram que a velocidade com que as empresas foram aderindo ao Programa era proporcional à confiança que os mesmos depositavam em tal ação.

Algumas opiniões foram de que, no início, acreditava-se que fosse mais uma “exigência e marketing do setor”. Quatro diretores afirmaram que: “no início, para algumas empresas, a adesão a esse programa foi exclusivamente para poder buscar financiamentos junto a Caixa Econômica Federal - CEF, poucos entenderam que o PBQP-H ia, além disso”, porém, segundo eles, essa visão errônea está sendo cada vez mais suprimida à medida que o programa avança e se consolida.

De acordo com a Ilustração 29, observa-se que as universidades, apesar de serem consideradas importantes para os entrevistados, não têm tido importante participação na competitividade do setor, conforme constatado pelos diretores e/ou gerentes.

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Sem importância Pouco Importante Importante com restrições Muito importante Percepção N ú m e ro de em presas pesqui sasdas Construtoras

Ilustração 29 – Importância dos programas com Universidades e/ou Centros de pesquisa como fonte de inovação no setor

A opinião de 10 entrevistados foi de que os centros de pesquisas e as universidades são muito lentos em relação à velocidade do mercado. Os diretores afirmaram que, com a implantação do PBQP-H, algumas universidades têm dado alguns passos nessa direção, contudo, ainda é pouco em relação à capacidade de que elas dispõem.

Alguns entrevistados, porém, observaram que as universidades e centros de pesquisa contribuem no acompanhamento tecnológico dos materiais usados na construção, principalmente, quando se refere ao concreto usado em estruturas. Comentou-se, também, que muitas vezes, a empresa está aberta para pesquisas acadêmicas, mas ao final não recebem um retorno da pesquisa, o que prejudica a consolidação da relação entre a universidade e as empresas.

Por outro lado, evidenciou-se que no que diz respeito à capacitação de mão de-obra, os programas existentes têm contribuído para a competitividade e são muito importantes para a manutenção da mesma.

Com os programas oferecidos pelo SENAI, SEBRAE e advindos do próprio PBQP-H muitas empresas fornecedoras de materiais têm criado sistematicamente programas de treinamento e capacitação, obviamente, capacitando pessoal para usar seus produtos, mas, além do operário ficar habilitado a utilizar corretamente tal produto ou equipamento, esses programas contribuem também para disseminar a cultura da capacitação técnica entre os trabalhadores da Indústria da Construção Civil.

Outro aspecto levantado no formulário de pesquisa foi o que trata das Normas Técnicas utilizadas na Indústria da Construção. Na opinião da maioria dos entrevistados, as normas contribuem para a competitividade em escala que vai do 3 ao 4. Por outro lado, cinco depoimentos afirmaram que as normas são exigentes em excesso e as vezes ultrapassadas, e, quando há revisões das mesmas a velocidade não acompanha a exigência do mercado. Além disso, segundo alguns entrevistados, as normas às vezes são de difícil aplicação. Esse aspecto também foi detectado no trabalho de Araújo (2003).

No que diz respeito à tecnologia na Indústria da construção, dez diretores das empresas pesquisadas responderam que, apesar desse processo ainda acontecer muito lentamente, é muito importante para a competitividade, os outros cinco entrevistados constataram que para ser competitivo, na construção civil, a tecnologia ainda é pouco importante.

Verificou-se, também, na pesquisa que os serviços de telecomunicação, energia elétrica e transportes e suas tarifas são importantes para a competitividade do setor. Apenas dois dos quinze diretores entrevistados acreditam que o transporte de materiais, dependendo da distância, tem valores muito elevados, além disso, as rodovias nacionais não apresentam boas condições, o que, algumas vezes, prejudica o atendimento aos prazos negociados, mas o restante dos entrevistados disseram que compram matéria-prima para as obras aqui mesmo na cidade e o serviço de transporte não prejudica.

Outros comentários foram em relação aos serviços de telecomunicações que começa a ser muito importante para a competitividade do setor, visto que há necessidade de criar nova estrutura, e o uso de telefonia móvel e Internet tem facilitado significativamente o desenvolvimento das atividades na empresa e até na obra.

Observou-se que a maioria das empresas construtoras tem seus escritórios nas cidades vizinhas a Florianópolis, onde também reside a maioria dos seus funcionários.

Nas afirmações relacionadas aos fatores fiscais e financeiros, quando se perguntou sobre os programas de incentivos fiscais e a disponibilidade e acesso a créditos de longo prazo para a construção civil, na percepção dos entrevistados, não existem programas específicos para a Indústria da Construção Civil. Eles afirmam ainda que esse fator até prejudica a capacidade

competitiva do setor, à medida que o excesso de impostos a serem pagos às vezes inviabiliza o empreendimento em algumas localidades onde o percentual de impostos é maior. Os entrevistados levantaram a questão da dificuldade financeira perante o elevado peso dos impostos e encargos sociais. Todas as empresas pesquisadas acham necessário que o governo crie medidas com o objetivo de aliviar o peso desse tipo de despesas nas empresas do setor da construção civil.

No quesito relacionado ao Código de Defesa do Consumidor, os diretores das construtoras acreditam que, com a implantação do Código de Defesa do Consumidor, os consumidores ficaram mais exigentes e o subsetor de edificações ganhou uma motivação para a competitividade. De acordo com a maioria dos entrevistados, o novo código mudou a cultura da população brasileira, e isso têm ajudado a distinguir os serviços prestados por empresas de diferentes níveis e aberto os olhos dos clientes no que diz respeito ao nível de qualidade atingido pela empresa. Assim, 8 empresas o acham muito importante para a competitividade pois desde a sua implantação os clientes se tornaram mais exigentes. As demais empresas que acham o código pouco importante se justificaram pelo fato de não o conhecerem a fundo e não se importarem quando da execução de seus produtos.

Em relação aos fatores internacionais, no que se refere à importação de tecnologias e equipamentos e seu processo, verifica-se que os dirigentes das empresas pesquisadas acham que pouco tem contribuído com a competitividade do setor. Todos os pesquisados comentaram da dificuldade de se encontrar uma assistência técnica para o equipamento importado.