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De acordo com Marconi e Lakatos (2001), a pesquisa é utilizada para a descoberta de novos conhecimentos com a finalidade de responder a um questionamento, resolver um problema ou satisfazer uma necessidade de mercado e, o desenvolvimento dessa pesquisa é a aplicação destes novos conhecimentos para se obter resultados práticos (produtos ou processos).

Esses novos conhecimentos definem-se como conhecimentos científicos resultantes da investigação científica e surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, característica essa do conhecimento do senso comum, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão intersubjetiva (KÖCHE, 2000).

Contudo, a ciência apresenta uma diferenciação em relação à forma investigativa e, portanto, de uma maneira clássica, deve-se entender desde a natureza da pesquisa até os procedimentos para a execução da mesma de forma a facilitar a investigação com a escolha do tipo de pesquisa mais adequado para o estudo (JUNG, 2004).

Gil (1991), Minayo (2000) e Silva e Menezes (2001) concordam que se deve optar por um tipo de pesquisa conhecendo-se a Natureza, o Objetivo e o Procedimento necessário para a execução da mesma.

De uma maneira geral, quanto a sua natureza, a pesquisa é classificada em pesquisa básica ou pesquisa aplicada e quanto aos seus objetivos, a pesquisa é classificada em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva ou pesquisa explicativa.

A pesquisa básica consiste na aquisição de conhecimentos sobre a natureza sem finalidades práticas ou imediatas, enquanto que a pesquisa aplicada ou tecnológica utiliza esse conhecimento da pesquisa básica e da tecnologia para se obter aplicações práticas como produtos ou processos.

Quanto ao ponto de vista dos objetivos, a classificação é definida como o que segue:

- a pesquisa exploratória consiste em “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”;

- a pesquisa descritiva consiste na “descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre as variáveis”. Essas pesquisas utilizam técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática;

- já a pesquisa explicativa tem como objetivo “identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”. Na maioria das vezes, as pesquisas exploratórias e descritivas são utilizadas como etapa prévia de uma pesquisa explicativa. De acordo com a outra classificação, apresentada por Gil (1991), Minayo (2000) e Silva e Menezes (2001), quanto aos procedimentos de execução da pesquisa, a mesma é classificada em Pesquisa Bibliográfica, Pesquisa Documental, Pesquisa Experimental ou Pesquisa Operacional, ou ainda, em Estudo de Caso, Pesquisa-Ação, Pesquisa Participante ou Pesquisa Expost-Facto.

A pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de um material confeccionado anteriormente, como artigos científicos, livros, teses e dissertações.

A pesquisa documental é semelhante à pesquisa bibliográfica, contudo a natureza das fontes é diferente, pois a mesma utiliza “materiais que não receberam ainda um tratamento analítico” constituído de dados e documentos; A pesquisa experimental “consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto”.

Um levantamento ou survey tem como objetivo o questionamento direto com as pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Normalmente trabalha-se com uma amostra e, posteriormente, as conclusões obtidas são projetadas para a totalidade do universo.

A pesquisa ex-post-facto, como o próprio nome sugere, realiza-se depois do acontecimento dos fatos; a pesquisa participante é caracterizada pela interação entre os pesquisadores e os membros das situações investigadas.

A pesquisa-ação pode às vezes ser confundida com a participante, mas de acordo com Gil (1991), a pesquisa-ação, “geralmente, supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro”.

E, finalmente, o estudo de caso, que caracteriza-se pelo “estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento”.

Define-se um estudo de caso como sendo um procedimento de pesquisa que investiga um fenômeno dentro do contexto local, real e especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2003).

Ainda, segundo Yin (2003), quando a pergunta se relaciona com as palavras “qual” ou “quais” há a necessidade de um levantamento quantitativo e/ou qualitativo, mas se a questão for “como” ou “porque” exige-se um estudo de caso.

Gil (1991) relata que é impossível estabelecer um delineamento rígido para o estudo de caso, pois trata-se de um método que apresenta grande flexibilidade, porém o autor estabelece um roteiro que envolve quatro etapas, que são: delimitação da unidade-caso; coleta de dados, análise e interpretação dos dados e redação do relatório.

Outra forma de classificação da pesquisa é quanto à forma de abordagem do problema da pesquisa. Silva e Menezes (2001) estabelecem a distinção entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa, definindo-as da seguinte forma:

Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável o que significa traduzir em números opiniões e informações para classifica-las e analisá-las.

Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzida em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

Com o objetivo de satisfazer um dos requisitos de uma pesquisa qualitativa, ou seja, captar o que diz a situação, um instrumento bastante utilizado nas entrevistas orientadas são os

questionários que de acordo com Thiollent (1996), devem ser testados em um pequeno grupo representativo antes de ser aplicado com um grupo maior, o que permitirá uma melhor formulação, ou reformulação, do material escrito. Thiollent afirma, ainda, que se deve usar entrevistas não diretivas em estudo piloto para a formulação de questionários e, ainda, entrevistas com “indivíduos privilegiados” podem ser úteis para esclarecer ou aprofundar certas questões.

O formulário, segundo Silva e Menezes (2001), “é uma coleção de questões anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra pessoa (o informante)”. Para Marconi e Lakatos (2001) “o formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado”, é “uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer da observação, quer de interrogatório, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que faz as observações ou recebe as respostas, ou pelo pesquisado, sob sua orientação”.

O processo de entrevistas, segundo Thiollent (1996), deve observar alguns pontos, a saber: (1) escolher um pequeno número de pessoas representativas do assunto estudado, segundo o autor, não é amostragem, a seleção deve incluir representantes das posições mais diversas; (2) gravar as entrevistas sem conduzir à imposição da problemática, o entrevistador deve apenas dar o ponto de partida e, após, ficar numa situação de “atenção flutuante” e, (3) analisar o conjunto das entrevistas, tentando encontrar os sintomas relativos aos sistemas simbólicos interiorizados pelo entrevistado.