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Aspectos Demográficos e a Distribuição Etária por Distrito no Município de São Paulo

Capítulo III. O Município de São Paulo e as Políticas de Inclusão do Idoso

3.1. Aspectos Demográficos e a Distribuição Etária por Distrito no Município de São Paulo

De maneira geral, assim como ocorre em todo o Brasil, a população da cidade de São Paulo também está envelhecendo em um ritmo crescente e acelerado. A capital paulista é constituída e separada administrativamente em 32 subprefeituras, destas totalizam-se 96 distritos. Segundo o último censo demográfico do IBGE, no ano de 2010, a população idosa no

31 De acordo com o IBGE, São Paulo possui uma população projetada no ano de 2016 de 12.038.175 milhões de pessoas, sendo a mais populosa do Brasil.

município de São Paulo alcançou 1.338.138 milhão de pessoas acima de 60 anos. Em 2014, a tendência de acrescimento persistiu e correspondeu a 12% da população, ou seja, 1.350.710 idosos (IBGE, 2014). Até 2015, outras projeções foram divulgadas, como a projeção da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, que em 2015 chegou a 1,40 milhão de idosos. Já para a Fundação Seade no ano de 2015 chegou-se a 11.582 milhões de pessoas, com projeção de 12.205 milhões em 2050.

Na tabela 3 a seguir, percebe-se o constante aumento na população total e também na população acima dos 60 anos, a partir dos dados divulgados pelos censos demográficos do IBGE.

Tabela 3. População por faixa etária. Município de São Paulo – 1872 a 2010.

Fonte: Boletim CEInfo Informativo Censo Demográfico 2010 nº 03, agosto 2012

A distribuição das pessoas acima de 60 anos, em número absoluto, apresenta-se relativamente uniforme em toda a cidade. Este panorama se altera quando verificado a proporção das faixas etárias pela cidade, indicando maior concentração nas zonas de centro expandido e zona oeste, conforme pode ser observado pelas figuras 35 e 36 seguintes. De acordo com o IBGE, os distritos que em número apresentam mais e menos idosos são respectivamente Jabaquara (com cerca de 20 mil pessoas) e Marsilac (com cerca de 500 pessoas). Com relação à proporção dos distritos mais idosos, destaca-se Alto de Pinheiros, que

apresenta 23% de sua população acima de 60 anos e com menos idosos, Anhanguera com apenas 5% de sua população total.

Figura 35. Mapa Total de idosos por distritos no município de São Paulo, em número absoluto.

Figura 36. Mapa Total de idosos por distritos no município de São Paulo, em porcentagem.

Fonte: IBGE, 2014. Elaborado pela autora.

A tendência crescente populacional total passará a decrescer em 2045, em função principalmente de três fatores: a queda na taxa de fecundidade, as taxas negativas de migração e o aumento da longevidade.

A taxa de fecundidade na capital paulista começou a apontar uma redução no nível de reposição na década de 1980, passando de 3,2 filhos por mulher, para 1,7 filho em 2010. Já no ano de 2014, conforme é evidenciado pela figura 37, a taxa apresentou uma pequena elevação correspondendo a 1,8 filho por mulher. Há uma diferença acentuada entre os diversos distritos do município, correspondendo geralmente a taxas de fecundidade menores em distritos de mais elevada economia, como por exemplo, Alto de Pinheiros, Moema e Jardim Paulista e taxas de fecundidade mais elevadas em distritos que apresentam economias menores ou condições sociais menos privilegiadas, como por exemplo as áreas mais periféricas como Parelheiros e alguns distritos centrais, como o Brás.

Figura 37. Mapa taxa de fecundidade por distrito. Anos 2000, 2010 e 2014.

Fonte: Fundação Seade, 2016. Os números indicados no mapa correspondem a numeração de código cada distrito. Para saber mais consulte

http://www.seade.gov.br/produtos/midia/2016/06/N.2_jun2016-final-1.pdf

Quanto as taxas de migração, a tendência desde a década de 1980 é negativa, a qual apresentava saldo de -62 mil migrantes ao ano. O ápice positivo foi identificado em 1970 com 117 mil migrantes na capital ao ano. Durante as duas últimas décadas de 2000 e 2010, o saldo permaneceu negativo, porém não tão acentuado, registrando -32 mil ao ano. Os fluxos migratórios na cidade de São Paulo abrangem não somente os fluxos intermunicipais, mas também os fluxos entre distritos que são influenciados inclusive pelo mercado imobiliário e seus grandes empreendimentos.

Entre 2000 e 2010, os distritos que apresentaram menor e maior crescimento foram os de Vila Medeiros com -0,79% e Anhanguera com 5,60%, respectivamente, correspondendo a uma acentuada diferença entre o menor e maior crescimento. A projeção é que essa diferença seja minimizada entre os anos de 2025 e 2030, sendo representadas por -0,78%, em Alto de Pinheiros e 1,09% em Anhanguera. Dos 96 distritos, 56 estarão em aumento e 40 terão sua

população diminuída (SEADE, 2015). Pode-se assim, relacionar como uma tendência geral que nas localidades com crescimento negativo correspondem aos distritos que apresentam população mais envelhecida.

Para complementar o entendimento sobre a distribuição populacional na cidade de São Paulo, observa-se o Índice de Envelhecimento, correspondido pela relação entre o total de idosos a cada 100 crianças entre 0 a 14 anos. Seguindo a tendência crescente, o índice de envelhecimento da população idosa em São Paulo cresceu 53% em 2010, com relação ao ano de 2000, apresentando índice de 57,3, ou seja, a cada 100 crianças, existem 57,3 idosos (ver gráfico 8). De acordo com a Fundação Seade (SEADE, 2015), esse número dobrou em 2012, representando índice de 120 e será ainda mais alto em 2050, com o índice de 210. Atualmente, a população do município de São Paulo é formada por cerca de 20% de jovens, porém em 2030, essa relação será de idosos.

Gráfico 8. Índice de Envelhecimento 2000 e 2010

Fonte: Boletim CEInfo Informativo Censo Demográfico 2010 nº 03, agosto 2012

A taxa de crescimento vegetativo, relação entre as taxas de natalidade e mortalidade, também contribui no processo de envelhecimento demográfico e está relacionada aos fluxos migratórios negativos. Até o ano de 2010, a capital paulista apresentava taxas de crescimento vegetativo positivas, porém a tendência até 2030 é de diminuir, atingindo taxas negativas. Ressalta-se a relação da taxa de crescimento vegetativo com o índice de envelhecimento, conforme evidenciado pelo gráfico 9. Os pontos azuis do gráfico, correspondem aos distritos

da cidade de São Paulo. Os distritos com maior índice de envelhecimento entre 2000 e 2010 serão os distritos entre 2025-2030 que apresentarão crescimento vegetativo negativo. Além disso, estes também corresponderão aos de fluxo migratório negativo, indicando a diminuição populacional, pois o número de mortes será superior ao número de nascimentos e de migrações.

Gráfico 9. Crescimento vegetativo e Índice de envelhecimento Município de São Paulo, 2000- 2030

Fonte: SEADE, 2015.

A diferença entre os distritos da capital do índice de envelhecimento é marcante, como por exemplo, em Cidade Tiradentes o índice em 2010 era representado por 20 pessoas acima de 60 anos a cada 100 crianças, já em Alto de Pinheiros, chegou a 370. Os distritos que apresentam índice mais elevado estão localizados no centro e no centro expandido da cidade, enquanto os de menores índices estão nas regiões mais periféricas (SEADE, 2015).

Figura 38. Mapa por distrito Índice de Envelhecimento 2010 e 2030

Fonte: SEADE, 2015, p. 10. O índice aqui demonstrado foi calculado pela razão entre pessoas acima de 60 anos e crianças de 0 a 14 anos, multiplicado por 10.

Assim como o índice de envelhecimento, o tempo médio de vida também apresenta diferenças regionais e é reflexo das diferenças socioeconômicas da cidade. Em 2010, em média na cidade de São Paulo, a esperança de vida da população32 masculina era de 72 anos e de 79,5 anos para as mulheres (SEADE, 2015). Porém, de acordo com os dados projetados e divulgados pela Rede Nossa São Paulo, em 201633, com ano base de dados de 2015, a idade média com que as pessoas morrem na cidade de São Paulo apresenta desigualdade de 1,48 vezes entre a maior e a menor idade média. A diferença entre o distrito com idade máxima da população mais baixa (53,85 anos) e a idade mais alta (79,67 anos) corresponde aproximadamente a 26 anos, ou seja, quase uma geração inteira. Comparando, o mapa 39 e o mapa 37, de fecundidade, percebe-se uma semelhança entre as áreas que envelhecem mais e aquelas que têm menos filhos, podendo indicar inclusive que haverá um esvaziamento nessas regiões.

32 Número médio de anos que as pessoas deverão viver a partir do nascimento, se permanecerem constantes, ao logo da vida, o nível e o padrão de mortalidade por idade prevalecentes no ano do Censo. Fonte: PNUD, Ipea e FJP. Disponível em: < http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/sao-paulo_sp>

33 Os dados foram obtidos através da Secretaria Municipal de Saúde com o Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo e analisados pela Rede Nossa São Paulo.

Figura 39. Distribuição total do tempo médio de vida, por período de 5 anos

Fonte: Rede Nossa São Paulo (2016), ano base 2015. Elaborado pela autora.

Observar o tempo médio de vida da população é uma maneira de entender as desigualdades e as vulnerabilidades de cada localidade, que se refletem na expectativa de vida e também na mortalidade infantil, em função do acesso à rede de saúde, a qualidade e a abrangência da rede de infraestrutura básica como tratamento de água e esgoto, índices de criminalidade, renda per capita, emprego, moradia e lazer. A vulnerabilidade social, conforme a fundação SEADE, é dada a partir de indicadores socioeconômicos (renda e escolaridade) e ciclo de vida familiar (presença de crianças menores, idade e gênero do chefe de família). O termo vulnerabilidade social não apresenta um único significado, mas representa o conjunto de fatores complexos característicos do território, do ciclo etário, das necessidades enfrentadas pelas famílias e da inacessibilidade às políticas públicas (SMADS, 2015).

Assim, enfatiza-se a seguir, as acentuadas diferenças sociais existentes na cidade de São Paulo, destacando principalmente as regiões que correspondem às áreas dos casos de estudo desta dissertação: a Praça Victor Civita que se localiza em uma área consolidada, no distrito de Pinheiros e o Parque Linear Cantinho do Céu localizado em uma região de assentamentos precários, no Distrito do Grajaú, conforme pode ser visto na figura 40. Desta forma, faz-se um panorama sobre a realidade vivida pelos idosos, diante dessas desigualdades.

Figura 40. Mapa evidenciando os dois distritos dos casos de estudo

Fonte: IBGE, 2014, elaborado pela autora.

O idoso em áreas consolidadas e áreas de assentamentos precários

Até o ano de 2016, as áreas urbanas consolidadas eram caracterizadas de acordo com a Lei n.º 11.977/09, que determinava parâmetros físicos específicos à consolidação como aquelas que apresentavam densidade demográfica superior a 50 habitantes por hectare e malha viária implantada em locais que tivessem pelo menos dois equipamentos de infraestrutura urbana entre os itens: drenagem de águas pluviais urbanas, esgoto sanitário, abastecimento de água potável, distribuição de energia elétrica, ou limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos. A referida lei foi revogada em 2016 em decorrência da Medida Provisória nº 579/16, desassociando assim as características físicas para uma avaliação mais subjetiva e individual por parte de cada Município e pelo Distrito Federal. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2017).

No âmbito do município de São Paulo, o Plano Diretor de 2014 estabeleceu a Macroárea de Urbanização Consolidada, em contraposição à Macroárea de Estruturação Metropolitana, de Qualificação da Urbanização e a de Redução da Vulnerabilidade Urbana. A Macroárea de Urbanização Consolidada está localizada pelo PDE 2014 na região sudoeste do município, caracterizada como uma área que possui alta rede de infraestrutura, com acentuada urbanização,

saturação viária, concentração de empregos e serviços e zonas predominantemente residenciais, que sofreram transformações ao atraírem uma gama de atividades comerciais e de serviços. A região Sudoeste do município de São Paulo é a região mais desenvolvida da cidade e a região de maior poder aquisitivo pessoal e empresarial. O professor Flávio Villaça contribuiu com esta afirmação:

No Quadrante Sudoeste de São Paulo, concentram-se não apenas os locais de emprego dos mais ricos, mas também seu comércio [...]. Enfim, toda uma infinidade de serviços prestados aos mais ricos. Assim, os mais ricos minimizam os tempos de deslocamento para os locais de diversão, lazer, compras e serviços de todos os membros da família. (VILLAÇA, F., 2011, p.51)

Figura 41. Macroárea de Urbanização Consolidada, segundo PDE 2014.

Fonte: Google Maps, Gestão Urbana SP. Elaborado pela autora.

A contraposição entre as áreas consolidadas e não consolidadas evidencia também as desigualdades sociais entre diferentes regiões da cidade de São Paulo, principalmente quando analisadas as periferias ou áreas de assentamentos precários. Segundo a nova Política Nacional de Habitação (PNH) a denominação de assentamentos precários é utilizada para representar as áreas ocupadas predominantemente pelo uso residencial de moradores de baixa renda, sendo

essas moradias identificadas pela carência, precariedade e irregularidades tais como a fundiária, “ausência de infraestrutura de saneamento ambiental, localização em áreas mal servidas por sistema de transporte e equipamentos sociais, terrenos alagadiços e sujeitos a riscos geotécnicos, adensamento excessivo, insalubridade e deficiências construtivas da unidade habitacional” (BRASIL, 2010, p.9). Podem incluir os cortiços, as favelas, os loteamentos irregulares e até mesmo os conjuntos habitacionais degradados Em geral, são áreas sujeitas a vulnerabilidades sociais com elevadas desigualdades sociais e que afetam dramaticamente a vida dos cidadãos residentes nestes locais. Na figura 42, podem ser observadas as localidades em que os assentamentos precários (constituídos pelos núcleos urbanizados, que são as favelas que já possuem infraestrutura urbana, favelas, loteamentos irregulares e cortiços) estão localizados na cidade de São Paulo (HABISP, 2017).

Figura 42. Mapa dos assentamentos precários de São Paulo.

Fonte: HABISP, 2017; PDE 2014. Elaborado pela autora.

Comparativamente, evidencia-se aqui os distritos pertencentes às regiões de áreas consolidadas e as de assentamentos precários, em função de alguns indicadores relativos à idade média de vida, os índices de porcentagem de favelas, número de homicídios, mortalidade infantil, equipamentos culturais, transportes e lazer.

De acordo com os dados da Rede Nossa São Paulo, que utiliza dados oficiais da Prefeitura e do IBGE, o distrito com maior idade média de morte das pessoas é o de Alto de Pinheiros, com 79,67 anos, enquanto que a menor idade média é correspondida pelo distrito de Cidade Tiradentes, com 53,85 anos. São 36 distritos com mortalidade abaixo dos 65 anos e 60 distritos com expectativa maior do que 65 anos, destes, treze distritos apresentam idades médias acima dos 75 anos (Rede Nossa São Paulo,2016). Vê-se no mapa da cidade (figura 43) onde

estão esses distritos, separados em três grupos: os de população que vivem até 65 anos, os que vivem entre 65 e 75 anos e os que vivem acima de 75 anos.

Os distritos com idade média acima dos 75 anos, com exceção do distrito da Moóca, estão coincidentemente localizados na área consolidada, na região sudoeste da cidade. Os distritos de Alto de Pinheiros, Pinheiros, Jardim Paulista, Moema e Perdizes correspondem aos distritos da capital paulista com maior expectativa de vida, cujas médias passam dos 78 anos de idade. O caso de estudo da Praça Victor Civita está localizado no distrito de Pinheiros (média de 79,15 anos) e o caso de estudo do Parque Linear Cantinho do Céu está localizado no distrito do Grajaú (média de 56 anos).

Figura 43. Tempo médio de vida, por faixa etária

Fonte: Rede Nossa São Paulo (2016), ano base 2015; PDE 2014. Elaborado pela autora.

De acordo com o relatório divulgado pela Rede Nossa São Paulo, dos 36 distritos com idade média abaixo dos 65 anos, 21 apresentam os maiores índices de mortalidade infantil. Entre o melhor e o pior índice nesse quesito, há uma diferença de aproximadamente 15 vezes. O melhor indicador de 1,59 mortes a cada 1.000 bebês é relativo ao distrito de Pinheiros e o índice mais alto corresponde ao distrito do Pari, com 23,65 mortes a cada 1.000 bebês.

Analisando os índices de criminalidade, dos 36 distritos (idade média abaixo dos 65 anos), 26 deles aparecem como os piores indicadores de criminalidade, em mortes por homicídio a cada 10 mil habitantes. Ao mesmo tempo, dos 13 distritos com idade média acima de 75 anos, todos aparecem com indicador de criminalidade marcando 0 ou próximo a 1. Desta maneira, a desigualdade entre os distritos chega a 43,3 vezes. O Grajaú, distrito em que se localiza o caso de estudo do Parque Linear Cantinho do Céu, faz parte dos distritos com maiores índices de criminalidade, com 1,85 mortes por homicídio a cada 10 mil habitantes. Por outro lado, o distrito de Pinheiros, no qual se localiza a Praça Victor Civita apresenta índice de criminalidade 0 (Rede Nossa São Paulo, 2016).

De acordo com os dados da Rede Nossa São Paulo (2016), os distritos com maior idade média caracterizam-se pelas menores proporções de favelas com relação ao total do território. Por outro lado, comparando os 36 distritos com menores idades médias, estes correspondem aos 25 distritos com maior porcentagem de favelas. Todos os dados descritos acima podem ser visualizados na tabela 4, a seguir. Na tabela 4 são também destacados os indicadores dos distritos de Pinheiros e Grajaú.

Tabela 4. Distritos com maior e menor idade média ao morrer: dados de mortalidade infantil, homicídios e % de favelas

Além desses aspectos que podem contribuir com a qualidade e a extensão dos anos vividos pelas pessoas, outros aspectos também contribuem para que o idoso viva de maneira mais satisfatória e com melhor qualidade. Ao analisar-se os dados da rede de cultura como quantidade e localidade de museus, espaços culturais, casas de teatro, shows, cinema e bibliotecas percebe-se maior concentração na região central e sudoeste, que pode ser percebida na figura 44, existindo poucas opções nas regiões mais afastadas. Assim, ressalta-se que a população de baixa renda que vive em áreas precárias carece inclusive de equipamentos de lazer, cultura e recreação. Apesar de geralmente estes lugares estarem inseridos em zonas de proteção ambiental, cercadas pelo meio ambiente, as condições são insalubres e os espaços para lazer em espaços públicos qualificados são poucos. No distrito do Grajaú, por exemplo, pelo mapa é possível perceber apenas três bibliotecas.

Figura 44 Rede Cultural, São Paulo.

A rede de transportes integrado e acessível é outro aspecto essencial para que os idosos possam manter suas atividades, participem da sociedade e da vida pública. Nota-se através da figura 45 que na cidade de São Paulo, a rede mais articulada está situada na região consolidada da cidade, compreendida por todos os modais de transporte. As demais regiões sofrem pela carência da rede e a sua desarticulação.

Figura 45. Rede Sistemas de Transportes, São Paulo.

Fonte: GeoSampa. Elaborado pela autora.

O mesmo ocorre com as edificações, espaços, transportes coletivos, mobiliários e ou equipamentos urbanos da cidade que possuem a certificação de serem acessíveis, percebido na

figura 46. Ao analisar a rede de saúde e assistência social diferentemente do que ocorre com os demais equipamentos, nota-se na figura 47, que com a exceção dos hospitais privados, que têm a sua maioria na região sudoeste, a maior parte das outras categorias como unidades básicas de saúde, hospitais públicos e centros de assistência social, encontram-se fora deste perímetro.

Figura 46. Rede selo de acessibilidade, São Paulo.

Figura 47. Rede de Saúde e Assistência Social, São Paulo.

Fonte: GeoSampa. Elaborado pela autora.

Destaca-se também dentre os distritos do município de São Paulo que possuem média de vida inferior a 65 anos aqueles que possuem mais de 10.000 domicílios recebendo até 2 salários mínimos, estes correspondem a 18 distritos. Fica evidente que considerável porção da população que morre antes de completar 65 anos vive em condições precárias e com baixos salários.

Figura 48. Mapa Média de vida inferior a 65 anos e domicílios com até 2 salários mínimos

Fonte: IBGE, 2010; Rede Nossa São Paulo (2016), ano base 2015. Elaborado pela autora.

Refletindo sobre as condições econômicas do município de São Paulo, hoje se vive o período denominado “janela demográfica de oportunidades”, no qual o Brasil, como um todo, se encontra. Este período que, na cidade de São Paulo, iniciou-se em 2000, tende a encerrar-se em 2030, quando então a porção da população economicamente ativa começará a diminuir, aumentando, portanto, a razão de dependência acima dos 60% (gráfico 10). Assim, a partir deste período a pressão das populações inativas, como idosos e crianças será maior, e, consequentemente a razão de dependência gerará novos custos e investimentos. Vale destacar que as futuras gerações que deverão sustentar essa nova demanda, serão em grande parte, provenientes dos distritos e áreas mais precárias, acentuando a necessidade de políticas públicas sociais igualitárias que invistam nessa população e nessas regiões.

Gráfico 10. Razão de dependência São Paulo, 1950-2050.

Fonte: SEADE, 2010.