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CAPITULO II MATERIAL E MÉTODO

DISGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO E AMBIENTAL DE DUAS COMUNIDADES DE MANAQUIRI-AM

3.2. As Comunidades Cai N' Água e Bom Intento nos aspectos socioeconômico e ambiental.

3.2.4. Aspectos econômicos das Comunidades Cai N' Água e Bom Intento

De acordo com as informações obtidas pelo Diagnóstico Rápido Participativo DRP (Figura 19) aplicado para 12 pessoas na sede da Comunidade Bom Intento e 17 pessoas na Comunidade Cai N Água são duas as principais variações na obtenção de renda das famílias, em virtude das características e condições econômicas das comunidades.

Figura 19 - Apresentação do resultado do Diagnóstico Rápido Participativo na Comunidade Bom Intento, AM

A primeira variação, denominada por eles de renda permanente advém das atividades como produção de carvão, criação de bovinos e suínos, emprego (professor, serviços gerais, agente de saúde), pescaria, comércio de frutos, farinha, artesanato e agricultura. A segunda é aquela determinada pela época, ou seja, eles podem ter um

acréscimo na chamada renda permanente, com a comercialização do milho (Zea mays L.), cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd ex. Spreng.) .K. Schum.), açaí (Euterpe

precatoria Mart.), mandioca (Manihot esculenta Crantz), cará (Dioscorea sp), madeira

(diversas espécies), castanha-da-amazônia (Bertholletia excelsa Bonpl.), andiroba (Carapa procera D.C.), tucumã (Astrocayum tucuma Burret) entre outras.

No levantamento realizado nas moradias, ocupação, condições e relações de trabalho foram exploradas com mais detalhes. O resultado mostrou que a principal fonte de renda é o trabalho na agricultura, com a roça usada para a produção de farinha e comércio de seus produtos (farinha e frutos) (Figura 20).

43% 24% 27% 6% 46% 34% 20% Ag ricu ltura Apos enta doria /pe nsao Emp rego /ben efic ios Ou tros Cai N' Água Bom Intento

Figura 20 Procedência da renda das famílias nas Comunidades Cai N Água e Bom Intento, AM

A farinha é produzida quase que por todas as famílias das comunidades. Nem sempre em grandes proporções, em geral para o consumo doméstico, mas também para

ser comercializada. Na produção, parentes ou vizinhos se reúnem para colaborar e o que é produzido é distribuído proporcionalmente.

Os moradores do local praticam extrativismo de pesca, de caça e coleta de frutos. Extraem madeira para carvão e para construção de casa ou utensílios como paneiro e peneira. Frutos de açaí (Euterpe precatoria Mart.), buriti (Mauritia flexuosa L.), bacaba (Oeonocarpus bacaba Mart.), tucumã (Astrocaryum tucuma Burret.), pupunha (Bactris

gasipaes Kunth.), palmeiras nativas do local, são comercializados. Em geral, essas

espécies exploradas não foram, para aumentar a quantidade de indivíduos as mudas que nascem naturalmente são preservadas ou transplantadas em outras áreas para ampliar a produção.

No levantamento feito com as famílias, foram citados os cultivos de bananeira, laranjeira, tangerineira, malveira, melancieira, milheiro, jerimunzeiro, maxixeiro, mangueira, seringueira, cupuaçuzeiro, marizeiro, cajuzeiro, goiabeira, cafeeiro, gravioleira, biribazeiro, jambeiro, feijoeiro, ingazeiro, uxixeiro, abacateiro, abiuzeiro, pitombeira e jenipapeiro (apêndice D).

No período da vazante, as áreas de várzea são aproveitadas para cultivos de ciclo curto, especialmente para a produção de milho, banana, feijão, cará, maxixe, jerimum, hortaliças e melancia.

As famílias das comunidades criam patos, galinhas, porcos, bode, gado entre outros. A produção geralmente é para o consumo doméstico ou uma venda esporádica, em caso de uma necessidade financeira. Quem tem mais poder aquisitivo investe na criação de gado e possui em maior quantidade.

No levantamento efetuado detectou-se que as famílias comercializam seus produtos em pequena quantidade (no máximo 20 sacas), denotando que o comércio realizado pela maioria das famílias é somente do excedente da produção.

Uma das dificuldades apresentada pelos produtores para comercializarem os produtos que dispõem está na falta do transporte (Figura 21), pelo fato do produtor não ter como escoar a produção, isso acarreta um barateamento do produto que é comercializado e a atribuição do preço do produto por quem compra. Quando utilizam transporte, a produção é escoada por meio de canoas e barcos de linha.

Registrou-se por meio das observações e informações que a economia é de base familiar; o trabalho nas diferentes atividades no sítio é feito pelos componentes familiares para assegurar o sustento de todos. O número de pessoas na casa é um fator determinante para o que a família produz.

No levantamento realizado nas famílias visitadas das comunidades verificou-se a composição familiar e distribuiu-se em três segmentos: adultos, adolescentes e crianças. Os adultos foram incluídos aqueles que estão na faixa-etária a partir dos 18 anos, adolescentes são os que estão entre 13 anos a 18 anos incompletos e crianças são os de zero a 12 anos (Figura 22).

Em geral, a dedicação para o trabalho na agricultura fica em torno de 4 a 6 horas diárias, sendo modificada de acordo com a necessidade, com a dinâmica das chuvas, enchentes ou vazantes dos rios e, principalmente, com a intensidade do sol. Assim, nos horários de 11:00 da manhã até às 15:00 horas, quando o sol é mais ardente, os agricultores não vão trabalhar em suas roças.

Os ganhos financeiros decorrentes das suas atividades constituem-se em resultados extremamente variáveis, dependendo da condição que possui de inserção no mercado, assim seus rendimentos variam entre valores como R$ 10,00 ou a R$ 600,00 mensais. O que correspondem respectivamente em dólares R$ 10,00 (U$ 4,00) por mês e R$ 600,00 (U$ 270,00) por mês.

24% 76% 44% 56% Não utilizam o transporte Utilizam transporte

Bom Intento Cai N' Água

Figura 21 Acesso ao transporte para o escoamento da produção das Comunidades Cai N Água e Bom Intento, AM

60% 11% 29% 42% 26% 32% N. de adultos N. de adolescentes N. de crianças N. de adultos N. de adolescentes N. de crianças B o m Int e n to C a i N ' Á gua

Figura 22 Composição familiar das Comunidades Cai N Água e Bom Intento, AM

Além disso, o trabalho na agricultura apresenta algumas exigências como mão-de- obra, perda da produção por pragas, perda do período da colheita por falta de comprador, perda da produção pela enchente nas áreas de várzea, afetando os possíveis rendimentos que seriam obtidos por meio desse trabalho.

Os produtos são comercializados, em geral, nos comércios localizados na sede de Manaquiri, na própria localidade e para marreteiros que passam nas comunidades comprando a produção. Os produtos adquiridos pelos comerciantes locais são disponibilizados em seus comércios para os demais das comunidades, ou vendidos no atacado aos marreteiros.