• Nenhum resultado encontrado

CAPITULO II MATERIAL E MÉTODO

POTENCIAL PARA COMERCIALIZAÇÃO

5.1. Estratégias iniciais de implantação do trabalho em Manaquiri-AM

A implantação de qualquer projeto requer necessariamente mobilização social; para isso deve ser considerada a natureza e as intenções do processo a ser desencadeado. Esta proposta de iniciativa não governamental foi pensada a partir da realidade do município, mas não em conjunto com o município, portanto, para obter a adesão do município o processo de mobilização social era fundamental. Além disso, a proposta possuía a intenção de um processo de participação da população local para uma futura autogestão do trabalho.

Na busca de implantar a proposta foram utilizados alguns mecanismos iniciais como a solicitação do apoio da prefeitura local e o contato com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Manaquiri.

A articulação do projeto com os órgãos municipais seria um meio de obter a contrapartida necessária para um apoio institucional no que se refere a um local de

referência para a área demonstrativa do trabalho e favorecer no contato com os produtores rurais.

Além disso, as ações coordenadas em conjunto com os órgãos locais seriam mais eficazes no sentido de que poderiam ser envolvidas várias secretarias da gestão municipal articulando produção, saúde, assistência social, educação, enfim tratar a questão a partir de diferentes frentes de trabalho. Entretanto, mesmo a proposta tendo como objetivo colaborar com o desenvolvimento do município de modo sustentável, não foi identificada, pelo gestor municipal como oportunidade para implementar uma alternativa econômica para a população desse município.

Os primeiros resultados obtidos pela mobilização de apoio ao trabalho não foram nada animadores. Em 2002, vários contatos com o prefeito do município foram feitos a fim de firmar parceria ou convênio para a realização do projeto, chegou-se a apresentar a proposta da Criação do Centro Tecnológico de Manaquiri, foi inclusive nomeada uma pessoa para dar apoio ao projeto, porém a parceria não vingou .

Diante da não concretização do convênio para a almejada parceria foram reduzidas as chances para tornar a sede do município um local de referência para o trabalho, acarretando em dificuldades para a operacionalização do projeto.

Nesse contexto, portanto, em que a parceria com a prefeitura tinha de fundamental importância para o projeto, lamentou-se que essa abordagem como ponto de partida tenha falhado.

Mas, com a continuidade dos trabalhos para a implantação da proposta, pôde-se constatar que a realização dessa parceria não seria ''bom negócio , isso é explicado pela série de escândalos sobre a má administração dos recursos públicos pelo prefeito desse município, inclusive divulgados na mídia. O não apoio do prefeito redundou,

posteriormente, em fato positivo para o projeto, considerando o descrédito que ele passou a ter na cidade.

Assim, se o projeto estivesse atrelado à prefeitura implicaria na credibilidade da proposta, pois os fatos desenrolados posteriormente envolvendo esse órgão comprometeriam qualquer ação que a ele fosse vinculado devido ao descrédito da população no poder executivo local.

Esta situação política, contemporânea à implantação do projeto no Município de Manaquiri, não se constitui num caso atípico, na história do município, pois a sua trajetória está repleta de fatos similares e iniciativas fracassadas.

A atitude do gestor público de Manaquiri de não somar esforços com uma instituição de pesquisa contradiz o que normalmente vem ocorrendo com outros municípios que requerem do INPA esse apoio institucional.

Destaca-se que não foi simplesmente não aceitar a parceria com a proposta do INPA, mas da visão política sobre o assunto e das intenções do gestor local para o município de Manaquiri-AM.

O fato é que em Manaquiri a proposta do projeto não fazia parte da pauta política local, apesar do potencial que dispõe, enquanto nos município de Fonte Boa e Barreirinha, também do Amazonas, o processo foi inverso, pois eles consideravam que a aliança com um órgão de pesquisa daria o suporte técnico necessário para a efetivação de suas propostas de desenvolvimento econômico.

Portanto, para esses dois municípios que têm em sua agenda política esse tipo de proposta de desenvolvimento sustentável, a articulação de uma instituição de pesquisa engajada nos seus projetos propiciaria um salto qualitativo para o desenvolvimento local.

Esse episódio nos sugere uma reflexão sobre até que ponto a política econômica dos municípios está considerando as potencialidades locais, buscando uma economia de acordo com as potencialidades dos recursos naturais, como está posto no documento Potencialidades do Estado do Amazonas (2001).

Na continuidade do processo mobilizatório, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Manaquri, bem como os agricultores sindicalizados também foram cogitados, mas não se consolidou uma parceria pelo entendimento de que essa organização não era o caminho indicado para o projeto.

Convém esclarecer que com este órgão a decisão foi da coordenação do projeto em virtude da reflexão realizada, a partir do conhecimento da dinâmica interna dessa instituição.

Embora, o interesse dos sindicalizados fosse demonstrado pela proposta de trabalho, a diversidade de atividades produtivas exercidas por eles, confrontadas com questões como a disponibilidade de tempo e acesso às espécies selecionadas para o trabalho, tornou inviável a inserção deles.

Outro fator decisivo foi a gama de ''problemas'' peculiares no cotidiano dessa organização, dificuldades de gestão, organização e mobilização, pois trabalhar a partir da estrutura existente correria-se o risco de ''carregar'' todos esses problemas.

Tais considerações são necessárias para esclarecer que nenhuma estratégia foi desencadeada por decisões arbitrárias, mas em virtude de situações inviabilizadoras nesse contexto específico.

Após o contato com o sindicato, a equipe analisou que para operacionalizar a proposta, o melhor seria arregimentar pessoas diretamente para as finalidades do projeto.

Adicionada a essa percepção, foi constatado por meio dos levantamentos dos objetivos e das avaliações das instituições locais que a especificidade do trabalho com característica de negócio, não se constituía em atividade de nenhuma das organizações existentes no local.

As lideranças locais também foram contactadas entre elas vereadores, professores, representantes da igreja católica, representantes das organizações locais das mulheres, dos comerciantes e dos trabalhadores rurais.

Desses contatos resultaram o conhecimento do projeto, pelas lideranças locais, apoio para a hospedagem da equipe de pesquisa e informações sobre o município.

5.2. As abordagens para a organização do grupo de famílias produtoras nas