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ASPECTOS ECONÔMICOS E INSTITUCIONAIS DAS TECNOLOGIAS DE RECICLAGEM MECÂNICA

2 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

2.5 ASPECTOS ECONÔMICOS E INSTITUCIONAIS DAS TECNOLOGIAS DE RECICLAGEM MECÂNICA

Para compreensão do processo de recuperação industrial do RSU, torna-se fundamental a correta classificação dos setores de atividade que compõem a cadeia produtiva da reciclagem mecânica no Brasil. Como processo de recuperação mecânica de materiais, entende-se a separação e transformação de sucatas e resíduos em matérias-primas secundárias mediante a compactação, tratamentos químicos, físicos, etc., permitindo nova transformação (FREITAS E OLIVEIRA FILHO, 2009; CEMPRE, 2010). O processo de reciclagem mecânica de materiais é, portanto, um processo de produção industrial como outro qualquer. Os produtos obtidos pela recuperação de materiais são utilizados, como matérias- primas secundárias, pelos setores da indústria de transformação.

Com relação ao processo produtivo do papel, Freitas e Oliveira Filho (2009) aponta que o processo produtivo tradicional do papel pode ser resumido em três etapas: i - a extração da celulose natural existente nos vegetais, ii - a produção da massa celulósica , que funde a fibra celulósica com demais componentes químicos iii - a transformação da massa de celulose no papel. O grupo de papel e papelão transformado em matéria prima secundaria entra diretamente na etapa de preparação da pasta de celulose, em que pode ser misturada com a celulose virgem. A existência de variados contaminantes e a coloração parda fazem com que a fibra de celulose reciclada seja geralmente utilizada para a fabricação de “papéis menos sofisticados como embalagens, papel cartão ou imprensa” (FREITAS; OLIVEIRA FILHO, 2009).

Ainda segundo Freitas e Oliveira Filho (2009), com relação ao processo industrial de reciclagem do grupo dos plásticos, a transformação da matéria prima secundária ocorre nas indústrias chamadas de Terceira Geração Petroquímica. O plástico reciclável substitui as resinas plásticas produzidas pelas indústrias de Segunda Geração Petroquímica. Estas, por sua vez, obtêm sua matéria prima nas indústrias da Primeira Geração, a de petroquímicos básicos. A Terceira Geração de indústrias petroquímicas transforma a resina, virgem ou reciclada em diversos produtos, tais como embalagens plásticas, mangueiras de irrigação, tecidos etc. Segundo relatório do Instituto Plastivida, de 2011, os maiores mercados consumidores de plásticos reciclados são os setores de utilidades domésticas (16,5%), seguido do setor agropecuário (15,3%), Industrial (15%), Têxtil (10,3%) e Construção Civil (10,2%). A quantidade de vezes que um material plástico pode retornar ao ciclo é finita e varia conforme a qualidade e o tipo do plástico (CEMPRE, 2010).

Quanto ao grupo dos metais, tanto a reciclagem dos metais ferrosos quanto à dos não ferrosos passa por etapas tecnicamente semelhantes. Ambos são separados e vendidos às suas respectivas indústrias metalúrgicas, que executam a fundição e a preparação das ligas metálicas. A principal diferença entre as cadeias dos metais ferrosos e não ferrosos é o preço de mercado de cada um. Os Metais não ferrosos podem atingir uma relação de preço / quilo até dez vezes maior do que a observada entre os metais ferrosos. Os metais, de forma geral, podem ser reciclados infinitas vezes, sem predas significativas das propriedades físico- químicas dos materiais. (FREITAS; OLIVEIRA FILHO, 2009).

A taxa de reciclagem pós-consumo de um dado material é dada pela razão entre o total efetivamente reciclado e o total consumido (IRPM; 2011). As taxas de recuperação dos plásticos são baseadas nos parâmetros suecos. Segundo o Instituto Plastivida (2011) os suecos reciclam, em media, 35% do total de plástico, índice superior ao do Brasil, que reciclou em 2011 apenas 22%. Com relação aos papeis brancos ou de escritório, de acordo com o Cempre (2010), a taxa máxima é encontrada na Argentina, com a reciclagem de até 46% dos papeis brancos ou de escritório, bem acima dos 30% reciclados no Brasil. O papelão, juntamente como alumínio, são um dos poucos materiais cujas taxas de reciclagem brasileira são estão entre as maiores do mundo, tendo 73% do seu papelão pós – consumo e 35,2% do alumínio recuperados no Brasil por reciclagem mecânica.

Por fim, tem-se a taxa de reciclagem de metais ferrosos, também conhecido como sucata de obsolescência de utilidades domésticas. A Associação Brasileira de Metalurgia (ABM) estima que no Brasil sejam reciclados cerca de 50% dos metais ferrosos pós – consumo. As taxas de reciclagem deste material têm informações escassas quando comparado aos outros materiais pesquisados. Assim, de um total de aproximadamente 828 mil toneladas geradas anualmente em Salvador, cerca de 130 mil ou 15,5% do total foram consideradas passiveis de reciclagem neste trabalho. A Associação Brasileira de Metalurgia (ABM) estima que no Brasil sejam reciclados cerca de 50% dos metais ferrosos pós – consumo. As taxas de reciclagem deste material têm informações escassas quando comparado aos outros materiais pesquisados. Assim, de um total de aproximadamente 828 mil toneladas geradas anualmente em Salvador, cerca de 130 mil ou 15,5% do total foram consideradas passiveis de reciclagem neste trabalho.

Tabela 1 - Composição gravimétrica e valoração dos RSU para reciclagem mecânica – Salvador, 2010 Material Composição gravimétrica percentual Composição gravimétrica absoluta (em ton.)

Percentual reciclavel máximo (%)

Total reciclavel por ano (em ton.)

Preço médio por tonelada (em R$

1,00)

Valor total do RSU reciclaveis (em R$ 1,00) Plástico total 22,1% 183.072 64.075 51.154.907 Plástico Duro 4,9% 40.223 35 14.078 733 10.323.869 Plástico Mole 17,3% 142.849 35 49.997 817 40.831.037 Papel 12,1% 99.978 54.508 24.848.651 Papel Branco 8,3% 68.776 46 31.637 530 16.767.622 Papelão 3,8% 31.202 73 22.871 353 8.081.029 Metais 2,6% 21.766,70 10.101,24 7.088.384 Metais Ferrosos 2,0% 16.553 50 8.276 357 2.951.884 Metais Não Ferrosos 0,6% 5.214 35 1.825 2.267 4.136.500

Total 36,8% 304.816 128.684 83.091.942

Fonte: Dados da pesquisa, 2013, a partir de CEMPRE (2010); Salvador (2012 - b); ABM (2011); PLASTIVIDA (2011).

Como qualquer processo de produção, a reciclagem industrial mecânica é, em si, um processo poluente. Desta forma, a reciclagem enquanto processo produtivo possui também um passivo ambiental, que pode ser contabilizado, por exemplo, como emissões de CO2 geradas no processo de reciclagem. Por outro lado, sabe-se que a produção de bens de consumo finais e intermediários a partir de matérias primas secundarias proporciona economia de energia e água. Desta forma, o balanço ambiental da reciclagem varia de acordo com cada material e deve ser feito através da Analise de Ciclo de Vida especifico á cada realidade produtiva.