• Nenhum resultado encontrado

Aspectos específicos da sustentabilidade e sua influência na gestão de projetos

2.3 SUSTENTABILIDADE

2.3.3 Aspectos específicos da sustentabilidade e sua influência na gestão de projetos

A forma como uma organização é gerenciada pode influenciar no comprometimento e entendimento dos colaboradores quanto a sustentabilidade. Pode também ser capaz de orientar a cultura organizacional por meio da inclusão e colaboração (Sanches, 2000). Não se deve implementar novas atividade nas organizações atualmente sem considerar os aspectos de sustentabilidade (Faria, Kniess, & Maccari, 2012).

Questões relacionadas à sustentabilidade vem sendo introduzidas cada vez mais nos negócios empresariais (Sanches, 2000, Barbieri, Alves e Nascimento, 2014) . Barbieri, Alves, & Nascimento (2014) exemplificam quando dizem que “a cadeia de suprimentos GSCM (Green Supply Chain Management) surge como novo enfoque à responsabilidade das empresas com o meio ambiente”. Ações como estas estão influenciando a gestão de projetos nas organizações.

Outros fatores também influenciam a forma de gerenciar projetos, como por exemplo a Lei n. 12.305 de 2010 de Política Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece um conjunto de objetivos, diretrizes e metas em relação ao gerenciamento destes resíduos. Barbieri et a., (2014) concluíram em seus estudos que as empresas brasileiras sofrem pressões do mercado externo, pois exigem que elas se adequem às legislações de outros países e apresentem projetos e práticas ambientalistas. Corroborando com isto, Brito & Berardi (2010) concluíram que:

(...) a relação entre parceiros comerciais é marcada pela definição de padrões mínimos, por procedimentos de controle e pela exclusão de fornecedores (...). Os dados demonstram que a pressão externa (regulatória, do mercado e/ou da sociedade) é o enfoque preponderante na relação com os stakeholders (41%), seguido pelos objetivos de melhoria de desempenho econômico e ambiental (30%). Brito & Berardi (2010 p163)

Para estes autores as organizações que tentam implantar gestão sustentável em uma cadeia de suprimentos, por exemplo, as fazem devido às pressões ambientais externas e para ter uma vantagem competitiva.

Shrivastava (1995) diz que ao inserir a sustentabilidade nas organizações haverá influência direta no posicionamento do princípio central da administração e na mudança do foco, antes exclusivamente econômico, para um foco mais amplo, incluindo o lado ecológico. Para esta organizações, o autor sugere um modelo organizacional diferente, onde deve haver a substituição do modelo baseado no antropocentrismo por um modelo que ele chama de “modelo ecocêntrico de administração” cuja explicação é: “exige a adoção de teoria gerencial que não é antropocêntrica, uma teoria que reconheça o risco e a degradação ecológica como variável central na análise organizacional” (Shrivastava, 1995 p.133).

Fazer com que os recursos sejam mais produtivos é o maior desafio de curto prazo para a sustentabilidade nas corporações. Isto porque é preciso incluir em seus processos: a redução de desperdícios, a transformação de resíduos em matéria prima, materiais alternativos, redução de energia e transporte. Em contra partida, a inclusão deste itens contribuirá na melhoria do desempenho do negócio, e na geração de novos negócios sustentáveis (Smeraldi, 2009).

Outro ponto que influencia as organizações a terem práticas de gestão inovadoras voltadas para a sustentabilidade, são os Stakeholders, as pessoas não querem mais ser reféns de indústrias poluidoras (Cardoso, Caridade, Junior, & Kruglianskas, 2008).

Buson (2009) explica que a visão da sustentabilidade de uma organização é dividida em dois fatores: externos e internos. Ele diz que primeiramente as organizações buscam atender aos fatores internos e, em um segundo estágio, a adequação destes fatores internos com os externos. Buson (2209) levantou as variáveis da sustentabilidade que podem ajudar os gerentes de projetos quando estes estiverem planejando o projeto considerando cada dimensão da sustentabilidade, conforme figura 18.

Figura 18: Variáveis das dimensões sustentáveis

Dimensão Sustentável

Variáveis de Investigação

Econômica

Estudos de impacto de custo contínuo para apoiar decisões como curvas de ROI e análise de trade-offs de custo x benefício.

Busca contínua pela excelência e melhor qualidade Gestão de projetos ágil com rápida tomada de decisão Prioridade da fase de projeto conceitual

Social

Rede de gestão do conhecimento

Reuniões de consenso no processo de decisão e de reflexão para aprendizado com experiência e erros

Líder de projetos para ensinar e obter comprometimento e disciplina efetiva. Valores, princípios e crenças compartilhados pelos integrantes da empresa. Comunicação do andamento do projeto por meio visual.

Dimensão Sustentável

Variáveis de Investigação Ambiental Rastreamento pós-venda (política de logística reversa)

Aplicação e reuso de tecnologias consolidadas

Redução do consumo de energia e combustíveis no ciclo de vida do projeto e do produto.

Uso de matéria prima 3R’s (reuso, re-manufatura e reciclagem) priorizando recursos naturais abundantes e renováveis.

Fonte: Buson 2009 p.79

Para que a sustentabilidade seja difundida em uma organização, ela deve vir por meio da gestão organizacional, pois o apoio da alta administração é essencial para que os esforços buscando a sustentabilidade ocorram com êxito. Nas organizações, é a média gerência quem vem buscando a integração da sustentabilidade quando há problemas socioambientais, e com frequência sem o apoio dos níveis mais altos. Quando a alta gerência se compromete e apoia a sustentabilidade, os esforços são bem-sucedidos (Nonaka e Toyama, 2005).

Donaire (1999) diz que é importante ter um gestor ambiental nas organizações e detalha suas principais atividades:

 Planejar, organizar, dirigir e controlar a política ambiental ditada pela alta administração;

 Controlar as operações através de relatórios técnicos e visitas pessoais, evidenciando uma monitoração constante das fontes poluentes;

 Assessorar tecnicamente as demais unidades da empresa em todos os assuntos relativos à sua área de especialização;

 Acompanhar a execução das medidas propostas;

 Garantir a atualização e a disseminação de informações relativas ao desenvolvimento da tecnologia em nível de especialidade;

 Acompanhar o desenvolvimento da legislação ambiental;

 Responsabilizar-se pela formação e pelo treinamento dos indivíduos ligados à atividade de meio ambiente;

 Representar institucionalmente a organização, seja nos órgãos públicos de controle ambiental, seja na comunidade interna e externa, em todos os assuntos relacionados com o meio ambiente.

Outro ponto relevante é que práticas gerenciais sustentáveis influenciam o aprendizado dos colaboradores. Eles as incorporam não somente nas organizações como em sua vida pessoal conforme Almeida (2007) e Maimon (1996).