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A obrigatoriedade de licitação está prevista no artigo 37, inciso XXI da Constituição Federal no qual obriga que as obras, serviços, compras e alienações públicas sejam contratadas por meio de processo licitatório, assegurando igualdade de condições a todos os concorrentes. Já o artigo 175 prevê a obrigatoriedade de licitação para prestação de serviços

públicos por particulares. O caput do artigo dispõe que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” (BRASIL, 1988).

Segundo Meirelles (2005, p. 82), Licitação “é o procedimento administrativo mediante no qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse”. Vale ressaltar que tanto a lei geral de licitações quanto a Constituição Federal determinam quais são as entidades sujeitas à licitação: fundos especiais, autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedade de economia mista e demais entidades da administração direta e indireta.

Dessa forma, qualquer aquisição de bens, serviços e obras exige a formalização de um contrato. Sendo assim, todo ajuste firmado pela Administração Pública com terceiros é denominado “contrato administrativo”, e deve ser precedido de licitação. Para tanto, a lei prevê três tipos de contratação, um para obras e serviços de engenharia; outro para fornecimento de bens e outro para contratação de serviços.

De acordo com o artigo 6º da Lei nº 8.666/1993, o contrato de “obras ou serviços de engenharia” refere-se à construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de obras públicas. O contrato de “fornecimento de bens” (Compras e aquisições) refere-se à aquisição de materiais de consumo e equipamentos diversos, materiais elétricos, suprimentos de informática, compra de mobiliário, microcomputadores, etc., tanto para bens duráveis quanto para os não duráveis. Já o “contrato de serviços”, refere-se a toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a Administração, tais como: prestação de serviços de apoio administrativo e de suporte à manutenção e funcionamento da instituição (limpeza e conservação, jardinagem, copeiragem, condução de veículos oficiais, energia elétrica, telefonia, água e esgoto), além de serviços de demolição, conserto, instalação, montagem, operação, reparação, adaptação, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico- profissionais (BRASIL, 1993).

Para que seja realizado o procedimento de licitação e consequente formalização contratual, a lei geral de licitações previu, em seu artigo 22, as várias modalidades de licitação, quais sejam: Concorrência, Tomada de preços, Convite, Concurso e Leilão. A modalidade de licitação é determinada em conformidade com os valores monetários para cada tipo de contratação, conforme previsto no artigo 23 da lei nº 8.666/1993 (BRASIL, 1993).

Todavia, a própria lei previu a inclusão de uma nova modalidade de licitação, o Pregão, através da Lei 10.520/2002 e do regulamento previsto no Decreto nº 5.450/2005 (BRASIL, 2002, 2005). De acordo com o artigo 11 da Lei nº 10.520/2002, “as compras e contratações de bens e serviços comuns (...) poderão adotar a modalidade Pregão, conforme regulamento específico” (BRASIL, 2002). Já o artigo 4º do Decreto nº 5.450/2005, dispõe que “nas licitações para aquisição de bens e serviços comuns será obrigatória a modalidade Pregão, sendo preferencial a utilização de sua forma eletrônica”, salvo em caso de comprovada inviabilidade, desde que devidamente justificada pela autoridade competente (BRASIL, 2005). Em conformidade com o parágrafo único do artigo 1º da 10.520/2002, “consideram-se bens e serviços comuns, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado” (grifo nosso) (BRASIL, 2002).

Ressalta-se ainda que a Concorrência é a modalidade cabível para qualquer que seja o valor do objeto. Entretanto, a lei prevê, para obras e serviços de engenharia, contratação com valor superior a R$ 1.500.000,00 e acima de R$ 650.000,00 para as demais compras e contratações. Já o pregão eletrônico é a modalidade de licitação utilizada para aquisição de bens e serviços comuns, não importando o valor da contratação, cabendo ao ordenador de despesas, atestar que o objeto enquadra-se como bens e serviços comuns (BRASIL, 1993).

Sendo assim, a regra é licitar. Todavia, a legislação estabelece situações em que a Administração Pública poderá contratar com terceiros, sem a necessidade de instaurar procedimento administrativo de licitação. Dessa forma, nem todo valor empenhado é proveniente de licitações públicas, alguns processos de compras e contratação são realizados mediante Compra Direta, ou seja, através de Dispensa ou Inexigibilidade de licitação.

A legislação prevê ainda um prazo máximo de 60 meses para uma contratação comum e de 180 dias para uma contratação emergencial, realizada mediante Dispensa de Licitação, vedada a sua prorrogação, conforme disposto no inciso IV do artigo nº 24, da Lei nº 8.666/93.

Dessa forma, existem hipóteses em que o gestor público tem autorização legal para contratar diretamente com o fornecedor do bem ou serviço, sem a necessidade de realizar a licitação e as exceções encontram-se expressamente dispostas na Lei nº 8.666/1993 em seus artigos 24 e 25. Cabe salientar que a efetivação de uma compra pública sem licitação ou fora das hipóteses previstas para Compra Direta, implica em crime por descumprimento legal (BRASIL, 1993).

Antes de celebrar qualquer compra decorrente de procedimento licitatório (Concorrência, Convite, Tomada de Preços, Pregão etc.) ou de Compra Direta (dispensa e inexigibilidade), a Administração Pública deve descrever o objeto e suas características, bem como apurar o valor estimado da contratação, elaborar o Projeto Básico ou Termo de Referência, conforme o caso, apontando nesses documentos, as práticas, diretrizes e critérios sustentáveis a serem adotados e exigidos.

De acordo com o artigo 6º, IX da Lei nº 8.666/1993, o Projeto Básico é um documento, elaborado pelo setor solicitante do produto ou serviço, que deve conter elementos necessários e suficientes para caracterizar a obra ou serviço, baseando-se em estudos técnicos preliminares que assegurem a viabilidade técnica e o impacto ambiental do empreendimento (BRASIL, 1993). Já o Termo de Referência, definido pelo Decreto nº 5.450/2005, deve ser elaborado, pelo órgão requisitante, com “indicação do objeto de forma precisa, suficiente e clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem ou frustrem a competição ou sua realização”.

Sendo assim, diversos órgãos e instituições públicas tem adotado em suas compras públicas um modelo de gestão socioambiental, através da inclusão de práticas e critérios sustentáveis nos editais de licitação, como é o caso do IFNMG – Campus Montes Claros.

2.4 PANORAMA DAS COMPRAS PÚBLICAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA