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ESTADO DO ACRE 1970 A 1980.

BRANCO, PARA O PERÍODO DE 1970/1983.

II.VI Aspectos Topográficos.

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Nos arredores da cidade de Rio Branco a topografía apresenta-se facilmente observável em varios níveis de erosões e terraços. Isto é observado ao longo de grande número de meandros encaixados - o modelo regional, resultando uma paisagem ondulada e modulada, principalmente pelo afundamento14 do Rio Acre (Guerra, 1951).

Em estudos de Bueno (1989, p. 19), no Sítio Urbano da Cidade de Rio Branco:

“ Identifica-se vários níveis altiplanimétricos, sendo os mais elevados

entres as cotas [médias] de 150 a 170m na margem esquerda do Rio Acre e sobre os quais a cidade se expandiu mais recentemente

Os níveis mais baixos estão situados em áreas próximas à

margem direita do rio com cotas de 125 a 150m de altitude, com sua planície aluvial sujeita a inundações periódicas.

Condicionados a isso, observamos que a ocupação urbana da cidade tende a expandir o seu primeiro distrito que fica na margem esquerda do Rio Acre. A valorização do seu solo dá-se pela proximidade deste ao centro político- administrativo e comercial que ali se expandiu, sem deixar de mencionar A própria topografía, quase toda ela (cercade 8 3 % ) acima dos 135m de

14 entende-se por afundamento, segundo (Guerra, 1972, Oliveira, 1987) apud Bueno (1989), uma depressão produzida pela movimentação tectónica das camadas que podem originar sinclinais, grabens ou a depressões de ângulo de falhas, onde geralmente se instalam os cursos dàgua.

altitude, portanto, fora dos riscos das inundações sazonais desta região. A melhor opção para a expansão urbana da cidade de Rio Branco são seus setores norte, nordeste e noroeste.

II. V II- Hidrografia.

O principal Rio da rede de drenagem do sítio urbano de Rio Branco é o Rio Acre, que apresenta uma hierarquização fluvial relativamente homogênea, predominando, segundo (Bueno et ali, 1985), na maior parte das sub-bacias um grande número de canais de primeira ordem, alguns destes chegam mesmo a secar na época da estiagem, sendo ocasionados ora pela baixa pluviosidade nos meses de junho a agosto, ora pelo desmatamento ao longo destes canais, pois secam em função da quebra do seu equilíbrio natural.

A Bacia de drenagem do Rio Acre em sua totalidade tem uma área aproximada de 609,15 Km2, (Bueno et ali, 1985) dos quais 287 Km2 estão no município de Rio Branco, compreende 14 sub-bacias de características dendríticas. O Rio Acre apresenta um perfil longitudinal complexo predominando o percurso meandrante, embora possua alguns trechos consideráveis de forma retilínea - os estirões, segundo o conhecimento popular na região.

Uma observação também importante a considerar é com relação à morfometria das sub-bacias, principalmente naquelas que ocorrem dentro ou nos arredores da área urbana de Rio Branco. Não existe um parâmetro de referência como modelo geral, mas um aspecto bastante discordante quanto a densidade de drenagem e quanto ao comprimento total dos canais. Em exemplo citado em

(Bueno et ali, 1985), são comparados a morfometria dos igarapés São Francisco e Liberdade. O primeiro, apresentando um percurso de 115,6 km e uma densidade de drenagem de 1,37 km/km , enquanto o igarapé Liberdade, bem menor em seu percurso (2,6 km), quase mantém a mesma capacidade de drenagem que é de 1,32 Km/Km . Daí, a pequena flutuação, o que influi sobremaneira para a caracterização de um parâmetro geral.

Esta tendência é freqüentemente observável e, mantida quase de maneira geral no contexto global das sub-bacias da rede de drenagem dos arredores do município de Rio Branco.

O Rio Acre, afluente do Rio Purus, constitui-se no mais importante dos afluentes dessa unidade hidrográfica da Região Amazônica. Em estudos de Bueno (1989, p. 17), é observado que:

” Por sua extensão e pelo seu caudal, constitui-se no maior representante

da drenagem nessa unidade. Tem uma dinâmica geomorfológica muito comum - o deslizamento das suas margens, o que está relacionado às variações de regime fluvial de cheias e vazantes. Esse fenômeno ocorre, comumente, no período das enchentes. Quando as águas começam a baixar, a pressão hidrostática diminui e a água anteriormente retida nas margens é liberada. Com isso, o deslizamento que ocorre nas suas margens configura patamares desmoronados”.

Em Rio Branco, estes patamares desmoronados contribuem para o assoreamento do leito normal do Rio Acre influenciando o regime e a extensão das cheias sazonais que caracterizam a inundação parcial das áreas urbanas da cidade de Rio Branco (fig. XVI).

A depressão Rio Acre - Rio Javari, hoje contestada por estudos recentes do RADAR BRASIL, é drenada por extensos rios e tem como direção

geral da drenagem SW - NE, com exceção dos trechos do Rio Acre e Purus que infletem para ENE e W - E, respectivamente.

A principal drenagem do sítio urbano da cidade de Rio Branco é composta pela bacia do Rio Acre e sua desembocadura ocorre na cidade de Boca do Acre, município pertencente ao Estado do Amazonas (Bueno, 1989).

Observa-se ainda que dado a sua posição geográfica na região, onde a hidrografia representa papel de grande relevância nos transportes e nas comunicações, este município amazonense de Boca do Acre, encontra-se tanto econômica quanto socialmente mais ligado ao Estado do Acre do que ao Estado do Amazonas (fíg.XVll).

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II.VIII - Vegetação.

O manto de floresta do Estado do Acre insere-se no grande

conjunto florestal da região Norte, onde as condições de clima quente e úmido produzem uma floresta densa e sempre verde. Assim temos a floresta latifoliada perene, denominada hiléia15.

Segundo estudos do RADAMBRASIL (1976) apud Bueno (1989), o Estado é caracterizado por três tipos de sistemas ecológicos, que são explicados pela variação espacial de vários dos elementos climáticos, litológicos, pedológicos, geomorfológicos e ação antrópica, quais sejam:

a - Floresta Tropical Aberta - floresta aberta de palmeiras, floresta

aberta de cipós e aberta de bambú;

15 - termo empregado pelo grande geógrafo naturalista alemão Alexander Von Humboldt, englobando florestas claras e savanas escassamente providas de árvores (Bueno, 1989).

b - Floresta Tropical Densa - floresta tropical densa das terras

baixas instalada sobre sedimentos terciários principalmente nos interflúvios tabulares e é caracterizada por cobertura de árvores emergentes (mais ou menos 40m de altura);

c - As Formações Pioneiras (comunidades serais) - aparecem

esporadicamente nos interflúvios arréicos, sendo que as áreas antrópicas, aparecem nas proximidades das cidades e ao longo das rodovias;

A área de Rio Branco insere-se no sistema ecológico floresta tropical densa. Para Bueno (1989, p.24):

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“Esta [floresta], raramente ocupa grandes espaços e domina em algumas áreas sobre a floresta tropical aberta, principalmente no relevo dissecado do terciário. Nas áreas do quaternário antigo e recente ela se apresenta associada à floresta aberta, mas sempre dominada por esta. Este sistema é constituído por vegetação arbórea heterogênea com sub-bosque de estrato arbustivo denso” [fig. XVIII].

Mas, com respeito à característica pedológica da imponente floresta tropical amazônica, onde está inserido o Município de Rio Branco observamos na concepção de Nunes (1991, p.55), que esta aparência de fertilidade natural do solo não é de todo verdadeira pois ela afirma que:

“A riqueza de espécies vegetais é, sem sombra de dúvida, incomparável. Entretanto, a riqueza dessas matas não é uma indicação de grande fertilidade do solo. Pelo contrário, como j á fo i demonstrado por cientistas, especialistas no assunto, a floresta amazônica está em sua maior parte apoiada em solos sedimentares de baixa fertilidade e consegue sobreviver à custa de um pequeno estoque de nutrientes que normalmente é armazenado na própria biomassa. O desequilíbrio biomassa/solo pode ser facilmente percebido quando a floresta é agredida por derrubadas e queimadas”.

Fig. XVIII- TIPOS FLORESTAIS QUE OCORREM NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO - ACRE.

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F lo re s ta Tropical A berta ( te rra s b a ix a s )

A re a A ntropica

C id a d e de Rto Branco

f o n t e : R A D A M B R A S IL ( 1 9 7 6 ) , m odificado de B u e n o ( l9 8 9 ) . des. o au to r

É compreensível a posição de Nunes, tendo em vista que em estudos comparativos na formação da camada húmica dos solos amazônicos, indicam a proporção de que num sistema ecológico denso, um hectare de floresta, por ano, lança ao solo onze toneladas de nutrientes através da decomposição de galhos, folhas, frutos, sementes, flores, etc. O desmatamento, sem sombra de dúvidas, além de retirar a proteção natural do solo, permitirá os processos de intemperismo; a lavagem do solo pelo aumento da intensidade do escoamento superficial - o processo da lixiviação; a tendência de assoreamento de canais de drenagem pelo direcionamento dos escoamentos pluviais; a erosão e outros, além da quebra do equilíbrio ecológico que vai se refletir diretamente em perdas da biodiversidade das florestas.

Com relação às condições do solo face a este meio ambiente

alterado, Nunes (1991, p. 56) salienta que:

“Esta [conseqüente] exposição do solo à radiação solar direta e às chuvas levam a um rápido empobrecimento do mesmo, reduzindo também a capacidade de infiltração da água. Esse intemperismo [daí resultante] é agravado pela criação de gado sobre as áreas devastadas, já que há compressão do solo pelo pisoteio dos animais sobretudo quando um número excessivo deles é confinado por muito tempo em um mesmo lugar”.

É importante considerar ainda os danos que são causados a esse solo com relação à erosão através dos processos de ravinamentos, o processo de lixiviação acarretando a perda de nutrientes orgânicos pelo escoamento superficial em lençol, a exposição das vertentes à insolação direta, etc.

II.IX - População Urbana