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3 ASSÉDIO MORAL HORIZONTAL

3.6 ESPÉCIES DE ASSÉDIO MORAL

3.6.1 Assédio moral vertical

O assédio moral vertical é aquele que se subdivide em vertical descendente e vertical ascendente. Temos, nesse tipo de violência psicológica que é o assédio moral, um superior hierárquico e um subordinado. Para diferenciar de qual assédio moral vertical se está diante é simples: basta que seja analisado quem é o autor do assédio e quem é a vítima, assim se sabe se é ascendente ou descendente. (XEREZ, 2015, p. 23).

Assédio moral vertical é caracterizado como sendo aquele perpetrado por pessoas de níveis hierárquicos diferentes, envolvidos em uma relação de trabalho celetista ou estatutária que envolva, portanto, subordinação. É a modalidade mais comum de assédio moral no trabalho, haja vista, a desigualdade hierárquica entre os sujeitos envolvidos e a facilidade em ‘camuflar’ a agressão realizada por meio de regulamentos e culturas organizacionais ultrapassadas e despreparadas para tolher preventivamente o ato agressor ou punir o assediador. (SILVA, 2011).

O assédio moral vertical é aquele que se subdivide em vertical descendente e vertical ascendente. O que determina se o assédio moral é vertical descendente ou vertical ascendente é quem pratica o assédio, ou seja, o sujeito ativo, esta é a primeira observação que se faz. Se quem comete é o superior hierárquico, no caso o chefe, ou a figura do empregador, temos o assédio moral descendente. Já quando quem comete o assédio é o subordinado, ou seja, o empregado, temos a ocorrência do assédio moral ascendente.

Assim, quando o sujeito ativo é o empregador e a vítima é um trabalhador, pode-se perceber a ocorrência de assédio moral vertical descendente, e quando quem comete o assédio é o trabalhador e a vítima é o empregador, percebe-se a ocorrência do assédio moral vertical ascendente.

O assédio moral vertical descendente é considerado o mais comum de acontecer, porque quem o comete como sujeito ativo é o empregador, sendo mais fácil que um empregador

o cometa contra seus empregados do que o contrário. É o cometido pelo empregador, ou qualquer outro superior hierárquico, como o diretor, o gerente, o assessor, o chefe, o supervisor, etc, qualquer um que receba a delegação do poder de comando. (ALKIMIN, 2007, p. 61).

Na modalidade vertical descendente, a conduta abusiva é praticada por superior hierárquico da vítima. Trata-se de ocorrência mais comum, em virtude da subordinação jurídica inerente à relação de emprego. Resulta do exercício abusivo do poder diretivo e punitivo do empregador, que descaracteriza tal poder e consubstancia ato atentatório à dignidade do empregado. Visa a produzir medo e obediência servil do empregado em face do poder de controle arbitrariamente exercido pelo assediador. (XEREZ, 2015, p. 23).

Pode-se perceber que é extremamente visível a desigualdade material das partes, já que o empregador tem como competência garantir a fiscalização, a direção do negócio e o contrato de trabalho do empregado. Assim, deve tomar cuidado para não praticar o assédio moral, pois quando o pratica, o empregador abusa do seu poder patronal e agride a personalidade e a dignidade do trabalhador, utilizando-se de atitudes autoritárias, desumanas e vexatórias, aproveitando-se de sua superioridade econômica, já que é empregador. (XEREZ, 2015, p. 23).

Quando o empregador ou superior hierárquico comete assédio moral, ou seja, comete atos que excluem e envergonham os seus funcionários, se está diante de descumprimento de obrigação contratual e geral que é o respeito à dignidade da pessoa do trabalhador. (ALKIMIN, 2007, p. 63).

Assim, percebe-se que quando o empregador abusa do seu poder de mando, valendo-se da sua condição de superioridade e poder econômico de forma a agredir moral e psicologicamente seus funcionários, ele comete assédio moral vertical descendente. Afinal, comete conscientemente atos que são imputados para prejudicar o empregado no seu ambiente laboral.

Já o assédio moral vertical ascendente é aquele que tem como sujeito ativo o funcionário ou trabalhador, e sendo assim, o sujeito passivo é o chefe ou qualquer um que seja considerado superior hierárquico, pois ocorre entre pessoas que são hierarquicamente diferentes em uma relação laboral, e não entre pessoas que possuem mesma hierarquia.

Esse tipo de assédio moral é considerado raro, em decorrência da subordinação jurídica na qual se encontra o empregado na relação de trabalho, e ocorre quando a vítima está em um nível hierárquico superior ao do agressor. Neste caso a violência é dirigida contra o superior hierárquico, e quem a dirige é o empregado ou o grupo de empregados que lhes são subordinados. (XEREZ, 2015, p. 23-24).

Tal tipo de violência onde a vítima é o superior hierárquico pode acontecer por inúmeros motivos: por que o superior extrapola os poderes de mando e de gestão, ou quando, por inexperiência, não consegue manter o controle sobre os empregados de forma que é pressionado ou até mesmo desrespeitado, tendo suas ordens descumpridas ou desvirtuadas, resultando no fortalecimento dos agentes perversos para se livrarem do superior hierárquico. (CARVALHO, 2009, p. 68).

Esse tipo de situação, por mais raro que possa parecer, não é difícil de acontecer. Muitos que possuem cargo de chefia podem sofrer consequências inimagináveis nas posições em que se encontram, e o desprezo dos funcionários pode ser tão grande que eles se unam para infernizar a vida do superior hierárquico, que podem ser funcionários que fazem as vezes da empresa, ou até mesmo, o próprio chefe, dono da empresa, que não sabe comandá-la e não possui o respeito dos seus funcionários nem poder de mando.

Outra hipótese que poderia ocasionar o assédio moral vertical ascendente, segundo Carvalho (2009, p. 68), “seria a promoção de um colega de serviço sem a consulta dos demais, ou ainda, quando a promoção implica um cargo de chefia cujas funções os subordinados acreditam que o promovido não possui capacidade para desempenhar”. Nesta situação, os outros funcionários, achando injusta tal promoção, prejudicariam a pessoa que a recebeu, ou até mesmo o superior hierárquico que promoveu o funcionário.

Ainda assim, nada justifica cometer tal violência no ambiente laboral, principalmente por causa de suas consequências, que podem ser muito graves e também porque mesmo o assédio moral ascendente sendo raro de acontecer, ele tem efeitos nocivos à saúde das vítimas e prejudica não só as relações laborais e as pessoas em si, mas também as organizações empresariais.