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2 RESPONSABILIDADE CIVIL

2.4 RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR

2.4.2 Responsabilidade subjetiva e objetiva

A responsabilidade civil trabalhista pode ser considerada objetiva ou subjetiva, dependendo da situação ou do caso que se está em análise. A responsabilidade subjetiva necessita da comprovação e presença do elemento culpa, diferentemente da responsabilidade objetiva, em que ele não é necessário, bastando apenas uma conduta que gere danos e o nexo causal, assim, tem-se o direito de reparação.

Já com relação à responsabilidade civil do empregador, entende-se que ela pode ser objetiva ou subjetiva, sendo objetiva quando:

[...] devido os atos praticados por seus prepostos, ou seja, quando o assédio moral é cometido por qualquer empregado, o empregador será responsabilizado, sendo obrigado a ressarcir a vítima civilmente, através de indenização moral ou patrimonial. Dessa forma, aplica-se a Teoria do Risco da Atividade, devendo o empregador assumir os riscos ligados à sua atividade, respondendo pelos danos causados aos seus empregados ou a terceiros, não necessitando da ocorrência de culpa. (BIGOTTO; MANSÍLIA, 2016).

A responsabilidade subjetiva é marcada pela ação ou omissão do sujeito ativo, sendo a vítima será considerada sujeito passivo. Necessita-se da comprovação da culpa para ocorrer o ressarcimento; esta responsabilidade tem fundamento na ideia de dolo e culpa. Quando tratar- se de dolo haverá responsabilidade. (BIGOTTO; MANSÍLIA, 2016)

A nova concepção da responsabilidade civil no Brasil é uma regra geral dual, persistindo a responsabilidade subjetiva, em coexistência como regra, não mais como exceção, com a responsabilidade objetiva. Esta nova regra se mostra de grande importância para o direito do trabalho, seja pelas previsões de responsabilidade civil por ato de terceiro, seja pelo motivo de já existir enquadramento formal por normas regulamentares de determinadas atividades econômicas como de risco à saúde dos trabalhadores. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 291-292).

Há casos em que a responsabilidade civil trabalhista deixou de ser subjetiva e passou a ser considerada objetiva. Assim, pode-se perceber que no direito do trabalho a incidência da responsabilidade objetiva e subjetiva é bem grande, e dependendo do caso uma é aplicada em detrimento da outra, mas, ainda assim, ambas podem ser aplicadas.

Vale destacar que a responsabilidade civil do empregador por ato causado pelo empregado no exercício do trabalho que lhe competir deixou de ser subjetiva, sendo agora, portanto objetiva. Dessa forma, optou-se pela mais ampla ressarcibilidade da vítima, sendo compatível com a ideia de que o empregador deve responder pelos riscos econômicos da atividade exercida. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012, p. 292).

Tal responsabilidade, assim, é considerada objetiva e prescinde de culpa, como esclarece a Súmula 341 do Supremo Tribunal Federal: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”.

A responsabilidade civil do empregador, analisando o entendimento do Código Civil, pode-se perceber que é objetiva, conforme esclarecem seus artigos 932 e 933. O artigo 933 afirma que essa responsabilidade aqui compreendida é conhecida como responsabilidade por ato de terceiro:

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: [...]

III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;

[...]

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. (BRASIL, 2002).

Portanto, os empregadores são responsáveis, de forma objetiva, pelos atos dos seus empregados, conforme preconiza a regra do artigo 932, III, do Código Civil. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho também aponta que o dano moral prescinde da existência de culpa:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ASSÉDIO MORAL HORIZONTAL. PODER DIRETIVO, FISCALIZATÓRIO E DISCIPLINAR DO EMPREGADOR. RESPONSABILIDADE PELA MANTENÇA DE AMBIENTE HÍGIDO DE TRABALHO. O assédio moral pode ser vertical ou horizontal, ocorrendo este nas condutas ilícitas praticadas por colegas contra alguém. Ainda que não haja participação direta das chefias empresariais no assédio moral, preservando-se o assédio como tipicamente horizontal (colegas versus colegas), não desaparece a responsabilidade do empregador pela lesão causada, por ser inerente ao poder empregatício dirigir, fiscalizar e punir os participantes da organização empresarial dentro do estabelecimento. Com efeito, da análise dos arts. 932, III e 933 do Código Civil, extrai-se que o empregador ou comitente é civilmente responsável por atos de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; bem como que responderá por tais atos praticados, ainda que não haja culpa de sua parte. Exsurge, portanto, dos referidos dispositivos, a responsabilidade civil objetiva do empregador pelos atos praticados por seus empregados. Por outro lado, note-se que configura, sem dúvida, assédio moral a prática individual ou coletiva, por atos, palavras e silêncios significativos, de agressão ao patrimônio moral da pessoa humana, diminuindo desmesuradamente a autoestima e o respeito próprio da vítima escolhida, mormente quando fundada a agressão em característica física desfavorável da pessoa desgastada, de modo a submetê-la a humilhações constantes. Embora ainda não tipificado na legislação federal trabalhista, o assédio moral e seus efeitos indenizatórios derivam diretamente da Constituição da República, que firma como seus princípios cardeais o respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF), à vida e à segurança (art. 5º, caput, CF), ao bem-estar e à justiça (Preâmbulo da Constituição), estabelecendo ainda como objetivos fundamentais do Brasil construir uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I, CF), promovendo o bem de todos (art. 3º, IV, ab initio, CF) e proibindo quaisquer formas de discriminação (art. 3º, IV, in fine, CF). Conforme se depreende do acórdão regional, "em decorrência de sua opção sexual, a reclamante passou a ser objeto de chacotas ou ofensas, perpetradas pelo funcionário Paulo, dentro do local de trabalho" - premissa fática inconteste à luz da Súmula 126/TST. Nesse contexto, diante do quadro fático delineado pela Corte de origem, forçoso concluir que os fatos ocorridos com a Obreira realmente atentaram contra sua dignidade, ensejando a reparação moral, conforme autorizam os artigos 186 e 927 do Código Civil, bem assim o inciso X do art. 5º da Constituição Federal. Agravo de instrumento desprovido. (BRASIL, 2017).

O artigo 927 do Código Civil, trata da obrigação e do dever de reparar; seu parágrafo único aborda e esclarece com precisão que havendo o dever/obrigação de reparar, em alguns casos não é necessário provar culpa:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2002).

Na lição de Tartuce (2009, p. 453), o parágrafo único do artigo 927 poderá ser aplicado na relação de trabalho em razão da responsabilidade direta do empregador, podendo haver, dependendo da atividade desempenhada por ele, sua responsabilidade objetiva.

A responsabilidade civil direta do empregador está prevista na Constituição Federal no seu artigo 7º, XXVIII (BRASIL, 1988), onde é assegurado ao trabalhador “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”. (TARTUCE, 2009, p. 453).

Vale esclarecer que este dispositivo constitucional traz a responsabilidade subjetiva como regra indeclinável, e trata da responsabilidade direta do empregador. Isto deve ficar bem claro, porque a responsabilidade indireta do empregador por ato de seu empregado é considerada objetiva, conforme os artigos 932, III e 933 do Código Civil. (TARTUCE, 2009, p. 453).