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Nos quatro governos, de 6 abril de 2002 até 21 de junho de 2011, foram identificados através do Diário da República um total de 194 nomeações para assessores de imprensa, sendo 44 no governo Durão Barroso (XV Governo Constitucional), 35 no governo Santana Lopes (XVI Governo Constitucional), 65 no primeiro governo José Sócrates (XVII Governo Constitucional) e 51 no segundo governo José Sócrates (XVIII Governo Constitucional). A distribuição dos assessores encontra-se no quadro 1, abaixo:

Quadro 1 – Número de assessores de imprensa nomeados pelos quatro governos

Apesar de não haver estudos a respeito do números de assessores ao longo dos vários governos durante o período democrático em Portugal, podem ser aventadas várias hipóteses para essa disparidade entre os governos das diferentes cores políticas. Uma primeira hipótese para explicar a diferença no volume de nomeados nos quatro governos, com maior incidência nos governos do Partido Socialista, diz respeito à duração dos governos. O primeiro governo Sócrates teve a duração superior a quatro anos e meio – de 12 de março de 2005 a 26 de outubro de 2009 – enquanto o governo Durão Barroso foi de 6 de abril de 2002 a 17 de julho de 2004 (sensivelmente dois anos e três meses), o

0 10 20 30 40 50 60 70 Governo Durão Barroso Governo Santana Lopes Governo José Sócrates I Governo José Sócrates II

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segundo governo Sócrates durou quase um ano e oito meses (de 26/10/2009 a 21/6/2011), sendo o governo Santana Lopes o mais curto, com apenas perto de seis meses de duração, de 17 de julho de 2004 a 12 de março de 2005. Se essa hipótese pode ajudar a entender o maior número de assessores durante o primeiro governo Sócrates, ela não explica por que o segundo governo Sócrates teve mais assessores do que o governo Durão Barroso.

Uma segunda hipótese para explicar o crescente número de assessores de imprensa nos governos nos governos mais recentes indica a cada vez maior sofisticação dos processos de comunicação política, resultante de que cada vez mais existem novos media – redes sociais, blogs etc. – que exigem maior quantidade de profissionais para poder fazer chegar as mensagens do executivo aos cidadãos.

Uma terceira hipótese que poderia justificar esta maior presença de assessores nos governos chefiados por José Sócrates poderia indicar uma maior preocupação deste executivo com a imagem, comparado com os governos anteriores. É o que afirmou Miguel Braga – que esteve num governo PSD-CDS –, na conversa telefónica ocorrida após ele dar informações sobre o seu percurso profissional: "O PS sempre foi mais agressivo na comunicação. Digo agressivo no bom sentido. O PS percebeu a importância da comunicação mais do que a direita. Tinha uma visão mais profissional da comunicação."

Uma quarta hipótese estaria relacionada com a possibilidade da existência de uma maior influência dos socialistas entre os profissionais da comunicação, tendo em conta que a nomeação de assessores de imprensa está relacionada com a confiança – pessoal e política. É, por exemplo, o que afirma o entrevistado Jorge Costa, para quem "Portugal é um país onde sociologicamente a imprensa é bastante, mesmo no jornalismo económico- financeiro, é bastante de esquerda." Também Leonor Ribeiro da Silva indica a mesma tendência no meio jornalístico: "A maior parte dos jornalistas em Portugal tem uma determinada cor política e essa cor política, essa tendência política, aproxima-os muito mais dos partidos da esquerda".

No entanto, as informações obtidas na investigação não permitem tirar uma conclusão definitiva em relação a nenhuma dessas hipóteses, nem por algum tipo de conjugação das mesmas. Na realidade, a possibilidade de mais do que um fator influir nessa diferença entre o número de assessores conforme os partidos estão no poder parece ser a explicação mais plausível. Ficam aqui apenas como hipóteses, que poderiam ser

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testadas em estudos a serem realizados posteriormente, em outra área, a da comunicação e política.

Desse total de 193 nomeações, têm-se um número de 129 indivíduos que ocuparam o lugar de assessores de imprensa. Isso se deve ao facto de que vários foram nomeados mais de uma vez.

Tendo em conta apenas o período de pouco mais de nove anos – de 6 de abril de 2002 a 21 de junho de 2011, verifica-se que é comum os governos das várias cores políticas nomearem os mesmos assessores mais do que uma vez. Tratando apenas do período de cerca em estudo, a indicação apurada pelo levantamento no Diário da

República aponta para que tanto nos governos do Partido Socialista quanto nos governos

do Partido Social Democrata e do Centro Democrático Social 37 assessores foram nomeados apenas uma vez. O número de assessores que tiveram duas nomeações chegou a 18 nos governos PSD-CDS e 27 nos governos PS, ao passo que apenas um assessor teve três nomeações nos dois governos PSD-CDS e sete assessores tiveram três nomeações em governos PS desse período. Trata-se de um levantamento parcial, uma vez que atinge apenas o período em estudo. Nomes como David Damião, Paula Ferreirinha ou Miguel Calado Lopes tiveram mais nomeações – este último revelou em conversa telefónica ter tido mais quatro nomeações anteriores para assessor antes de ser convidado para coordenar as relações com a imprensa do ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente Amílcar Theias no governo PS-CDS dirigido por Durão Barroso. Da mesma forma, José Carneiro de Almeida contou pelo telefone que foram quatro ou cinco vezes o número de nomeações para assessor de imprensa de ministros dos vários governos portugueses de centro-direita.

Trata-se de um quadro parcial. O período de nove anos tende a ser pouco representativo, uma vez que seria necessário verificar a repetição de nomeações em vários ciclos políticos de alternância de poder para poder aferir a relevância desse dado na constituição do que poderia ser um corpo de pessoas que são chamadas para exercer o trabalho de assessor sempre que um determinado partido chega ao poder.

126 Perfil dos assessores

No que diz respeito à divisão dos assessores por sexo, há um equilíbrio nos números. São ao todo 65 homens e 64 mulheres. Da mesma forma, ao se tomar em consideração apenas os que exerciam a profissão de jornalista quando foram nomeados – entre os que assessores sobre os quais foram obtidos dados –, surge uma pequena diferença, com o número de mulheres atingindo 43 (51,8%) e o de homens 40 (48,2%), num total de 83 assessores que saíram do jornalismo (64,3%).

No que diz respeito aos jornalistas detentores de curso superior completo, aparece uma diferença significativa. Entre aqueles sobre os quais foram obtidos dados no universo em estudo, o número dos que quando chegaram ao governo tinham o curso superior completo chegava a 55 (66,3%) – nesse total não estão contados os quatro que concluíram o curso enquanto trabalhavam como assessores do governo.

Dos assessores com curso superior, há 33 mulheres (60%) e 22 homens (40%). Esses dados indicam uma tendência futura a uma maior presença do sexo feminino nas assessorias de imprensa, em oposição ao equilíbrio observado no período de 2002 a 2011. Essa tendência estaria relacionada com o facto de o trabalho do assessor estar a tornar-se cada vez mais complexo, com o surgimento de novos media, o que deve exigir maior formação por parte dos responsáveis pela comunicação governamental. Esta conjectura é feita tendo em conta o aumento da percentagem da população feminina nas universidades portuguesas, que ultrapassou a masculina (56%), e que 65% dos diplomas universitários em Portugal são obtidos por mulheres, segundo estudo de Barreto sobre o período entre 1960 e 2000 (Barreto, 2002). Além disso, há que ter em conta a opção preferencial das mulheres portuguesas pelo estudo de humanidades e ciências sociais – na qual se inserem as ciências da comunicação – sendo que a população masculina prefere as ciências exatas e engenharias, um fenómeno que foi observado tanto em Portugal quanto internacionalmente (Almeida, Guisande, Soares e Saavedra, 2006: 512).

Considerando um total de 129 assessores como o universo de investigação faltam dados a respeito de 20 deles, sendo que de oito apenas foi possível obter dados parciais – na nomeação em Diário da República, em perfis incompletos no site de relacionamentos profissionais Likedin, no currículo publicado pelas empresas em que trabalham ou, em apenas um caso, em um perfil publicado na imprensa a respeito do seu percurso. Também se obtiveram dados de biografias publicadas por editoras quando alguns dos antigos

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assessores publicavam livros e que estão disponíveis na Internet. Seis assessores recusaram-se a responder.

Desse total de 116, o número de jornalistas confirmados chega a 83, ou seja, 68,9%. Dos restantes, uma parte já tinha deixado o jornalismo anteriormente e outra nunca se dedicou à profissão.

Assessores devem ter passado pelo jornalismo?

Mesmo sem fazer parte diretamente das questões colocadas nas 30 entrevistas, vários dos entrevistados apresentaram a sua posição a respeito se os assessores deveriam ou não ter obrigatoriamente uma passagem pelo jornalismo. Verificam-se posições diametralmente opostas por parte dos assessores. Por exemplo, segundo Carlos Simões, assessor em governos do PS, a assessoria deveria ser feita apenas por ex-jornalistas:

"O assessor de imprensa que foi jornalista é fundamental para o que nós chamamos de a boa imprensa do político. Do meu ponto de vista – não estou a fazer publicidade para darem emprego aos jornalistas – eu acho que eles devem ser jornalistas. Acho que isso funciona no final de carreira. Não acho muito conveniente andar a saltar de um lado para o outro. Um jornalista é um jornalista, o assessor perdeu a virgindade. Não é por mal, é porque as regras são outras. E depois temos que reaprender as outras, as [regras] iniciais. Não é crime. É possível voltar com dignidade. Eu não gostaria de o ter feito, não o fiz."

A mesma posição foi apresentada por Ivone Dias Ferreira, que atuou em governos do PSD-CDS, que justificou pelo conhecimento que os jornalistas experimentados têm:

"Eu considero que devem ser sempre jornalistas e em quantos mais órgãos de comunicação social, melhor. Eu acho que tive muita sorte em ter trabalhado na rádio, na televisão, no jornal e quando eu entro para a assessoria de imprensa do ministro eu sei exatamente como é que funciona a redação de um jornal, como é que funciona a redação da televisão, como é que funciona a rádio."

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Também tendo trabalhado com dois ministros indicados em governos do Partido Socialista, Maria de Lurdes Sousa entende que, por ter sido jornalista, o assessor poderá dar um contributo que outros profissionais não teriam condições de aportar no trabalho de comunicação do gabinete: "E acho que, de facto, é importante para eles também que nós já tenhamos sido jornalistas. E, para nós, jornalistas, acho que é importante também perceber o que é que se passa no outro lado, porque é que às vezes certas mensagens passam e outras a gente diz: 'Ah, a mensagem foi mal transmitida.'"

Na opinião de Rita Tamagnini – várias vezes assessora em governos do PS tanto no período analisado como posteriormente –, a passagem pelo jornalismo antes de ser assessor não deve ser obrigatória, mas isso constitui uma vantagem para o profissional: "Um bom jornalista não é necessariamente um bom assessor de imprensa, mas que dá muito jeito, dá. Conhece o meio, conhece as pessoas e conhece a forma de fazer notícias, portanto é mais fácil sabendo o mecanismo onde nos movimentamos, fica mais fácil de fazer um bom trabalho, que é basicamente passar a mensagem."

Opinião contrária tem Rui Calafate, que foi assessor de Pedro Santana Lopes na Câmara de Lisboa, antes de ser assessor político deste quando chefe do governo, que teve apenas 5 anos de jornalismo antes de se dedicar à assessoria e que, quando ocorreu a entrevista, era proprietário de uma agência de comunicação:

"Eu abandonei o jornalismo com 31 anos, portanto, eu quando mudei foi em 2001. (...) Naquela altura, era perfeitamente normal, porque havia uma consciência de que quem recrutava assessorias mediáticas, consultores de comunicação, iam habitualmente ao mercado da comunicação social buscar esses assessores. Hoje em dia isso também mudou – e no meu entender para melhor – que é, eu costumo dizer que hoje em dia não basta ser jornalista para ser especialista em comunicação. E hoje já se recrutam diretamente em agências de comunicação consultores de comunicação que nunca foram jornalistas, jovens que saíram da universidade e que foram trabalhar diretamente para agências de comunicação."

Sem defender que os assessores deveriam obrigatoriamente ter tido uma passagem pelo jornalismo, Maria do Céu Novais vê vantagens nessa passagem:

"Eu sempre acreditei, sempre achei que a assessoria de imprensa é outra forma de trabalhar com o jornalismo, porque, se você conhecer todos os modos de trabalhar do jornalismo, você passa

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a conhecer a cabeça dos jornalistas – já foi um deles – e tem muito mais condições para colaborar com o produto final que é a informação, que é uma informação que tanto o assessor de imprensa quanto o jornalista deve querer que seja o mais rigorosa possível, em benefício do conhecimento público. E, portanto, eu achei que esse conjunto de valores que eu tinha, essa ideia do serviço público, de levar o conhecimento às pessoas, contribuir para informar e, por consequência, para criar um pensamento crítico sobre o que se passa na sociedade, todo esse conjunto de valores que me fizeram apaixonar pelo jornalismo, eu achei que num outro posicionamento poderia continuar a cumpri-los na assessoria de imprensa."

Com uma visão contrária, Manuel Meneses, assessor de dois ministros de governos PSD-CDS, acredita que é uma visão distorcida do trabalho que faz com que se considere que a assessoria deva ser exclusiva dos jornalistas:

"Na minha opinião, eu acho que os assessores não deviam ser jornalistas. Porque há uma diferença fundamental entre uma função e outra. Por que se recorre a jornalistas? Se calhar porque não há assessores ou não há formação para assessores. Há sempre esta ideia de que o jornalista, como trabalhou na imprensa sabe melhor como as coisas funcionam dentro da imprensa. Por um lado é verdade, mas não quer dizer que não seria mais eficaz, também não fazia parte das minhas funções tentar, entre aspas, vender o ministro, vender as políticas do ministro. Não tinha essa função..."

A experiência como jornalista foi, para Joana Réfega, fundamental para o sucesso do seu trabalho como assessora: "Se eu já tinha conhecido aquilo que era estar como jornalista, o que é ser jornalista, aquilo que é necessário, acho que me foi mais fácil, quando passei para a assessoria, saber exatamente aquilo que o jornalista procura. Portanto, era mais fácil adaptar-me às solicitações e a esta gestão das relações."

Luís Bernardo indica o diferencial que atribui ao jornalista para fazer com que seja nessa profissão que estão as pessoas com a formação adequada para serem assessores de imprensa: "É muito difícil ser um bom assessor de imprensa ou de comunicação sem ter um conhecimento profundo do que são as redações e o jornalismo. Porque eu acho que muitas vezes eu reconheci isso em alguns colegas meus que não tinham bem a percepção do que era importante ou a leitura da imagem que nós temos do outro lado."

130 Formação dos assessores

No que diz respeito ao perfil educacional dos assessores desse período, a análise dos currículos e as respostas obtidas resultam num total de 28 indivíduos sem curso superior completo nesse grupo de 83 assessores que eram jornalistas e dos quais foi possível obter dados, o que representa 33,8%. No entanto, houve quatro deles que entraram no governo com o curso incompleto e terminaram os estudos superiores enquanto exerciam a assessoria de imprensa do governo – dois deles em governos PSD- CDS e dois em governos PS. Se estes forem considerados, o número de assessores com o curso superior completo chega a 71%.

Essa percentagem de 27,7% dos assessores sem curso superior é alta, mas pode ser atribuída ao facto de que os cursos da área da comunicação serem recentes em Portugal, sendo que o crescimento do número de instituições que oferecem a sua massificação ocorreu já na virada dos anos 1990, segundo o estudo realizado por Mário Mesquita e Cristina Ponte para representação da Comissão Europeia em Portugal (Mesquita e Ponte, 1997) – ou seja, menos de 20 anos antes do início do período em estudo. Além disso, vários tiveram a sua formação em cursos técnicos oferecidos pelo Cenjor.

Desse total de 55, 32 fizeram o curso na área da Comunicação (sob os nomes de Ciências da Comunicação, Jornalismo, Comunicação Social etc.), o que corresponde a 37,6%. A seguir, o curso com maior número de assessores foi Direito com um total de dez (11,8%), ao passo que quatro se formaram em Economia (5,9%) e três em Relações Internacionais (3,5%), três em Letras (3,5%). Os outros distribuem-se por cursos de Antropologia, Ciências Políticas, História, Sociologia, Estudos Europeus, Ciências da Informação e Educação Física. Um dos ex-assessores tinha dois cursos superiores – Filosofia e Economia – quando foi nomeado. É de ressaltar que os quatro que concluíram o curso enquanto eram assessores fizeram-no na área da comunicação. Todos eles já trabalhavam como jornalistas quando foram nomeados para ser assessores governamentais.

131 Quadro 2 – Formação dos assessores que foram jornalistas

Experiência de jornalismo

Uma afirmação comum entre quem vive no meio jornalístico é que são convidados para serem assessores os jornalistas com maior experiência profissional. Um levantamento na amostra dos dados que foram possíveis de coligir dos assessores que estiveram no governo entre 6 de abril de 2002 – quando foi empossado o XV Governo Constitucional – e 21 de junho de 2011, o final do XVIII Governo Constitucional (nesse ponto, só foram obtidos dados de 75 indivíduos que tinham sido jornalistas), permitiu aferir a seguinte distribuição: 9 tinham entre 0 e 4 anos de experiência profissional (12%); 27 entre 5 e 9 anos de experiência (36%); 18 entre 10 e 14 (24%); e 21 com 15 ou mais anos de experiência (28%). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

132 Quadro 3 – Experiência profissional dos jornalistas nomeados assessores de imprensa

Ainda que confirme a visão de que ao convidarem jornalistas para o trabalho de assessoria os políticos busquem experiência, com 53,5% com 10 ou mais anos de experiência, é provável que esta situação seja determinada historicamente por uma conjuntura que não se vai repetir. Isso porque o campo da comunicação está passando por mudanças rápidas, com o aumento do fluxo de informações através da Internet e a sua redução percentual através dos meios tradicionais – jornais, revistas, rádios e televisões – e com o surgimento em Portugal de formação específica voltada para a comunicação estratégica, o que não havia no período de 2002 a 2011.

Do lado dos jornalistas, para uma grande parte dos entrevistados o convite surgiu num momento de crise profissional. Um exemplo dessa crise profissional é o caso de José Pedro Santos, que trabalhava na Lusa e depois da experiência no governo voltou à agência de notícias:

"Eu nunca teria ido para uma assessoria do governo se não tivesse alguns problemas aqui dentro da empresa. E, muitas vezes, o que nos faz sair é algum desencanto com a profissão e com a forma como somos tratados. E foi justamente isso o que aconteceu na altura, eu estava a ser tratado de uma forma... um bocadinho à margem. E se não fosse isso talvez não tivesse ido."

Um processo semelhante levou Manuel Meneses a aceitar a solicitação para ser assessor de imprensa: "A certa altura, as coisas não estavam acorrer muito bem na RTP,

0-4 anos 5-9 anos 10-14 anos 15 ou mais anos

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abriu-se esta oportunidade e foi uma forma de tornear os problemas que existiam na RTP nesta altura."

No caso de Andreia Duarte, que cobria a área da justiça, também foram questões profissionais que fizeram aceitar o convite:

"Eu, quando saí do jornalismo, já não estava satisfeita. Mas não estava satisfeita porque achava, já na altura, que não havia espaço para o jornalista para ter tempo de estudar. Eu lembro perfeitamente, às vezes, de ir a julgamentos no próprio dia e eu não sabia sequer o que estava ali, quem eram os advogados, quem era o réu, qual era a acusação".

O convite de Luís Marques Mendes para ser assessora apanhou Rosário Abreu Lima num momento de desencanto com a profissão, como se depreende da sua resposta: "Não foi muito difícil também de me convencer, porque eu própria também já achava que estava numa fase já de: 'Ok, já brinquei, já vi como é que era, já não me apetece mais.'"

Para Alexandre Barata, não foi um processo simples. "Eu andei bastante tempo a pensar se eu deveria ou não mudar. (...) Porque eu achava que era incompatível ser

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