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5.2 Sujeitos da Pesquisa: Os Alunos da EJA

5.2.7 Associação das atividades cotidianas ao conhecimento científico e

Um (1) dos alunos entrevistados, citou referências de conceitos científicos sobre a Química em sua fala, demonstrando conhecimento relacionado com conteúdos escolares, além de apenas citar exemplos comuns do cotidiano.

LÍRIO: “no geral, a Química é mistura de ingredientes, por exemplo, fórmula, a

composição de cada produto, você sabe identificar, aquilo ali se misturar com outro produto vai ter uma reação, se eu pegar uma tinta dessa aqui vai ter o soluto e o solvente, enfim, e, você vai entendendo as coisas, como funciona e usando isso ao seu favor, por exemplo, não vou botar esse tipo de produto porque eu vou ter um desgaste, se eu for no supermercado, a fórmula desse produto é essa, a concentração dele é tal, ele vai dar mais certo. Claro que a gente não faz isso todo dia, toda hora, mas é útil”.

Esse tipo de conhecimento é o esperado, pois é o saber crítico, para decidir ações, o ensinar Química, não deve ter a finalidade de encerrar uma etapa na vida acadêmica do aluno, e sim auxiliar a construção de habilidades, tomadas de decisões, utilização correta de produtos, leituras de rótulo, enfim, o sujeito deve ter consciência dos seus atos e saber agir diante deles.

Enfim, as competências e habilidades cognitivas e afetivas desenvolvidas no ensino de Química deverão capacitar os alunos a tomarem suas próprias decisões em situações problemáticas, contribuindo assim para o desenvolvimento do educando como pessoa humana e como cidadão (BRASIL, 2000, p.32).

A partir da próxima frase, falada pelo mesmo aluno, observa-se que o conhecimento compartilhado pelo professor na sala de aula fez sentido para ele, fez com que ele entendesse e relacionasse fatos e experiências vivenciadas, contribuindo assim para a construção do aprendizado.

LÍRIO: Antes eu até olhava, lia, mas não entendia, entendia só o preço e o que era o

produto, isso começou foi na escola, foi no aprendizado do entender o porquê daquilo tá ali, de entende pra que serve, qual a razão, começou na escola”.

As respostas a questão referente a afinidade pelos conteúdos de Química, também mostraram a importância da associação entre a Química no cotidiano e os conceitos científicos.

Entre as respostas, oito (8) alunos disseram que gostam de estudar Química, principalmente do conteúdo abordado no semestre. Esses alunos, na maioria conseguem fazer uma relação do que estão estudando com as coisas que visualizam no seu dia a dia, por isso disseram gostar de estudar essa disciplina, outros dizem ser mais fácil por não envolver cálculo, já que o conteúdo que eles estão estudando é referente a 3ª série do ensino regular, Química orgânica.

HORTÊNCIA: “É, assim, não é uma matéria fácil, tem que ter um pouco de atenção,

mas eu sou mais a Química do que a matemática, to saindo até bem”.

CRAVO: “É bom, conhecer coisas a mais, pra melhorar na profissão é muito

bom...igual, pra saber da preparação da cana, é bom saber Química”.

VIOLETA: “Gosto, não tenho nada contra não, é uma matéria interessante...porque

se torna, assim, depois que eu voltei a estudar do ano passado pra cá, os professores de Química fazem aulas diferentes, levam experiências pra dentro da sala, então parece que fica um atrativo sabe, atrai a atenção da gente”.

TULIPA: “Assim, é uma matéria que você pode aprofundar e aprende muita coisa, e

não é tão difícil né, se prestar atenção”.

LÍRIO: “Porque ela é, vamos dizer assim, ela é geral, tem interpretação de texto,

sempre tem uma novidade, Química não é uma matéria que cansa, sempre tem uma novidade, é que nem uma porta, toda hora abre um novo ambiente dentro dela, é uma matéria que te envolve”.

Na maioria dos relatos é possível perceber que o gostar de Química tem relação com o significado do conteúdo que eles estão estudando, da relação que eles conseguem fazer com suas experiências, situações vivenciadas individualmente, assim como o não gostar como poderemos observar nos relatos a seguir.

ROSA: “Ai, eu tenho que aprender a gostar, eu acho que vou ter que fazer uma

faculdade de Química (risos) ...Ah, é muito complicado aqueles trenzinho lá”.

MARGARIDA: “Ah, porque é carbono é hidrogênio, esses trem eu não entendo...O

que eu aprendo ali, fica ali”.

LAVANDA: “...tem coisas que a professora ensina que eu consigo entender e tem

coisas que eu não entendo de jeito nenhum...a gente não tá conseguindo entender e a gente percebe que quando você pergunta demais ela já vai não conseguindo explicar mais, acho que ela pensa até que não tem nem como explicar mais”.

ROSA BRANCA: “Sinceramente, não (risos) ...por causa das formulas né, tem os

números que se você errar um número, você já perdeu ponto...”.

ORQUÍDEA: “Uai, a Química, não gosto não...pra mim tem umas coisas que é sem

sentido, assim, não todas, tem umas que eu entendo um pouco, é muito interessante, presto atenção na aula, mas alguns momentos não satisfaz, não vejo sentido”.

De acordo com Freire (2013) a significação da aprendizagem depende muito da forma como se ensina, nesse sentido, ensinar é buscar, indagar, constatar, intervir, exige conhecimento, troca de saberes, troca de experiências. A partir dessas relações pode ocorrer à verdadeira aprendizagem, aquela que transforma o sujeito, fazendo com que ele se torne autônomo, emancipado.

O aluno aprende e gosta de aprender o que é interessante e faz sentido para ele, assim mais uma vez observa-se a importância em conhecer o aluno. A necessidade em ter uma conversa inicial com a turma, saber seus anseios, suas expectativas com o conteúdo, enfim, coletar dados para buscar temas à serem trabalhados.