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4 DESCRIÇÃO DO DOUTORADO-SANDUICHE EM PORTUGAL

4.2 Atenção à saúde do adolescente

Em Portugal, há o Programa Saúde Infanto-Juvenil, que direciona os cuidados de saúde sistemáticos aplicados nas ações de vigilância de saúde para crianças e adolescentes. As atribuições visam a estimular um comportamento saudável em relação a nutrição, praticas de exercício físico, prevenção de consumos nocivos e acidentes, vacinação e prevenção das perturbações psicoafetivas, bem como promover a autoestima (PORTUGAL, 2002).

Neste programa, há também o direcionamento para os exames globais de saúde que têm por objetivo avaliar dados antropométricos, pressão arterial, saúde oral, esquema vacinal, exame físico, perfil lipídico, aspectos ligados à personalidade, transtornos afetivos, alimentação, comportamento sexual e identificação de fatores de risco (PORTUGAL, 2002). Estes exames são realizados pelo médico e pela enfermeira de família, sendo o jovem convocado a fazer essa consulta aos 11-13 anos, 15 anos e 18 anos.

Ante a mudança da sociedade em diferentes aspectos, houve também a transformação cenário dos adolescentes por inúmeras variáveis que são necessárias para serem reconhecidas e elaboradas estratégias.

Portugal (2004) verifica aumento dos comportamentos de risco entre os jovens, como elevação das taxas de sedentarismo, de desequilíbrios nutricionais, particularmente

importante entre as meninas, de condutas violentas, particularmente entre os rapazes, da morbilidade e mortalidade por acidentes, da maternidade e paternidade precoces, em adolescentes de menos de 17 anos, e de comportamentos potencialmente nocivos, relacionados nomeadamente com o álcool, o tabaco e as drogas ilícitas. Assim, refletiu-se sobre medidas que aproximassem esse jovem de informações e cuidados de saúde.

Em 2006, o Programa Nacional de Saúde Escolar foi instituído como um campo de atuação da saúde no ambiente escolar. As estratégias desse programa envolvem a melhoria da saúde das crianças e dos jovens, com atividades que englobam dois eixos: a vigilância e proteção da saúde e as ações de Educação em Saúde para Promoção da Saúde. As medidas desempenhadas possuem como áreas de intervenção prioritárias: saúde mental, incluindo

bulling; saúde oral; alimentação saudável; atividade física; ambiente e saúde; promoção da

segurança e prevenção de acidentes; saúde sexual e reprodutiva e educação para o consumo, bem como fatores de riscos para álcool, drogas e tabaco (PORTUGAL, 2006).

Em pesquisa feita sobre as consultas efetuadas por jovens observou-se, nas 11 845 consultas efetuadas, que 40,7% dos atendimentos diziam respeito ao sexo masculino e 59,3% ao sexo feminino. Tendo como principais motivos de atendimento por parte das meninas de 15-19 anos foram as questões relacionadas à sexualidade (planejamento familiar), enquanto que para os rapazes da mesma idade predominaram as consultas por motivos relacionados com o aparelho musculoesqueletico. Em ambos foram frequentes: realização de exames globais, requisitos para a faculdade, atestados e mostrar exames laboratoriais (PORTUGAL, 2005).

Especificamente na área da saúde sexual, considerando a mais procurada pelas meninas, considera-se grupo de intervenção prioritário no âmbito da saúde reprodutiva e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Há o Decreto-Lei n.º 259/2000 de 17 de Outubro, que proporciona informações a esse grupo por meio de abordagens sobre sexualidade humana nos currículos escolares, criando consultas de planejamento familiar nos serviços de saúde, fornecendo gratuitamente meios anticoncepcionais e desenvolvendo medidas de proteção contra doenças transmitidas por via sexual, bem como favorecendo uma abordagem integrada e transversal da educação sexual, ao envolvimento dos alunos e dos encarregados de educação e das respectivas associações e à formação de professores.

São diferentes programas e leis que entendem a vulnerabilidade do jovem e articulam serviço de saúde, escola e direcionamento específico às necessidades desse grupo.

O Plano Nacional de Saúde 2016 afirma que as escolas são um espaço privilegiado para a promoção da literacia e educação para a saúde, pois a Educação em Saúde é um meio para o

desenvolvimento  do  “empowerment”,  ou  seja,  capacitando  o  cidadão  a  tornar-se ativo no processo de decisão que engloba diferentes aspectos de sua vida (PORTUGAL, 2011).

No Brasil, há o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) que regulamenta a prioridade absoluta à criança e ao adolescente no atendimento aos seus direitos como cidadãos brasileiros. O direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à atenção integral e à convivência familiar e comunitária são os grandes princípios constitucionais pelo qual todos lutam incondicionalmente.

Incidindo sobre a discussão sobre os adolescentes e suas vulnerabilidades, há a preocupação sobre a sexualidade, visto que este é um dos temas mais questionados nesse período, instituindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20/12/1996), que inclui o tema Educação para a Saúde como obrigatório, a ser tratado de forma transversal por todas as áreas, tópico especial para a questão da orientação sexual. A reformulação das diretrizes educacionais em 1996 harmonizou-se com o novo conceito de saúde conectado ao social e implicou a preocupação e a estratégia de reduzir a gravidez indesejada, a AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis na adolescência.

Com efeito, no dia 5 de dezembro de 2007, por meio do Decreto nº 6.286, foi instituído o Programa Saúde na Escola (BRASIL, 2007). Possui como finalidade contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de Educação Básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde (BRASIL, 2008). Em 04 de setembro de 2008, os Ministérios da Educação e da Saúde, por meio da Portaria 1.861, estabelecem parceria, visando à colaboração ativa entre as escolas e equipes da Estratégia Saúde da Família, com vistas a alcançar as propostas de melhorias da saúde do adolescente. Esse programa foi baseado no Programa de Saúde Escolar de Portugal.

Assim, a escola é um local de intervenção para saúde do adolescente e o enfermeiro da atenção primaria faz esse papel de educador para os alunos, fortalecendo sua percepção de saúde.