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MODELO DE ATIVIDADE DE VIDA E AÇÃO EDUCATIVA

7 RESULTADOS

7.3 MODELO DE ATIVIDADE DE VIDA E AÇÃO EDUCATIVA

Segundo Tomey e Alligood (1999), as teorias e os modelos ajudam a adquirir conhecimentos que permitem aplicação em práticas cotidianas, como também podem ser guias práticos que associam investigação e educação de forma autônoma para o profissional.

As teorias de Enfermagem favorecem as pesquisas na especialidade com novas perspectivas, estimulando investigar diferentes problemas nesse campo, como também uma pratica mais bem estruturada, favorecendo um cuidado efetivo ao ser humano, uma vez que a teoria, a pesquisa e a prática constituem uma tríade visivelmente correlacionada (MELEIS, 1997). Logo, a prática de Enfermagem é baseada em normas, princípios e tradições que foram passadas ao longo do tempo pelas limitadas formas de aprendizagem (CHINN; KRAMER, 1999). Nessa circunstância, é sensível a necessidade de ações criativas para a prática de enfermagem que abordem o grupo como também o ser individual para promover sua saúde.

Neste estudo, o modelo de Enfermagem mediou uma pratica educativa, mais sistematizada, caracterizando-a como um guia passível de adaptação para a realidade dos adolescentes inseridos no âmbito escolar. Os pressupostos do modelo de atividade de Roper, Logan, Tierney subsidiaram a elaboração e a execução dessa atividade educativa numa abordagem grupal, com vistas a promover a saúde desses adolescentes. Observou-se que a adolescência é uma etapa de vida com particularidade, temáticas socialmente estabelecidas, tanto pela alteração do corpo, como pelo amadurecimento fisiológico para conceber e sob aspecto emocional. Essas são variáveis de mudanças que contextualizam o adolescer.

Trata-se de um período da vida humana marcada pela puberdade, como também por intensos processos conflituosos e de autoafirmação, correspondendo à fase de projetos que impliquem plena integração social e reflexão de valores (OUVRY, 2011).

Para o aprofundamento dessa etapa de vida no grupo estudado, foi realizada a entrevista. Pode-se verificar o quanto o contexto desses jovens é semelhante no que tange as

vulnerabilidades do bairro, realidades diante da família, hábitos usuais. A atividade educativa, porém, buscou moldar-se ao grupo de forma a discutir a situação real. Embora o modelo de atividades de vida enumere mais elementos do que os utilizados na atividade de vida, utilizou- se somente os que respondem à demanda do jovem.

Diagrama 2: Apresentação da atividade educativa grupal aplicada com os adolescentes baseada no Modelo de Atividades de Vida

Fonte: Elaboração da própria autora. ADOLESCÊNCIA Desenvolvimento físico e emocional Condição social precária\ aspectos culturais Violências\ Criminalidade Programa Saúde na Escola Fatores que influenciaram a elaboração das oficinas Oficinas educativas

Manter o ambiente seguro Respirar

Comer e beber/ eliminação Higiene pessoal e vestir-se/ Controle da temperatura corporal Exprimir sexualidade Comunicar /mobilidade Trabalho e lazer Dormir/Morrer REFLEXÃO ATENÇÃO INDIVIDUALIZADA Total dependência de intervenção educativa

O diagrama 2 permite a visualização dos elementos da ação educativa a partir do Modelo de Atividades de Vida. A adolescência foi percebida como uma etapa de vida permeada de particularidades específicas; os adolescentes possuíam atividades de vidas semelhantes que os colocavam em situações de vulnerabilidade; as oficinas tiveram fatores influenciadores que se destacaram: o desenvolvimento físico e emocional próprio da adolescência; os aspectos culturais da comunidade na qual estão inseridos e as condições sociais precárias; as violências e a criminalidade do bairro no qual residem e, por fim, o Programa Saúde na Escola que lista temáticas que devem ser trabalhadas no âmbito escolar.

No estudo, as atividades de vidas dos adolescentes foram percebidas como totalmente dependentes de intervenção educativa. Baseada na pedagogia dialógica, foi possível a reflexão coletiva de diferentes temas, contudo, ocasionando uma atenção individualizada sobre o seu processo de adolescer.

As atividades educativas, pois, articuladas com a cultura devem estar congruentes com o global e o local, na formação de sujeitos prudentes, responsáveis e ativos que passam buscar maior qualidade de vida diante das adversidades (RENOVATO; BAGNATO, 2010).

A reflexão de Roper sobre a Enfermagem no exercício profissional do cuidado, da educação, da administração, deu visibilidade para as atividades de vida serem aplicadas a todas as pessoas saudáveis e não saudáveis no sentido de cuidarem de si (TOMEY, 1999). Afirma-se que as vulnerabilidades dos adolescentes são passíveis de intervenção seja por atividades educativas ou implementações outras, contudo é necessário levar aos jovens uma consciência da necessidade de mudança de comportamento, pois as atividades de vidas dos adolescentes são percebidas como dependentes e necessitam de intervenção de Enfermagem.

Segundo Tierney (1998), o modelo de enfermagem de Roper, Logan, Tierney é passível de ser questionado, aprimorado para o crescimento da disciplina da Enfermagem, implicando utilizá-lo em todos os cenários cabíveis do cuidar.

Nas intervenções de Enfermagem, o estabelecimento de uma parceria, baseada em confiança mútua, encoraja o adolescente a assumir um papel ativo no autocuidado, refletindo condutas que deverão ser modificadas, sendo necessário compreender o adolescente em sua totalidade, considerando o contexto no qual se encontra (PELLISON et al., 2007).

Essa contextualização vem em consonância com os fatores influenciadores, a saber, biológico, psicológico, socioculturais, ambientais e político-economicos (ROPER; LOGAN; TIERNEY, 1995). Segundo Matheus (2008), o adolescente recebe influencias da

contemporaneidade de acordo com a tradição cultural de cada organização social em particular.

O modelo de atividade de vida proporcionava um diálogo que envolvia as vivências daquele grupo pesquisado, sendo possível, por meio da atividade educativa, descobrir a realidade diária de cada um, podendo direcionar as orientações tanto nas vulnerabilidades intrínsecas de sua adolescência como para as especificas do grupo.

No grupo de adolescentes estudados, com 13 a 15 anos de idade, verifica-se que, biologicamente, o corpo está sofrendo mudanças pela puberdade, psicologicamente viviam conflitos nas suas escolhas e diante das adversidades vividas; socioculturais, são marginalizados vítimas de um sistema excludente; ambientais, residiam num bairro violento, com famílias fragmentadas, banalização do corpo e do sexo; politico econômico trabalhavam no mercado informal, estudavam, contudo não eram assíduos. De posse do reconhecimento do grupo, por meio de itens norteadores, é possível implementar uma estratégia educativa.

A Pedagogia Dialógica é um meio que proporciona a reflexão, com origem no seu contexto biológico, psicológico, sociocultural, ambiental e político-econômico do grupo e/ou indivíduo para formação de sujeitos “empoderados”. Segundo Souza (2007), as reflexões e as  recomendações das ações educativas visam a trazer nova luz ao entendimento de adolescentes para uma rede de saberes consistentes que leve à efetiva proteção de si.

A abordagem grupal tem como foco o indíviduo para proporcionar-lhe uma reflexão individual acerca de suas vulnerabilidades, história de vida, a fim de ser força motriz para o “empoderamento”. A Promoção da Saúde em um dos seus eixos privilegia o desenvolvimento de habilidades pessoais, no contexto da saúde do adolescente. Refere-se a capacidade ativa de refletir e executar condutas que sejam coerentes com seu bem-estar e os retirem de vulnerabilidade.

Assim, o enfermeiro deve realizar decisões sob a forma de intervenção de vida, saúde e bem-estar de grupos ou indivíduos para sua autonomia no autocuidado (OREM, 2001).

Segundo Tomey (1999), o modelo pode ser aplicado em qualquer circunstância, necessitando da criatividade de quem o aplicar nas diferentes situações de Enfermagem, em consonância com a afirmativa de que o Modelo de Atividade de Vida pode se adaptar a qualquer situação própria da Enfermagem (ROPER; LOGAN; TIERNEY, 1990).

Segundo Boykin e Schoenhofer (2001), a explicação dos principais componentes, processos e padrões de cuidado ou cuidado em relação aos cuidados de Enfermagem deve contribuir uma perspectiva transcultural para a profissão de Enfermagem. Até mesmo porque

as enfermeiras estão constantemente buscando conceitos e processos que explicam o significado de suas observações em razão da pratica de Enfermagem atrelada a alguma teoria (O’ TOLLE, 1996).