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5 RESULTADOS

5.4 Processo de seguimento farmacoterapêutico

5.4.1 Atendimentos e intervenções farmacêuticas

Foram registradas 574 visitas dos pacientes do grupo intervenção (n=50) às farmácias durante o período do estudo. Esses encontros entre farmacêutico e paciente totalizaram 174,5 horas diretas de trabalho, com uma média de 4,2 horas por paciente. Foram realizados 11,4 atendimentos por paciente (DP = 4,3; mediana

= 11,0; intervalo inter-quartis = 6,2-16,2), com uma média de tempo de 19,3 min para cada atendimento (DP = 6,6; mediana = 18,6; intervalo inter-quartis = 7,5 a 29,7 min).

Foram documentadas 119 intervenções farmacêuticas no grupo intervenção ao longo do período de estudo, com uma média de 2,3 intervenções por paciente (DP=1,6; 0-9). O histograma de distribuição do número de intervenções encontra-se na Figura 9. Para 4 pacientes (8%) não foi realizada nenhuma intervenção e a maioria (40%) recebeu 2 intervenções farmacêuticas ao longo do seguimento.

Considerando apenas o tratamento do diabetes, foram realizadas em média 1,5 intervenções por paciente (DP=1,1; 0-5). Isso correspondeu a 63,9% do total de intervenções realizadas. Considerando o número de intervenções por paciente, a taxa de intervenções ligadas ao diabetes foi de 72,3%.

Foi realizada em média uma intervenção para cada 5,7 encontros farmacêutico-paciente (intervalo interquartis = 1,4 a 10). Em 52,9% dos casos foi necessário encaminhamento do paciente ao médico, o que correspondeu a uma média de 1,3 encaminhamentos/paciente/ano (DP=1,1, mínimo= 0; máximo = 5).

Nesses casos, em 34 ocasiões (53,9% dos encaminhamentos) foi enviado informe escrito ao médico, informando o problema encontrado. Nas intervenções farmacêuticas realizadas diretamente ao paciente (47,1% dos casos), a via escrita foi utilizada em 25% das vezes, a fim de reforçar a orientação verbal.

A maior parte das intervenções foi realizada no primeiro trimestre de seguimento (67,2%). Entre o quatro e sexto mês foram realizadas 13 intervenções (10,9%), entre o sétimo e nono mês 12 (10,1%) e no último trimestre 14 intervenções (11,8%). A maioria dos pacientes no grupo intervenção (84,0%) recebeu alguma

intervenção no primeiro trimestre. No segundo trimestre foram 9 pacientes (18,0%), no terceiro trimestre 10 pacientes (20,0%) e no último trimestre 11 pacientes (22,0%).

Não foram encontradas correlações entre o número de intervenções realizadas e a idade dos pacientes, tempo de diagnóstico do diabetes ou parâmetros clínicos de obesidade, controle glicêmico e pressórico. Ajustando os dados para variáveis sócio-demográficas e clínicas, o único fator preditor do número de intervenções realizadas por paciente foi o número total de atendimentos farmacêuticos realizados (coeficiente de regressão = 0,177, p=0,004).

0 2 4 6 8

Número de intervençoes realizadas

0 5 10 15 20

Pacientes (n)

8,0%

20,0%

40,0%

6,0%

18,0%

6,0%

2,0%

Figura 9. Intervenções realizadas em relação ao número de pacientes

O histograma mostra uma estratificação do número de intervenções e a proporção de pacientes que as receberam. No eixo Y, é mostrado o número de pacientes e dentro das barras a porcentagem correspondente, considerando o total de pacientes (n=50).

Os objetivos principais das intervenções realizadas e a porcentagem de aceite das mesmas estão detalhados na Tabela 17. Os principais objetivos buscados foram a melhoria da adesão do paciente ao tratamento medicamentoso (27,7%) e a modificação na dose do(s) medicamento(s) (17,6%).

As intervenções farmacêuticas foram aceitas, em média, em 76,5% dos casos.

Para os pacientes encaminhados ao médico, em 68% dos casos as condutas médicas coincidiram com as sugestões feitas pelos farmacêuticos por escrito ou verbalmente ao paciente. Considerando somente os encaminhamentos acompanhados de informes por escrito, a taxa de concordância do médico foi de 58,8%. O médico manteve o tratamento sem alterações em 11,8% dos casos de encaminhamento a partir da farmácia.

Tabela 17. Objetivos das intervenções farmacêuticas realizadas (n=119)

Condutas n (%) % cumulativo Aceite n (%) Aumentar a adesão à farmacoterapia 33 (27,7) 27,7 29 (87,9)

Modificar a dose 21 (17,6) 45,4 12 (57,1)

Substituir um medicamento 19 (16,0) 61,3 13 (68,4)

Acrescentar/Iniciar um medicamento 18 (15,1) 76,5 12 (66,7)

Suspender um medicamento 10 (8,4) 84,9 8 (80,0)

Educar sobre medidas não farmacológicas 10 (8,4) 93,3 9 (90,0) Modificar o horário da medicação 6 (5,0) 98,3 6 (100,0) Encaminhamento para outro especialista

(nutrição) 2 (1,7) 100,0 2 (100,0)

Total 119 (100,0) - 91 (76,5)

O aceite diz respeito às condutas tomadas pelo médico e/ou paciente após a intervenção farmacêutica. Quando estas coincidiam integralmente com as sugestões feitas, considerou-se intervenção aceita.

A Tabela 18 traz a totalização dos resultados obtidos após as intervenções farmacêuticas, em se tratando de modificações no tratamento ou na atitude dos pacientes. Os principais resultados em termos de modificações no processo de uso de medicamentos foram: a suspensão ou substituição de medicamento(s) (21,0%) e a melhoria na adesão ao tratamento farmacológico (19,3%).

Combinando os dados entre os objetivos das intervenções farmacêuticas e as condutas tomadas pelos médicos, observa-se que quando foi solicitada modificação da dose (n=21), o médico subiu a dose em 52,4% dos casos, substituiu ou suspendeu o medicamento em 19,0%, manteve o tratamento inalterado em 14,3%, baixou a dose em 4,8%, acrescentou outro medicamento em 4,8% e encaminhou o paciente a outro profissional em 4,8%. Quando foi solicitada a substituição da

medicação (n=19), em 68,4% dos casos o médico suspendeu ou substituiu o medicamento, em 15,6% manteve o tratamento sem alterações e em 15,6%

acrescentou um novo medicamento ao esquema. Quando a intervenção propôs acrescentar ou iniciar o uso de um novo medicamento, em 66,7% dos casos o médico assim o fez, em 27,8% manteve o tratamento sem alterações e em 5,6%

subiu a dose da medicação. Quando foi solicitada a suspensão de um medicamento (n=10), em 80% dos casos o médico concordou com a intervenção e em 20%

manteve o tratamento inalterado.

Tabela 18. Resultados das intervenções em termos de mudanças no processo de uso de medicamentos e medidas não-farmacológicas (n=119)

Resultado das intervenções n (%) % acumulada Médico suspendeu ou substituiu o medicamento 25 (21,0) 21,0 Paciente melhorou a adesão ao tratamento 23 (19,3) 40,3 Médico manteve o tratamento sem alterações 14 (11,8) 52,1

Médico subiu a dose do medicamento 13 (10,9) 63,0

Médico iniciou novo tratamento farmacológico 10 (8,4) 71,4 Paciente melhorou aspectos da sua alimentação ou atividade

física

9 (7,6) 79,0

Médico acrescentou um medicamento ao tratamento 7 (5,9) 84,9 Paciente modificou horário / modo de administração do

medicamento

7 (5,9) 90,8

Paciente não seguiu recomendação farmacêutica 6 (5,0) 95,8 Paciente encaminhado a especialista/outro profissional 4 (3,4) 99,2

Médico baixou a dose 1 (0,8) 100,0

A hiperglicemia e PA elevada representaram 65,5% de todas as intervenções farmacêuticas. A taxa de aceite das intervenções ligadas à hiperglicemia foi de 72,7% (n=66) e para PA elevada foi de 100% (n=12).